Foto do
meu amigo César Almeida, Torre Mirante de Geraldo Sem Pavor
Os
nossos caminhos estavam traçados. Por isso ainda antes de nos conhecermos uma
bissectriz marcou-nos a sina. Soubemo-lo somente muitos, muitos anos depois, todavia
tudo aponta para a hipótese dos nossos destinos terem sido marcados nesse
dia e tocados à tangente, pelo que calculo terem os astros traçado nos céus
órbitas e revoluções de raio envolvente, girando tresloucados em torno de um
eixo imaginado que nos arrastou a ambos num turbilhão cujo perímetro, de
diâmetro ajustadíssimo, fora desenhado singularmente para nós por uma revolução
candente no cosmos infinito. Atesta-o o produto final e algoritmo extraído de senos,
cossenos, catetos e hipotenusas deste teorema que unidos levamos de rompante e
vivenciamos.
Dois
anos depois desse breve e incógnito encontro, dessa Secante cuja Corda esticaríamos até ao limite, um fantástico e vero choque de Titans e para
estas duas alminhas a amplitude duma epifania, a vida alterou-se-nos com a brusquidão que
somente um Buraco Negro pode forçar. De um ângulo obtuso passámos a recto, depois agudo, agudíssimo, um ângulo notável apesar de tudo e das circunstâncias, lançando-nos
vogando ao sabor do acaso no céu estrelado e nesta Láctea galáxia, fundindo
numa duas vidas próprias, doravante integradas num sistema ponderado pela
mediatriz a que apesar das fugas, dos trejeitos, dos sólidos rombos e dos
rectângulos equiláteros nos submetemos com amor.
Não
lembro já que fazia eu no Castelo de Geraldo Sem Pavor naquele dia de martírio
do Senhor, lembro que descia as apertadas e helicoidais escadas em diagonal,
enquanto ela, em passo compassado de compasso, era uma das estrelas duma miríade
de escoteiros, lembro-a tal como se hoje fosse, não exclusivamente a ela, antes
toda a constelação, o Chefe de Quinas, o Piteira, vermelho então, vermelho inda
hoje e que alvoroçados essas escadas subiam enfileirados e apressados. Ela
tocou em mim, ombro no ombro, cotovelo no cotovelo. Por isso a lembrei sempre
afincada e vagamente como uma Anã Vermelha pois assim a vi desde o primeiro momento, como Próxima Centauri, cujo fulgor se incendeia há mil milhões de anos, ao
passo que eu, lembro e relembro, confiro e reafirmo esse encontro de Cometas
cuja áurea ou halo haveria de partilhar e de onde nasceria este improvável par
de Quarks Top, sim, porque destinados a casar, como realmente casámos e a ser
felizes como todos os amantes são se da nossa dimensão fizermos fé.
É
portanto a união destes dois Quasares, a quem o alinhamento dos astros nas suas
trajectórias elípticas favoreceram e abençoaram que quero celebrar hoje, dois
Quasares unidos numa Super Nova cuja duração e brilho desde o início geraram.
Afirmo-o agora com legitimidade, livre de suspeitas e de infundadas dúvidas.
Tal como Copérnico, Giordano Bruno, Galileu, Kepler, Newton, Einstein e tantos
outros haviam de profetizar, as leis do universo são para serem cumpridas e se
cumpriram, são universais e nós, pó das estrelas, duas vidas que se cumprem e
testemunham o que lendo estais.