domingo, 30 de janeiro de 2022

752 - O AMIGO MC E O ERRO DE PARALAXE ...

 



752 - O MEU AMIGO MC E O ERRO DE PARALAXE

 

Na altura nem texto coloquei, apenas a foto, confiante que os observadores fariam uma leitura correcta do seu conteúdo. Mas se eu quisesse escrever um texto chamando a atenção para a violência doméstica, recorreria a fim de fazer recair os vossos olhos sobre o mesmo à figura de uma mulher, encolhida a um canto, no chão, protegendo de um punho imaginário que a estaria ameaçando, rosto e cabeça com braços e mãos.

 

Se eu quisesse chamar a atenção para criminosa, predatória e pecaminosa pesca contra a baleia, procuraria imagens de um navio baleiro, armado com os seus canhões de arpões, navegando num mar tingido vermelho como normalmente acontece quando arpoam e sangram as baleias até à morte. Ou limitar-me-ia a recomendar-vos a leitura ou releitura de Moby Dick, de Melville e a história dessa grande obra.

 

Se eu quisesse chamar a atenção para o problema ecológico, para a poluição a que estamos submetidos e para o factor das árvores através da fotossíntese libertarem oxigénio, ar puro, conduziria a vossa atenção para a necessidade delas, árvores e florestas. Provavelmente colocaria no cabeçalho uma imagem da floresta amazónica, o maior pulmão que a Terra tem.

 

Se eu quisesse chamar a atenção para a pobreza franciscana que há anos vem aumentando em Portugal, colocaria uma foto de um sem-abrigo na rua, ou de dois ou três, ou até quatro ou cinco dormindo ao relento, talvez dormindo debaixo de uma ponte. No fundo que interessaria quem eram eles, gente anónima caída em desgraça nesta democracia que devia acudir a todos ?  

 

No caso dos sem-abrigo todo o interesse foi colocado em chamar a vossa atenção para a extrema pobreza que o nosso presidente, quando tomou posse do cargo pela primeira vez prometeu debelar. Bom, ou antes mau muito mau, o presidente já vai no seu segundo e confortavel mandato mas a pobreza em vez de acabar tem aumentado a olhos vistos.

 

Vem isto a propósito, e já não é a primeira nem a segunda nem a terceira vez que acontece, do facto de um meu amigo atabalhoadamente colocar em causa as minhas postagens numa determinada rede social, desta vez chamando-me mentiroso e dizendo (aliás com razão) tratar-se de uma fotografia velha. E efectivamente aquela foto, no cabeçalho deste texto e que pesquei na net, já tem 5 anos.

 

 Inquirindo-me num comentário em que lugar tinha ela sido tirada, respondi-lhe para o despachar ter sido tirada no Porto, em Portugal, quando eu próprio nem sei onde tal foto foi tirada nem quando, e muito menos quem sejam os miseráveis que estão nela. Parece segundo ele, ter sido tirada em Madrid, Spain. A mim interessava-me sobretudo passar na net, no Facebook, uma foto que vos chamasse a atenção para a miséria a fim de vos sensibilizar em vésperas de eleições, para a pobreza enraizada em Portugal, no sentido de cooptar a vossa solidariedade e coesão, e caridade, quanto a esse flagelo que cresce sem parar debaixo de governos e partidos hipócritas, de esquerda caviar ou não.

 

Pois o meu amigo MC viu a árvore mas não viu a floresta. Claro que lhe respondi a desejo, coloquei gosto em todos os seus comentários e de seguida apaguei-os. Há pessoas que vêem o geral, outras o particular, e há pessoas que não vêem nada. O meu amigo MC, que é engenheiro, estará inadvertidamente sofrendo de mal profissional, sendo daquelas pessoas capazes de ver o particular mas não dar pelo gigantesco real que o rodeia. Juro ser ele capaz de ver o invisível, e estou certo, ele vê o pormenor mais ínfimo que se lhe depare.

 

Não é qualquer um que lida com electrões, vocês estão a ver o tamanho dos electrões, dos átomos, de protões, neutrões, provavelmente ele vê tudo aquilo que nós nem imaginamos, aqueles bichinhos pequeninos movendo-se pelos trilhos que lhes destinam, saindo daqui para ali a fim de fazerem trabalhar varinhas mágicas, fazerem trabalhar automóveis, fazerem trabalhar o que quer que calha, querendo passar todos ao mesmo tempo pela estreita secção do filamento de uma lâmpada e por isso, por não aguentar em simultâneo o atrito de tantos e tão apressados passando o estreito, fininho, finissímo filamento fica em brasa e dá-nos a luz que nos alumia.

 

Talvez o meu amigo MC, tão bem preparado para dar atenção ao pormenor, devesse alargar as vistas, acho que devia olhar também para longe, para o horizonte, e treinar ver o geral, ver o conjunto, o resultado completo de todos aqueles pormenores que ele gosta tanto de dissecar. Fico-me por aqui, porque como amigo não tenho interesse nenhum em perdê-lo, afinal de contas não me fez mossa e até aprendi com ele como a condução do pensamento, quer do geral para o particular, induzido, quer na generalidade o inverso*, deduzido, nos pode enganar sem que sequer demos por isso.

 

E vocês ? Têm atentado na miséria ? Lutam contra ela ?



 

* Por existirem várias e diferentes formas de dedução. 






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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

751 - ELA ESTAVA VENDO PASSAR OS NAVIOS ...



A VER NAVIOS

 

Ela estava a ver navios

olhando o mar de olhos no passado

ao longe a linha do horizonte

indistinta

onde acaba o mar e começa o céu ?

alguém que responda

não eu

que nada vejo nem antevejo

talvez navios passando

o mar ondulando

o futuro numa bola de cristal

a esperança num búzio

devolvendo-me o som do mar

a vontade de sonhar

de viver, de partir

de ficar e sonhar

mas

nem um navio se vê passar

nem uma nuvem no ar

ou uma esperança acenar

somente espuma

a espuma dos dias

a espuma do mar

as estrelas do mar

as flores do mar

que doença esta

partir ou ficar ?


Humberto Ventura Palma Baião - Évora - 20 / 01 / 2022 - 19:46h 


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quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

750 - PORTUGAL, SALAZAR, PLANO MARSHALL

 

Em Évora foram construídos um vasto terminal logístico e grandes depósitos para combustíveis. Os comboios chegaram regularmente apenas nas primeiras semanas, o combustível nunca chegou a preencher os depósitos que o esperavam e o terminal aos poucos foi-se enchendo com sucata rebentada, vagões e máquinas. Os bascos e certamente os resquícios do que fora o exército Republicano não davam sossego às aspirações do III Reich.

 De Vila Real de Santo António a Viana do Castelo toda a costa estava nas mãos dos alemães, com ênfase para o pacato estuário do Sado que recebia os U-Boat das matilhas do Atlântico para aprovisionamento no lugar onde hoje a Setenave tem os seus estaleiros, e mais adentro nas velhas instalações da nossa marinha junto a Tróia.

 O Arsenal do Alfeite era destinado a reparações de maior envergadura, quer para os U-Boat quer para vasos de guerra de superfície cuja manutenção se estendeu à Margueira, no local onde anos mais tarde e como sabemos a Lisnave se ergueu. 

Toda a costa estava fortificada, e o país, ocupado de norte a sul, vivia as vicissitudes de qualquer outro país ocupado. Franco ficara sob um regime muito mais brando, ser aliado do eixo favorecera-o, já Salazar, com a sua teimosia pela neutralidade, sem aviso prévio vira o país ser abocanhado e pisado com violência pela bota militar alemã, que avançava pela Europa não cuidando minimamente de ver onde punha os pés.

 Aeródromos serão abertos em poucos dias por todo o país, aviões de guerra, de transporte e bombardeio assentavam arraiais, e a própria linha férrea de Badajoz e a de Vilar Formoso até Hendaye vira a bitola normalizada em poucos dias e, ainda que os comboios circulassem devagar o fluxo era constante, a menos que bascos e republicanos rebentassem com eles ou com a linha, o que parecia acontecer senão todos os dias pelo menos regularmente. Provavelmente terão mesmo rebentado muitos dos comboios carregados de volfrâmio que enviávamos para a Alemanha.

 


Esta história, que decerto já os fez torcer o nariz por inverosímil, só por acaso não teve lugar, não fora o ímpeto da Blitzkrieg ter sido travado a oriente, a oeste, a sul e no norte e poderíamos com grande probabilidade ter passado um mau bocado, Hitler pensava e funcionava assim, ou se era por ele ou contra ele, não havia meio termo e, como sabemos ele próprio acabou vítima da sua intolerância.

 

Como é sabido Salazar soube manobrar e evitar essa guerra que veio a abarcar todo o mundo e a causar cerca de 80 milhões de mortos. Não cabe neste texto avaliar a luta de Salazar pela neutralidade, nem se tal nos teria beneficiado ou prejudicado, sabemos de muitos países que tendo ficado devastados por toda a Europa cedo se reergueram e sobre os escombros construíram sociedades evoluídas, ricas e democráticas, e sabemos que o conseguiram com a ajuda económica do célebre Plano Marshall, um plano delineado por um general americano mais dado às coisas da economia que da barbárie pois é com gestos assim, não se obrigando mas conquistando-se povos e populações para o nosso lado das trincheiras que se vencem as guerras.

 

E em relação a Portugal ? País neutro mas velho aliado da Inglaterra, país neutro mas que já cedera uma base nos Açores aos USA nos idos de 44, ainda a guerra não tinha terminado embora não estivesse em dúvida qual o lado para que ela caminhava ou tombaria. Com base nessa colaboração activa Portugal foi, tal como os restantes países europeus considerado candidato a receber o apoio desse inaudito plano económico que viria não só a reerguer a Europa como a estimular e engrandecer a economia americana que, por mor do esforço de guerra se alcandorara a níveis de produção e de eficiência impensáveis.

 

Numa primeira fase Salazar aceitou fazer parte do plano escusando-se contudo a receber créditos, alegando que Portugal não necessitava, que o país tinha as suas contas em ordem e para além disso não desejar “retirar” ao plano verbas que deveriam ficar disponíveis para os países que efectivamente delas necessitavam, pois se encontravam de rastos quer física, quer material quer economicamente.

 

Sabemos que Portugal também beneficiou com a guerra, a Inglaterra por exemplo era nossa devedora com um saldo a nosso favor de 80 milhões de Libras, nessa altura um valor inimaginável. Portugal exportara desde conservas enlatadas a volfrâmio, mas o fim da guerra provocou uma natural redução dessas exportações e a nossa balança de pagamentos acusou a respectiva oscilação nos seus pratos, de cariz negativo, acabando ou obrigando Salazar a aceitar a interessada ajuda americana sob o favor da qual nunca desejara ficar.

 

Até aqui nada de anormal.

 


Com esse dinheiro de Salazar desenvolveu o país, um país que recebera em 1928 praticamente sem nada e construiu escolas, hospitais, casas do povo, liceus, desenvolveu projectos habitacionais, desenvolveu as pescas, a agricultura e a indústria, tendo dado ao país um impulso que se reflectiria nas décadas seguintes. É de registar, e está registado nos anais do INE o período que vai de 1954 a 1974 como aquela cujo crescimento atingiu os valores mais altos de sempre, cerca de 7% em 1974, valores que desde aí e até hoje jamais foram atingidos e nem de perto igualados.

 

A situação anormal veio a verificar-se poucos anos mais tarde quando Salazar pretendeu pagar, e pagou, Portugal foi aliás o único país que pagou os créditos usados ao abrigo do Plano Marshall, créditos cujos pagamentos os americanos nem previram nunca receber de ninguém, nem queriam, tendo a nossa insistência sido considerada assunto diplomático e como tal subido ao Congresso, tornando-se então do domínio e do conhecimento de todo o mundo, “PEQUENO PAÍS PROCURA CUMPRIR ACORDOS E PAGAR CRÉDITOS RECEBIDOS” blá blá blá …

 

Deixo-vos no fim deste texto dois Links para ficheiros PDF abordando esta questão, um bem completo com mais de 874 páginas, dissertação da tese de doutoramento em História, na especialidade de História Económica e Social Contemporânea, apresentada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, outro com meras 30 páginas extraídas do anterior e mais fácil de ler, da autoria da académica Maria Fernanda Fernandes Garcia Rollo cujo trabalho é de uma exactidão e correcção exemplares e digno de louvor.

 

Deixo-vos igualmente extracto de um livro que retrata e relata o caricato episódio da dificuldade que Salazar teve para pagar e o modo como impôs esse pagamento, extracto que me foi gentilmente cedido pelo amigo Miguel Júnior Coelho. Agradeço também ao amigo Vitor Luís Rodrigues que me ajudou noutros aspectos relacionados com a pesquisa para este texto e a quem fico igualmente devedor.

 

E chegamos à questão final, qual a razão pela qual este tema foi por mim trazido aqui hoje, praticamente em véspera de eleições legislativas ?

 

Confesso. Apenas para vos demonstrar como e quanto o bandido e fascista que foi Salazar fez por Portugal, enquanto os democratas de hoje vendem e destroem despudoradamente o país, deixando-nos ainda por cima uma dívida que nos tolhe toda e qualquer ambição de crescimento, em contraponto com as toneladas de ouro que Salazar nos deixou e que, admito, talvez constituindo o seu maior erro enquanto governante, mas para o qual a flutuação do padrão ouro no pós guerra lhe garante o meu perdão.

 

O designado padrão-ouro, em que o valor do papel moeda em circulação era representado e garantido por ouro amealhado por cada país caiu em Julho de 1944, pois todos os países estavam arrasados economicamente e todos eles sem divisas pois se tinha endividado para fazer frente quer à IGG quer depois também com a IIGG. Quem vence põe e dispõe, pelo que uma série de disposições foi acertada entre 45 países e nesse mesmo ano foi estabelecido o tratado de Bretton Woods, nos Estados Unidos, com o objectivo de definir novos parâmetros para a economia no pós a Segunda Guerra Mundial e que configurou uma nova ordem monetária e económica internacional estabelecendo o dólar americano como a moeda padrão para as negociações internacionais, trócas e comércio mundial, tornando-se o dólar um valor de referência para todos os outros países.

 

Penso não ser necessário por agora adiantar-me mais e saturar-vos. Deixo para um próximo texto a explicação detalhada acerca desta flutuação e do interesse de Salazar em manter por motivos de segurança os cofres do Banco de Portugal recheados de ouro de lei.

“MEMÓRIAS DO PORTUGAL RESPEITADO - A bem da Nação”

Gentileza de Henrique Salles da Fonseca 20.04.10

 

Corria o ano da graça de 1962. A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com € 50 milhões) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo do Plano Marshall.

 

O embaixador incumbiu-me – ao tempo era eu Primeiro Secretário da Embaixada – dessa missão.

 

Aberto o expediente, estabeleci contacto telefónico com a desk portuguesa, pedi para ser recebido e, a pedido do funcionário encarregado da desk, disse ao que ia. O colega americano ficou algo perturbado e, contra o costume, pediu tempo para responder. Recebeu-me nessa tarde, no final do expediente. Disse-me que certamente havia um mal-entendido da parte do governo português. Nada havia ficado estabelecido quanto ao pagamento do empréstimo e não seria aquele o momento adequado para criar precedentes ou estabelecer doutrina na matéria. Aconselhou a devolver o cheque a Lisboa, sugerindo que o mesmo fosse depositado numa conta a abrir para o efeito num Banco português, até que algo fosse decidido sobre o destino a dar a tal dinheiro. De qualquer maneira, o dinheiro ficaria em Portugal. Não estava previsto o seu regresso aos EUA.

 

Transmiti imediatamente esta posição a Lisboa, pensando que a notícia seria bem recebida, sobretudo num altura em que o Tesouro Português estava a braços com os custos da guerra em África. Pensei mal. A resposta veio imediata e chispava lume. Não posso garantir a esta distância a exactidão dos termos mas era algo do tipo: "Pague já e exija recibo". No dia seguinte, sem aviso prévio, voltei à desk e comuniquei a posição de Lisboa.

 

Lançada estava a confusão no Foggy Bottom: - não havia precedentes, nunca ninguém tinha pago empréstimos do Plano Marshall; muitos consideravam que empréstimo, no caso, era mera descrição; nem o State Department, nem qualquer outro órgão federal, estava autorizado a receber verbas provenientes de amortizações deste tipo. O colega americano ainda balbuciou uma sugestão de alteração da posição de Lisboa mas fiz-lhe ver que não era alternativa a considerar. A decisão do governo português era irrevogável.

 

Reuniram-se então os cérebros da task force que estabelecia as práticas a seguir em casos sem precedentes e concluíram que o Secretário de Estado - ao tempo Dean Rusk - teria que pedir autorização ao Congresso para receber o pagamento português. E assim foi feito. Quando o pedido chegou ao Congresso atingiu implicitamente as mesas dos correspondentes dos meios de comunicação e fez manchete nos principais jornais. "Portugal, o país mais pequeno da Europa, faz questão de pagar o empréstimo do Plano Marshall"; "Salazar não quer ficar a dever ao tio Sam" e outros títulos do mesmo teor anunciavam aos leitores americanos que na Europa havia um país – Portugal – que respeitava os seus compromissos.

 

Anos mais tarde conheci o Dr. Aureliano Felísmino, Director-Geral perpétuo da Contabilidade Pública durante o salazarismo (e autor de umas famosas circulares conhecidas ao tempo por "Ordenações Felismínicas" as quais produziam mais efeito do que os decretos do governo). Aproveitei para lhe perguntar por que razão fizemos tanta questão de pagar o empréstimo que mais ninguém pagou. Respondeu-me empertigado: - "Um país pequeno só tem uma maneira de se fazer respeitar – é nada dever a quem quer que seja".

 

Lembrei-me desta gente e destas máximas quando há dias vi na televisão o nosso Presidente da República a ser enxovalhado pública e grosseiramente pelo seu congénere checo a propósito de dívidas acumuladas.

 

Eu ainda me lembro de tais coisas, mas a grande maioria dos Portugueses de hoje nem esse consolo tem.

A bem da Nação

Estoril, 18 de Abril de 2010

 Luís Soares de Oliveira

 

https://www.google.com/search?q=Salazar+e+o+Plano+Marshal&oq=Salazar+e+o+Plano+Marshal&aqs=chrome..69i57j0i512.6584j0j9&sourceid=chrome&ie=UTF-8

 

https://run.unl.pt/bitstream/10362/117426/1/Rollo_PortugalReconstru%C3%A7%C3%A3oEconomica.pdf

 

https://www.capitalresearch.com.br/blog/investimentos/padrao-ouro/

 

https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/467392.html

 

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É QUE EU ESTOU BLOQUEADO NO FACEBOOK ... E MO MESSENGER ... 

 ESTAS GRANDES EMPRESAS DO DIGITAL HÃO-DE SER A NOSSA PERDIÇÃO,  

PARECE NÃO HAVER LEIS ANTIMONOPÓLIOS NEM ANTITRUSTE QUE NOS VALHAM, 

NEM SEQUER UM DEPUTADO ENTRE 230 QUE SE PREOCUPE COM A CENSURA E LIMITAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO DE QUE SOMOS ALVO POR ELAS EXTRAVASAREM OS LIMITES DA NOSSA CONSTITUIÇÃO ....

OBRIGADO, E UM ABRAÇO !





terça-feira, 18 de janeiro de 2022

749 - SONHO SONHADO VIVIDO OU VÍVIDO ...

              



            Tristes e breves são as nossas vidas.

Senti na noite que se finava um estranho pressentimento e, no ar a aura de uma força singular, uma extrema diferença na percepção do espaço e do tempo que me pareceu então momentânea e maravilhosamente em suspensão.

Divisei cândido sorriso vogando em sonho metendo nuvens, rios, arbustos e flores e, tão doce tão doce que, docemente me deixei levar, permitindo a essa celestial impressão vogar, deixando-me lembrar e esquecer, recordar.

Janela do quarto aberta, o encanto da madrugada orvalhada arrefecendo-me o corpo suado e, sobre mim, a bênção da Lua reflectindo-se igualmente nas pedras que o beijo da noite humedecera.

O cheiro da lareira apagada, o reflexo das estrelas, a realidade longe da vista e da consciência, mente e corpo à deriva clamando imperiosamente por guarida.

E sonhando me deixei ficar, levar pela emoção dessa deliciosa sensação que me chamava, por um inconsciente e profano argumento que sub-repticiamente me seduzia.

Fiquei quieto, e inquieto perante estranho e divinal fulgor banhando-me, por uma misteriosa e maravilhosa luz cegando-me.

Sonho e realidade confundiam-se-me no espírito, divisei vela dourada ardendo e senti o odor forte de fragrâncias inolvidáveis.

Num momento terno e eterno, forço o seu prolongamento, enrolo-me no doce calor do amor pressentido e nesse cheiro que se evola e me põe em suspensão.

Pressinto no ar memórias e desejos, uns lábios selando este segredo maravilhoso que encolhido e receoso guardo e alimento.

Ignoro o onde e o quando, apenas me sinto embalado em ternura, chega-te a mim, abraça-me com violência, dedilha os cabelos do meu peito, eu quero-te no meu caminho, agora e sempre, quero que me mudes o destino.

Por ti meu coração expia amor, não me abandones, que morro, antes me olvides, porque com lágrimas ternamente te lembrarei sempre amor, que por ti expio paixão e amor sinceros.

Cinge-me com força, por Deus, rende-te aos meus braços, olvida em mim uma vida em sofrimento, sei que voz estou escutando, a tua, ciciando quanto me queres, e eu quero-te, testemunho com minhas lágrimas quanto te amo, e quero-te com compulsão e virtude, entusiasmo e pujança, causa, motivo, necessidade e intensidade, mas, acima de tudo quero amar-te. 

Teu semblante indecifrável surgiu na minha mente, nem sei se era loucura ou violência o que marcou um lençol e um sudário, sei que foi sensação que durou e, quanto durou nem sei, sei que dentro de mim se demorou, nem quanto tempo passei sem saber o que sei hoje, em que, feliz, já nem lembro o que sonhei.

Apenas esta doce e suave sensação, esta meiga lembrança, recordação e saudade.

Delícia.

Sonho.

…………… 

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748 - "UM REPÓRTER INCONVENIENTE" - CARTA ABERTA AO JORNALISTA AURÉLIO CUNHA .........



Caro amigo Aurélio

 

Em primeiro lugar agradeço-lhe que me permita tratá-lo assim.

 

Em segundo lugar aproveitar o ensejo para abordar o livro que escreveu "Um Repórter Inconveniente", e que, lamentavelmente em lugar algum nos deixa um espaço para uma apreciação critica positiva.

 

Li-o de uma ponta à outra, com atenção, tal qual faço com todos os outros.

 

Lamento que o modo como o escreveu o iniba de se tornar um manual de jornalismo, um bestseller. Os cursos e os estudantes do secundário dariam apreço a um tal manual. Todavia o excessivo apelo à primeira pessoa do singular (EU) inviabilizam e desaconselham completamente o que poderia ter sido um bom e excelso manual para o ensino secundário, ensino aliás carente dele, manual.

 

Certamente o meu amigo estará exausto de tanto elogio à obra, contudo também a mesma terá aspectos negativos, já que, para além de um verdadeiro laudatório às suas andanças e estratégias, que bons louvores merecem, cai o livro porém no pecado original de o gabar a si mesmo. Fica mal a toda a gente o juízo em causa própria e o meu amigo não teve força para evitar sucumbir aos seus próprios elogios, à sua própria vaidade.

 

Reconheço muitas verdades no que conta e no que diz, mas essa vaidade estragou-lhe a obra. Devia ter pensado mais no jornalismo e na reportagem enquanto géneros do que em si mesmo.

 

 Em cada página lhe reconheci uma desmedida ambição ou necessidade de reconhecimento, lamentavelmente tal confissão aniquila a empatia ou a simpatia que o leitor comum poderia sentir ao lê-lo. E de tão repetida essa faceta levou-me mesmo a pensar quanta necessidade haverá em si de consultar um psicólogo ou um psiquiatra.

 

O livro acaba por não nos parecer mais que um álbum de recortes, duvido que tenha tido facilidade em editá-lo, e está caríssimo para a bagagem e a qualidade do que nos transmite. Não o lamento, comprar livros que não valem o que custam é o risco de qualquer leitor.

 

Pena que, antes da publicação, o não tenha dado a ler a meia dúzia de pessoas que entendessem da coisa, teria evitado os aspectos negativos que o livro comporta.

 

Apesar disso, e para que não tivesse eu perdido tudo, fiz hoje uma boa acção e entreguei como doação a sua obra na Biblioteca Pública de Évora, dentro de algum tempo estará catalogado, classificado, e à disposição de quem o deseje ler.

 

Não se terá perdido tudo.


Évora, ‎18‎ de ‎maio‎ de ‎2015

 

Um abraço.

 

Humberto Baião

 

https://www.youtube.com/watch?v=1y_OMKzGwww