quinta-feira, 8 de março de 2018

493 - ............. “ O RIO QUE SOMOS ” .......................


“O RIO QUE SOMOS”


Ofertaram-me um rio,
 de poemas,
tumultuosos,
de águas agitadas,
uns trazendo alegrias,
veras e rimadas.

Outros duras penas,
agitação carregada,
água cristalina,
a rima miudinha.

A cadência sombria,
sombrias transparências,
em caudais dolentes,
ilusórias aparências,
tumultos intermitentes.

Águas agitadas,
arrastando poemas,
penas, dores, picadas,
abaladas, despedidas,
pilhérias sem estofo,
nem cabedais,
Helenas…

Helenas inconstantes,
inseguras, baixas,
egos enormes, gigantes,
de auto-estima lassa.

Correm doidas as Helenas,
apressadas, afadigadas,
ora ocupadas, ora perdulárias,
inúteis, dispensáveis.

Olho-as correndo,
por toda a parte  esvoaçando,
e em parte nenhuma
pairando.

Olho-as a correr,
a saltar,
sorrio, rio,
rio, mar, oceano,
sol, chuva, inverno,
frio polar, frente fria, bipolar,
inferno.

Humberto Baião - Évora - 08/03/2018