quarta-feira, 17 de abril de 2019

598 - HA RELÂMPAGOS NO CÉU, By Luísa Baião *




O mundo está preso à guerra, a televisão faz-nos chegar a um palco que até há pouco tempo nos era inacessível. Por mim nunca vi tanta televisão em tão pouco tempo, a guerra sempre me assustou, e sou contrária ao pensamento da mesma como medida higiénica. *

O meu marido foi para o Iraque como voluntário, assim uma parte de mim está no médio oriente. Adormeço a ver a guerra, acordo com a mesma e nos pequenos pedaços de noite em que consigo dormir, sonho com um país de calmo relevo, banhado por belos rios.

Contudo os senhores da guerra não dormem, e vão concebendo cenários esquecendo-se muitas vezes que as personagens são animadas por sentimentos. A guerra funciona para esses senhores como um prato apetitoso pelo qual se deixam deslumbrar. Ao longo dos tempos o homem preocupou-se em desenvolver as suas armas, procurando através do seu aperfeiçoamento a superioridade. Chegou agora no nosso tempo a preocupação, tanto aperfeiçoamento servirá para o seu extermínio. Para todos os que pensam que a guerra só pode acontecer por loucura, então o mundo está louco, sempre o pensei mais sensato.**

Contudo interesses mais altos se levantam, é a economia e o ouro negro falando mais alto que o amor entre os homens. O fim da guerra ainda não se adivinha, espero que os senhores da guerra não esqueçam ajudar quem resistir. A todos aqueles que tiverem alguém nesta hedionda guerra e que amem sem reservas os entes queridos, deixo o meu pranto inconsolável, por revolta contra a situação, não me apetece reprimir ninguém, tão grande é a dor, que me sinto como culpada.






* By Maria Luísa Baião, escrito e publicado no DIÁRIO SUL, coluna KOTA DE MULHER em Março / Abril de 2003.