708 - “AINDA
A CULTURA, NÃO HÁ PAI PARA A RITA …“
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TEXTOS POLÍTICOS 19 #
Há
dias numa das apresentações do meu programa trouxe à baila a UE, fiz uma
abordagem ligeira, tangencial, a minha amiga Rita não gostou, e criticou-me por
não ter sido mais preciso, o que até seria bom para o programa. Tudo por eu ter
afirmado que;
“mau grado a presença entre nós de uma
universidade, o tema cultura não parece ter tido ao longo do tempo o destaque
que merece. A faculdade vive demasiado fechada sobre si mesma e não promove ou
não publicita devidamente eventos e temáticas que absorvam o interesse da
população, facto que a seu tempo e nível deverá ser abordado entre as duas
instituições CME e UE. “
Mas
a Rita tem razão, ou teve, ela é uma das pessoas com que o meu programa de
candidatura é discutido, sendo ela uma das mais activas ou participantes. Teve
razão, eu devia ter-me alongado sobre o tema, não deveria ter perdido a
oportunidade de nele inserir quanto já tinha sido falado e abordado na nossa
mesa, pelo que acabei de o fazer agora. Já está mais completa essa parte do
programa relacionada com a cultura, a Rita já está mais calma, e eu de
parabéns, o programa está melhor que nunca.
Porém se fiz ainda que brevemente uma referência
à fraca colaboração entre a academia e a CME, ela foi menos forjada como
crítica e mais como uma oportunidade que se lhes abre com a minha candidatura. Tem
esta candidatura a real e democrática vontade de estreitar laços e colaborar de
modo mais activo e proveitoso para as partes e para a população eborense.
Em
boa verdade admito que algumas vezes tenho sido crítico da academia, faço-o
contudo tendo sempre em mente uma crítica construtiva, no caso presente e dado
haver quanto a mim uma insuficiente valorização a par de uma muito deficiente
gestão da programação cultural do teatro Garcia de Resende. É que acabei de me
debruçar sobre a dita após as obras de renovação e nada de novo traz.
Como
não podia deixar de ser a BIME vem em primeiro lugar visto estar a decorrer.
Seria curioso aquilatar das vantagens da BIME, que já vai na 15ª edição, e
saber quem, turismo e restauração, ou como terá beneficiado a cidade beneficiado
com tanta edição, uma vez que me quer parecer serem os bilhetes todos vendidos
à CME que posteriormente os dissipa como entende, ou seja, segundo os meus
cálculos pagamos todos espectáculos vistos por meia dúzia…
Contudo,
quando se trata de solicitar e receber subsídios do Ministério da Cultura, atribuídos
em função da eficiência da bilheteira, que garantirá terem os espectáculos tido
espectadores, tido venda, tido saída, tido sucesso, é um facto que a companhia
residente faz prova de tal, o que eu duvido é que confessem ao Ministério que
os bilhetes são todos vendidos a um único comprador, e pouco mais…
Se a
CME parar com essas compras, não creio que a população acuda ao teatro para
salvar o Cendrev, não creio que a população lhe dê um aval daqueles que por
exemplo Filipe La Féria tem recebido por cada peça que leva à cena, consta até
nunca La Féria ter solicitado ou recebido um subsídio que seja, por mais
pequeno que pudesse ter sido. Flipe La Féria vive do seu trabalho e do seu
sucesso. Lá Féria age como uma formiga, mas há também neste mundo, como conta a
fábula, quem actue como as cigarras, vivendo de expedientes…
Mas
voltando ao Teatro, agora renovado e de cujas obras poderia beneficiar o polo
de artes da Universidade de Évora, que a CM deveria chamar mais a intervir e a
participar, tanto para lançar artistas, através de exposições, como para lhes
proporcionar um palco condigno e motivador duma verdadeira escola de teatro de
qualidade, em detrimento do que tem feito até aqui, permitido senão incentivado
a captura do teatro pela companhia residente, o Cendrev.
Naturalmente
o teatro deveria estar aberto e disponível para a academia, se assim tivesse
sido, cantores/músicos da craveira de Áurea, uma artista de dimensão nacional e
internacional que foi aluna da UE, mas de cujo sucesso esta nunca beneficiou,
nem Áurea de condições a par do seu gabarito, teriam tido outras oportunidades,
poderia ter havido porventura mais casos de sucesso.
O
caso de Áurea é exemplificativo ou elucidativo de quão devem ser integrados,
puxados a participar na programação e utilização do palco do Teatro Garcia de
Resende, tanto os seus aprendizes da escola de artes como os já actores,
torneando ou eliminando através dessa participação o enquistamento que todos
nós sentimos e sabemos existir entre a academia e a população, e diria que
opondo CME / academia, enquistamento que quanto a mim se fundará sobretudo na
atitude dos actores e gestores institucionais da companhia residente, o
Cendrev, cujo pensamento será sobretudo político e temente da concorrência de
gente jovem, formada, com estudos, descomprometida, e não engajada.
Relembro
que o Cendrev goza há décadas do beneplácito e incondicional apoio da CME,
apoio tão incondicional que jamais convidará à evolução, à superação, antes ao
conformismo do status quo... Ora esta candidatura veio precisamente para isso,
mudar o status quo, FAZER O QUE AINDA NÃO FOI FEITO… E há muita coisa a fazer e
a mudar se quisermos uma cidade rica, moderna, cosmopolita, rica, que nos
proporcione bem-estar, alegria, e sobretudo qualidade de vida.