O
mundo está preso à guerra, a televisão faz-nos chegar a um palco que até há
pouco tempo nos era inacessível. Por mim nunca vi tanta televisão em tão pouco
tempo, a guerra sempre me assustou, e sou contrária ao pensamento da mesma como
medida higiénica. *
O
meu marido foi para o Iraque como voluntário, assim uma parte de mim está no
médio oriente. Adormeço a ver a guerra, acordo com a mesma e nos pequenos
pedaços de noite em que consigo dormir, sonho com um país de calmo relevo,
banhado por belos rios.
Contudo
os senhores da guerra não dormem, e vão concebendo cenários esquecendo-se
muitas vezes que as personagens são animadas por sentimentos. A guerra funciona
para esses senhores como um prato apetitoso pelo qual se deixam deslumbrar. Ao
longo dos tempos o homem preocupou-se em desenvolver as suas armas, procurando
através do seu aperfeiçoamento a superioridade. Chegou agora no nosso tempo a
preocupação, tanto aperfeiçoamento servirá para o seu extermínio. Para todos os
que pensam que a guerra só pode acontecer por loucura, então o mundo está louco,
sempre o pensei mais sensato.**
Contudo
interesses mais altos se levantam, é a economia e o ouro negro falando mais
alto que o amor entre os homens. O fim da guerra ainda não se adivinha, espero
que os senhores da guerra não esqueçam ajudar quem resistir. A todos aqueles que
tiverem alguém nesta hedionda guerra e que amem sem reservas os entes queridos,
deixo o meu pranto inconsolável, por revolta contra a situação, não me apetece reprimir
ninguém, tão grande é a dor, que me sinto como culpada.
* By Maria Luísa
Baião, escrito e publicado no DIÁRIO SUL, coluna KOTA DE MULHER em Março / Abril de 2003.