" PRIMUS INTER PARES "
Olhai o homem diante de vós,
olhai o ser que adiante se agiganta,
cara miúda, ainda criança,
olhai-lhe os olhos cheios de esperança,
por mim, por ti, por ele, por nós.
Jamais lhe creditareis uma lamúria,
nem sequer um qualquer queixume,
tão pouco lhe vereis olhos em fúria,
convictos se mantêm, lembram lume.
Corre dentro dele um rio,
rio cujo caudal clama justiça,
está hirto, firme, não o tomou o desvario,
nem o medo que tudo enguiça.
Reparai-lhe nas olheiras,
cor de medo e de canseiras,
mas está firme, alma sentida,
sentida por convicção.
E em sentido, presente,
sentido do dever,
do dever, do devir e do presente,
sua, tem calafrios,
latejam-lhe as veias,
reprime a gaguez,
os temores e os tremores,
talvez lembre amores,
enquanto pulsa nele sangue azul.
Nasceu plebeu de sangue nobre,
the blue is beautiful,
criança subindo aos céus,
íntegro, plebeu, pobre,
trepa, sobe, galga o feijoeiro,
é dos nossos, é parceiro,
entre primus está primeiro.
Ergueu-se aos céus, agigantou-se,
dádiva, bênção, gratidão,
tudo lhe devemos,
descanse em paz,
perdoe os ingratos, *
Oremos.
Quando Primeiro-Ministro Aníbal Cavaco Silva, recusou
em 1989, conceder ao capitão de Abril, Salgueiro Maia, quando este já se
encontrava bastante doente, uma pensão por “Serviços excepcionais e relevantes
prestados ao país”, isto depois do conselho Consultivo da Procuradoria Geral da
República ter aprovado o parecer por unanimidade. Mas foi o mesmo
primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1992, assinou os pedidos de reforma de 2
inspectores da polícia fascista PIDE/DGS , António Augusto Bernardo, último e
derradeiro chefe da polícia política em Cabo Verde, e Óscar Cardoso, um dos
agentes que se barricaram na sede António Maria Cardoso e dispararam sobre a
multidão que festejava a liberdade. Curiosamente, Cavaco Silva, premiou os
assassinos fascistas com a mesma reforma que havia negado ao capitão de Abril
Salgueiro Maia, ou seja: por “serviços excepcionais ou relevantes prestados ao
país".