El-rei Filipe IV de Bórbon aos comandos de um tanque avançando para a Catalunha.
De
vez em quando vem à baila a velha questão do recurso à violência, seja ela
doméstica e individual, ou do casal, seja internacional e em doses industriais,
psicológica ou meramente factual. Não foi por acaso nem ingenuamente que os
estados reservaram para si o monopólio da violência, o modo como entre si nos
convencem de que cada uma dessas opções é melhor que a outra varia mas é
transversal a todas elas, elas sociedades ou nações, seja a simples manutenção
da ordem ou se estenda até àquilo que muitos pensadores apontam como estando
além da legalidade e que, independentemente da sua gradação comummente designam por terrorismo de estado.
Claro
que o uso, abuso e recurso à violência começa logo em casa não sendo privilégio
do homem, tenho uma nova vizinha, sobre quem nada sabia e nada perguntara,
acerca de quem tudo me contaram deixando-me deveras pasmado (e não pasmo). Mas
a mim, que adoro a história como hobby e como objecto de estudo nada disto
devia admirar, desde os primórdios que a violência é o meio que a tudo e todos
permitiu avançar, isto é desde há milhares ou centenas de milhares de anos,
senão milhões que o bicho homem se adapta e faz conquistar e submeter o mundo
através da força.
Depois
do pecado original nada nos foi dado de mão beijada, tudo foi conquistado pela
superioridade do mais forte, de Gengis Khã a Alexandre o Grande, César Augusto, ou Francisco Pizarro e Hermán Cortés, ou a GB para manter as Malvinas, como Saddam para se abarbatar com o
Kuwait e mais recentemente Putin que abafou a Crimeia e uma parte do leste da
Ucrânia. Lembremo-nos que até os portugueses conquistaram e durante quinhentos
anos mantiveram as colónias ultramarinas pela violência, tendo elas sacudido o
jugo precisamente lançando mão do mesmo recurso, a violência. Estou curioso
quanto ao modo como acabará a querida e amorosa tentativa de secessão da
Catalunha, o tal nono ou décimo reino de Espanha que nunca teve nem conheceu um
rei próprio ou diferente daquele que sempre uniu na pobreza e na riqueza até
que a morte os separe todos os reinos dessa Espanha una, solidária e coesa que
a cobiça e o egoísmo agora tentam corroer. Por esta leva qualquer dia o
distrito de Setúbal pede a independência, já que dispondo da AutoEuropa
dispensará bem os desmandos do resto do país que contudo ou sobretudo ele Setúbal
paga.
Ora
sucede que sendo eu optimista incorrigível vos garantirei que a relativa paz
que o mundo vive há pouco mais de cinquenta anos tem sido uma conquista do amor
nas suas várias vertentes, paixão, afecto, empatia, altruísmo, entusiasmo,
simpatia, dedicação, cortesia, do amor e da civilização, do civismo, apesar de
tudo que contra a civilidade se tem abatido. O amor, qual flor brotando da
fenda do alcatrão, tem conseguido manter as coisas num patamar minimamente tolerável
(não disse aceitável) embora não possamos dizer o mesmo de D. Afonso Henriques
que se impôs combatendo a mãe, ou batendo na mãe, tendo Portugal nascido ou começado
como todos os partos começam, com dor.
Dor
me deixou também o relatado acerca da minha nova vizinha, nova relativamente, chamemos-lhe
uma adorável quarentona, ou lá perto, madura prontes, tá bem assim, mas não ter
aguentado andar com a casa às costas de lado para lado deve ter pesado violentamente
no seu casamento, desfeito, tendo sido a gota de água que fez transbordar o copo a
tal violência de que vimos falando, neste caso doméstica, provada e comprovada,
tendo o tribunal constatado durante as averiguações desse divórcio litigioso usá-la
ela contra o marido.
Não,
não lhe batia, parece que o mordia, alegadamente mordê-lo-ia (entre as várias
fotocópias que apresentaram não constava essa parte dos autos), onde nem vos
direi. A acrescentar a isso carrega às costas um volumoso processo disciplinar
em fase de inquérito por assédio sexual e violação de menores, um de dezasseis
e outro de dezassete anos, os quais alegadamente seriam seus alunos. Não sei,
não me perguntem pois também eu não me atrevi a perguntar se a coisa seria à
vez ou todos ao molhe e fé em Deus. Há perguntas que não se devem fazer, ainda
por cima quando nada tinha perguntado ou indagado sobre a senhora, tendo
contudo ao interpelar a minha interlocutora quanto à veracidade do que afirmava
e qual a fonte onde obtivera tão pormenorizados dados, isto é como sabia ela tudo
aquilo respondeu-me simplesmente:
-
Dizem, é o que dizem, diz-se por aí, é o que consta.
tudo dito debaixo daquele arzinho
de santa que não parte um prato mas debaixo do qual está um frasquinho de veneno.
-
Mordeu-o, teve que ser cosido no hospital, ia ficando sem ele.
Compreenderão
ser por estas e por outras do mesmo calibre que aposto no amor, a violência,
como a má língua, nunca deu bom resultado nem conduziu a lado nenhum ou levou
quem quer que seja a bom porto, é o que se diz, é o que consta, embora tudo
tenha sido feito, erguido ou conquistado precisamente por essa mesma violência
que abominamos mas nos está no sangue, na massa do sangue, pelo que somente
poderei afirmar ser a minha nova vizinha uma mulher de armas, afiadinhas,
tudo levando em frente às dentadinhas. Podia ser pior, mas provavelmente nem
ele abrirá mão da sua excelsa defesa nem nós deveríamos ter “abrido” a mão e
ter deixado cair a fábrica das famosas metralhadoras FBP ali em Braço de Prata,
nem a VM que fabricava as Chaimites no Porto Alto, era pouco mas era um começo
no caminho da paz e do amor, lá diz o velho ditado «se queres a paz prepara-te
para a guerra», violência nunca, apresente-se ela disfarçada de mera
irascibilidade ou levada ao extremo do abuso, à coacção, à opressão, tirania ou
simples constrangimento, pelo que os pacifistas tugas deviam era ter apostado
neste lema, os nossos e os de todo o mundo, vejam lá se alguém se mete com a
minha vizinha agora que se sabe da sua história inda que somente a metade, é o
metem…
A
coisa na Catalunha pode vir a ficar preta, mal da Espanha se a Catalunha sair
do molhe, nunca mais darão conta do vespeiro, por vezes é preciso agir na hora
e com força, morrem 500 agora mas evitam-se 5 mil mortes no futuro... Esta Espanha
já não é a de Franco, que querem os independentistas ? A lua pelo Natal ? Se eu
fosse o rei de Espanha convocaria os mídia, e diante deles envergaria a farda
militar. Diria estar na hora de tomar partido, e só poderia tomar partido pela
união de Espanha. Enquanto falasse dirigir-me-ia para a unidade de blindados e
subiria para um tanque. A Espanha cair-lhe-ia aos pés, acordaria do pesadelo
onde anda a meter-se. Se a Catalunha quer tornar-se independente por que motivo não
hão-de exigir igual tratamento as outras nacionalidades do estado espanhol ? El-rei
faria história e seria amado como nunca terá imaginado...
A
verdade é precisarmos duma Europa forte e firme, una, onde cada um se submeta
ás necessidades do todo, o problema está na falta de elites, na ausência de
gentes esclarecidas, vanguardas que se imponham pelo seu valor, o momento histórico
não está para democracites, com UE ou sem UE há momentos em que não se pode
permitir que o excesso de democracia arraste tudo numa avalanche, basta olhar
para o nosso país…
Pelos
vistos a vidinha está dificílima para toda a gente, com a Catalunha será o
vamos a ver ou a ver vamos, com a minha vizinha será ó patas para que vos
quero, nem um se aproxima e quando o faz, mal lhe vê os dentinhos mete-se a
milhas… O problema da Catalunha resolver-se-á, mas o da minha vizinha é bem
mais difícil de solucionar, palpita-me ser daqueles que só o tempo resolverá…
Como eu fazia dantes com a papelada ao metê-la no cesto para os papéis que
tinha na secretária, no cesto de cima os assuntos para resolver, no cesto do
meio os assuntos para ir resolvendo, e no cesto de baixo os assuntos que o tempo
se encarregaria de resolver…
Acredito
que se os legalistas de Rajoy não tivessem a constituição "dita" Franquista do seu
lado haveria outro qualquer argumento a que se agarrassem, neste momento já
ambas as partes leram e releram os manuais de informação e contra-informação,
já mediram forças, desenharam cenários, evidentemente não contaram nem com
traições, que sempre haverá, nem com mudanças de lado d'um ou d'outro
comandante ou batalhão. A coisa será assim; a Espanha será a representação da
lei e da ordem, e a Catalunha secessionista representará os rebeldes, os mídia
trabalharão debaixo desta cartilha, e oremos para que os mortos não sejam
muitos se "eles" chegarem a isso... a vias de facto, pois nestas
situações nunca as coisas correm sobre carris. Não falo em
massacres, verdade que as coisas por vezes se descontrolam, será quando
toda a gente lamentará e será sempre compreensiva, começando pela UE e acabando
na ONU, coitado de quem se entalar, a história está cheia de exemplos, e ninguém
quer instabilidade, resolvam lá isso como quiserem mas resolvam depressa, olhem
as acções a cair... as empresas a fugir... Olhem, se estão pensando ir passear nos próximos tempos evitem a
Catalunha...
Panfleto largamente espalhado pela PIDE em 1973 numa manobra de contra-informação e contrariando um idêntico, e original, oriundo dos USA, versando a guerra do Vietnam (e todas as guerras) e dizendo algo como: "MAKE LOVE NOT WAR" parecendo a mesma coisa, não o era, reparem bem.