segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

299 - POVO QUE TE LAVAS NO RIO * .....................

                           

POVO QUE TE LAVAS NO RIO *

Como contar-te os meus receios,
as minhas dúvidas e anseios,
como dizer-te dos meus devaneios,
que ninguém escuta que ninguém ouve, mesmo que os grite ?

Como contar-te que já não creio nem é possível que "neles" acredite ?
ou confiar-te esta dor de peito que me aflige?
ou do dilema em que minh’alma sobrevive ?

Como contar-te os receios,
as dúvidas e anseios,
como dizer-te dos devaneios,
que ninguém escuta, ninguém ouve, mesmo que os grite ?

Como contar-te não crer nem ser possível que “neles” acredite ?
ou confiar-te a dor de peito que me aflige?
ou o dilema que minh’alma vive ?

Grito, algo me dói,
ansiedade ou angústia me destrói,
fizeram-me crer, acreditar no sobrenatural, no poder real,
fecharam-me todas as portas todas as esperanças,
todas as válvulas todas as saídas,
crer no poder na ponta das espingardas,
crer e querer .

Alienada a esperança, a crença,
no olhar o reflexo da indiferença com que se distribuem tenças,
democracia de papel, para uns mel, para outros fel.

Resta em mim raiva, força bruta fluindo-me do peito para os braços,
disposta a segurar o fio de prumo, o nível, o sextante,
que tracem um novo azimute, um novo rumo, um novo deus,
alguém e algo edificado p’ra mim, p’ra ti, aos meus, aos teus…

* Humberto Ventura Palma Baião

Évora, 28, 29 e 30 de Dezembro de 2015

https://youtu.be/be6fwj72eMk