Empurraram-me para isto, pra uma ida á praia….
Baião, tens que conviver, sair,
bla bla bla
E eu francamente ou escolhia
inscrever-me na “universidade” dos velhos, coisa que não suporto, ou alinhava
com eles pelo menos uma vez numa ida á praia daquelas que o Grupo de Viagens GSI
organiza (em tempos fui nalgumas viagens e foram óptimos passeios de grupo) ou
os aturava o resto da vida pelo que anui e inscrevi-me numa ida á praia mas nem
sequer levei os calções de banho…
Passeio pela vila ou cidade de Ericeira, bonita mas com muitas escadas e ladeiras e subidas, demasiadas para velhos, e para novos, nem desci á praia…. O passeio era livre, rumei a uma praça apinhada de gente, a maioria velhos, a maioria velhos de excursões como a minha mas oriundos das mais variadas zonas do país, a Ericeira tem mais turistas velhos num dia que ouriços tem o seu mar…. Pelo que pra afastar o calor entrei numa das gelatarias que me pareceu menos cheia, pedi um gelado de taça, que me saiu caríssimo, ia ficando sem os olhos, e sentei-me a comê-lo quando … snif snif snif …. Cheirava a merda que tresandava, não era o WC, confirmei, só podia ser um dos velhos ou velhas que por ali abundavam de bunda nas cadeiras em volta das mesas… portuga ? english ? franciú ? bosch ? marroquino ? tailandês ?? Fugi dali a sete pés nem acabei a merda do gelado….
Depois rumámos ao autocarro que
nos levou ao almoço, uma marisqueira daquelas que desistiram de fazer
casamentos e baptizados por já não os haver mas que se reconverteu a dar
almoços de marisco aos velhos turistas….. E ás tantas dou por mim a pensar :
mas que faço eu aqui ? Que faço eu no meio disto tudo ?
“ O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo
todas as qualidades e todos os defeitos.
Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades.”
Havia musica e mesas bem recheadas
com tudo, e bem servidas, muita gente a servir, nada de esperas, fartura de
tudo mas meu Deus eu estava rodeado de velhas e velhos, algumas mais novas mas
ainda assim mais velhas que velhas… Eles idem, só grunhos, broncos, e parvos, até
que desbastadas as entradas e o primeiro prato a mesa foi recheada de frutos do
mar, do camarão mais pequeno á lagosta maior, da conquilha pequenita à vieira
mais grandita, caranguejos, santolas... Parecia a mesa das bacantes, quando
repentinamente dou por eles todos levantados, de telemóvel na mão p’ra registar
o momento, parece que nunca tinham visto marisco, ou comido marisco, impressionou-me
a atitude, eu que nem aprecio nem um nem outro além de camarão, e eles numa
atitude pasmada e generalizada, de todos sem falta….
O pior foi mesmo o regresso, o autocarro
no regresso cheirava mais mal que a tal gelataria, alguém estava borrado
borrado, agora com aquelas cuecas para a incontinência cagam-se todos e só o
cheiro sai de mansinho, mais nadinha de nada, mas olham todos uns para os
outros sem que ninguém se descaia e é aí que está a piada…. Alguém viaja
confortavelmente em cima de uma almofada de merda e nem diz nada…
Eis o que me espera, tou com 71 e
para lá caminho… para lá do inferno …. Ainda não estou preparado para estas cenas…………….
HUMBERTO BAIÃO
AVENTURAS E DESVENTURAS DE UM
VIÚVO