Os
recentes acontecimentos da nossa vida política dão para festejar, pois mau
grado as vozes da desgraça que sempre apelam ao caos a verdade é que alguma
coisa foi conseguida, e foi conseguida apesar das contrariedades existentes, das
latentes (não lactentes) e das que foram atiradas aos pés dos actuais protagonistas,
ou governantes, para que se estampassem. *
Já
dei pois publicamente os meus parabéns a A. Costa e a Mário Centeno, que nem
ajoelharam nem claudicaram e calaram uma data de vozes aziagas, não esqueçamos
que pairou sobre nós o espectro do corte ou a suspensão de 16 fundos
estruturais e financiados por Bruxelas, e que Bruxelas vai ou iria propor ao
Parlamento Europeu como sanção por não ter sido respeitado o limite do défice
público de 3% do PIB em anos anteriores e da responsabilidade de outro governo o
governo de Passos e Maria Luís, governo que nunca apresentou um resultado digno
de registo. Estamos pois de parabéns, mas calma, não embandeiremos em arco porque
os números verdadeiros que nos apresentaram escondiam os que não nos foram
mostrados. Ou seja, uma boa notícia camuflou outra ou outras más noticias.
O
que foi noticiado e para o que chamo a vossa atenção resume-se a: ... " redução da despesa total com um
aumento ligeiro devido ao recuo da aquisição de bens e serviços e a uma forte
compressão no investimento público. Estas são as principais razões para a queda
do défice " ... Ora o que acontece é que alguém continua a gemer... E
muito.... Será caso para dizer que afinal estes governantes não são muito diferentes
dos que estiveram antes, a austeridade continua, é endémica, e venha da direita
ou da esquerda dói na mesma... Por outro lado é sabido que a forte compressão
no investimento, público e privado, é “só” de 2.2 pontos abaixo de zero segundo
o último gráfico que vi com estes olhos que a terra há-de comer... O que
significa que ninguém acha que investir neste país valha mais que um caracol...mas
OK ta bem, não lhes retiro o mérito, nem ao Costa nem ao Centeno, mas vejam
também e sobretudo não o escondam, ao custo deste arraial...
É
que sem investimento não haverá nunca crescimento e sem crescimento adeus
emprego, senão vejamos as notícias ou a notícia com atenção; …"a “estabilização da despesa durante
os primeiros seis meses de 2016 tem origem numa forte compressão do
investimento, em sentido contrário àquilo que era previsto no Orçamento do
Estado para 2016. "... O que
significa que se estiveram simplesmente borrifando em criar emprego, os
desgraçados dos desempregados que se amolem, e assim, com a verdade nos enganam
porque com papas e bolos se enganam os tolos, o que a notícia afirma não
deixando de estar correcto não é
virtuoso, porque nos mostra uma face da moeda mas nos esconde a outra, portanto
forçoso se torna concluir claramente em todas estas notícias, que nelas está
bem escondido mas escarrapachado, qual gato com o rabo de fora, terem as contas
sido mascaradas, não sendo este o primeiro governo a fazê-lo, o anterior foi
bem pior.
Analisemos..."a redução do saldo resultou “de
uma estabilização da despesa”, que progrediu 0,2%, acompanhada pelo aumento da
receita” na ordem de 2,9% " ora o que nos é dito é que efectivamente
reduziram a despesa, mas calma, ainda só estamos para efeito de contas a 30 de Junho
e faltam até ao fim do ano tantos dias quantos os que já passaram, e subsídios
de férias e de Natal a pagar… portanto a despesa
pública irá aumentar ao nível dos salários, nem que fosse unicamente derivada da
reposição dos subsídios da função pública mas existem mais incógnitas, existe a
recapitalização da CGD, que ninguém sabe se vai ser feita nem como, bem como a
incógnita do Novo Banco, vai ser vendido por tuta e meia ou simplesmente
encerrado ? Há ainda a diminuição de receita originada pela baixa do IVA, e, azar
dos azares, e quer gostemos ou não, a economia continua estagnada e a dívida
está ainda por pagar.
O que nos é dito significa contudo sem sombras
para dúvida que continua o aumento da receita cobrada, dos impostos cobrados,
portanto a realidade é que o estado continua esmifrando alguém, alguém que paga
impostos, todos nós, e cada vez mais e mais estrangulando quaisquer veleidades
que a economia porventura tenha de deitar o pescoço de fora... " Os dados agora divulgados reflectem
as entradas e saídas nos cofres das administrações públicas durante os
primeiros seis meses de 2016, isto é, numa óptica de tesouraria, critério
diferente daquele que é utilizado a nível europeu para o cálculo do saldo
orçamental, "... Ou seja, tal qual ali diz: "o próprio boletim de execução orçamental reconhece atrasos no
pagamento de compromissos assumidos por entidades públicas, que “registaram uma
tendência ascendente" o que, grosso modo significa terem ficaram devendo imenso dinheiro aos hospitais,
atrasaram pagamentos, portanto mascararam as contas... Evidentemente
que não pagando a fornecedores a conta aparece recheada, por isso, com mais malabarismo
menos malabarismo, mais camuflagem menos camuflagem, o melhor é irmos rezar para que a
nossa economia, que sofreu todas as tropelias possíveis e está moribunda, não
morra de vez com a avidez com que todos dela usam e abusam…
O
que essencialmente nos falta é um homem com uma visão global, que abarque tudo, em vez de
visões sectoriais que se entrechocam e anulam, sem serem sequer antecipadamente
concertadas, o que nos faz falta, e acreditem que já fiz a minha introspecção
ponderada, é um homem com botas de tacão e que saiba qual o sítio do pescoço onde deva carregar... Nem somos povo para nos governarmos nem para deixar que nos governem. Não acho que tenhamos algum homem desses à mão presentemente, nem em
Évora onde eu conheço toda a gente, vivo aqui há uma catrefa de anos, quanto mais em todo o país.
Por
agora tenho dito, é só …
*
O
presente texto foi elaborado com a prestimosa e involuntária colaboração de
alguns amigos com quem o assunto, ou os assuntos, foram discutidos. Obrigado.