sexta-feira, 13 de outubro de 2017

469 - BARREIRA INVISÍVEL - THIN RED LINE ...


Albino Tavares da ANPC

Não casual mas propositadamente este texto leva o nome de um filme que ao contrário do que vem sendo habitual deu posteriormente e por sua vez origem a um livro homónimo. Curioso é o facto de que, quer vejamos o filme quer tenhamos lido o livro, qualquer deles demasiado extenso, poderemos não dar à primeira vista com o significado moral da obra, tão longa, permeável e inconsequente nos parece por vezes ser o fio invisível que nela nos conduz do início ao final, como se caminhássemos passo a passo sobre instáveis dunas ou velozmente numa montanha russa. Assim me fizeram sentir as rápidas sequências da fita correndo lentamente, ou as suas lentas cenas passando rapidamente. A leitura de que depois me socorri não viria a mostrar-se mais visível mas deu-me a vantagem de poder rebobinar as páginas, voltar atras e repetidamente reler as partes cruciais até completamente as esclarecer.

Todavia que a velocidade da fita ou da vida não nos tire nunca o discernimento, pois essa linha invisível estará sempre lá, está sempre presente e toda a obra, como toda a vida, todas as vidas giram em torno de quem a pisa, a ultrapassa ou mui singelamente e quantas vezes com sacrifício pessoal a respeita. Sim, no caso presente trata-se de um filme, ou de um livro de guerra, porém daí só releva ser sobretudo em situações limite que a tentação se nos coloca de forma mais exigente ou tentadora, pondo-nos à prova no limite, sabido ser em situações extremas que melhor se pode testar a fibra de um caracter, de uma personalidade, de uma qualquer pessoa.


Dispomos actualmente de uma panóplia de instrumentos científicos que, desde o tempo à geologia d terra, à medicina ou à física, mesmo à astrofísica, nos permitem medir, aferir e apreciar ou aquilatar o que observarmos mas, contudo o insondável mistério da mente continua fechado a sete chaves, quantas vezes deslumbrando-nos pela negativa, quando não de modo quotidiano. Basta-nos olhar para os exemplos de Albino Tavares, triste figura do dia, pejado de condecorações, homenagens, considerações, e no entanto um individuo sem escrúpulos, como um vulgar assassino. Sem pestanejar mandou ocultar as provas da sua incompetência e culpa nas mortes trágicas de Pedrogão Grande, quando o que deveria ter feito era devolver o tacho de boy ao Instituto da Juventude ou ao partido que o pariu.

Muitas honrarias tem este país proporcionado a mafiosos, eu poria nesse leque Zeinal Bava, Granadeiro, Sócrates e tantos outros que há muito pisaram, cortaram, desviaram ou simplesmente puseram de lado para evitar incómodos essa linha invisível que vínhamos seguindo e traçando neste texto.

É a consciência e o racional que nos separam dos animais, porém, perdido o pudor, ultrapassada a linha vermelha da ética a raça humana só tem para oferecer animalidade, pior que isso, bestialidade, brutalidade. Nada, nadinha, nada substitui a moral e a ética por muito bom corte que tenham os fatos dos predadores ou aqueles que vistamos…