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quarta-feira, 11 de maio de 2011

46 - ELES AMAM-ME ! eheheh !!!!!

Moi preparadinho p'ra ver Braga por um canudo :) 

Sou vivido o suficiente para ter desfrutado não somente da vida mas por exemplo do Algarve antes do Allgarve, isto é no tempo em que se viam carradas e carradas de amendoeiras em flor, tavernas, restaurantes e esplanadas onde me sobrava dinheiro para pagar as extravagancias e as contas, havia alguém para nos atender e se comia bem, mas mesmo bem, se podia estacionar em qualquer dos muitos lugares à disposição, e a vista, ai a vista! Abrangia quilómetros de latitude olhando para o mar e de longitude mirando a terra !

Talvez por isso adore as flores de amendoeira, que agora compro nas lojas do chinês para enfeitar recordações empoeiradas sobre um qualquer móvel da sala.

Certo que não havia auto-estradas, mas o tempo corria tão devagar que ninguém tinha pressa de chegar fosse onde fosse, muito menos ao Algarve, que nessa época proporcionava lições de inglês a toda a gente, foi lá que o aprendi, como foi lá que, nas noites sem frio e sem fim, em redor de grandes fogueiras na praia, conheci o mesmo Jorge Palma que agora não me conhece. Tudo isto num tempo em que os algarvios eram tão pouco cosmopolitas, estúpidos e íntegros quanto o pode ser uma criada de servir e ainda comiam com o prato na gaveta da mesa da cozinha, que de imediato fechavam se alguém chegava, lamentando-se de termos chegado tarde pois tinham acabado de almoçar naquele mesmíssimo instante. Depois ficaram inteligentes repentinamente, desataram a construir prédios por tudo que era sitio, até nos passeios, a falar somente inglês, a somar nas contas dos restaurantes desde os números das facturas, ás datas, até ás saladas de alface, debitadas como de frutas, se tornaram arrogantes e passaram a esquecer-se de atender quem não seja franciú, bife ou boche.

Foi aí que dei o fora, era amor a mais e, como eu muitos fizeram o mesmo, até os algarbéus se terem convencido que as saudades matavam e terem criado uma campanha muito gira que correu o país de lés a lés, intitulada “ Vá Para Fora Cá Dentro”, mas era tarde, outras paixões me animaram, como animaram muitos outros, e assim descobri que havia mais mundo, mais bonito e sobretudo mais barato. Conheci outros lugares e outras gentes por toda a Europa e norte de África, só tendo voltado ao Allgarve esporádica e exclusivamente quando algum familiar me morria e, mesmo assim procurei sempre ir apenas ao funério e não ao velório, para não ter que dormir por lá nem deixar um “tusta” que seja num qualquer restaurante de má memória.

Perdão, mais ou menos religiosamente ainda ia à grande Concentração Motard de Faro, mas tão só porque depois de chegarmos e das primeiras bebidas já nenhum de nós sabia em que parte do mundo se encontrava, de tal modo que uma noite, depois de umas bejekas e de uma sessão espectacular de um concurso da “Miss T-Shirt Molhada”, pensámos estar em Las Vegas e demos por nós buscando o barco para Portugal, que apanhámos em Portimão e nos deixou, babados e vomitados salvo erro em Tanger, sem passaportes nem nada, tendo sido uma desgraça tal que nem vos conto. Idem para uma campanha televisiva para visitar os Açores, “Pronto para o melhor tempo da sua vida” e que se me deparou diante um dia enquanto jantava uma sopinha de beldroegas apanhadas à bórliu, não fosse dar-se o caso de estar avisado e vacinado quanto baste para não ir em cantigas, (estive lá uma vez e bastou), no tempo em que nem nos convidavam e como tal tudo corria bem, e a mim melhor correu quando alguns ilhéus ilustres me souberam amigo de um arquitecto aqui de Évora que tivera grande peso e preponderância na reconstrução de Angra do Heroísmo após o terramoto que quase a deitou abaixo.

Por isso e mais nada que isso me trataram como o teriam tratado a ele caso tivesse aparecido por lá naqueles dias, pelo que só tive que comer e calar, nem me esqueci de lhes agradecer, a eles, as mesuras proporcionadas, nem de agradecer e entregar ao dito arquitecto os saudosos cumprimentos que me encarregaram de lhe trazer uma vez regressado dessas férias inesquecíveis. Não sei porquê, como poderão ver criei um preconceitosito contra as campanhas, e já não me levam ás boas nem sequer a uma simples prova de vinhos.

Tudo nesta vida se paga, e prefiro pagar o que me pedem a alinhar em promoções de intenção duvidosa.

Talvez por isso, acabei o jantar rindo a bandeiras despregadas com a campanha de uma conceituada marca de automóveis que vai lançar no nosso país os carros eléctricos, e aqui vos deixo já o meu vaticínio de que, quando isso acontecer, poderão ter por mais que certo o aumento da tarifa de electricidade, pois se o comermos em chibo não o comeremos em bode e, se não pagas o vergonhoso roubo que constitui o preço da gasolina, descansa que pagarás com língua a dobrar a electricidade, que é como quem diz o dinheiro que o maravilhoso carro te ajudará a poupar nas tuas viagenzitas parvas, sempre aos mesmos sítios e a que eu, vulgarmente chamo as voltinhas dos parvos.

Quando alguém te declarar o seu amor, já sabes, põe-te a pau, decerto te querem comer as papas na cabeça !


Capice ?  

Moi preparadinho p'ra arrancar p'ra Faro :)