Há
semelhanças separando-nos entre as diferenças que nos unem,
amei-te
em tempos, como me amaram, depois, contudo, todavia, porém.
Não
foram ciumes, foram dúvidas, ilusões, apreensões,
foram
desilusões piores que cepticismo,
e
as certezas, absurdos inaceitáveis, visões inverosímeis.
Os
relógios sem corda, parados no tempo errado,
inda
que certos duas vezes ao dia,
só,
sós,
numa
feérica ilusão de harmonia.
Harmonia
pré-fabricada,
com
pós-verdades, como agora se diria,
esquecido
Cabrera Infante, Dulce Loynaz,
José
Lezama, Reinaldo Arenas, Heberto Padilla,
e
o outro, Camilo Cienfuegos, Huber Matos e outros, tantos outros.
Um
cenário p'ra inglês ver, a virtude, a inocência inicial, o pecado
capital,
a
felicidade forçada, decretada, imposta, o improviso guindado a arte,
a
arte sem arte urbana, a arte urbana tornada kitsch,
o
kitsch duma matrioska, a matrioska como o handcraft suiço,
feito
à mão em fábricas ultra modernas, o kitsch em série,
o
artesanato nato, infalível, nado e criado com injectoras de alta
pressão,
para
alumínio, para plástico, ou em modernas impressoras 3D.
Enquanto
lá, sem WiFi a vida não dá, e todos, peões de brega,
iguais,
iguaizinhos, igualizados, maquinados, formatados, alinhados,
alienados,
alinhavados,
pegando
a vida de cernelha,
agarrando-se
à ínfima centelha com que se acendem os charutos,
enrolados
à la main, bloqueados, contrabandeados, falsificados,
condenados,
malfadados, apreendidos, mitificados, amados, sagrados,
símbolos
de irreverência, de subserviência, paciência, impaciência,
despotismo, abuso, prepotência, arbitrariedade,
despotismo, abuso, prepotência, arbitrariedade,
a
resiliência d'uma causa justa que virou incerta,
de
quem já nada se diz de ciência certa.
Apagou-se
a vela,
lamenta-se
ou aplaude-se,
agora
sim começou uma querela,
e
a divinização, a canonização,
que
tempos estes os da pós–verdade,
sem
magia, sem credo, sem fé,
onde,
tudo
é gozo, riso, mentira,
quem
diria aqui chegarmos,
vejam
só a ironia.
Ah
ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah !