LIZETTE
*
Lizette marcha direita,
Peito ufanado,
Di espinha erecta
E bucho cintado
Lizette tem pergaminho
Estudou em Coimbra,
Tem percurso e fímbria,
Namorou p’lo caminho
Lizette tem altar que Deus deu
Tem medidas ke endoidam home como eu
Ante Lizette ajoelhou meio mundo
E perante ela também eu fui ao fundo
Endoidei, perdido
Voguei sem sentido
Nem vogal entendendo
Me obrigando ao esquecendo
Lizette é linda, como Cinderela
Lizette se foi numa caravela
Ela jamais entrou em abóbora, não
Ela navegou p’ró país irmão
Lizette se foi e me deixou doidão
Me fartei de chorá, apanhei febrão
Virado p’ra dentro, virado do avesso
Quem adivinha e cura o mal ki padeço ?
Lizette marchava com pergaminho,
Lizette me deixou no caminho,
Lizette me endoidou e levou ao tapete,
Mas esqueceu no dossel seu belo corpete
Eu me agarro a ele como a uma bóia
(eu conhecera ela no barco p’ra Tróia)
Eu miro e remiro, eu cheiro, eu beijo
Juro ir esquecer ela e me afogá em queijo
Lizette escreveu e eu, cego, exultei:
“mando foto de marido ke eu sempre amei”
- Gritei, praguejei, lancei feitiço nela
Agora, c’as mulhé, tou de sentinela…
humberto
baião, Évora, 2015-05-05
* Dedicado ao
meu amigo Margarido, que virou alcoólico anónimo,
por isso este
nome é fictício, p’ra não ferir meu patrício.
:D