MELANCIA
Ofereceste-me melancias,
quando sabias, sim sabias,
serem morangos que eu preferia,
daí o meu ar aborrecido, que combatias.
Combatias.
Ora recuando, ora sorrindo,
ora um quente, ora um frio,
ora fugindo, ora anuindo,
eu dançando em terreno escorregadio…
E tu,
Ora dada, ora oferecida,
ora ignorada, ora bem vinda,
todavia, contudo, porém, bem aparecida,
e sempre, sempre linda.
Até àquele dia calmo e soalheiro.
Em que,
do frigorifico o chantilly,
do lugar ou do merceeiro os morangos,
os morangos foram a oportunity,
crisis and oportunity.
Qual crise qual carapuça,
corremos abraçados p'rá pensão Díli,
janelas escancaradas, zapping na Tv, retoiça.
Até que,
exaustos p’la brincadeira,
lançámos mão do moranguito,
tiniram telefones, demos-lhes um manguito,
sou franco, somente recordo ser o vinho tinto,
e a casta, Trincadeira.
E a melancia, onde entra ela ?
esquece-a, inda falta muito para o meio dia,
não pares, concentra-te minha coisa bela,
lembrares-te disso agora, quem diria…
Humberto Baião - Évora, segunda-feira, 16-01-2017, 15:20h