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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

635 - NOVAS AMIGAS, NOVOS AMIGOS, AMIGOS CHEGAdos, AMIZADES DE ONTEM E DE HOJE ...



Sempre tive felizmente muitas e variadas amizades. É bom cultivar a diversidade, aprende-se mais e ouvem-se algumas verdades sobre nós mesmos, o que é fulcral para um são e harmonioso desenvolvimento físico, psíquico, intelectual e social.

Tenho amizades aos magotes, à esquerda e à direita, acima ou em baixo, e jamais as suas crenças ou doutrinas me incomodaram. Em maior ou menor grau todas são igualmente amizades, sem diferenciação. Mais íntimas ou afastadas, são contudo amizades, são compatriotas, alentejanos, conterrâneos, colegas, parceiros, camaradas. Enfim, amigos e amigas, cada um deles diferente dos demais, e de mim, imaginem a sensaboria se todos fossemos iguais.

Têm ou cabem-lhes diferentes papéis na sociedade, profissionais, sociais, políticos, contudo são gente como eu. Pensamos o mesmo acerca de alguns assuntos embora possamos divergir quanto às soluções para os resolver, ou partilhamos idênticas soluções para problemas cujo caminho até elas traçamos diferentemente. No fundo todos julgamos estar a pensar da melhor forma e a agir em conformidade, isto é, com as melhores intenções e soluções.

O que nos diferencia então que nos coloca em divergência ou, como agora soa dizer-se, em rota de colisão ? Nada mais nada menos que a assumpção, não a Assunção, prima directa do Gouveia. São coisas dessas como a asssumpção e a coerência, a tolerância, o civismo, o partidarismo, o sectarismo, o amiguismo, o seguidismo e a cegueira que nos diferenciam.

Perdi meia dúzia de velhas amizades nos últimos tempos, em contrapartida ganhei centenas delas, facto que aqui e agora aproveito para efusivamente saudar, se é que não o fiz já. Por vezes vêm diariamente aos molhos, e honestamente não consigo ter uma palavra em particular para cada um deles. Um generoso abraço para cada novo amigo (a) então.

São gente diversa, diferente, díspar quanto ao lugar de origem, são porém gente que se sente irmanada por um mesmo ideal, uma mesma crença em que acreditamos e, sobretudo numa nova esperança que partilhamos e a quem nem as minhas muitas qualidades e os ainda mais e maiores defeitos inibem. São compreensivos e tolerantes, são sobretudo democratas ainda que o seu grito de Ipiranga tenha sido e continue sendo apelidado de populismo.

E é aqui que eu queria chegar, não temos que ser todos iguais ou partilhar o mesmo credo para sermos amigos, pois se assim fosse, credo ! as nossas vidas haviam de ser uma autêntica monotonia !

O que os tais amigos (as) que as costas me viraram demonstraram foi o quanto são tolerantes, quão são democratas, quanto civismo os habita, ou até onde chega a sua peculiar compreensão ou visão do mundo onde se movem. Não me admira agora que ano após ano vejam o seu mundinho encolher, quem semeia ventos colhe tempestades, quem com ferro mata com ferro morre. São os únicos culpados do seu próprio suicídio, fecham-se quando deviam abrir-se ao mundo e converter os incréus, não enxotá-los, afastá-los, marginalizá-los. Atrever-me-ia até a dizer ostracizá-los.

Nós, aqueles que acreditamos e partilhamos um mesmo ideal somos populistas, dizem eles, os outros, esquecendo-se que engrossamos dia a dia um partido nado e criado no seio das regras democráticas e com tanto direito à vida como quaisquer outros. Esses mesmos que nada dizem há décadas sobre as práticas demagógicas e os partidos demagogos que nos conduziram à insustentável situação actual. Já nem as estradas nos pertencem, todavia sobre isso nunca lhes ouvi um queixume. CHEGA.

Entendo-os, em parte entendo-os, são gente sem visão, gente incapaz de enfrentar uma amargura, uma derrota, um desaire, mas são sobretudo gente que não se conforma com o sucesso dos outros, e isso é simplesmente doentio, a médio e longo prazo mata. Lamento.