segunda-feira, 18 de julho de 2016

361 - MORREU MÁRIO SOARES ...............................


Dentro de alguns dias os mídia de todo o mundo divulgarão profusa e abusadoramente a notícia do falecimento de Mário Soares, sobre quem tecerão os maiores encómios, o mais pequeno dos quais será o de, na esteira daquilo a que temos assistido de há anos para cá, darem ao avôzinho o epíteto de pai desta nossa peculiar democracia.

O nome de Mário Soares, mais concretamente da fundação que tem o seu nome foi envolvido* no esquema conhecido como “Panama Papers” o que nada me admira e só confirma a proposição corrente de que Deus está em toda a parte, e Mário Soares já esteve… Não será por acaso que A. Costa se apressa a homenageá-lo ** Mais depressa eu acredito que esteja com receio que o velhote lerpe e não tenha tempo de o medalhar com a distinção que, segundo ele julga, o defunto merecerá.

Haja limites para as loas, pois se este país se encontra no estado lastimável que todos sabemos, tal se deve em grande parte à lógica soarista que desde o início foi inculcada nas leis, nas instituições, nos hábitos partidários, sem que Álvaro Cunhal tivesse conseguido travá-la, Cunhal, outro culpado, já não está entre nós e não é de bom tom desancar num falecido. Nem o malogrado Sá Carneiro teve tempo para tal feito, como sabemos deixou o país órfão, o seu partido, e a todos nós… 

Foi essa lógica soarista do confronto, radicalizadora e polarizadora, intriguista, oportunista e aparelhística, sem oposição ou contra poder que a enfrentasse, instaurada, instalada e disseminada entre nós que aqui nos conduziu, aqui ao buraco onde estamos metidos e de onde essa mesma lógica jamais nos tirará. Tudo nesta democracia tem o seu cunho pessoal, portanto na nossa desgraça inscreve-se também o seu nome ...

Bem se pode dizer que Salazar nos governou quarenta anos mas Soares nos desgovernou outros tantos, com a agravante, ou desvantagem, de tal desiderato se reflectir negativamente neste lastimoso país por mais outros tantos e fatais quarenta anos. No mínimo.

Há gente que mais valia nem ter nascido…