Retirado
recentemente de páginas do MCE :
“Há
uma coisa que eu nunca poderei perdoar aos políticos: é deixarem
sistematicamente sem argumentos a minha esperança." (Miguel Torga, 1985)
Move-nos
a urgência de uma visão e de um caminho de futuro. Um caminho construído colectivamente
que resulte do melhor de nós… Somos inclusivos e abertos à participação de
todos quantos, vivem, pulsam e sentem esta terra como sendo sua. …. O que é
preciso? MUDAR a estagnação e as abordagens e soluções esgotadas…. Queremos
construir um projecto credível, modernizador e capaz de responder às reais
necessidades dos habitantes e empreendedores de Évora….. sociocracia, tem origem no latim socius,
significando companheiros, colegas ou associados….. Contamos com a participação
activa de todos os eborenses e de todos os amigos de Évora…. Todos são bem-vindos ! …. O Movimento CUIDAR
de ÉVORA é um movimento de cidadania, independente, livre e abrangente. Aqui
cabem todos os democratas…. Venham de alinhamentos à esquerda, à direita, ou de
campos sem preconcepções que não sejam as do seu pensamento livre….
Quase
1 ano após o MCE ter sido eleito para os órgãos autárquicos como avalia o nosso
trabalho? Ajude-nos a melhorar deixando sugestões, criticas, elogios...
Faz
hoje 1 ano ! Os pioneiros e corajosos !
Tivemos
apenas 5 meses para trabalhar
Cerca
de 150 candidatos em listas
Sem
candidaturas nas freguesias rurais (sic)
776 - ENDOGAMIA POLÍTICA NO SEIO DO MCE
“Ajude-nos a melhorar deixando
sugestões, criticas, elogios”... Era o que nos era dito ali
atrás não era ? Pois bem, tenho cá para mim, pois há algum tempo venho observando
e experienciando a coisa, que os fãs, adeptos, militantes, simpatizantes,
votantes, ou simplesmente amigos do MCE são uns convencidos.
Não
que por os pintar de convencidos os julgue petulantes, ou pretensiosos, em boa
verdade reconheço-lhes razão. Mas como muitas vezes acontece nesta vida, ter
razão não basta, e em Portugal curiosamente, ter razão pode até ser muito
inconveniente, despoletar antipatias, gerar anticorpos, induzir reacções
adversas, inimizades, e tornar-se bastante contraproducente. A frase ou adágio
popular “o calado é o melhor” não
nasceu nem por acaso, nem sozinha, mas no rescaldo de razoáveis razões que, por
inveja, tenham surtido efeito contrário ao pretendido com a sua teimosa, ainda
que correcta e recta a afirmação.
Têm
sem sombra de dúvida razão para estarem convencidos e satisfeitos os seguidores
do MCE, começaram bem, a coisa promete, não existem queixas de maior a registar,
as críticas são praticamente inexistentes, a militância é voluntariosa, a líder
tem-se mantido coerente e exemplar, o futuro promete e surge-lhes risonho. Nada
a apontar, nada a contestar, muito a questionar ou a analisar.
Todos
esses razoáveis convencidos, a quem nos meus monólogos interiores também por
vezes apelido de contentinhos da Silva,
satisfazem-se roçando promiscuamente uns nos outros os seus próprios egos, não
tardando que tanto contentamento ou tanto convencimento comece, como é normal (e
ha que estar atento ao normal, a normalidade e a vulgaridade têm sido a perdição
de muito boa gente), a gerar panelinhas, a transformar-se de movimento (ação-reação,
causa-efeito, inércia, dialéctica, dinâmica, inclusão, transparência, retórica,
luz, clarividência, rumo), em Confraria (seguidismo, sectarismo, partidarismo,
obediência, imobilismo, caciquismo, sombras, trevas).
Isto
porque os seus elementos estão como peixe na água sempre que dentro da sua roda
de amigos, apaniguados, acólitos, ou como queiramos pintá-los já que, sempre
que toca a sair dessa “roda da felicidade” murcham, perdem a vivacidade, incapazes
de uma resposta estruturada, dum pensamento desenvolvido e sem peias, quedando-se
num mutismo que nos exclui a nós, que estamos por fora, a nós que porventura
desejaríamos entrar nessa tal Roda Feliz,
a nós que desejaríamos conhecer também, e talvez partilhar, partilhar tanto
contentamento e felicidade, quiçá a ficarmos igualmente convencidos e felizes,
mas que contudo muito dificilmente conseguiremos ultrapassar essa barreira
erguida à nossa frente, uma barreira de soberba e muda animosidade contra quem
não pertença à panelinha, à confraria, à irmandade.
Ora a
mim, que já estou acima dessas coisas e as posso observar porque as vive a seu
tempo e circunstâncias, é-me fácil distingui-las, observá-las e analisá-las com
o tempo, o distanciamento e a isenção que a coisa exige.
Que
a arraia-miúda, a malta, a maltinha, fale e gesticule qual primata de que o sapiens
sapiens descende e suba às árvores. Daí não virá grande mal ao mundo nem se
poderá nunca controlar senão minimamente um rebanho ou bando assim. Mas, que os
mais próximos do núcleo atómico se comportam quase da mesma forma e até pareçam
cultivar o distanciamento e o mutismo que supostamente os protejam e mantenham
na idílica redoma onde julgam viver é pura parvoíce, para não lhe chamar
idiotice.
Sem
dúvida que o MCE é bom, está de saúde, a crescer e recomenda-se, mas o MCE tem que se recomendar é aos de
fora, aos ateus, aos incréus, o MCE tem que convencer, convencer e conquistar é
os outros, e não os que já estão convencidos, os que já estão e já são, o MCE
tem sobretudo que se virar para fora da sua roda de felicidade, quiçá
convidar os seus mais próximos apaniguados a sair da sua zona de conforto e irem
pregar para as suas respectivas freguesias. Foi isso, foi essa missão que Jesus
confiou a São Pedro e a igreja cresceu como todos nós sabemos, por vezes até
demasiado descontroladamente, o que não deixa de ser pecado mortal, um tal
partido que não desejo nomear que o diga…
O
nosso querido e voluntarioso MCE tem que colocar os seus apóstolos a pregar até
aos peixinhos, não se pode fechar sobre si mesmo e sobre os louros conquistados,
os tempos que vivemos são outros. O rebanho e os meios também diferem muito do
estatismo de décadas atrás, estatismo no sentido de estático, parado, hoje tudo
se move à velocidade de um electrão.
Talvez
não fosse má ideia e o MCE agarrar numa dúzia de temas e debatê-los num
fim-de-semana de três dias, numa iniciativa aberta a todos os participantes e em
moldes do género dos usados nas designadas universidades abertas sobre a
política. Está para mim mais que provado e comprovado que o seu pessoal, o tal
do núcleo atómico, calculo que no mínimo metade dos tais cento e cinquenta necessitem urgentemente de formação, (75,
estou sendo simpático não estou?), em relações humanas, em psicologia elementar,
em diplomacia, em dialéctica, em retórica, em bom senso e senso comum, em
política, nos contactos sociais, no domínio dos pontos fortes do programa do MCE,
que são muitos e apresentam grandes vantagens sobre a forma de funcionar dos
partidos institucionais, etc etc etc
Um
movimento da dimensão do MCE, que pode e arvora domínios e diferenças que fazem
toda a diferença por ser um movimento independente dos partidos do sistema,
sendo nessas diferenças que tem que malhar como quem malha em ferro frio, um
movimento desta dimensão dizia eu, tem que se apoiar numa trave ou em varias traves,
numa estrutura bem articulada e não única e exclusivamente na figura da sua líder
por mais bonita que ela seja.
E
não me venham dizer que já assim é, não, não é, nestes aspectos o MCE falha por
todos os lados. Ataquem e conquistem as freguesias rurais e tapem as brechas
antes do movimento se afundar pois está destinado a confrontar-se cada vez com
maiores exigências e com forças poderosas vivendo à custa de subvenções que não
estão ao alcance do MCE e cuja falta o debilita.
Parem
um pouco para pensar, organizem-se, deleguem-se responsabilidades, atribuía-se
mais poder e encurte-se a democracia interna, (rédea curta, mérito e
competência terão que conviver) que os tempos serão de exigência máxima. Só um
último pormenor, a sondagem, a quem é dirigida ? Quem a vai ler e quem
sobretudo lhe vai responder ? Os de fora ou os de dentro ? Qual desses grupos
maioritariamente ? E se se deram a tanto trabalho porque não aproveitaram e
incluíram mais uma ou duas ou mesmo três questões importantes e que haja
interesse em conhecer ? Foi cagufe ? Medo ? Numa sondagem dirigida ao maralhal
da Roda da Felicidade nada haverá a temer, o problema não vai ser o que se
ficará a saber, o problema é precisamente o que não se conseguir saber….
Boa
sorte. E bom jantar.
Beijinhos
e abraços.