725
- O PARTIDO ÚNICO E O HOMEM ORQUESTRA,
ONE
MAN SHOW
Vai
por aí um reboliço de norte a sul com os elementos do partido único a mostrarem
quanto valem, ou melhor, o que não valem. Raros são os distritos onde não há dissensões,
sendo caso para dizer que um partido que praticamente nasceu de geração espontânea,
e tendo gozado até hoje e apesar de tudo de um estado de graça inexplicável, caso
único nos anais da nossa peculiar democracia, está decididamente morrendo. Ou
está a morrer ou está-se suicidando com a mesma rapidez com que apareceu e
cresceu e, pasme- se, às suas próprias mãos e custas.
O
modo atabalhoado e nada democrático com que se implantou, a avidez pelo poder
antevista nessa corrida cega p’la caça ao voto, a falta de escrutínio das
personalidades e caracteres daqueles em cujas mãos se vem confiando acontece que, somando as
partes é óbvio estar assegurado um futuro onde tudo é possível, menos o alcance
duma radiosa longevidade. Dirão que existirá da minha parte uma preocupação excessiva com o Chega, e há, combate o esquerdismo no país, confronta desde o BE ao CDS passando pelo PSD e p'lo PS, mas é preciso que o imobilismo e o esquerdismo não sejam substituidos pelo Cheganismo, pelo aventureirismo, é preciso que seja uma nova direita, tolerante, culta e inteligente a tomar as rédeas da nação ...
Diria
que neste momento, dos militantes fundadores do Chega poucos restarão. Todos os
dias muitos deles atiram a toalha ao chão, soando-se à boca cheia que chegará o
momento em que serão mais os dissidentes que os militantes. Tudo porque o Chega tomou por
padrão todos os vícios que criticava nos outros partidos, o Chega que se
apregoava livre de mácula, inocente do Pecado Original, que tão diferente
queria ser tornou-se igual aos demais, quando não pior.
De
forma precipitada e leviana o Chega
implantou as suas distritais e concelhias por nomeação. Implantou os responsáveis
por essas estruturas no terreno através da nomeação de amigos e conhecidos, que
por sua vez chamaram outros amigos e conhecidos, tudo feito sem eleições ou num
total e descarado arrepio das mais elementares e básicas normas democráticas. Resultado,
após muitas lutas intestinas para não perderem a posição que lhes tinha sido dada
de bandeja, e sempre evitando, aviltando, falseando e manipulando eleições
internas nos poucos casos em que as houve, o Chega está hoje baseado, digo aprisionado
nas mãos de elementos mais soberbos que pobre a quem tenham dado a chave e
guarda de um palheiro.
Elementos
que, para manterem e se manterem no lugar se tornaram exímios bajuladores, inqualificáveis
aduladores e vergonhosos seguidistas, originando a inexperiência política, a
ignorância e a falta de formação e cultura de que padecem o afastamento de
muitos outros, diria que dos melhores, restam na maior parte dos casos e em
cada sede um núcleo de militantes do mais nocivo e incapaz que possamos
imaginar. É caso para dizer que o Chega anda mal gerido, mal conduzido e pior
aconselhado. Misteriosamente no III Congresso esta massa informe de analfabetos
funcionais saiu nomeada conselheira… Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és…
Este
caso único, este partido único, surgido por geração espontânea devido a um
choque entre André Ventura, um militante do PSD, partido que o não quis ouvir, como não
quis nem quer ouvir ninguém, idem para os restantes partidos do sistema, incapazes
de absorver ideias que não sejam oriundas dos seus prosélitos sábios, os tais
sábios que têm conduzido o país ao fosso em que se encontra. Da contestação justa de André Ventura nasceu o Chega, rapidamente espelho e reflexo de muitos
injustiçados, por isso cresceu, cresceu, cresceu até ao momento em que André
Ventura e o partido se confundiram.
O partido, quer se queira quer não é ele, e se ele se apagar o partido acaba-se, apaga-se, e
se o partido se acabasse ou fosse eventualmente ilegalizado apagar-se-ia ele.
Mas atenção ! Sou absolutamente contra
essa ilegalização, porém um partido que vive à sombra duma personalidade não é
partido, tal como um personagem que viva a sombra de um partido não é
personalidade nenhuma, é um homem orquestra, is a one man show. Quer um quero
outro são parasitas vivendo em simbiose e, a nossa sociedade, a nossa nação,
tem parasitas de sobra como todos os bem sabemos.
Cegamente
o Chega tem vindo a trilhar cada vez piores caminhos, antevejo o dia do desastre, o Chega tem vivido
da inexperiência política da mole humana que o apoia e que é um misto de
inabilidade funcional, inexperiência política, incompetência larvar e soberba
de sobra, atributos que nunca levaram ninguém longe. Como já disse noutros
escritos o Chega é um mal necessário, os restantes partidos do sistema não
querem dar um único ou pequeno passo que seja no sentido das tão necessárias
reformas, terão elas que ser feitas pelo Chega e á trouxe-mouxe ?
Significa
isto que está perdida a esperança ?
Não, não está perdida a esperança, nem para os
largos milhares de dissidentes do Chega que saíram traídos ou desiludidos por
um partido que se dizia virtuoso e acabou não mordendo, mas engolindo todas as
maçãs da árvore do Paraíso.
Um grupo mais esclarecido e mais activo de dissidentes e ainda muitos outros amigos igualmente militantes fundadores do Chega, actual e igualmente dissidentes, fundaram novos partidos, respeitando na letra e no espírito aquela que foi a matriz original, inicial e isenta de pecado do Chega, dando um novo fundamento à esperança. Que ao menos dissidentes e não dissidentes, todos se revejam numa direita, liberal, democrática, conservadora, actuante, culta, sem complexos, Fénix e não órfã (como ficou o PSD desde a morte de Sá Carneiro) ou infantilizada como aconteceu com o CDS a partir de Freitas do Amaral, Lucas Pires e Manuel Monteiro.
E assim, todos os que sentirem em si uma ponta de patriotismo e a necessidade de contribuir para o reerguer deste tão massacrado país, esperam doravante ter partidos onde a cultura, a intelligentsia, o mérito, a capacidade e o valor tenham lugar. Partidos onde quadros médios e superiores sejam a trave mestre da estrutura, seja nacional, distrital ou concelhia, partidos em que as bases se orgulhem de batalhar e participar, partidos que alberguem todos, e onde não haja lugar para toda a gente, partidos onde quem não interessa não tenha lugar, partyidos onde impere o bom senso, as coisas sejam bem feitas e a competência, a solidez, as certezas sejam as certas.
Partidos dos quais nos possamos orgulhar e possam orgulhar-se de nós.
E
que não nos julguem ressabiados do Chega não, somos sim insatisfeitos e
revoltados com a traição do Chega aos seus próprios princípios programáticos,
somos sim os salvadores do espírito inicial do Chega que tão espezinhados e esquecidos
foram, somos a vanguarda de uma nova direita, culta e descomplexada, preparada e
apta para mudar o rumo deste país, tornar de novo gloriosa esta nação, e correr
de vez com parasitismo esquerdista, corrupto e sem emenda cujos erros estamos a
pagar caro e pagaremos ainda durante décadas, tal a dimensão do desastre em que
nos envolveram de há 47 anos para cá…
Combater
a esquerda com inteligência, com propostas e soluções inteligentes, dando
primazia ao homem, ao ser humano, ao valor e iniciativas individuais, acabando
com esta
desastrosa economia centralizada camuflada de democracia, acabando com a ilusão
do colectivo, privilegiando o indivíduo, o seu labor, o seu entusiasmo, as suas
ideias, o seu trabalho, o seu mérito.
Há
que nos aglutinarmos em redor de gente de espírito aberto
e aberta à criação de uma nova sociedade, uma sociedade aberta onde todos
tenham lugar e oportunidade, oportunidade de demonstrar a sua criatividade, dar
largas à sua imaginação, demonstrar o seu valor e a sua capacidade, a sua
competência o seu mérito.
Adere, participa na luta !!!!!!!!!!!!!
Évora, segunda-feira, 23 de agosto de 2021
https://www.youtube.com/watch?v=VPRjCeoBqrI



