O
continente europeu e em especial os europeus ocidentais têm assistido
ultimamente a um confinamento geoestratégico que, se ainda não os submeteu nem
os pressiona, no mínimo lhes tira o dormir.
No
seu interior o crescimento da extrema-direita, a leste a Crimeia primeiro e a
Ucrânia depois, a sul o avanço do estado islâmico, são realidades, não somente aparências e constituem factos e presenças amplificadoras da ameaça terrorista que lhe morde os
calos. É isto que a actual Europa tem hoje para nos oferecer, para além do espaço Schengen claro, e de
uma moeda e política comum que cada vez mais são fontes de dissensões e
dissabores. Não há uma estratégia comum, nem um exército comum, e quando chegar
a altura e a necessidade também não haverá táctica comum que lhes valha… Nem
gentes comuns dispostas a fazê-lo….
Nem
vale a pena carpir mágoas, nem tudo será negativo ainda que ecluda o pior
cenário. Apesar de tudo a Europa ainda é o continente com a mais favorável
distribuição de riqueza, (existe porém enorme disparidade entre os países da UE) quer no que
concerne à riqueza oriunda dos rendimentos do trabalho ou de rendimentos de
capital ou de propriedade, digo apesar de tudo pois igualdade nunca houve e
está mesmo a crescer de novo entre nós, lenta mas inexoravelmente, a desigualdade.
Causa
maior desta apesar de tudo tao benfazeja, ou proclamada igualdade que a Europa
actual goza, foi o período que englobou as duas grandes guerras. Havia, antes da
destruição de nível mundial que elas provocaram, uma desigualdade muito maior
no mundo, e entre nós. Benditas guerras que, mau grado os inconvenientes que
induziram e o caos a que nos arrastaram, também nos legaram méritos que fruímos
longo tempo mas estamos a esquecer, tais como liberdade, fraternidade,
igualdade e solidariedade, pormenores não de somenos importância e reflectidos
em coisas simples como o emprego, o crescimento, o bem-estar e a comodidade.
Todavia com o passar do tempo todas estas “facilities” que 60 milhões de mortos
nos legaram só nos tornaram mais cínicos, mais egoístas e mais individualistas.
Dantes era um por todos, todos por um, agora é cada um por si.
Cresce
a desigualdade, cresce o desemprego, cresce a falta de solidariedade, cresce a
pobreza, são variáveis muito perigosas de manipular se as não levarmos a sério,
contudo não levamos, andamos a brincar com o fogo. **
Mas
como ia dizendo, não desesperemos. Outra guerra só nos iria fazer bem, em
primeiro lugar alguém, finalmente, criaria uma verdadeira politica virada para
a juventude e de um dia para o outro, ao invés de agora que andam há meses,
senão anos, para parirem politicas como o VEM, para os mais jovens, no caso
emigrantes. No aperto seria o VEM E VEM JÁ !
...
e ai de quem não viesse, portanto não é falta de atenção à juventude, é falta
de motivação para perder tempo com ela. Imagino que todos os destinos do
Erasmus passariam em exclusivo para as fronteiras nos Urais ou no Mediterrâneo
e o recrutamento seria mais que certo ….
Uma
das iminentes vantagens seria que se perderia nos jovens a atracção pela
aventura e a sua partida incógnita para a Síria e para o Iraque. Um mundo de
oportunidades se lhes abriria a leste, ali, de certeza haveria campo para
demonstrarem e aplicarem a sua coragem, a sua heroicidade, a sua entrega a uma
causa, o seu desprendimento das coisas terrenas e ou mundanas. Com a vantagem
de se escoarem stocks e abrilhantarem o uso e comprovado sucesso das armas em
armazém e em estudo ou desenvolvimento, sem que tal representasse para eles,
jovens, um custo acrescido.
Muitos
deles e delas encontrariam no seio das forças armadas e pela primeira vez uma
família funcional, um lugar seu, uma cama, lençóis banho, aquecimento, roupa
lavada e quiçá refeições quentes todos os dias, não esqueçamos que se trata de
três ramos diferenciados portanto diversificados, e cabalmente capazes de
acolherem as mais variadas vocações, atentem que vos falo de ramos sem aperto
orçamental. Não duvido que todos esses e essas jovens saberiam gerir e
prolongar a guerra, fazer-se ou tornar-se necessários, incontornáveis mesmo. Um
bom planeador ou programador e já agora mobilizador, líder, mandaria fazer
atempadamente centenas e centenas de condecorações e cruzes de guerra
apropriadas.
O
problema da ligação das linhas de caminho-de-ferro entre nós e a Europa seria
solucionado em três tempos, mais rápido que de imediato, e aposto que o óbice
da bitola nem sequer se colocaria.
O
desemprego jovem baixaria como que por magia e a juventude encontraria
finalmente uma razão de vida, uma ocupação digna, nobre mesmo, sendo que os
mais empenhados saberiam começar a construir logo ali uma carreira
profissional, um futuro, dando corpo a uma vocação, o que pela primeira vez em
quarenta anos seria um desígnio vero, levado a sério e prosseguido com
coerência neste país. Relembro os tais três ramos sem controle orçamental…
absorvem muita coisa…
Meia
dúzia de bombas a sério em meia dúzia de cidades mudariam de imediato a Europa.
Então, e só então, seria vê-la a fazer em cima do joelho tudo o que não fez com
tempo, a mobilizar-se mobilizando tudo e todos no interesse comum, a entregar /
distribuir tarefas e planos definindo prazos e objectivos a cada país, navios
de guerra na Lisnave e submarinos em Viana do Castelo, tanques de guerra na
Krupp AG alemã e aviões aos franceses da Dassault-Breguet, destróieres aos
estaleiros italianos Fincantieri, armas químicas na Unidade Experimental de
Defesa Química em Porton Down, Wiltshire, Inglaterra e aos holandeses, belgas e
luxemburgueses, espoletas.
Leis
refinadas, justas e calibradas cairiam em cima de quem iludisse o fisco, e toda
a organização europeia seria canalizada, à vez, para o esforço de guerra:
Finalmente veríamos em três meses a tomada de medidas conjuntas que a CEE ou EU
nunca bolsou em vinte anos e o futuro sorriria a todos nós por muito tempo,
calcula-se que dada a capacidade técnica actual a reconstrução de uma Europa arrasada nos garantisse,
a todos, (de novo a todos) a todos os que sobrassem vivos claro que dos mortos
não reza a história, bons empregos por mais de cinquenta anos, além que aos
mortos poderíamos ficar com as heranças, as namoradas, os empregos, as contas bancárias,
as casas, (as que tivessem ficado de pé) as jóias, os PPR, os certificados de
aforro, as acções e participações….
Enfim,
uma indeterminada e extensa amálgama de facilidades, proventos e oportunidades
que esta paz podre nunca saberá proporcionar-nos nem que dure cem ou duzentos
anos. Estará, em especial nas mãos de Putin, resolver os seus problemas e os
nossos, os seus de coesão da grande mãe Rússia, os nossos, mais comezinhos e
somente uma catrefa de contradições e estrangulamentos em que o excesso de
democracia e o politicamente correcto nos enredaram. Estamos enleados em
necessidades que urgem e falta de coragem para as suprir, nunca se tornou tão
difícil levar reformas adiante, todos querem tudo mudado desde que tudo fique
na mesma, uma guerra aplanava o terreno para a aceitação de reformas que de
outro modo jamais alguém se atreverá a efectuar, quem contesta mudanças ou o
que quer seja depois de um país arrasado pelo destino ?
Uma
guerra pode ser uma bênção, pode ser o princípio da redenção, uma boa
calamidade tudo permite e tudo fundamenta, autoriza, aprova, já há trezentos
anos Thomas Malthus,*** o pai da demografia, ao debruçar-se sobre os factores
que nos iam equilibrando a fomeca meteu as guerras ao lado de medidas
automáticas de harmonização deste mundo, ao lado do que ele chamou medidas
higiénicas, que permitiriam garantir que os bens alimentares chegariam sempre
para aguentar a população deste planeta, tais como febres, cóleras, pestes, há
portanto males que vêm por bem…
Benditas guerras repito, e se Thomas Malthus
*** não as recomendou ou aceitou, pelo menos no-las explicou convenientemente,
e de facto elas são motores de evolução, na tecnologia, na medicina, na
biologia, na finança, ou vocês não sabem quanto elas mudaram o mundo ?
E
pra melhor….