002 /
«
Mudar para quê, se as coisas já estão tão más ?
»
Évora
é bela, mas não é a mais bela cidade do mundo, Évora é pobreza e caos, Évora é
ilusão para turistas.
Évora
não é minha nem a minha preferida. Se eu fosse Stendhal diria que Évora é uma
dádiva de Deus, para que não tenhamos saudades do paraíso.
Évora
não existe.
Não
existe como existem outras cidades na minha vida e lembrança. Cidades belas,
imensas, previsíveis, habitáveis.
Évora
assusta e deslumbra, porque nos enfeitiça e nos sentimos esquecidos se nela
vivemos, e com ela ficamos deslumbrados se a visitamos.
Os
eborenses são dogmáticos e intolerantes, bairristas e seguidistas, cruéis e
sofredores ou sadomasoquistas.
Nem
parecem humanos.
Entre
as mulheres algumas escapam.
A
cidade divide-se, não em duas mas em sete, tantas quantas as colinas de Lisboa,
ou de Roma. Sete, tantas quão os partidos com assento na AR.
Para
além disso encolhe, e encolhe-se na vasta, bela e sublime planície sem fim,
onde poderia ter tido lugar o começo de um futuro que nela nunca é presente.
Porque
em Évora nunca houve, não há e jamais haverá lugar para oportunidades de sonho,
aqui sonha-se com uma qualquer oportunidade.
É o
nosso pesadelo…