CARÊNCIAS
Carências ?
Abstinências...
Contingências da vida, do acaso, da sorte,
ou do azar, do destino, do fado, do caralho …
Olho a praia, o Alqueva pejado de sereias,
e eu que serei ? que sou, senão um ramalhete
de intenções, resignações, frustrações…
Porque mais ninguém
Chega cá
Vem aqui um instantinho
Depressa
Baixa o estore
Sim
assim, sim
Agora
espera,
Deixa baixar mais
Ou antes, tira tudo
Já está
Agora, depressa,
Mais, tudo, todo
Mete a almofada por baixo
Carências carências, nada disso,
só que
Desde que ela se foi que não …
Percebes ?
Desde então que ninguém me puxa p’la mão
Vem cá
Chega aqui
E nunca mais aquele olhar cristalino, nunca
mais aquele sorriso pleno de promessas, nunca mais um semblante prometendo-me o
céu,
Entendes ?
Perdida a cumplicidade perdida a vontade,
a compostura arrasa tudo, ou quase,
o farisaísmo acaba com o resto…
Não há excessos, desconhece-se o “no limits”,
tudo demasiado formal, igual, coloquial,
nada de javardices, nem chavasquices,
tudo igual,
pãezinhos sem sal…
Queres que ponha o véu ?
caga no véu
Também tenho ali o terço
esquece
Meu Deus como tu estás hoje,
pareces-me um selvagem
Fúria de Viver… *
Se continuas assim tenho que dizer-te
que “Alice Já Não Mora Aqui” … *
Não sejas carne de vaca
Só se não te armares em parvo totó
Tá calada e cala-te concentra-te no que fazer
e que fazer ? sabes ?
Aperta-me mais, prende-me
Carência, tens tomado as vitaminas ?
Foi bom não foi ?
E não é sempre ? foi melhor que bom, foi
bombeiro
És um amor
Não sou nada, sou sargento artilheiro…
Vou beber água queres alguma coisa ?
Traz-me um Cornetto de Morango
Fome ?
Pensei que ficaras bem com o biberon
P’ra próxima ficas a ver navios que é para
não seres ordinário
Desculpe madame, estava a reinar
Gostas muito de brincar, abusas
Brincar não, reinar, sobre tudo e todos
Deixa-me, para a outra vez vais ver como é
https://mag.sapo.pt/cinema/filmes/alice-ja-nao-mora-aqui
https://www.youtube.com/watch?v=pjACOG_loM0