quinta-feira, 4 de agosto de 2022

776 - ENDOGAMIA POLÍTICA NO SEIO DO MCE

 

Retirado recentemente de páginas do MCE :

“Há uma coisa que eu nunca poderei perdoar aos políticos: é deixarem sistematicamente sem argumentos a minha esperança." (Miguel Torga, 1985)

Move-nos a urgência de uma visão e de um caminho de futuro. Um caminho construído colectivamente que resulte do melhor de nós… Somos inclusivos e abertos à participação de todos quantos, vivem, pulsam e sentem esta terra como sendo sua. …. O que é preciso? MUDAR a estagnação e as abordagens e soluções esgotadas…. Queremos construir um projecto credível, modernizador e capaz de responder às reais necessidades dos habitantes e empreendedores de Évora…..  sociocracia, tem origem no latim socius, significando companheiros, colegas ou associados….. Contamos com a participação activa de todos os eborenses e de todos os amigos de Évora….  Todos são bem-vindos ! …. O Movimento CUIDAR de ÉVORA é um movimento de cidadania, independente, livre e abrangente. Aqui cabem todos os democratas…. Venham de alinhamentos à esquerda, à direita, ou de campos sem preconcepções que não sejam as do seu pensamento livre….

Quase 1 ano após o MCE ter sido eleito para os órgãos autárquicos como avalia o nosso trabalho? Ajude-nos a melhorar deixando sugestões, criticas, elogios...

Faz hoje 1 ano ! Os pioneiros e corajosos !

Tivemos apenas 5 meses para trabalhar

Cerca de 150 candidatos em listas

Sem candidaturas nas freguesias rurais (sic)

  


 

 776 - ENDOGAMIA POLÍTICA NO SEIO DO MCE

 

“Ajude-nos a melhorar deixando sugestões, criticas, elogios”... Era o que nos era dito ali atrás não era ? Pois bem, tenho cá para mim, pois há algum tempo venho observando e experienciando a coisa, que os fãs, adeptos, militantes, simpatizantes, votantes, ou simplesmente amigos do MCE são uns convencidos.

 

Não que por os pintar de convencidos os julgue petulantes, ou pretensiosos, em boa verdade reconheço-lhes razão. Mas como muitas vezes acontece nesta vida, ter razão não basta, e em Portugal curiosamente, ter razão pode até ser muito inconveniente, despoletar antipatias, gerar anticorpos, induzir reacções adversas, inimizades, e tornar-se bastante contraproducente. A frase ou adágio popular “o calado é o melhor” não nasceu nem por acaso, nem sozinha, mas no rescaldo de razoáveis razões que, por inveja, tenham surtido efeito contrário ao pretendido com a sua teimosa, ainda que correcta e recta a afirmação.

 

Têm sem sombra de dúvida razão para estarem convencidos e satisfeitos os seguidores do MCE, começaram bem, a coisa promete, não existem queixas de maior a registar, as críticas são praticamente inexistentes, a militância é voluntariosa, a líder tem-se mantido coerente e exemplar, o futuro promete e surge-lhes risonho. Nada a apontar, nada a contestar, muito a questionar ou a analisar.

 

Todos esses razoáveis convencidos, a quem nos meus monólogos interiores também por vezes apelido de contentinhos da Silva, satisfazem-se roçando promiscuamente uns nos outros os seus próprios egos, não tardando que tanto contentamento ou tanto convencimento comece, como é normal (e ha que estar atento ao normal, a normalidade e a vulgaridade têm sido a perdição de muito boa gente), a gerar panelinhas, a transformar-se de movimento (ação-reação, causa-efeito, inércia, dialéctica, dinâmica, inclusão, transparência, retórica, luz, clarividência, rumo), em Confraria (seguidismo, sectarismo, partidarismo, obediência, imobilismo, caciquismo, sombras, trevas).

 

Isto porque os seus elementos estão como peixe na água sempre que dentro da sua roda de amigos, apaniguados, acólitos, ou como queiramos pintá-los já que, sempre que toca a sair dessa “roda da felicidade” murcham, perdem a vivacidade, incapazes de uma resposta estruturada, dum pensamento desenvolvido e sem peias, quedando-se num mutismo que nos exclui a nós, que estamos por fora, a nós que porventura desejaríamos entrar nessa tal Roda Feliz, a nós que desejaríamos conhecer também, e talvez partilhar, partilhar tanto contentamento e felicidade, quiçá a ficarmos igualmente convencidos e felizes, mas que contudo muito dificilmente conseguiremos ultrapassar essa barreira erguida à nossa frente, uma barreira de soberba e muda animosidade contra quem não pertença à panelinha, à confraria, à irmandade.

 

Ora a mim, que já estou acima dessas coisas e as posso observar porque as vive a seu tempo e circunstâncias, é-me fácil distingui-las, observá-las e analisá-las com o tempo, o distanciamento e a isenção que a coisa exige.

 


Que a arraia-miúda, a malta, a maltinha, fale e gesticule qual primata de que o sapiens sapiens descende e suba às árvores. Daí não virá grande mal ao mundo nem se poderá nunca controlar senão minimamente um rebanho ou bando assim. Mas, que os mais próximos do núcleo atómico se comportam quase da mesma forma e até pareçam cultivar o distanciamento e o mutismo que supostamente os protejam e mantenham na idílica redoma onde julgam viver é pura parvoíce, para não lhe chamar idiotice.

 

Sem dúvida que o MCE é bom, está de saúde, a crescer e recomenda-se, mas o MCE tem que se recomendar é aos de fora, aos ateus, aos incréus, o MCE tem que convencer, convencer e conquistar é os outros, e não os que já estão convencidos, os que já estão e já são, o MCE tem sobretudo que se virar para fora da sua roda de felicidade, quiçá convidar os seus mais próximos apaniguados a sair da sua zona de conforto e irem pregar para as suas respectivas freguesias. Foi isso, foi essa missão que Jesus confiou a São Pedro e a igreja cresceu como todos nós sabemos, por vezes até demasiado descontroladamente, o que não deixa de ser pecado mortal, um tal partido que não desejo nomear que o diga…

 

O nosso querido e voluntarioso MCE tem que colocar os seus apóstolos a pregar até aos peixinhos, não se pode fechar sobre si mesmo e sobre os louros conquistados, os tempos que vivemos são outros. O rebanho e os meios também diferem muito do estatismo de décadas atrás, estatismo no sentido de estático, parado, hoje tudo se move à velocidade de um electrão.

 

Talvez não fosse má ideia e o MCE agarrar numa dúzia de temas e debatê-los num fim-de-semana de três dias, numa iniciativa aberta a todos os participantes e em moldes do género dos usados nas designadas universidades abertas sobre a política. Está para mim mais que provado e comprovado que o seu pessoal, o tal do núcleo atómico, calculo que no mínimo metade dos tais cento e cinquenta  necessitem urgentemente de formação, (75, estou sendo simpático não estou?), em relações humanas, em psicologia elementar, em diplomacia, em dialéctica, em retórica, em bom senso e senso comum, em política, nos contactos sociais, no domínio dos pontos fortes do programa do MCE, que são muitos e apresentam grandes vantagens sobre a forma de funcionar dos partidos institucionais, etc etc etc

 



Um movimento da dimensão do MCE, que pode e arvora domínios e diferenças que fazem toda a diferença por ser um movimento independente dos partidos do sistema, sendo nessas diferenças que tem que malhar como quem malha em ferro frio, um movimento desta dimensão dizia eu, tem que se apoiar numa trave ou em varias traves, numa estrutura bem articulada e não única e exclusivamente na figura da sua líder por mais bonita que ela seja.

 

E não me venham dizer que já assim é, não, não é, nestes aspectos o MCE falha por todos os lados. Ataquem e conquistem as freguesias rurais e tapem as brechas antes do movimento se afundar pois está destinado a confrontar-se cada vez com maiores exigências e com forças poderosas vivendo à custa de subvenções que não estão ao alcance do MCE e cuja falta o debilita.

 

Parem um pouco para pensar, organizem-se, deleguem-se responsabilidades, atribuía-se mais poder e encurte-se a democracia interna, (rédea curta, mérito e competência terão que conviver) que os tempos serão de exigência máxima. Só um último pormenor, a sondagem, a quem é dirigida ? Quem a vai ler e quem sobretudo lhe vai responder ? Os de fora ou os de dentro ? Qual desses grupos maioritariamente ? E se se deram a tanto trabalho porque não aproveitaram e incluíram mais uma ou duas ou mesmo três questões importantes e que haja interesse em conhecer ? Foi cagufe ? Medo ? Numa sondagem dirigida ao maralhal da Roda da Felicidade nada haverá a temer, o problema não vai ser o que se ficará a saber, o problema é precisamente o que não se conseguir saber….

 

Boa sorte. E bom jantar. 

 

Beijinhos e abraços.