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sexta-feira, 16 de abril de 2021

O TURISMO EM ÉVORA, TEXTOS POLÍTICOS 2

               

 686 “ O TURISMO EM ÉVORA “

# TEXTOS POLÍTICOS 2 #

 

Herdámos uma cidade impar, herdámos em monumentalidade uma riqueza inigualável, há muito amortizada, e cujos custos de manutenção, os únicos que temos com esse património, representam uma ínfima parte do rendimento que poderão proporcionar-nos.

Cuidar da cidade património mundial, mais que um dever é uma obrigação lógica, não temos minas de oiro nem poços de petróleo, mas temos sol e uma arquitectura monumental que nem temos sabido explorar devida ou convenientemente.

Dar nova vida a essa monumentalidade é fulcral, obter através dela novo fulgor, vigor e mais rendas para a nossa cidade, para todos nós. A preocupação e a atenção a pequenos pormenores aparentemente insignificantes como o estacionamento são fundamentais.

Não encontrar espaço para estacionar leva o turista, o visitante a abandonar a ideia de ficar ou recomendar a cidade. Logo não ficando não compra, ignora-a, virar-lhe as costas.

Não inconscientemente mas com plena consciência deste facto estamos a matar a cidade, e com ela o Turismo, o Comércio Tradicional e tudo quanto em redor deles volteia. Neste sentido urge agora não perder a oportunidade de “transformar” a antiga estação da Rodoviária Nacional num silo para estacionamento, o que seria conseguido sem lhe estragar a fachada e aproveitando o esse enorme espaço intramuros em benefício concreto de cidade, do turismo e do comércio.

É agora a hora de fazer essa opção, nem se devem acerca desse espaço fazer quaisquer opções antes das eleições e da escolha de um novo executivo pelos cidadãos.

É já mais que tempo para se tirarem conclusões, passaram anos sobre o fenómeno, a cidade morre, a cidade afunda-se social e economicamente sem que lhe acudam. Se queremos uma cidade com vida, amiga do turista, uma cidade viva e inclusiva onde os cidadãos e os visitantes se sintam bem acolhidos e melhor recebidos, se queremos manter vivo o comércio tradicional e apostar no turismo não podemos expulsar o turista, antes cativá-lo, fazer com que se sinta aqui bem, bem acolhido.

Pequenas atenções revigorarão o turismo eborense, muito centrado na hotelaria e restauração, quando há imensas possibilidades e potencialidades esperando a sua oportunidade.

O desenvolvimento do turismo poderá efectivamente, e não potencialmente, não gosto de trabalhar sobre ideias vagas mas sim sobre coisas concretas, iria contribuir para a criação de imensos postos de trabalho e para o aparecimento e desenvolvimento de muitas empresas das mais diversas especialidades que, ainda que a ele ligadas indirectamente se encontram dele dependentes, quer a montante, quer a jusante, e que sem ele nem surgirão nem vingarão.

Évora, a cidade que se quer bater com outras cidades como cidade da cultura é todavia uma cidade hostil, uma cidade que exclui, que segrega, que empurra para fora, que não nos quer no seu seio. É uma cidade simultaneamente agreste e agressiva, pontilhada de pilotis, proibições, condicionamentos, quando pelo contrário deveria ser uma cidade inclusiva, que nos desse atenção e onde nos sentíssemos abraçados, acolhidos, amados.

Por exemplo, os bloqueios ao estacionamento no Largo da Misericórdia e no passeio fronteiro a um determinado Hotel são verdadeiros instrumentos de tortura medievais. Admito que cumpram a sua função, mas é precisamente essa função que está errada, o resto mais não é que o seu reflexo material, bárbaro.

Um turista chega e, deslumbrado com a cor das acácias no Largo da Misericórdia ou com a lindíssima alva matinal alentejana ao chegar ao hotel, em qualquer dos casos distrai-se, a roda embica num desses instrumentos medievalescos, o pneu rasga ou rebenta, aí estão umas férias estragadas e uma cidade que jamais lhe sairá da memória pelas piores razões… Rico turismo…

Ou turismo p’ra ricos desafortunados…


Pintura de Fátima Magalhães, "Monte Alentejano" acrilico sobre tela, 30x30