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sexta-feira, 5 de abril de 2019

594 - NOVAS CRÓNICAS, OUTRAS CRÓNICAS, by Maria Luísa Baião *


Raramente recuso um desafio em especial se o mesmo constitui algo que me motive, agrade, e sobretudo seja por mim entendido como um desafio diversificado, como o serão estas crónicas, diferentes semana após semana, mas sempre viradas para os problemas do presente, sobretudo aqueles que nos digam directamente respeito, quer enquanto cidadãs (ãos) do mundo, quer acima de tudo como cidadãs (ãos) do Alentejo.

Há muito que o Director deste Jornal me lançara o convite, mais um repto que um convite, a que considerasse à minha disposição as páginas do seu prestigiado diário, assunto que mais que uma vez veio à baila, isto é, sempre que nos encontrávamos. Mal sabia que as suas palavras eram música para os meus ouvidos, ouro sobre azul, adorando como adoro, falar convosco escrevendo.

Aqui estarei todas as sextas-feiras, dando-vos conta das minhas impressões, mas acima de tudo expondo um olhar muito próprio, um olhar de mulher, numa perspectiva muito pessoal mas que certamente não deixará de se identificar com muitas (os) de vós.

Escrever é para mim uma forma de estar convosco, sabemos quanto o tempo é precioso por escasso, e na impossibilidade de com todos privar esta é uma, a única forma ainda que minorada de o fazer. Não será contudo a distância ou a ausência que impedirão que chegue até vós o meu testemunho, a intimidade dos meus pensamentos, que não receio repartir.

A cidadania tanto é um direito quanto um dever de todas (os) nós. Escrever, dividir convosco temores e apreensões, desejos e emoções, anseios e aspirações, será uma forma igualmente solidária de exercermos, praticarmos e cumprirmos essa cidadania.

O mundo é demasiado complexo para que o ignoremos, a cidadania e a democracia exigem a cada dia que passa a nossa participação mais ou menos empenhada, daremos se necessário um só passo de cada vez, mas faremos juntas (os) essa caminhada.

Para as (os) que já me conhecem tudo será mais fácil, para as (os) novas (os) leitoras (es) direi que é para mim um enorme prazer poder contar convosco, da mesma forma que poderão contar comigo, aqui neste espaço semana após semana buscando motivos para que todas nós, Diário do Sul incluído, possamos dizer que valeu a pena.


 Interrogar-se-ão porventura com o aparentemente absurdo título escolhido para estas crónicas, KOTA DE MULHER, surgiu por obra e graça do espaço político que se pretendeu conceder à mulher, como se não fosse por direito um espaço dela, a quem se alguma culpa podemos apontar é ao facto de “perder” tanto da sua vida a criar os filhos, esses filhos que numa atitude altruísta lhe pretendem dar agora o espaço, o tempo, a oportunidade, a dízima do que lhe devem.

E porquê com “K” ? porque nunca consegui esquecer a ironia, o sarcasmo, a sátira , implícita na frase “anarca” que no pós 25 de Abril imperava em tantas paredes; “ a porka da politika”. Ora sucede que eu não considero a política dessa forma, mas antes como uma causa nobre, (eventual e pontualmente servida, ou usada por gente menos nobre), ainda que não tenha evitado deixar escapar um irónico sorriso quando veio à tona o assunto das cotas.

Resultado, toma lá com um K, carregado evidentemente de toda a ironia, sarcasmo e sátira com que os “anarcas” pretenderam recheá-lo. Pelo menos um mérito teve em mim o assunto das cotas, levou-me a uma participação civica mais activa entre as quais se inscreve esta coluna que semanalmente com gosto e alegria escreverei a pensar em vós.

Feita a apresentação, com amizade me despeço de todas (os), com a garantia de que para a semana, todas as semanas, todas as sextas-feiras, aqui estarei convosco.


* By Maria Luísa Baião, escrito sexta-feira, ‎5‎ de ‎Janeiro‎ de ‎2001, ‏‎23:04h e a primeira publicação no jornal DIÁRIO SUL dada à estampa nesse mesmo mês.