Como contar-te os meus receios,
as minhas dúvidas e anseios,
como dizer-te dos meus devaneios,
que ninguém escuta que ninguém ouve, mesmo que os grite ?
Como contar-te que já não creio nem é possível que "neles" acredite ?
ou confiar-te esta dor de peito que me aflige?
ou do dilema em que minh’alma sobrevive ?
Como contar-te os receios,
as dúvidas e anseios,
como dizer-te dos devaneios,
que ninguém escuta, ninguém ouve, mesmo que os grite ?
Como contar-te não crer nem ser possível que “neles”
acredite ?
ou confiar-te a dor de peito que me aflige?
ou o dilema que minh’alma vive ?
Grito, algo me dói,
ansiedade ou angústia me destrói,
fizeram-me crer, acreditar no sobrenatural, no poder
real,
fecharam-me todas as portas todas as esperanças,
todas as válvulas todas as saídas,
crer no poder na ponta das espingardas,
crer e querer .
Alienada a esperança, a crença,
no olhar o reflexo da indiferença com que se distribuem
tenças,
democracia de papel, para uns mel, para outros fel.
Resta em mim raiva, força bruta fluindo-me do peito para
os braços,
disposta a segurar o fio de prumo, o nível, o sextante,
que tracem um novo azimute, um novo rumo, um novo deus,
alguém e algo edificado p’ra mim, p’ra ti, aos meus, aos
teus…
* Humberto Ventura Palma Baião