quinta-feira, 28 de julho de 2016

368 - DÉFICIT, SANÇÕES, O ESTADO DA NAÇÃO


Os recentes acontecimentos da nossa vida política dão para festejar, pois mau grado as vozes da desgraça que sempre apelam ao caos a verdade é que alguma coisa foi conseguida, e foi conseguida apesar das contrariedades existentes, das latentes (não lactentes) e das que foram atiradas aos pés dos actuais protagonistas, ou governantes, para que se estampassem. *

Já dei pois publicamente os meus parabéns a A. Costa e a Mário Centeno, que nem ajoelharam nem claudicaram e calaram uma data de vozes aziagas, não esqueçamos que pairou sobre nós o espectro do corte ou a suspensão de 16 fundos estruturais e financiados por Bruxelas, e que Bruxelas vai ou iria propor ao Parlamento Europeu como sanção por não ter sido respeitado o limite do défice público de 3% do PIB em anos anteriores e da responsabilidade de outro governo o governo de Passos e Maria Luís, governo que nunca apresentou um resultado digno de registo. Estamos pois de parabéns, mas calma, não embandeiremos em arco porque os números verdadeiros que nos apresentaram escondiam os que não nos foram mostrados. Ou seja, uma boa notícia camuflou outra ou outras más noticias.

O que foi noticiado e para o que chamo a vossa atenção resume-se a: ... " redução da despesa total com um aumento ligeiro devido ao recuo da aquisição de bens e serviços e a uma forte compressão no investimento público. Estas são as principais razões para a queda do défice " ... Ora o que acontece é que alguém continua a gemer... E muito.... Será caso para dizer que afinal estes governantes não são muito diferentes dos que estiveram antes, a austeridade continua, é endémica, e venha da direita ou da esquerda dói na mesma... Por outro lado é sabido que a forte compressão no investimento, público e privado, é “só” de 2.2 pontos abaixo de zero segundo o último gráfico que vi com estes olhos que a terra há-de comer... O que significa que ninguém acha que investir neste país valha mais que um caracol...mas OK ta bem, não lhes retiro o mérito, nem ao Costa nem ao Centeno, mas vejam também e sobretudo não o escondam, ao custo deste arraial...

É que sem investimento não haverá nunca crescimento e sem crescimento adeus emprego, senão vejamos as notícias ou a notícia com atenção; …"a “estabilização da despesa durante os primeiros seis meses de 2016 tem origem numa forte compressão do investimento, em sentido contrário àquilo que era previsto no Orçamento do Estado para 2016. "...  O que significa que se estiveram simplesmente borrifando em criar emprego, os desgraçados dos desempregados que se amolem, e assim, com a verdade nos enganam porque com papas e bolos se enganam os tolos, o que a notícia afirma não deixando de estar correcto não é virtuoso, porque nos mostra uma face da moeda mas nos esconde a outra, portanto forçoso se torna concluir claramente em todas estas notícias, que nelas está bem escondido mas escarrapachado, qual gato com o rabo de fora, terem as contas sido mascaradas, não sendo este o primeiro governo a fazê-lo, o anterior foi bem pior.
Analisemos..."a redução do saldo resultou “de uma estabilização da despesa”, que progrediu 0,2%, acompanhada pelo aumento da receita” na ordem de 2,9% " ora o que nos é dito é que efectivamente reduziram a despesa, mas calma, ainda só estamos para efeito de contas a 30 de Junho e faltam até ao fim do ano tantos dias quantos os que já passaram, e subsídios de férias e de Natal a pagar… portanto a despesa pública irá aumentar ao nível dos salários, nem que fosse unicamente derivada da reposição dos subsídios da função pública mas existem mais incógnitas, existe a recapitalização da CGD, que ninguém sabe se vai ser feita nem como, bem como a incógnita do Novo Banco, vai ser vendido por tuta e meia ou simplesmente encerrado ? Há ainda a diminuição de receita originada pela baixa do IVA, e, azar dos azares, e quer gostemos ou não, a economia continua estagnada e a dívida está ainda por pagar.

 O que nos é dito significa contudo sem sombras para dúvida que continua o aumento da receita cobrada, dos impostos cobrados, portanto a realidade é que o estado continua esmifrando alguém, alguém que paga impostos, todos nós, e cada vez mais e mais estrangulando quaisquer veleidades que a economia porventura tenha de deitar o pescoço de fora... " Os dados agora divulgados reflectem as entradas e saídas nos cofres das administrações públicas durante os primeiros seis meses de 2016, isto é, numa óptica de tesouraria, critério diferente daquele que é utilizado a nível europeu para o cálculo do saldo orçamental, "... Ou seja, tal qual ali diz: "o próprio boletim de execução orçamental reconhece atrasos no pagamento de compromissos assumidos por entidades públicas, que “registaram uma tendência ascendente" o que, grosso modo significa terem ficaram devendo imenso dinheiro aos hospitais, atrasaram pagamentos, portanto mascararam as contas... Evidentemente que não pagando a fornecedores a conta aparece recheada, por isso, com mais malabarismo menos malabarismo, mais camuflagem menos camuflagem, o melhor é irmos rezar para que a nossa economia, que sofreu todas as tropelias possíveis e está moribunda, não morra de vez com a avidez com que todos dela usam e abusam…

O que essencialmente nos falta é um homem com uma visão global, que abarque tudo, em vez de visões sectoriais que se entrechocam e anulam, sem serem sequer antecipadamente concertadas, o que nos faz falta, e acreditem que já fiz a minha introspecção ponderada, é um homem com botas de tacão e que saiba qual o sítio do pescoço onde deva carregar... Nem somos povo para nos governarmos nem para deixar que nos governem. Não acho que tenhamos algum homem desses à mão presentemente, nem em Évora onde eu conheço toda a gente, vivo aqui há uma catrefa de anos, quanto mais em todo o país.

Por agora tenho dito, é só …

* O presente texto foi elaborado com a prestimosa e involuntária colaboração de alguns amigos com quem o assunto, ou os assuntos, foram discutidos. Obrigado.