sábado, 7 de novembro de 2015

286 - OUTRO SALAZAR PRECISA-SE ......................


Concedo ser o título bombástico. Destina-se a chamar a atenção, e não é uma afirmação, considera-o antes uma interrogação, pois não passa de uma análise, ou, se quiseres, da busca de uma explicação para quem esteve tanto tempo entre nós. Considera este texto uma pesquisa sobre os factos que poderão explicar esse fenómeno e a sua longevidade, uma abordagem que permita compreender, para além da espuma, as dinâmicas sociais do poder, dos poderes que conduziram e conduzem amiúde os países, as empresas, as instituições e associações etc etc. Dinâmicas essas que poderão conduzir à assumpção de formas de poder como a que em Salazar observámos, o poder ditatorial.

Será este tipo de poder um estigma que marca o tipo de sociedades que se arrisquem a cair ou a enfermar de certas e determinadas características propiciadoras à instalação deste modo de governar ? Estaremos hoje inadvertida, inconsciente e levianamente conjugando de novo particularidades e peculiaridades que facilitem pressionem, despoletem ou apelem a este tipo de poder ?  

Será esse tipo de poder uma fatalidade, um determinismo ? Uma consequência ? Um desastre? Uma vantagem ? Um benefício ?

Não deixarei de vos confessar que, ao ter ouvido da boca de Manuela Ferreira Leite o desabafo que constituíria a interrupção da democracia por seis meses, a coisa me ficou zumbindo atrás da orelha. Antes de mais nada porque a senhora tinha carradas de razão, tinha e tem, ainda que o grosso da ignorância nacional lhe tenha caído em cima, à vez e por junto, numa demonstração alarve que vai sendo mais normal entre nós do que seria desejável. Ainda esperei que viessem de imediato em auxílio da madame, explicar à turba porque tinha a senhora razão, mas ninguém se levantou ou deu um passo em frente, nem ela se dignou adiantar mais quaisquer explicações por mínimas que fossem. E fez bem.

É notório, assistimos diáriamente à descoordenação vergonhosa entre os países da EU no que toca à tomada de posições em tempo útil, de soluções ou resoluções, quer quanto aos refugiados, quer quanto a outros itens, como a Ucrânia, a Grécia, os eurobonds, a inflação, o investimento, o desemprego ou a compra de dívida. São milhentas situações necessitando de respostas imediatas, mas a que a profusão de estadistas e organismos não permite dar resposta atempadamente. A democracia tem as suas desvantagens, compreendamo-lo e aceitemo-lo, desvantagens que já há dois mil e quinhentos anos Platão apontava nos escritos que nos deixou e onde a classificava como “o governo duma baixa multidão sem leis nem disciplina” (Platão, escritos Políticos, pág. 291 e seguintes, 301 e segts). Sabemo-lo não por acaso mas devido a ser citado por Heródoto, o pai da história, na sua História dos Persas (III, pág. 80’ e seguintes).

Ora no meu entender, que a par de Heródoto, Platão, Cícero, Plínio e tantos outros autores e obras que consultei, desde sociólogos a politólogos e juristas (não gosto de ver a minha argumentação apodada de ligeira ou leviana), a indisciplina a que Platão alude não se resume à das ruas, ou cívica, mas igualmente aos fundamentos éticos e à boa gestão económica da República, factores onde a nossa indisciplina orçamental campeia a par de uma moral decadente ou em decadência e uma ética diariamente atropelada parecendo não servir para mais que atrapalhar…

A nossa conduta em sociedade não parece actualmente orientar-se por qualquer modelo, desígnio ou objectivo, e, incluo os normativos de natureza jurídica que são ignorados todos os dias, de todos os modos. Ignorados quando convém, afastados pela força do dinheiro, torpedeados com falta de meios para serem fiscalizados e exercidos, de que resulta um corrupio de casos gritantes, se não obscenos, que as televisões e jornais diariamente reportam.

“Não nos governamos sozinhos nem nos deixamos governar”, e em 1926, quando Salazar foi convidado, sublinhei convidado, convidado e chamado a reorganizar as nossas finanças, a nossa democracia vivia num desregramento equiparado ao que actualmente atravessamos. Salazar foi o homem providencial que os militares encontraram para nos safar desse aperto, os democratas de então, tal como os de hoje, mostraram-se incapazes de sair do buraco onde se tinham metido, isto é, de dar ordem aos caos que eles mesmos tinham instalado.

Já Cícero por volta do ano 80’ AC nos alertava nos seus trabalhos "De Republica" (Da República I, pág. 51) e "De Legibus" (Das Leis), para o facto de a liberdade e a democracia não sobreviverem caso o governo da República fosse entregue a incapazes ou incompetentes, “nesse caso sobrevirá um fracasso tão rapidamente como num navio a cujo comando subisse homem sorteado entre os passageiros”, caracterizando a democracia como “um capricho desordenado, sem freio, da população, o qual, por sua vez, abre de novo o caminho à tirania de um só”. (I, pág. 44, 68, 69). Tenhamos em conta que um dos seus livros, “De Natura Deorum”, sobre teologia, foi muito elogiado e considerado por Voltaire, provavelmente o melhor livro de toda a Antiguidade Clássica. 

Os nossos problemas não são portanto novos, nem são novidade, serão sim novidade para a elite ignara que nos conduz. São problemas velhos como o mundo, que já foram abordados desde S. Tomás de Aquino, (Summa Theológica) a Maquiavel, no seu “Príncipe”, etc, etc, etc. A este propósito adiante-se a quem o não saiba que já em Roma o Senado podia entregar, e no período anterior a Sila (ver Direito Constitucional Romano, II1, 1951, pág. 141 e seg., 703 e sgts), entregou várias vezes o poder ditatorial a um cônsul. A ditadura romana era prevista e regulamentada pelas próprias leis da República, que em certos casos a instituía com um fim preciso. Tal assumpção ditatorial tinha por objectivo tornar possível uma actuação política rápida, eficaz e enérgica a fim de vencer uma determinada crise ou ameaça interna ou externa. Um só individuo pode agir, actuar mais rápida e eficazmente que qualquer órgão colegial, o qual exigirá conversações, concertações, tempo, compromissos, órgãos que na generalidade pecam por falta de coordenação. Atentemos que os romanos tinham aprendido tal ensinamento com a experiência, e que o direito romano nunca teve quem o superasse …

Fundamentalmente o Senado romano atribuía o poder ditatorial condicionado a um período temporal e ao cumprimento específico de uma tarefa a equacionar, sendo que posteriormente o Senado retornava às funções normais da democracia da república. Neste aspecto os romanos divergiram imenso por exemplo, de outros casos conhecidos, na Alemanha o Presidente do Império na Republica de Weimar, 1919 - 1933 (assim mesmo, Presidente do Império na Republica de Weimar), ao abrigo do Artº. 48, §2 da Constituição do Império de Weimar, pura e simplesmente dispunha de poderes ditatoriais constitucional e incondicionalmente. Logo de seguida foram outorgados pelo parlamento e legalmente, a Hitler, em 24-3-1933, poderes excepcionais, e anunciados como tal para acorrer às necessidades do povo e do império, decorrentes da "traição" da IGG, digo dos condicionalismos exagerados do Tratado de Versailhes. .

O estabelecimento de tiranias era, segundo Platão (Estado, pág. 562 e seguintes) “uma necessidade justificada por uma democracia desregrada”, pois segundo ele o “excesso de liberdade redundaria em excesso de servidão” logo a tirania seria uma necessidade imposta pelos excessos libertários da democracia. . 

Não me furtaria a dar-vos uma aula sobre este tema cuja matéria adoro, confesso que me agradaria e libertaria dos condicionalismos que uso ao escrever, pois ainda que vos poupe a longas ou profusas citações e notas de rodapé, não poderei deixar de indicar no fim do texto as fontes que cito e nas quais baseei este trabalho, tal consideração vos devo, e é de lei. Espero contudo não vos aborrecer ou cansar, e avisar que todo o texto foi alvo de aturado estudo e consulta, de muitas, variadas e diversas obras, de que poderei a qualquer momento dar-vos testemunho. 

A verdade, p’ra voltar à vaca fria, é que, com diferentes nuances ou modalidades, ou pela força das armas, o caso mais espectacular será o da Revolução Russa de 1917, (cuja efeméride agora se comemora) em que foi instaurada uma ditadura do proletariado, que colheu a simpatia de todo o mundo do trabalho e solidificou as teses comunistas, e indirectamente as socialistas e social democratas. As ditaduras sempre constituíram um último recurso dos poderes do estado ou a ele se substituíram quando este era inexistente, fraco, inconveniente ou incapaz. Para grandes males sempre existiram grandes remédios diz o povo na sua sabedoria. Alguns sociólogos cujas obras consultei justificam as ditaduras inclusive como as únicas saídas por vezes existentes, ou única solução deixada para a resolução de problemas candentes e aparentemente sem que haja quem queira dar-lhes solução, (sociólogos que não aplaudem nem tomam posição, explicam e justificam). O mesmo digo eu, que não me considero fascista, nem saudosista, nem salazarista, estou a tentar compreender como se instalou Salazar entre nós durante os quarenta anos em que anuímos tê-lo connosco, ou por nós, ao mesmos tempo que tento antecipar como iremos acabar, analisando e dissecando a história, não faço, nunca fiz e jamais farei futurologia…

Durante quarenta longos anos Salazar contou, senão com o apoio, pelo menos com a indiferença tácita de todo um povo, com a oposição a resumir-se exclusivamente quase aos comunistas, de igual forma eram eles preferencialmente os alvos da violenta resposta da ditadura contra a subversão e os insurrectos. Contudo era uma revolta pontual, de acções propagandísticas e de mobilização, nunca tendo tomado dimensão de verdadeira e sistemática contestação ou luta armada, como aqui ao lado a ETA desenvolveu contra o regime de Franco que registou muitos mortos de ambos os lados. Ao longo de 40 anos conhecem–se 32 mortos no Tarrafal, alvo da violência do regime e das condições do campo, para além deste número outras mortes pontuais há a registar de Catarina Eufémia ao General Humberto Delgado,  aproximando-se da meia centena. Qualquer morte é lamentável, e uma que seja já é demais, a oposição ao regime era fraca e a ditadura branda, temos que ponderar bem este facto mau grado todos os atropelos e sevícias cuja prática conhecemos, pois o número de vítimas consideradas está longe de se comparar aos morticínios gerados por Videla, Franco, Pinochet, Estaline, Mao, Hitler, Pol Pot ou outros carniceiros cujas mortes se contam aos milhares, às centenas de milhar e aos milhões.

No aspecto quantitativo o nosso ditador foi um menino de coro e neste aspecto dos mortos arrolados nem me alongo mais, nem avanço para as guerras ultramarinas pois até nessas as comparações favorecerão o regime salazarista se colocado lado a lado com a França e o seu comportamento na Indochina ou na Argélia, ou o dos americanos no Vietname, etc etc etc. Nem eu estou aqui para desculpar Salazar ou lavar, digo branquear o salazarismo. E para aqueles que alegarem ter-me pronunciado levemente sobre este tema das nossas guerras coloniais, adianto não ser propósito deste texto analisá-las sob quaisquer prismas. Talvez um dia o faça, no entretanto quem tiver pressa, se faz favor, chegue-se à frente agarre na caneta e força.

Salazar surgiu, como já devem ter deduzido, numa altura em que os partidos parlamentares, tal como agora, eram incapazes de se entender e muito menos de resolver uma crise por eles aprofundada e oriunda da Monarquia Constitucional, portanto igualmente parlamentar. Salazar apanhou em andamento o comboio da miséria, da desgraça, da fome, da desorganização, da pobreza e do caos, o que o obrigou a começar do zero.

Já o tenho dito noutros escritos meus sobre o nosso ditador em que sou bastante crítico, existe uma necessidade imperiosa de, academicamente se estudar de modo isento, profunda e apaixonadamente Salazar, que parece ter sido erigido em bode expiatório das nossas incapacidades e, se bem que não esteja isento de erros, o que de positivo engendrou deve e tem igualmente de ser tomado em linha de conta ou em consideração, atendendo a que pegou num país sem nada. Salazar não nos submeteu ou conquistou, respondeu a um convite excepcional que lhe fora endereçado… Portugal de então não dispunha sequer de organização administrativa, nem de transportes, nem de indústria, e vivia agarrado a uma agricultura de subsistência.

A animosidade dos nossos políticos contra Salazar parece portanto advir da inveja, António de Oliveira Salazar passou quarenta anos a erguer o que se encontrava de rastos deixando os cofres cheios, ao passo que os democratas actuais durante igual período falharam, mentiram, e afundaram o país, o que aos olhos da população os descredibiliza, e os resultados da abstenção estão aí á vista, para que nos interroguemos. Em caso de dúvida consultai o INE pois não é minha intenção fazer aqui a apologia de Salazar, que também cometeu erros, muitos erros, mas que nunca vendeu empresas nacionais a estrangeiros, nunca permitiu que a finança ou a banca ditassem ordens ou prejudicassem o país.

Salazar foi em determinados aspectos pioneiro, criou uma rede social de Casas do Povo, as primeiras Caixas de Previdência Social, incluindo as do funcionalismo público, ergueu 12.000 escolas primárias das quais o ministro Crato recentemente encerrou metade, e a par de imensos erros passou quarenta anos a erguer obra, caminhos-de-ferro, estradas, pontes, silos, portos, aeroportos, estaleiros, num país que de nada dispunha, errou mas fez, fez sem que Portugal tivesse vivido acima das suas possibilidades, sem que o país se endividasse, nem ele, nem os privados. Resumindo, foram quarenta anos a crescer, em oposição aos quarenta últimos anos em que nos entretivemos a descer, de novo e em caso de dúvida consultem-se as estatisticas do INE. Salazar errou mas fez, e poder-se-ia explicar (não justificar ou perdoar e muito menos louvar) cada passo dele, mas não é essa a intenção deste texto, nem a minha.

Somente pretendo alertar para o facto de os ditadores aparecerem sempre como homens providenciais, foi assim com Salazar e com outros que já aqui citei. Somente pretendo perguntar-vos se não achais estarem sendo criadas de novo as condições para o aparecimento de outro homem providencial. Encontramo-nos num labirinto muito perigoso. Deixo-vos a interrogação e a explicação de como e quando ou desde quando as ditaduras são vistas como ferramenta politica não mais prejudicial que muitos e legais partidos com um ainda mais legal assento parlamentar, ou como diz a piada que corre, “para lamentar”.

O nosso país apresenta actualmente todas as características que conduzem ao caminho em que uma ditadura que se queira instalar contará, uma oposição popular inexistente e que poderá mesmo vir a aplaudir essa ditadura como o aparecimento de Salazar o foi. Somos um país disfuncional. Talvez mesmo a democracia seja entre nós inviável, somos um país desestruturado social e economicamente, somos um campo fértil para o surgimento de um ditador sabido e esclarecido poder campear. Será tarefa fácil num país como este, incapaz de gerar riqueza para todos, incapaz de produzir, de competir, de se organizar. Não faço ideia de quem seria a personalidade que avançaria disposta a pegar no facho mas teria que ser sábia e sabida como Salazar era, terá que estar livre e disponível para a nação, liberta de constrangimentos, liberta de culpas e sem ligação às finanças e ao mundo empresarial, enfim, capaz de cortar a torto e a direito para endireitar isto e dar-nos de novo, no mínimo, outros quarenta anos de paz e já agora de abundância. É hoje necessário, senão imprescindível e como nunca, marcar e atingir objectivos e metas, forçar concertações e coesões, aglutinar vontades, gizar e fomentar consensos, obter compromissos, à força se necessário. E tudo em menos tempo que a piscadela de um farol !

A democracia não pode passar o tempo a desculpar-se do que devia fazer e não fez, ou não faz, ao contrário dela as ditaduras impõem-se, afirmam-se e não perdem tempo com salamaleques desnecessários. Em política não há espaço para o vazio, alguém, de algum modo o há-de ocupar, a história assim no-lo diz, assim o ensina, quando a ignorância toma conta da cidadela então tudo se torna mais fácil de manipular e se continuarmos brincando, até ver onde tudo isto nos levará, poderemos acabar muito mal. Não esqueçamos que Salazar foi aplaudido pelas populações, e ainda hoje goza de admiradores tais que há poucos anos ganhou um concurso televisivo de popularidade. Quer à esquerda quer à direita olhamos e é uma lástima. Dá pena, mas a verdade é que este país está de tal modo embrulhado em contradições que somente uma pessoa excepcional, isenta e com tomates lhe poderá agarrar as rédeas. Fechamos maternidades, escolas, linhas e ramais de caminho-de-ferro e postos de saúde. Temos arrendamentos habitacionais de valor superior ao que aufere um membro da maior parte das famílias, sobram auto-estradas caríssimas e desertas envelhecendo sem trânsito por não haver dinheiro para portagens ou sequer gasolina para se circular nelas, mantemos abertas universidades funcionando aos sábados e domingos e fornecendo diplomas em saldos… damo-nos ao luxo de manter milhares sem emprego num país que compra quase tudo lá fora e que quase nada produz podendo, potencialmente dar emprego até a marcianos.

Há muito que tenho para mim que o problema nem estará tanto nos regimes mas nas pessoas, a URSS nunca teria vencido a guerra sem a personalidade forte de Estaline e a sua capacidade, que deslocou as indústrias para o interior e oriente poupando-as aos bombardeamentos, e que tornou a URSS uma potencia industrial em poucos anos. Mas adianto também ter sido enormemente ajudado pelos fascistas capitalistas americanos que para ali canalizaram camiões, milhares deles, canhões, botas e todo o tipo de ajuda incluindo alimentar. Já a China soube aproveitar o melhor de cada regime e casou o comunismo com o capitalismo. O problema são as pessoas, a solução estará nas pessoas, umas complicam enquanto outras descomplicam, quanto a nós portugueses o pior inimigo que enfrentamos somos nós mesmos, somos uns cães uns para os outros, creiam-me, e fico-me por aqui.

Convivemos com uma direita que numa semana não quer o que aceita na seguinte e que depois de um mandato trapalhão em que nos promete mais austeridade mais divida e mais dificuldades, sem um programa, sem um desígnio, sem metas nem objectivos, se admira por ter ficado aquém da maioria absoluta, a par duma esquerda sem clientela por ter andado quarenta anos enganando-se a si mesma e aos outros com nins atrás de nins e que nos meteu num buraco, por negar a austeridade quando era precisa e que agora aposta nela de novo e em cheio, traumatizando meio mundo, mas que espera ganhar calando-se bem caladinha para que ninguém repare e votem nela como no tempo das favas contadas. De um lado e de outro só conseguimos vislumbrar falta de bom senso e a negação de um despesismo corrupto, corrupção aliás transversal aos dois maiores partidos e que nos atira para o buraco mantendo-nos um pé em cima. De um lado um partido em que os portugueses não confiam e do outro lado um em quem confiam ainda menos, é este o panorama…

Onde havíamos de ter nascido meu Deus, foi azar, num país de irresponsáveis onde a desresponsabilização fez doutrina gerando iniquidades e desigualdades que uma justiça podre jamais colmatará, uma catrefa de deputados regra geral infantilóides e mentecaptos submetidos a uma disciplina partidária castradora e obscena, e para rematar um PR que nunca ouviu falar de Adam Smith e confunde Thomas More com Thomas Mann … O diplomata e historiador Filipe Ribeiro de Meneses lançou há tempos uma óptima biografia de Salazar, talvez há um ano ou dois, porém editada em inglês e exclusivamente distribuída nos países de língua anglo saxónica, ele lá saberá por que não editou a obra cá, cujos direitos o semanário Expresso adquiriu e editou há uns meses em fascículos. Distribuídos gratuitamente com o semanário chegou a muita gente, contudo duvido que todos os tenham lido, quero crer que a ignorância se mantém mesmo que os testemunhos estejam à mão de semear. É uma obra que finalmente foi editada em português e pode ser adquirida, certamente por encomenda, em qualquer livraria, recomendo-a vivamente.

Sendo que o país não andará longe do modo como o pintei, não se admirem se um dia vier o tal “homem” e seja recebido de braços abertos quer seja do Benfica, do Sporting, Portista ou do Boavista, começando por meter uma centena de juízes no Aljube e em Caxias para exemplo dos outros e os motivar a trabalhar com mais afinco que uma mulher-a-dias… E tudo isto em menos de um farol… 


P.S. Este texto foi escrito sábado, constatei que nem o exercício da NATO e a sua suposta ameaça alterou os resultados de domingo, se dantes tínhamos um governo minoritário sem apoio parlamentar, agora teremos um governo minoritário com apoio parlamentar, a coisa terá ficado mais estável, porém não abandono os meus receios...