terça-feira, 5 de maio de 2015

237 - LIZETTE ...........................................................



LIZETTE *

Lizette marcha direita,
Peito ufanado,
Di espinha erecta
E bucho cintado

Lizette tem pergaminho
Estudou em Coimbra,
Tem percurso e fímbria,
Namorou p’lo caminho

Lizette tem altar que Deus deu
Tem medidas ke endoidam home como eu
Ante Lizette ajoelhou meio mundo
E perante ela também eu fui ao fundo

Endoidei, perdido
Voguei sem sentido
Nem vogal entendendo
Me obrigando ao esquecendo

Lizette é linda, como Cinderela
Lizette se foi numa caravela
Ela jamais entrou em abóbora, não
Ela navegou p’ró país irmão

Lizette se foi e me deixou doidão
Me fartei de chorá, apanhei febrão
Virado p’ra dentro, virado do avesso
Quem adivinha e cura o mal ki padeço ?

Lizette marchava com pergaminho,
Lizette me deixou no caminho,
Lizette me endoidou e levou ao tapete,
Mas esqueceu no dossel seu belo corpete

Eu me agarro a ele como a uma bóia
(eu conhecera ela no barco p’ra Tróia)
Eu miro e remiro, eu cheiro, eu beijo
Juro ir esquecer ela e me afogá em queijo

Lizette escreveu e eu, cego, exultei:
“mando foto de marido ke eu sempre amei”
- Gritei, praguejei, lancei feitiço nela
Agora, c’as mulhé, tou de sentinela…

humberto baião, Évora, 2015-05-05

* Dedicado ao meu amigo Margarido, que virou alcoólico anónimo,
por isso este nome é fictício, p’ra não ferir meu patrício.


:D