DEZ RÉIS DE MEL COADO
(poema esdrúxulo)
Persignei-me a teus pés como ante alma divina,
para, logo depois, numa fé arrebatadora,
gizar genuflexão destrambelhada desta devoção,
abraçar-te pelas pernas, que te tremem,
martirizando-me, escutando-te o sagrado ventre,
farejando fruto sabido saber a maçã verde,
suponho que verde de madura,
de casca ligeiramente grossa, levemente ácida,
a tal que entre todos os pomos e pomares prefiro,
fruto maduro e proibido com que deliro,
para mim delicioso, maturo, primo,
fruto sagrado, pesado, quilo, quimo, chymo,
qui provoca avidez, sofreguidão, na digestão,
E tu, luciferina ? tu sobre mim ?
serei o docinho que apregoas ?
sou mel ? gostas de mel ?
ok, está bem, senão…
- P’ra ti dez réis de mel coado !
Humberto
Baião, Évora 15 de Junho de 2016