Caro
amigo Aurélio
Em
primeiro lugar agradeço-lhe que me permita tratá-lo assim.
Em
segundo lugar aproveitar o ensejo para abordar o livro que escreveu "Um Repórter
Inconveniente", e que, lamentavelmente em lugar algum nos deixa um espaço
para uma apreciação critica positiva.
Li-o
de uma ponta à outra, com atenção, tal qual faço com todos os outros.
Lamento
que o modo como o escreveu o iniba de se tornar um manual de jornalismo, um
bestseller. Os cursos e os estudantes do secundário dariam apreço a um tal
manual. Todavia o excessivo apelo à primeira pessoa do singular (EU)
inviabilizam e desaconselham completamente o que poderia ter sido um bom e
excelso manual para o ensino secundário, ensino aliás carente dele, manual.
Certamente
o meu amigo estará exausto de tanto elogio à obra, contudo também a mesma terá aspectos
negativos, já que, para além de um verdadeiro laudatório às suas andanças e
estratégias, que bons louvores merecem, cai o livro porém no pecado original de
o gabar a si mesmo. Fica mal a toda a gente o juízo em causa própria e o meu
amigo não teve força para evitar sucumbir aos seus próprios elogios, à sua
própria vaidade.
Reconheço
muitas verdades no que conta e no que diz, mas essa vaidade estragou-lhe a obra.
Devia ter pensado mais no jornalismo e na reportagem enquanto géneros do que em
si mesmo.
Em cada página lhe reconheci uma desmedida
ambição ou necessidade de reconhecimento, lamentavelmente tal confissão
aniquila a empatia ou a simpatia que o leitor comum poderia sentir ao lê-lo. E
de tão repetida essa faceta levou-me mesmo a pensar quanta necessidade haverá
em si de consultar um psicólogo ou um psiquiatra.
O
livro acaba por não nos parecer mais que um álbum de recortes, duvido que tenha
tido facilidade em editá-lo, e está caríssimo para a bagagem e a qualidade do
que nos transmite. Não o lamento, comprar livros que não valem o que custam é o
risco de qualquer leitor.
Pena
que, antes da publicação, o não tenha dado a ler a meia dúzia de pessoas que
entendessem da coisa, teria evitado os aspectos negativos que o livro comporta.
Apesar
disso, e para que não tivesse eu perdido tudo, fiz hoje uma boa acção e
entreguei como doação a sua obra na Biblioteca Pública de Évora, dentro de
algum tempo estará catalogado, classificado, e à disposição de quem o deseje
ler.
Não
se terá perdido tudo.
Évora,
18 de maio de 2015
Um
abraço.
Humberto
Baião
https://www.youtube.com/watch?v=1y_OMKzGwww