Na semana
passada tive bastos motivos para me rir, primeiro ri-me porque quase me caguei,
uma diarreia que por pouco nem me dava tempo de chegar à sanita, foi de tal
ordem que, prevendo isso corri, não, não estou a inventar, estou sendo sincero,
tudo por causa de uns tamarindos que comi em excesso, comi-os com umas bejecas,
para lembrar os dias no deserto, mas sem saber comi demais, devemos ficar pelos
três, ou quatro e eu comi uns dez, nem sabia que os árabes os usam como
laxante, nem tive tempo de dar sequer mais um clique no rato do PC.
Há uns anos
tinha comido daquilo em Tikrit no fim de um lauto almoço (regado a boa cerveja
de contrabando oriunda do United States Army), mas no fim do repasto e à laia
de digestivo os anfitriães deram só três ou quatro a cada um de nós, verdade
que na altura os julguei somíticos, aprendi agora da pior forma ter demorado
treze anos a perceber o porquê do seu cinismo, imaginem que eu estava num café
por exemplo...
Há coisas do
caraças, e eu sem aquela areia toda para tapar a coisa... Eles taparão, digo eu,
a minha Mimi tem uma caixinha com areia e tapa. Mal me levantei da sanita
meti-me logo para debaixo do chuveiro claro, mas do susto não me livrei… Porém
enquanto estava de sentadeira puxei a cestinha das revistas e jornais tendo-me
entretido com eles, foi neste momento que dei com outras cenas macacas e me pude rir a bom rir ao dar com as contradições em que as pessoas podem cair e caem,
consciente ou inconscientemente mas caem.
Eu pegara nos
jornais da terra desse dia e da véspera e dou com dois paladinos botando sermão
acreditando serem os detentores da verdade e, ambos enganados, ambos engajados,
ambos comprometidos, ambos inconsequentes. Bem um deles era uma ela, uma paladina,
e como os sermões eram públicos, vinham em jornal diário, eram e serão não
somente passíveis de risota como de critica, e assim fiz, primeiro ri-me depois
analisei-os à lupa e voltei a rir-me.
Eram dois
artigozitos, um sobre democracia e moralização, um arrazoado de pressupostos
sem pés nem cabeça, uma série de patacoadas ingénuas de quem nem se verá ao
espelho, o outro mais grave porque mais profundo, menos inocente, mais subtil,
não de uma figura da terceira liga antes de um craque da primeira divisão,
pessoa que jogou no nosso distrital, pessoa conhecida e naturalmente alvo
permanente de observação e escrutínio públicos, colectivos, e talvez também
pelo colectivo…
Se em relação
ao primeiro artigo nada mais haverá a dizer além das contradições que o desabafo
encerra, pois não me pareceu mais que um desabafo de quem só agora descobriu a
intolerância por esta lhe ter caído em cima, provavelmente a doer, sobre o
segundo usei de toda a ponderação na análise pois a coisa chiava mais fino,
revestia-se de um caracter multiforme, era enformado por subtileza do mais fino
recorte e pode considerar-se um indisfarçável apelo subliminar a todas as
consciências adormecidas que nele esbarrem, facto que alertou a minha
desconfiança e me suscitou mais interrogações que certezas quanto aos factos
que o dito artigo abordava.
Mas vamos por
partes, dado o supra citado artigo se referir à polémica empresa energética EDP
que, esclareçamos, goza de um quase monopólio sobre os cidadãos nacionais,
tratando-se duma empresa que faz cair sobre todos nós os elevados custos da
energia que produz e considerada a mais cara da Europa (com impostos ou não). O
tema é inequivocamente assunto para ser tratado com pinças, delicadeza,
diplomacia e pezinhos de lã como dizemos por aqui. É uma empresa privada, de
natureza privada, cuja imagem andará pelas ruas da amargura, e andará tanto
mais quanto mais nos aproximarmos do inverno, da velhice e da falta de
rendimentos que a incompetência continuada e reiterada de vários governos nos
despejou em cima, não olvidando o aperto austeritário que à laia de purificação
continuamos sofrendo.
Uma empresa
que daria tudo por tudo para melhorar esta imagem, uma empresa polémica,
estratégica, e que somente a incompetência de deputados e governos permitiu que
saísse da tutela estatal. Uma empresa que nos esmifra p’ra dividir entre os
gestores e accionistas dividendos chorudos sugados a um povo abusado, uma
empresa que criou uma fundação encarregada de apregoar a solidariedade e de fazer
caridadezinha com o dinheiro que nos cobra, portanto as suas benfeitorias são
pagas por todos nós, que, supostamente lhe devemos estar agradecidos. Saibamos
então ao menos que a responsabilidade social tão apregoada pela Fundação EDP é paga
por todos nós.
Ora a EDP faz
por ela e não a podemos criticar, e socorre-se das melhores formas de
propaganda a que pode deitar mão, aquela que em vez de aparecer como propaganda
ou publicidade aos nossos olhos aparece ante os mais distraídos como um acto de
filantropia, de benfeitoria. É pura e subtil publicidade encapotada, é
propaganda camuflada, disfarçada de boas acções, é uma forma de publicidade
subliminar, inoculada nos mais distraídos sob a forma de caridade. Ao invés de
baixar o preço da tarifa eléctrica a EDP faz caridadezinha, pratica o bem com o
excesso de preço que lhe pagamos, não é moralmente correcto, mas não deixa de
ser legal. É uma empresa privada, faça como entender desde que não torneie a
lei.
Para enfeitar
o ramalhete as acções da benfeitora Fundação EDP surgem enquadradas por duas
figura públicas nacionais que, a julgar por notícias há bem pouco tempo vindas
a público quanto a outra de igual gabarito, Cristina Ferreira, se fazem pagar
principescamente. Porém vamos acreditar que MRP e CF trabalham para a Fundação
EDP em regime “pro bono” o que dificilmente imagino. O caricato da situação
surge quando o estado através da SEE e da DGE aceitam participar nos desígnios
de lavagem de imagem da EDP, e sobretudo que um ex deputado do PS, José Carlos Bravo Nico, aceite dar a sua
figura, fá-lo-á “pro bono” ou estará a facturar principescamente a sua
participação ?
Pessoalmente
quero acreditar na ingenuidade, integridade e boa vontade do tal inteligente ex
deputado e que o mesmo participa no road show de promoção da EDP a título
gratuito mas, a titulo gratuito ou não, um ex deputado não deveria resguardar a
sua independência ? Ou estará sempre disponível e irá apoiar todas as empresas
que lhe solicitarem apoio ? E não deveria um ex deputado com responsabilidades hierárquicas
ainda que antigas sobre as escolas do distrito evitar possíveis ou imaginárias
acusações de possível tráfico de influência e pressão sobre essas escolas ? Todas
as interrogações são possíveis, passiveis e pertinentes, contudo qualquer um
tem o direito de se interrogar ou questionar a si mesmo sobre estas andanças e
boas intenções, sobretudo quando é sabido que de boas intenções está o inferno
cheio. Cabe aos intervenientes nestas peripécias resguardar-se dos salpicos,
manter o recato que as suas vidas públicas exigem e recomendam.
Responsabilidade
social sem moral, sem moralização, não passa de um embuste, e, sendo o
desenvolvimento o que se almeja, aja-se em conformidade na AR, em conformidade
e com consequência. Não se pode vir alardear e solicitar responsabilidade
social a quaisquer empresas privadas afobadas de impostos e cujos lucros,
escassos, mal lhes permitem sobreviver, não se pode exigir uma coisa nos
discursos e fazer outra na AR, onde as leis promulgadas não ditaram a riqueza
mas deitaram abaixo este país. Não esqueçamos que foram as más leis e o mau
governo deste país quem colocou nas mãos de interesses estrangeiros o que
devíamos ter mantido nosso, mantido e ampliado.
Outro aspecto
que me parece de acautelar ou resguardar é o facto de a EDP mais parecer ser um
galinheiro onde os passarinhos fazem poleiro num conúbio imoral entre troca de
interesses e influências, naturalmente mais uma vez acredito que não existe nem
colonização nem parasitação dessa rica empresa, mas as duvidas poderão assaltar
qualquer um e persistir e, devendo o exemplo começar em casa, volto ao primeiro
artigo, o tal que exigia moralização da vida pública, recomendando à personagem
que compre um bom espelho e uma lupa ainda melhor. Tolerância sim mas não tanta
assim…
Bolas que se
acabou o papel !
Por hoje a
escrita fica por aqui…
Deixa, vou
meter-me debaixo do chuveiro…
http://br.innatia.com/c-tamarindo-propriedades-pt/a-remedio-de-tamarindo-contra-a-prisao-de-ventre-3734.html
* NOTA: Ler também a propósito deste tema um outro artigo do Padre Madureira inserto no Diário do Sul de 2 de Novembro, página 6, intitulado "O Fato Usado Do Presidente", do presidente da EDP claro...
* NOTA: Ler também a propósito deste tema um outro artigo do Padre Madureira inserto no Diário do Sul de 2 de Novembro, página 6, intitulado "O Fato Usado Do Presidente", do presidente da EDP claro...