PORTUGAL
Como em qualquer outro lugar moscas
poisam sobre merda, rodeiam-na,
sobrevoam-na, tecendo
sobre ela considerações várias, individualistas, invariavelmente
párias.
Pronunciam-se,
opinam, aconselham, ordenam sem referências
nem consequências, mera questão
de competências, todos
falam, todos cagam, sem saber de
quê ou porquê sentenças e
postas de pescada.
Nunca por
nunca almejando ver a causa, vêem o
monte, a bola, a bosta, a
consequência chega-lhes, são estas as
moscas da minha terra seja ela
Portugal, Évora ou Tentúgal.
Quanto ao
país esse, não ata nem desata, nada,
regride alegremente, cegamente, e testa-se
inconscientemente, sem pensar,
nunca. Aqui nada
mexe, nem um neurónio desde que há
quinhentos anos Pedro Nunes
inventou o Nónio…
Humberto
Baião – Évora – 27 / 12 / 20231 |