sexta-feira, 22 de setembro de 2017

464 - O AMOR EM TEMPOS DE CÓLERA ................

 El-rei Filipe IV de Bórbon aos comandos de um tanque avançando para a Catalunha.

De vez em quando vem à baila a velha questão do recurso à violência, seja ela doméstica e individual, ou do casal, seja internacional e em doses industriais, psicológica ou meramente factual. Não foi por acaso nem ingenuamente que os estados reservaram para si o monopólio da violência, o modo como entre si nos convencem de que cada uma dessas opções é melhor que a outra varia mas é transversal a todas elas, elas sociedades ou nações, seja a simples manutenção da ordem ou se estenda até àquilo que muitos pensadores apontam como estando além da legalidade e que, independentemente da sua gradação comummente designam por terrorismo de estado.

Claro que o uso, abuso e recurso à violência começa logo em casa não sendo privilégio do homem, tenho uma nova vizinha, sobre quem nada sabia e nada perguntara, acerca de quem tudo me contaram deixando-me deveras pasmado (e não pasmo). Mas a mim, que adoro a história como hobby e como objecto de estudo nada disto devia admirar, desde os primórdios que a violência é o meio que a tudo e todos permitiu avançar, isto é desde há milhares ou centenas de milhares de anos, senão milhões que o bicho homem se adapta e faz conquistar e submeter o mundo através da força.

Depois do pecado original nada nos foi dado de mão beijada, tudo foi conquistado pela superioridade do mais forte, de Gengis Khã a Alexandre o Grande, César Augusto, ou Francisco Pizarro e Hermán Cortés, ou a GB para manter as Malvinas, como Saddam para se abarbatar com o Kuwait e mais recentemente Putin que abafou a Crimeia e uma parte do leste da Ucrânia. Lembremo-nos que até os portugueses conquistaram e durante quinhentos anos mantiveram as colónias ultramarinas pela violência, tendo elas sacudido o jugo precisamente lançando mão do mesmo recurso, a violência. Estou curioso quanto ao modo como acabará a querida e amorosa tentativa de secessão da Catalunha, o tal nono ou décimo reino de Espanha que nunca teve nem conheceu um rei próprio ou diferente daquele que sempre uniu na pobreza e na riqueza até que a morte os separe todos os reinos dessa Espanha una, solidária e coesa que a cobiça e o egoísmo agora tentam corroer. Por esta leva qualquer dia o distrito de Setúbal pede a independência, já que dispondo da AutoEuropa dispensará bem os desmandos do resto do país que contudo ou sobretudo ele Setúbal paga.

Ora sucede que sendo eu optimista incorrigível vos garantirei que a relativa paz que o mundo vive há pouco mais de cinquenta anos tem sido uma conquista do amor nas suas várias vertentes, paixão, afecto, empatia, altruísmo, entusiasmo, simpatia, dedicação, cortesia, do amor e da civilização, do civismo, apesar de tudo que contra a civilidade se tem abatido. O amor, qual flor brotando da fenda do alcatrão, tem conseguido manter as coisas num patamar minimamente tolerável (não disse aceitável) embora não possamos dizer o mesmo de D. Afonso Henriques que se impôs combatendo a mãe, ou batendo na mãe, tendo Portugal nascido ou começado como todos os partos começam, com dor.

Dor me deixou também o relatado acerca da minha nova vizinha, nova relativamente, chamemos-lhe uma adorável quarentona, ou lá perto, madura prontes, tá bem assim, mas não ter aguentado andar com a casa às costas de lado para lado deve ter pesado violentamente no seu casamento, desfeito, tendo sido a gota de água que fez transbordar o copo a tal violência de que vimos falando, neste caso doméstica, provada e comprovada, tendo o tribunal constatado durante as averiguações desse divórcio litigioso usá-la ela contra o marido.

Não, não lhe batia, parece que o mordia, alegadamente mordê-lo-ia (entre as várias fotocópias que apresentaram não constava essa parte dos autos), onde nem vos direi. A acrescentar a isso carrega às costas um volumoso processo disciplinar em fase de inquérito por assédio sexual e violação de menores, um de dezasseis e outro de dezassete anos, os quais alegadamente seriam seus alunos. Não sei, não me perguntem pois também eu não me atrevi a perguntar se a coisa seria à vez ou todos ao molhe e fé em Deus. Há perguntas que não se devem fazer, ainda por cima quando nada tinha perguntado ou indagado sobre a senhora, tendo contudo ao interpelar a minha interlocutora quanto à veracidade do que afirmava e qual a fonte onde obtivera tão pormenorizados dados, isto é como sabia ela tudo aquilo respondeu-me simplesmente:

- Dizem, é o que dizem, diz-se por aí, é o que consta.   

tudo dito debaixo daquele arzinho de santa que não parte um prato mas debaixo do qual está um frasquinho de veneno.

- Mordeu-o, teve que ser cosido no hospital, ia ficando sem ele.

Compreenderão ser por estas e por outras do mesmo calibre que aposto no amor, a violência, como a má língua, nunca deu bom resultado nem conduziu a lado nenhum ou levou quem quer que seja a bom porto, é o que se diz, é o que consta, embora tudo tenha sido feito, erguido ou conquistado precisamente por essa mesma violência que abominamos mas nos está no sangue, na massa do sangue, pelo que somente poderei afirmar ser a minha nova vizinha uma mulher de armas, afiadinhas, tudo levando em frente às dentadinhas. Podia ser pior, mas provavelmente nem ele abrirá mão da sua excelsa defesa nem nós deveríamos ter “abrido” a mão e ter deixado cair a fábrica das famosas metralhadoras FBP ali em Braço de Prata, nem a VM que fabricava as Chaimites no Porto Alto, era pouco mas era um começo no caminho da paz e do amor, lá diz o velho ditado «se queres a paz prepara-te para a guerra», violência nunca, apresente-se ela disfarçada de mera irascibilidade ou levada ao extremo do abuso, à coacção, à opressão, tirania ou simples constrangimento, pelo que os pacifistas tugas deviam era ter apostado neste lema, os nossos e os de todo o mundo, vejam lá se alguém se mete com a minha vizinha agora que se sabe da sua história inda que somente a metade, é o metem…

A coisa na Catalunha pode vir a ficar preta, mal da Espanha se a Catalunha sair do molhe, nunca mais darão conta do vespeiro, por vezes é preciso agir na hora e com força, morrem 500 agora mas evitam-se 5 mil mortes no futuro... Esta Espanha já não é a de Franco, que querem os independentistas ? A lua pelo Natal ? Se eu fosse o rei de Espanha convocaria os mídia, e diante deles envergaria a farda militar. Diria estar na hora de tomar partido, e só poderia tomar partido pela união de Espanha. Enquanto falasse dirigir-me-ia para a unidade de blindados e subiria para um tanque. A Espanha cair-lhe-ia aos pés, acordaria do pesadelo onde anda a meter-se. Se a Catalunha quer tornar-se independente por que motivo não hão-de exigir igual tratamento as outras nacionalidades do estado espanhol ? El-rei faria história e seria amado como nunca terá imaginado... 

A verdade é precisarmos duma Europa forte e firme, una, onde cada um se submeta ás necessidades do todo, o problema está na falta de elites, na ausência de gentes esclarecidas, vanguardas que se imponham pelo seu valor, o momento histórico não está para democracites, com UE ou sem UE há momentos em que não se pode permitir que o excesso de democracia arraste tudo numa avalanche, basta olhar para o nosso país…

Pelos vistos a vidinha está dificílima para toda a gente, com a Catalunha será o vamos a ver ou a ver vamos, com a minha vizinha será ó patas para que vos quero, nem um se aproxima e quando o faz, mal lhe vê os dentinhos mete-se a milhas… O problema da Catalunha resolver-se-á, mas o da minha vizinha é bem mais difícil de solucionar, palpita-me ser daqueles que só o tempo resolverá… Como eu fazia dantes com a papelada ao metê-la no cesto para os papéis que tinha na secretária, no cesto de cima os assuntos para resolver, no cesto do meio os assuntos para ir resolvendo, e no cesto de baixo os assuntos que o tempo se encarregaria de resolver…

Acredito que se os legalistas de Rajoy não tivessem a constituição "dita" Franquista do seu lado haveria outro qualquer argumento a que se agarrassem, neste momento já ambas as partes leram e releram os manuais de informação e contra-informação, já mediram forças, desenharam cenários, evidentemente não contaram nem com traições, que sempre haverá, nem com mudanças de lado d'um ou d'outro comandante ou batalhão. A coisa será assim; a Espanha será a representação da lei e da ordem, e a Catalunha secessionista representará os rebeldes, os mídia trabalharão debaixo desta cartilha, e oremos para que os mortos não sejam muitos se "eles" chegarem a isso... a vias de facto, pois nestas situações nunca as coisas correm sobre carris. Não  falo em  massacres, verdade que as coisas por vezes se descontrolam, será quando toda a gente lamentará e será sempre compreensiva, começando pela UE e acabando na ONU, coitado de quem se entalar, a história está cheia de exemplos, e ninguém quer instabilidade, resolvam lá isso como quiserem mas resolvam depressa, olhem as acções a cair... as empresas a fugir... Olhem, se estão pensando ir passear nos próximos tempos evitem a Catalunha...

Panfleto largamente espalhado pela PIDE em 1973 numa manobra de contra-informação e contrariando um idêntico, e original, oriundo dos USA, versando a guerra do Vietnam (e todas as guerras) e dizendo algo como:  "MAKE LOVE NOT WAR" parecendo a mesma coisa, não o era, reparem bem.