Minhas caras amigas, meus caros amigos, compatriotas, conterrâneos,
eborenses.
Aproximo-me hoje de vós para vos confessar
quanto amo a nossa Pólis, e vos garantir quanto me enobrece servi-la na
condição mais nobre, a de apaixonado p’la civitas.
A condição de candidato envolve e exige nobreza de
carácter, foi essa condição que me levou hoje a sentar-me numa profunda reflexão, caneta na mão para,
preto no branco, vos garantir que Évora para mim estará sempre primeiro, e a
confessar-vos que a nossa Pólis é para mim como para todos vós uma Mui Nobre e
Leal Cidade, devendo merecer-nos todo o respeito e amor.
Nobreza de carácter, civismo, urbanidade, três
adjectivos que me habitam e estruturam o carácter, que são forma e conteúdo da complexa
personalidade que me anima, elementos da alma inseparáveis da minha práxis e,
portanto incontestáveis, insubstituíveis e inegociáveis. Não enfermo de qualquer tipo de apego ao poder.
Sempre fui mais exigente e intransigente
comigo que com os outros e o artificialismo, tanto quanto o amadorismo, não me seduzem.
Gosto de manter e apresentar tanta constância quanta possível, tanta
verticalidade quanta a elevada formação que me caracteriza e enforma.
Não me peçam nem exijam flexibilidade nestes items,
nem militância solicitando adaptabilidade ou contorcionismo nestes tempos em
que tudo é ou parece descartável. Estes tempos não são o meu tempo, esta não é
a minha praia, nem sequer a minha onda. Tenho um sonho, mas não matar e
esfolar, como digo no meu curriculum, sou um reformista, não um revolucionário.
Alimentar questiúnculas, animar intrigas ou
eleger subjectividades como o deus dos nossos dias nunca fizeram e jamais farão
parte de mim, são atributos não valores, eu primo pela coragem, pela verdade, pela
justiça, pela compaixão, pela dignidade, pela humildade. Creio firmemente serem
estas as qualidades que devem ser ou devem definir carácter e liderança.
Gosto de manter a elevação de carácter habitual e a que vos habituei, p’lo que jamais transigirei com os espíritos mesquinhos
nem com os pequenos gnomos que habitam a floresta em que se tornou o presente. Foram esses nobres atributos que encontrei naqueles que, embora por pouco
tempo constituíram a minha lista, e a quem devo o mais profundo respeito,
admiração pela coragem, e uma enorme gratidão.
É insuperável e inultrapassável o confronto
surgido entre mim e as estruturas locais do partido a que ainda pertenço. Quer
a cidade de Évora quer os eborenses merecem todo o meu respeito e, como tal retirei
a minha candidatura uma vez que não existem ou deixaram de existir entre nós as
condições e confiança mínimas e necessárias para que a mesma tivesse
continuidade.
Lamento por Évora e p'los eborenses. A inexperiência
política faz-se pagar bem cara, lamento que a inexperiência de alguns esteja a dar de bandeja e
bem antes de tempo a vitória à oposição, quando essa guerra nem tinha ainda
sequer começado.
Os que me temiam ou não me aceitavam podem
agora dormir descansados, aos que se encolheram com medo de me apoiar recomendo que comprem um cão, aos que me encorajaram reitero a minha gratidão, os
que me encorajaram e apoiaram mas tiveram medo de me dar um apoio aberto
poderão agora dormir enrolados nas suas contradições mas não de consciência
tranquila, lembremos neste caso Martin Luther King, “O que mais me preocupa não é tanto o grito dos maus, mas o amedrontado e envergonhado silêncio dos bons”…
Ah ! E os que querem mudar Évora sem que contudo nada mude poderão continuar
confortavelmente sentados mas recordem Sá Carneiro; “a política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha” …
Foi isto que com ele aprendi e dele recordo, como atrás vos recordei de Martin Luther
King, as sábias palavras do pastor Niemöller.
Sou de antes quebrar que torcer e sempre
acreditei ser Deus e o destino a moldar as nossas vidas. Como sempre continuo
de cabeça erguida, e lembremo-nos que a luta continua, que Évora merece o
melhor, sendo por isso que devemos lutar, mas lutar todos os dias, a qualquer hora e
em qualquer lugar.
Não tem grandeza quem dobra o joelho ante os
pequenos. Nasci destinado a grandes obras, não para os pequenos dichotes, para os
boatos, para a vacuidade, para a infantilidade ou impunidade que tanta gente
nos nossos dias enverga.
Considero-me um político, um homem da pólis,
e nunca virarei costas a Évora nem aos eborenses. Um percalço não é uma morte,
é somente um contratempo. Há que lutar por um mundo melhor e é na nossa terra
que o devemos fazer, é por ela que devemos começar.
Não vos direi até sempre, direi até qualquer
dia, contem comigo, como eu conto com aqueles com quem devo contar e já contei,
com aqueles que eu sei, aqueles com quem quero contar, e com todos aqueles que
estiverem disponíveis para lutar.
Com consideração,
Humberto Ventura Palma Baião