domingo, 26 de agosto de 2018

528 - O DANÇARINO DO CLUBE FLAMINGO ...


Em lugares assim não escolhemos as nossas amizades, antes as aproveitamos e forjamos. A distância da pátria, o isolamento da família e dos amigos fluem ou desaguam nesta prédisposição. O ambiente de guerra, o excesso de fardas, excesso porque uns dias de licença na cidade calhavam a todos, e para os que não estavam habitualmente acantonados nela, cidade, havia sede de tudo e uma tendência para o exagero e para o drama. Por isso as amizades que nunca regateei me foram cómicas umas vezes e trágicas outras.

Naquele ano longínquo de fins de 73 a noite ia a meio, um novel, moderno e luminoso relógio lutava por sobressair contra todas as outras luzes do Clube Flamingo que abarrotava de algazarra, fumo de cigarros e outros fumos. Tudo isso, toda essa alegria, sentindo-se sobretudo no espírito de alguns dos presentes, tudo boa gente, tudo gente querendo divertir-se, e alguns vingar-se de meses na mata.

AV largou a nossa mesa para ir cantar, subiu ao palco, alegrou, arrebatou, emocionou e naturalmente deu nas vistas devido ao garrido e exótico trajar e aspecto peculiar. Eu era um dos seus muitos admiradores e amigos, diria que amigo por afinidade, tinha sido colocado de licença no mesmo quartel do cabo Rudolfo Leandro, o Rudy/Rubi, cabo de transmissões, esse sim há muito em Luanda e amigo amicíssimo amantíssimo de AV e uma ave quase tão rara ou exótica como ele.

Por essa altura os problemas de género não me tocavam como passaram a tocar. Por aquela data e lugar tudo e todos eram bem quistos, o Clube Flamingo era recatado, a clientela minimamente civilizada e seleccionada, os arroubos românticos e o exotismo de AV e Leandro eram displicente ou ostensivamente ignorados, Luanda não era a cidade do Cabo mas também não se parecia sequer com a puritana Lisboa, e as festas do Clube Flamingo desfrutavam de cada vez melhor e maior fama na cidade, atraindo mais e mais clientela.

Na nossa mesa deveríamos ser uns seis ou sete, eu, os dois que já citei e causa do sarrabulho que se seguiu, o tenente Fernando Fernandes, Rosa, uma negra bem integrada e aceite entre a selecta maioria branca da cidade e a Mila, uma experiente enfermeira das forças armadas e acantonada numa das bases aéreas de Luanda e que vinha mantendo com o tenente FF um arranjinho que nem tentavam disfarçar. 



Nem tive tempo pra me aperceber como a coisa começara, de repente o tenente FF joga a cadeira para trás levantando-se em guarda, o grandalhão avançando para ele disposto a desfazê-lo e entretanto todos em pé, todos surpreendidos, todos afastando-se da contenda mas não lhe virando as costas quando, repentinamente a mesa pelo ar, o grandalhão quase atirado ao chão por ela mas resolutamente aparando o golpe, joga a mão à bota sacando da faca e avança para FF precisamente quando alguém grita chamem a PM, e entredentes o grandalhão:

- Vais pagar-mas meu cabrão !

nisto alguém da multidão aglutinada em círculo jogou uma faca arrojando-a pelo chão e que FF aparou com o pé e de um só golpe, baixou-se, sopesou-a, mediu-a, mediu a distância ao grandalhão, olhou-o nos olhos e fez que o reflexo da lâmina o avisasse de que também ele estava igualmente armado.

De imediato o grandalhão travou o ímpeto, abriu as pernas buscando firmeza, enrolou em volta do braço esquerdo um casaco apanhado de uma das cadeiras e pôs-se em guarda. O tenente FF idem, tendo apanhado do chão uma das cadeiras caídas e fazendo dela seu escudo. Entalou o bico da faca num intervalo das lajes do chão, torceu e partiu-lhe o bico que chutou para o lado donde a faca lhe fora arremessada enquanto simultaneamente mostrava ao círculo entretanto formado em seu redor a lâmina diminuída. Toda a gente percebeu e recuou dando espaço aos contendores e resguardando-se d'algum golpe desencaminhado e imprevisto.

O jogo começou, ora investia um ora investia o outro, investes tu invisto eu, a luta assemelhando-se a uma dança, e cedo se notou quem melhor dominava os seus passos, quem melhor e harmoniosamente manobrava o braço, a faca, o movimento, o bailado. FF dançava como um dançarino, nunca estava no mesmo lugar e seria cada vez mais difícil o grandalhão acertar-lhe, atingi-lo. FF dominava o jogo, jogava na defensiva mas era nítido quem dominava, o grandalhão cansava-se e desorientava-se, grunhia.



Quanto mais cansado mais lento e FF aproveitava. Um toque aqui, um toque ali, e o grandalhão ia ficando retalhado como quem se corta ao fazer a barba. Primeiro numa orgulhosa tatuagem dos “páras” no antebraço esquerdo, depois em cheio no coração doutra tatuagem no braço direito e dedicada ao “amor de mãe”. Golpes extensos em cada um dos cortes, pouco ou nada profundos mas sangrando e cegando-o de raiva.

O golpe final foi de mestre e nem sei se teria sido intencional ou ocasionalmente proferido muito antes de cinco militares da PM irromperem pelo salão de bastão na mão. FF aproveitara um centésimo de segundo de distração, o cansaço e a desorientação do grandalhão riscando-lhe o baixo-ventre. Com o esforço e a tensão da luta o corpo rebentou-lhe como se fosse uma hérnia e assustado, o grandalhão susteve as tripas com as mãos, encostou-se ao balcão da esquerda dando-se por vencido. Um tumulto percorreu o salão, nisto entra a PM, dirige-se ao primeiro que viu de faca na mão precisamente no momento em que este, mais branco que a cal da parede e sustendo as tripas numa aflição se deixou escorregar balcão abaixo até ficar sentado, cercam-no e gritam ao barman que chame uma ambulância. Nada de grave, é meterem-lhe as tripas para dentro, darem-lhe uma costura e quando muito restará a cicatriz de uma cesariana.

FF aguardava a sua vez, aguardava ser levado, deixara cair a faca aos pés, estava calmo e os testemunhos de todos o tirariam de apertos. Já no jipe da PM e enquanto se afastava relembrou a metrópole, Lisboa, a recruta, a especialidade, a dureza dos treinos e o galardão. Tinha sido considerado o melhor dançarino da classe de 73.

Sorriu.





NOTA: - Assim sendo, uma faca ideal para raspar deverá ser muito mais pequena que uma catana mas ter a lâmina comprida e direita, apenas ligeiramente curvada na extremidade, o que ajudará na esfola e, volto a frisar, naturalmente bem afiada, afiadíssima. Muita gente não o sabe e pensará haver uma ou duas dúzias de diferentes facas, grande engano, há facas para todos os gostos e todas as funções.

Ali junto ao Cunene uma boa faca era não só um objecto de primeira necessidade como de primeira ordem, não olvidemos que algumas vezes, felizmente poucas, a nossa sobrevivência numa inesperada luta corpo a corpo dependeu sobretudo da faca usada. Por mim preferia-as sempre com um pouco mais de dois palmos de uma ponta à outra, bico bicudo, ligeiramente encurvado no gume e, este ondulado dessa curva até meio da lâmina, continuando o resto a direito e toda ela sempre bem afiadíssima como já vos dissera. Acompanhava-me a coxa direita.

 

Há quem as prefira com um efeito de serrilha no contra gume, ideal para cortar ligamentos, músculos, ramificações nervosas, tendões, óptimas para desmembrar animais, para os desmanchar, porém éramos soldados, não magarefes, matar o inimigo que nos combate sim mas nunca desmembrámos nenhum, não éramos bárbaros, éramos sobreviventes, quem vai à guerra dá e leva lembras-te ?

E se não dás levas, um tiro, uma facada, uma catanada, daí a faca sempre afiada e esquece a serrilha, a serrilha sim é dispensável, mas não descures o ondulado do gume na lâmina, é prático, ajuda-te a cortar sem te obrigar ao moroso e cansativo vai vem do serrar, para a frente, para trás. Numa luta quem se pode dar a esse luxo ?

Quem está para perder tempo com isso ? Espetas no ventre do magano a faca que terás bem firme e segura na mão, forças a lâmina para cima que ela de per si e ajudada por esse leve ondulado correrá célere acompanhando a mão, o gesto e o porco ficará aberto num segundo, arrumado, não mexe mais, em segundos estará acabado, esvaído, chafurdando numa poça do próprio sangue

Se não quiseres ir tão longe ou ser tão incisivo, tão letal, podes simplesmente correr a curva do gume na barriga do porco. Se fores Dextro bastará um golpe horizontal da esquerda para a direita e tens o tipo aflito, agarrado as tripas, de qualquer modo estará no fim, pensando somente em si mesmo e encostado às boxes, implorando, chorando, por vezes chamando pela mãe e implorando perdão.

Atenção, nunca procures dar azo ao movimento contrário, isto é abrir de cima para baixo, a lâmina ficará encalhada, presa, retida no externo e será travada pelas costelas e tu exposto, desarmado. O Movimento deverá ocorrer sempre de baixo para cima, desde os tecidos moles até atingir as ditas costelas, este gesto será mais que suficiente.

Mas, toma nota, uma última lição, se procuras silenciar uma sentinela, ou acabar de vez com uma justa, e tendo tu a possibilidade de aplicar ao inimigo uma manobra de mata leão que te permita aplicar um golpe de misericórdia que cale de vez o indivíduo sem chinfrim, é enfiar-lhe a faca num rim de modo a atravessar-lhe o corpo e tocar o outro rim, ou passar-lhe pela garganta o fio da lâmina num golpe rápido apontando a carótida ou a jugular e nem piam, é remédio santo, coisa que eu não sou, inda que seja bom rapaz e um rico homem, não digo um homem rico mas um rico homem.

Isto é sapiência. Sapiência do meu mister era assim trocada divertidamente pelos segredos das peles. Na verdade de posse desta aprendizagem, em casa, calçado, casacos e sofás de cabedal andam sempre impecáveis, flexíveis e luzidios. 

Quanto a eles não sei até que ponto o saber de mim herdado terá sido traduzido em talento, tanto mais que regressei à metrópole antes da grande prova, da mãe de todas as batalhas africanas, a de Cuíto Cuanavale* a sul de Angola. Cinco meses de morticínio no qual pereceram segundo se calcula perto de quinhentos mil africanos. Essa grande batalha pelo poder teve lugar já depois do meu regresso, porém e como todos sabemos, “o saber não ocupa lugar” pelo que sinceramente espero que a formação por mim proporcionada lhes tenha sido de algum modo útil. Capice ?




domingo, 5 de agosto de 2018

527 - SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO * 7ª e última parte - “UMA GOLPADA FICCIONADA, A ANCORAGEM DO PODER”

    

 “UMA GOLPADA FICCIONADA, A ANCORAGEM DO PODER” 
              

O senhor Presidente Da República e o seu Conselho tinham ontem mesmo prometido, após o anúncio das primeiras directrizes a emanar no sentido de colocar esta democracia nos eixos, dar-nos a conhecer hoje as restantes medidas que a urgência da situação exige a fim de salvar de si mesmo todos os portugueses. É desse rol de intenções, as quais diariamente irão sendo exaradas sob forma legislativa que hoje vos damos conta. Tudo pela Nação, nada contra a Nação !  Viva Portugal !

Em primeiro lugar há que batalhar e forçar pelo cumprimento das medidas de excepção e recuperação da nação, o pragmatismo estará na primeira linha, a clareza, honestidade e competência na segunda e terceira. A culpa deixará doravante de morrer solteira, e ao cidadão terá que ser sempre explicado, dito e justificado todo o indeferimento, toda a negativa, toda a questão ou dúvida que o mesmo apresente. Doravante a administração pública não só terá funcionários, responsáveis e chefias, como passará a ter nomes e caras.

A economia merecerá especial atenção por razões sobejamente conhecidas e como tal serão doravante fortemente taxados consumos e artigos de luxo, tais como veículos, automóveis e motociclos, férias no estrangeiro, smartphones e todos os produtos classificados como de luxo. A banca receberá do BdP novas tabelas a aplicar sobre créditos apontados ao consumo cuja variação será encontrada entre 50 e 100%, medida moderadora e pedagógica que recairá igualmente sobre o lucro da banca e de sociedades financeiras ligadas a esse ramo creditício.

Serão concedidos durante o período de salvação da nossa democracia e da nação poderes de excepção à PSP e GNR, tal como às regiões militares no sentido de fazerem cumprir os decretos presidenciais. A expressão ou ideia a adoptar para manter a ordem será enclausurar primeiro e imediatamente, e fazer as perguntas depois, com vagar e tempo. Uma vez que já estará sufocado o foco de contestação ou alteração da ordem pública a calma será boa conselheira. Será concedida às forças militares e paramilitares, em especial à PSP e GNR, consentimento (verbal), para uso e recurso à violência controlada, e formalizado convite à resolução local e momentânea de pequenos delitos, contribuindo para a teoria e a prática de uma justiça célere e exemplar, que contribua para desentupir os tribunais da nação libertando-os dos milhares de processos relacionados com pequenos delitos e questiúnculas, quantas vezes sem justificação. Este procedimento será designado como “Justiça na Hora”.

Para além da celeridade do sistema “Justiça na Hora” será igualmente retirada aos tribunais, enquanto vigorarem o período e as medidas de excepção de recuperação da nação, a independência que não têm sabido merecer. Alguns serão extintos ou alvo de profundas reformas, como será o caso do Tribunal Constitucional, cuja lei primordial passará a exigir previsibilidade, pragmatismo, resultados. Passará a estar virada para o individuo, não para os partidos, e passará a incluir no rol dos seus consentimentos todos os regimes, incluindo o fascista. Liberdade é liberdade, sendo essa que será consagrada na futura Constituição, pretende-se que doravante toque melhor viola quem melhores unhas tiver. De igual forma dar-se-ão por terminados os excessivos expedientes legais dilatórios usados da justiça, os quais a arrastam no tempo e conduzem geralmente à prática de injustiças, e a uma desigual justiça para os ricos, outra para os pobres.

Pairando sobre tudo e todos, garantindo a acautelando os objectivos de bem-estar e riqueza que a nação se propõe oferecer a todos os portugueses, será o SIS transformado numa polícia de cariz eminentemente politico e coadjuvante da acção executora, uma polícia moderna, bem treinada, moderadora de excessos e morigeradora de tentações, sob o lema “Tudo Pela Nação, Nada Contra A Nação”. Uma polícia promotora da coesão e solidariedade nacionais. Em simultâneo proceder-se-á à recuperação dos fortes de Caxias, do Aljube, da Trafaria e de Peniche para que passem a reunir condições para a prática de formação em regime de internato a irresponsáveis, incompetentes e negligentes.

A vida humana e a dignidade serão instituídas como valor supremo a defender a par do mérito, da ética e da moral. Neste âmbito será negociada com Cabo Verde a recuperação do Campo do Tarrafal, impar nas condições ideais de isolamento e concentração que oferece, permitindo que seja ministrada formação e preparação psicológica aos menos crentes dos elevados valores que a nação se propõe prosseguir na perseguição do bem comum, do bem de todos.


Dar-se-á resposta e solução à classe médica, uma classe na linha da frente das necessidades de uma população saudável, feliz, produtiva e reprodutiva. Estudar-se-á uma tabela de actos médicos cujos valores serão estendidos a todo o país quer se trate de entidades públicas quer privadas, acabando com a ilógica e inexplicável concorrência, e pior, animosidade entre sectores público e privado. Porém quanto a carreiras médicas será forçada a escolha entre sectores e proibida a promiscuidade entre os mesmos. A exclusividade deixará de ser uma opção para ser uma obrigação. Idem para os serviços de ensino e onde quer que a medida se justifique.

A este propósito acresce esclarecer que será controlada e vigiada a actividade das ordens. Olhar-se-á sobretudo para que não condicionem, atrapalhem ou prejudiquem a actividade e liberdade dos seus membros, cuja defesa aliás lhes compete. As ordens não poderão constituir um poder paralelo dentro dos poderes que compete à nação exercer.

Será estabelecido para os médicos um regime idêntico ao de militares e juízes. Serão colocados por concurso onde houver necessidade deles. Os que recusarem lugares atribuídos sem forte e comprovada justificação ficarão impedidos de concorrer a vagas na sua especialidade ou carreira durante um prazo de três anos. Adiantamos que em relação aos cursos médicos, e quaisquer outros cursos, desde que administrados por entidades públicas, passarão os mesmos a ser definidos por um valor, valor esse a ser reposto, a ser devolvido aos cofres da fazenda caso o possuidor do diploma abandone território nacional. Todo o sistema de ensino será alvo de cuidadosa apreciação e tabelados anos e níveis de ensino por cada curso. Emigrantes, repetentes e retidos ficarão em dívida para com a nação até ser reposto o valor que os contribuintes, sem qualquer proveito para eles ou para o visado, “gastaram” com esse estudante.

A nação deverá apostar fortemente na paz, como tal deverá ser dada prioridade à recuperação da fábrica de armamento FBP em Braço de Prata, recuperar as fábricas e produções das antigas Berliet e Chaimite. Obter licenças actuais de modelos de ponta e a serem produzidos com o alvo na exportação. Neste item serão reavivados os estaleiros navais e a indústria inerente a qual poderá produzir de embarcações de pesca a navios de transporte, cruzeiros, navios patrulha e corvetas ou fragatas, os designados cruzadores ligeiros, áreas em que existiu no país uma tradição secular e invejável. Proceder-se-á à recuperação de todo esse saber, de toda essa mão-de-obra especializada e competitiva em todo o mundo e que a perda da independência da nação deitou a perder.

Os jovens terão que constituir a charneira do pensamento desta nação nova que se deseja fazer vingar. Num primeiro momento as Forças Armadas apostarão no voluntariado, prepararão os jovens para as artes da paz e da guerra, nas diversas especializações militares, nas artes e nas forças especiais de modo a que possam fazer dessa aprendizagem modo de vida e futuro e que, lá fora, possam representar condignamente a nação intervindo, através de protocolos, acordos e contratos a estabelecer entre países e que contribuam para que à nossa juventude, economia e soberania possa antecipar-se um futuro risonho. A nossa juventude deve, neste item, estar bem equipada e melhor preparada para garantir a paz em qualquer parte do mundo onde sua presença, saber e coragem possam vir a ser solicitadas. Muito há a fazer pelos jovens no sentido de lhes assegurar um futuro digno para que se recupere a felicidade e o equilíbrio demográfico. Num primeiro momento há que fomentar entre eles a preferência pelo arrendamento habitacional, há que libertar os jovens de encargos prematuros com habitação própria. Há que contribuir para a sua mobilidade e liberdade de movimentos total, há que evitar que fiquem amarrados à casa, evitando a vergonhosa situação de sobrarem ofertas de emprego num lado quando a procura surge noutro. Os jovens não andam com a casa às costas nem podem dar-se ao luxo de a vender por tuta e meia para acudirem a um emprego numa cidade distante. Como iriam comprar outra ? O arrendamento é a solução que deveria ter sido pensada e fomentada desde sempre. Impõe-se o controle do mercado habitacional de arrendamento e do valor das rendas a nível nacional.

À nação compete estabelecer, cumprindo, fazendo cumprir e vigiando, um verdadeiro Contrato Social com o povo português, tornando-o confiante, capaz, competente, responsável, feliz e rico. Foi dentro desse espirito que se proibiu com caracter de urgência e a quem já tenha exercido funções políticas de voltar a exercê-las por um período de dez anos, salvo excepções devidamente justificadas e autorizadas. Politicamente a divisão administrativa do país sofrerá dentro de pouco tempo reformas inimagináveis mas necessárias à garantia do nosso futuro. As ideias de regionalização e de descentralização foram já colocadas de parte por inapropriadas. Num país pequeno como o nosso, dispondo de tecnologias de comunicação como as que actualmente existem é dispor de um país na palma da mão. A todo o momento existe acesso à realidade, às estatísticas, e a todo o momento se pode governar um país como se ele fosse uma pequena região. Negar este facto é cair na demagogia.

Para além das medidas que se impõem de imediato para colmatar o desequilíbrio interior / litoral em vigor desde há quarenta anos, não serão tomadas mais medidas que fragilizem ou despedacem a coesão territorial. Doravante não contaremos com mais de cem concelhos ao invés dos mais de trezentos actuais. O número de freguesias será reduzido em cinquenta por cento. Os futuros Presidentes de Concelho serão nomeados pela Presidência da Nação, os vereadores serão escolhidos através de listas nominais, não haverá lugar para listas partidárias. Por todo o país correrão listas sem partidos, estes foram considerados pelo "Conselho da Presidência" os culpados pelo nepotismo, corrupção e compadrio que levou a nação à bancarrota por quatro vezes e por uma situação insustentável que ora se pretende contrariar. Nenhum eleito poderá exercer mais de três mandatos interpolados. Quem já exerceu funções políticas foi proibido de o voltar a fazer.

Depois de todas estas medidas, e naturalmente de outras que o presente e o futuro aconselhem, é esperar, rezar e esperar, o trinómio Deus, Pátria, Família será de novo o anjo de protecção deste povo. Tudo faremos para o conseguir, legislaremos antecipando o futuro, estabeleceremos objectivos, prazos, metas, responsabilidades, desígnios, rácios, percentagens, legislaremos preparando esse futuro, e faremos obrigatoriamente o balanço no fim de cada ano.

Deus nos ajude. Tudo Pela Nação Nada Contra a Nação !

Viva Portugal !


* “Sonho de uma Noite de Verão” no original: A Midsummer Night's Dream, peça teatral, autoria de William Shakespeare, comédia escrita em meados da década de 1590.

sábado, 4 de agosto de 2018

526 - SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO * 6 .........



  “SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO, UMA GOLPADA FICCIONADA”


Recapitulemos os pontos anteriores. O modo como esta nossa democracia corrupta se foi instalando, o movimento de capitães, a origem do 25 de Abril de 1974, quem sabe se não poderia acontecer tudo de novo, nada é impossível, não dizem constantemente que a história se repete ? Não tem aparecido ninguém com carisma, quem seja capaz de se afirmar, estadistas assim aparece um de cinquenta em cinquenta anos, estará na hora de aparecer esse homem providencial. A aparecer que apareça quem nos arraste. A manobra nem teria que ser muito diferente do que foi em 74, garantir a fidelidade de militares fiéis e patriotas, declarar sem alarme o estado de emergência, pois seria de uma emergência que efectivamente se trataria, apelar à compreensão nacional e internacional pela luta da nação, pela sua sobrevivência e independência, pela recuperação das suas economia e soberania…

Tomar o poder pela força, não há outra solução, os partidos nunca abrirão mão do controle politico da nação, vai ter que ser à moda do vai ou racha, ou todos direitos ou todos marrecos, ou todos felizes da vida ou todos lixados, o país é de todos e não de uns quantos privilegiados. Tomar o poder numa posição equivalente à de um Presidente num regime presidencialista, dissolvendo a AR, e substituindo-a por uma câmara de conselheiros presidenciais.

Declarar sem alarde o estado de emergência, pois é duma verdadeira emergência que efectivamente se trata. Apelar à compreensão para a luta nacional e patriótica pela independência, sobrevivência e recuperação da nação. Conquistar e assegurar a simpatia e adesão de importantes chefias militares e paramilitares para a causa nacional, uma causa de sobrevivência e independência a que a PSP e a GNR não poderão ficar indiferentes.  

Dissolver a actividade partidária e proibi-la mesmo enquanto vigorar o período de excepção sem que, por enquanto, se extinga ou proíba ainda a existência dos partidos, dar tempo ao tempo, dar folga, não apertar demasiado sem necessidade ou justificação mas nunca tirando o olho do burro nem do cigano.

Convidar os mídia a adoptar uma posição e atitude positiva, de bom senso, não hostilizando a politica democrática e patriótica de recuperação da independência da nação que se está tentando instaurar, conquistando-a para a causa, contudo, encerrar de imediato jornal, revista, rádio ou estação televisiva que reiteradamente teime não adoptar as medidas aconselhadas.

Naturalmente impor-se-á o restabelecimento e controle de fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, apelar ao sentido patriótico de todos os portugueses, formalizar a igualdade entre eles, formal e informal, fundir num só todos os sistemas e subsistemas de saúde dos pescadores aos bancários, dos privados aos servidores públicos do estado, dos militares aos civis é somente um mero exemplo. A longo prazo tentar a recuperação para a nação do controle da banca e dos seguros, da energia, da distribuição, dos transportes e rodovias, portos, aeroportos, auto-estradas, vias férreas, terminais de contentores etc. Abrir todos esses sectores à concorrência e acabar com monopólios, de modo a enfraquecer a posição dos instalados e tornar mais fácil a sua recuperação pela Nação.

Redigir um Plano Nacional Quinquenal de construção, reparação e recuperação de hospitais, estradas, pontes, fábricas, em especial as cimenteiras, caminhos-de-ferro, portos, aeroportos e todo o tipo de estruturas cuja necessidade se manifeste.

Obrigar ao estabelecimento da modalidade “Balcão Móvel” por parte dos municípios, (cuja associação nacional será extinta por inutilidade) balcão que terá como finalidade levar os serviços autárquicos e pessoal técnico das edilidades a deslocar-se à morada do promotor / empreendedor / investidor / empresário, para os acompanhar nos seus esforços de investimento e lhes apontarem soluções resolvendo-lhes os problemas surgidos. Qualquer empresário terá somente que se dirigir aos serviços da autarquia uma única vez, a primeira. Limitar as despesas dos municípios com pessoal a 20% das receitas efectivamente obtidas pelos serviços. Gradualmente assistir-se-á à privatização, com entrega a cidadãos nacionais, de serviços básicos como recolha de lixo, limpeza, esgotos e águas, paulatinamente outros serviços serão igualmente privatizados, libertando as autarquias de áreas fora da sua vocação e fomentada a concorrência entre esses mesmos serviços, como transportes rodoviários locais, regionais, inter-regionais e nacionais.

Forçar o IEFP a ser parte activa na recuperação da economia e soberania da nação, e desafiá-lo a adoptar uma atitude menos burocrática, mais proactiva, palpável e prática. Fomentar e acarinhar o aparecimento e desenvolvimento de empresários e industriais nacionais, de famílias tradicionalmente investidoras e detentoras de capital nacional, e sensibilizá-los pra a responsabilidade social do seu papel ante os portugueses e a recuperação da economia e soberania nacionais. Apelar ao seu sentido patriótico e de dever para com a nação.

Convidar ao retorno de todos os capitais sedeados em offshores. Findo o prazo pena pesada para os prevaricadores, apreensão das verbas envolvidas que reverterão a favor do estado. Congelamento de vencimentos, pensões e carreiras de modo a serem rápida e judiciosamente revistas. Imposição de um patamar mínimo e de um tecto máximo,  a exemplo da rica Suíça. Reforço das pensões para valores mínimos aceitáveis a fim de manter uma velhice digna. Garantia de que nenhum cidadão nacional será tratado de modo desigual perante o fisco ou de quaisquer outras formas e em relação a qualquer outro cidadão estrangeiro residente em Portugal. Proibição de recebimento de pensões duplas ou triplas. Proibir o duplo emprego desde que a soma dos valores envolvidos iguale ou ultrapasse o valor da mediana X  a determinar.

De igual modo, e enquanto durar o período de excepção de recuperação da economia nacional, será extinta a autonomia universitária. Serão confrontadas todas as entidades dedicadas ao ensino superior e convidadas a tornarem-se fonte de receitas e não um escoadouro dos parcos dinheiros da nação. Serão desafiadas a uma prova de vida, a provar que merecem existir e continuar, não se remetendo à confortável situação de esperar pelos fins de mês e transferências do orçamento, antes contribuindo com o saber dos seus sábios para a contribuição e superação dos seus próprios custos de funcionamento. Serão extintas no ensino superior as licenças de abertura de novos cursos de papel e lápis, e mesmo os já existentes serão gradualmente encerrados de modo a não prejudicar os alunos inscritos nesses cursos. Todo o ensino superior será reduzido e condicionado a uma tipologia de formação conforme aos interesses da nação. Nesse contexto e reiterando o dito no início deste capítulo, serão condicionados os cursos de cariz histórico / psicológico / filosóficos e de letras, repete-se, enquanto durar o período de excepção de recuperação da economia nacional.

No que concerne ao ensino secundário será este alvo de uma profunda avaliação dos professores, cujas férias serão reduzidas, tal como as dos juízes e as de todas as classes aos 22 dias uteis da praxe, prazo que em caso algum será ultrapassado. Nos estabelecimentos de ensino secundário público, a gestão de cada escola será entregue aos professores do quadro permanente e às associações de pais respectivas. Qualquer recusa na assumpção desta tão nobre missão dará, no caso dos professores, imediata colocação fora do sistema de ensino, e à interdição de participação em quaisquer associações de pais no inerente a estes últimos. Proceder-se-á ao reforço da língua portuguesa e inglesa, do ensino básico ao superior, idem para o estudo das matemáticas e ciências. Deverá ser efectuada forte aposta nos cursos técnicos e técnicos científicos.

Estabeleceremos uma série de fortes medidas e incentivos no apoio a empresas detidas por nacionais que se proponham substituir importações, e igualmente às exportadoras já instaladas e a instalar. Restabeleceremos a confiança e segurança de empresários e de empresas, a nível laboral, fiscal e social,. Em nome da estabilidade será dado fim aos contratos a termo, aos precários, e as tabelas de vencimentos terão caracter abrangente e nacional de acordo com mérito, produtividade, absentismo e habilitações para a função. Extinção imediata do SMN, liberalização regulamentada dos despedimentos, deixaremos actuar o mercado, a concorrência e haverá liberdade de escolha e de recusa de salário ou de emprego. Todas as empresas, desde que acumulem mais de cem funcionários, abrirão obrigatoriamente creches gratuitas, estas creches ficarão abertas às empresas envolventes, podendo ser subsidiadas pela Segurança Social. Será restabelecido o horário de quarenta horas para todos, e dar-se-á continuidade à gestão transparente de um banco de horas. Em nenhum caso a remuneração dos rendimentos financeiros ou especulativos poderão ser percentualmente superiores à remuneração dos rendimentos do trabalho. Todos vivemos e sobrevivemos na economia real, e essa realidade, equidade e igualdade terá que ser um fiel para todos.

Deverá proibir-se liminarmente, e enquanto durar o período de excepção de recuperação da economia da nação, toda e qualquer actividade sindical. Imposição aos sindicatos de listas para os corpos sociais determinadas por decretos emanados pela Presidência da Nação. Imposição do modelo de greves sem paragem laboral, à moda japonesa. Cada operário em greve colocará uma braçadeira amarela no braço a fim de ser exactamente apurado o número de grevistas e, se superior a 50% dos efectivos totais envolvidos, gerar obrigatoriamente no prazo de um trimestre reuniões “conclusivas” entre administrações empresariais e o sector grevista.

Estas são as primeiras medidas, as mais urgentes, aquelas que deviam ter sido tomadas de há quarenta anos para cá e que teriam evitado ter-se chegado ao ponto a que se chegou, fazendo nossas as palavras de Salgueiro Maia proferidas há quarenta e quatro anos, hoje diríamos que:

“Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados democráticos e o estado a que isto chegou ! Ora, nesta aventura solene, iremos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser, estará connosco, estará do nosso lado, e acabaremos com isto. Quem é voluntário alinha. Quem não quiser não é obrigado e ficará vendo o país progredindo.”

A Presidência Da República e o seu Conselho darão amanhã a conhecer as restantes medidas que a urgência da situação exige afim de salvar de si mesmo todos os portugueses !

Tudo pela Nação, nada contra a Nação !

Viva Portugal !
  
             …………………  continua …………………….


7ª e última parte - 527 - “UMA GOLPADA FICCIONADA, A ANCORAGEM DO PODER”



* “Sonho de uma Noite de Verão” no original: A Midsummer Night's Dream,  é uma peça teatral da autoria de William Shakespeare, comédia escrita em meados da década de 1590.


sexta-feira, 3 de agosto de 2018

525 - CONVERSAS COM A NETINHA LEONOR ...



Hoje passei a manhã com a minha netinha e almoçámos juntos. Calhou assim, não é costume mas a Luisinha estava desde as oito em oncologia fazendo químio… De vez em quando encontramo-nos no café do bairro, ali é mais fácil esbater as formalidades usadas em casa, no café informalidade e alegria surgem espontaneamente, de forma irreverente e inopinada e a distância entre nós naturalmente desvanece-se, sentados ficamos da mesma altura e à mesma altura.

O tema da conversa começou nem recordo porquê pelo séc. XVIII, talvez por que tivéssemos anteriormente combinado o encontro para rever nas férias história e geografia. A verdade é que acabámos por nos centrar na "Passarola" do Padre Bartolomeu de Gusmão, nos balões que fogem das mãos das crianças subindo no ar, diversão tão comum na China, até chegarmos por maiêutica aos conceitos de mais leve que o ar, da pressão atmosférica, de que o ar quente é mais leve que ar frio, de que o ar tem peso, de que o ar tem força e exerce pressão sentindo-se se, com o carro em andamento meteres a mão fora da janela...


Mas cuidado, tal não se faz, não arrisques ficar sem a mão ou sem o braço, foi assim que o francês do InterMarché do Frei Aleixo ficou sem o braço esquerdo, por descontraidamente o levar apoiado na janela quando lhe foi atrozmente arrancado pelo cotovelo ao cruzar-se com e raspar num camião.

Há quem tenha ficado sem a cabeça à conta destas parvoíces, com os miolos todinhos espalhadinhos pela estrada daaaaahhhhhhhhhhhh que nojoooo !!!!!

e bla bla bla por vias e travessas lá chegámos à conclusão de que sem a protecção e a pressão do fato espacial, na lua, que não tem atmosfera, peso, pressão, um astronauta simplesmente explodiria, e etc etc etc.. É que na terra o ar tem peso e muito,  é um quilo por cm2 será o equivalente a 2 ou 3 autocarros, vá lá, ficaremos a meio, dois autocarros e meio em cima de cada um de nós, sempre.
É mesmo assim, não torças o nariz, o avô não está a embarrilar-te,  é que ainda que o ar seja extremamente levíssimo não é isento de peso. Cada um de nós tem em média uma superfície de pele no corpo aproximadamente igual a 1 metro quadrado, um nadinha maior que o tampo desta mesa. Sabendo isso imagina o que cada pessoa aguenta, 1 cm2 é igual a esta unha, quantas vezes cabe no tampo da mesa ? Quantas ? É esta força extrema da pressão atmosférica que suportamos, carregamos sempre até a dormir, e só não sentimos nada nem somos esmagados por esta força porque o ar que está contido no corpo se equilibra com o ar de fora. Olha, como os balões que ora sopramos e enchemos ora sorvemos até os espalmarmos, a pressão que actua de fora para dentro e de dentro para fora do balão, ou do corpo anula-se a ela mesma. 

          Foi um príncipe francês, Pascal quem descobriu há quatro séculos este estratagema e um dia havemos de falar deste Blaise Pascal e do seu Princípio de Pascal. Era um tipo curioso, a brincar a brincar aos 19 anos construiu a primeira máquina de calcular imagina. Uma criança a quem o pai recomendou o estudo da história, da geografia, como estamos fazendo, e da filosofia que tem que ver com a pergunta que te fiz há um ou dois meses e cuja resposta ainda espero, eu tenho tempo, e paciência, só quero que me digas qual o sentido da vida e quando te sentires segura podes vomitar o que pensas sobre isso. 

          Falaremos então sobre esse tema, OK ?


E ao abordarmos o tema dos chinocas do Bartolomeu e da Passarola, ao falarmos em balões, a conversa tornou-se festiva e a carinha dela sorriu como se estivéssemos numa festa. O senhor Nuno animou a coisa e trouxe-me o suspiro habitual, a recarga de açúcares das onze. Como ela se adiantou e me xingou a cabeça por causa dos doces, eu acusei o ataque, cortei-lhe o pio e saquei da história do Hindemburg, aquele balão fenomenal e extraordinário que se incendiou resvés de Nova Iorque, aproveitei a maré e quando demos um giro pelo Youtube p’ra ver a cena macabra a carita de gozona passou-lhe logo. Com mulheres um homem tem que estar sempre preparado e com resposta pronta.

Fez uma cara de quem cheirou carne esturrada mas depressa lhe passou, falámos do hidrogénio inflando-se como um fósforo amorfo e na qualidades do hélio, que não se incendiaria e actualmente enche os balões das festas da criançada por ser inofensivo, falámos de novo nos tais milenares balões de papel chineses e fizemos uma pausa e um suponhamos, de que o padre Bartolomeu provavelmente conheceria os balões dos chinocas antes de se meter a fazer a Passarola...

P’lo fim da manhã deduzimos que, como no Brasil não o deixaram lançar a Passarola, já imaginaste Leonor o tamanho do Brasil, o gigantismo daquela floresta imensa  ? Seria um perigo, daria um incêndio para nunca mais acabar. Mas o padre Bartolomeu era esperto, veio para Portugal onde somos todos maneses menos o Marquês de Pombal, que reconstruiu a baixa com uma grelha lógica mas quem sem lógica nenhuma meteu outros na grelha do grelhador da Santa Inquisição e, como se isso não bastasse expulsou os jesuítas, que sabiam tanto ou mais que o príncipe Pascal. Quando se quis redimir e perdoou os judeus era já tarde, poucos ou nenhuns cá tinham ficado, e assim ditou a nossa pobreza franciscana.... A nossa pobreza de espírito…

Adianto-vos que, como ela netinha facilmente pôde concluir, sobre todas estas inteligências paira o avô dela, eu, eu e o Hélio, mais leve que o ar, mas das qualidades do Hélio falaremos amanhã, era bom tipo o Hélio  😊

Agora só cá para a gente, era um bom sacana o Hélio ...

Bem, e já cá estamos no amanhã que é o hoje e o agora, começámos realmente pelo hélio, eu ontem mentira-lhe, sem querer claro, dissera-lhe que o hélio enchia o Hindenburg se incendiara e afinal o hélio é inofensivo e quem mandara o Zeppelin digo o LZ 129 Hindenburg abaixo afinal fora o hidrogénio, um gás muito instável e facilmente incendiável. Mas se estiveram atentos terão reparado que no texto eu já corrigira esse erro crasso.

Ontem estavas na maré baixa avô, mas o erro foi pequeno, eu percebi a ideia, não se enchem balões com ares perigosos como aquela gente fez.

Pois não e por falares em maré qual julgas tu que é maior, a Terra ou a Lua ? Ou não estás em maré de précuras e answers hoje ?

Também tens direito aos teus dias não será ? :P  

Ora essa é fácil, a Terra.

Pois é tens razão olhando e comparando a Terra e a Lua parece-nos grávida a nossa Terra, ta mais cheiinha, tá grávida e com gravidade, que sabes tu da gravidade ?

Sei que se não fosse ela andávamos voando pelos ares.

Muito bem, como os balões não seria ?  E já agora qual delas terá a maior gravidez ? Digo gravidade ?

E foi aqui que ela embatucou e para a destravar, para a soltar, lhe perguntei o que queria.

Nada.


Querida, o senhor Nuno alugou ou comprou o café, paga uma renda ou uma prestação mensal para nos poder proporcionar o prazer de uma mesa, umas cadeiras, temos jornais e revistas, ar condicionado, televisão, música e umas exposições de vez em quando, se queres continuar sentada na cadeirinha dele terás que a alugar um bocadinho, pelo menos enquanto aqui estiveres, ou então fazes uma despesa mesmo pequenina para ele ganhar alguma coisa e poder pagar o aluguer ao fim do mês entendes ?

Olha eu alugo esta mesa e esta cadeira quase todas as manhãs, não alugo, mas faço uma despesita para ajudar o desgraçado porque ele não é meu pai, nem teu avô perxebes ? Isso, OK vai lá buscar uma água então.

Ora vamos lá ver esses livros que aí trazes. Mas tu afinal só queres respostas ?? E as perguntas ?? Não te ensinam a fazer perguntas ??  Já é tarde, amanhã pedimos duas doses, uma de Heliocentrismo e outra de Geocentrismo, servidas numa taça de gravidade queres ?? :P


…………………….. continua …………………………

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

524 - SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO * 5 .........




O modo como esta democracia foi instaurada e instalada, por militares ignorantes das coisas da política, e por políticos sabedores em demasia do mesmo mister, conduziu a que fosse entregue de mão beijada nas mãos dos partidos, deixada a desejo das jotas, ao sabor dos aparelhos partidários, dos boys, padrinhos, afilhados, sobrinhos, tios e tias e até das concelhias. De tal modo que o povinho esse, é quem menos ordena, ordena ainda menos que no tempo da outra senhora… Mas tem outras qualidades, goza a vida, produz pouco, pouquíssimo, mas reivindica muito, luta pelos seus direitos, furta-se a quantos deveres pode e vive à margem das guerras da produção, da produtividade, da rendibilidade, não fosse o tempo demasiado quente e viveríamos no paraíso.

Lamentavelmente não tem aparecido ninguém com carisma, com saber e eloquência, falando verdade a este povo crédulo explicando a toda a gente as consequências do caminho trilhado. Não tem aparecido quem entusiasme, quem arraste multidões, quem seja capaz de se afirmar pela sinceridade e dê a volta a isto, que apresente um projecto de futuro, mobilizador e agregador. Em suma não tem aparecido ninguém com tomates. Segundo as estatísticas, estadistas assim abonados aparece em média um de cinquenta em cinquenta anos, ora estamos em 2018, é hora, estará na hora de aparecer esse homem indispensável e providencial.

A aparecer que apareça quem arraste tanta gente quanto o “Presidente Rei” Sidónio Pais arrastou em 1917/18, ou Salazar, o salvador da pátria. É óbvio que terá a tarefa dificultada por todas as peias e entraves que esta democracia estendeu a si mesma, de tal modo que nem se deixa medrar, nem a ela nem à nação. Esta democracia instalou todos os mecanismos que potenciam o nepotismo e a corrupção e nenhum que a tire do poço ou do marasmo que a si mesma se concedeu e apadrinhou.

A democracia, todos o sabemos, é o sistema da maioria, a maioria é o vulgar (não quis usar o termo ordinário, contrário de extraordinário) e o vulgar, o ordinário é o mais pobre, das ideias aos valores, princípios e conhecimentos, os quais não se importa de espezinhar e aviltar em proveito próprio. Da vulgaridade nada de extraordinário deve ser esperado, nunca a nossa história registou os feitos de homens vulgares, nem os houve. Estamos então confessados, esta democracia tem sido a nossa perdição, não é o caminho da salvação e já muita gente o percebeu.

Há dois mil anos já os romanos o tinham percebido, sendo o Senado quem legal e legitimamente, em situações de crise, nomeava um ditador, a quem atribuía poderes máximos, definia objectivos e prazos. Precisamente o oposto do que se passa neste país, onde a democracia não resolveu nenhum dos nossos problemas mas nos trouxe imensos. O problema da democracia é não ser a solução para os todos males, nem se adaptar a determinadas situações ou populações. Tal como a fruta tem o tempo próprio para ser colhida, armazenada, transportada e fruída, também a democracia exige condições pré-determinadas para ser vivida e vivenciada.

O que nasce torto tarde ou nunca se endireita e a voragem dos políticos, a corrupção, a irresponsabilidade e a incompetência são males que assolam Portugal e têm a idade desta disfuncional democracia, pois logo a seguir ao 25 de Abril deviam ter-se traçado os eixos prioritários que definiriam a sustentação estrutural do país, o seu esqueleto digamos, ou exo-esqueleto, mas tal não se fez, e nunca mais foi feito. Não o foi no aspecto concernente a aeroportos e portos, nem nos aspectos rodoviário, ferroviário, ou marítimo, nem no sistema de ensino ainda aos trambolhões, tal qual o sistema de saúde e segurança social se encontram actualmente. Não tivesse o SNS sido erguido nessa altura e não o seria de certeza. Outros aspectos desta estrutura foram igualmente esquecidos, ou torpedeados, como aconteceu com a agricultura e as pescas. A economia e a indústria nunca mereceram qualquer atenção especial, e quanto à banca, seguros e energia pensou-se nelas sim mas apenas para apurar por quanto as alienar.

Do que se conclui viver Portugal um momento excepcional da sua história, um momento em que somente gente excepcional será capaz de tomar e assumir medidas excepcionais, será capaz de nos emocionar, empolgar, mobilizar, arrastar, levantar o moral, tornar a moralidade e a ética valores a respeitar, tornar a justiça célere e justa, exemplar e acessível a todos, começando por acabar com os expedientes dilatórios os quais permitem todo o tipo de tropelias absurdas e os atropelos e injustiças que todos conhecemos.

Vivemos como todos sentimos, uma situação excepcionalmente negativa da nossa história, precisamos de um líder excepcional e de soluções excepcionais. Alguém por sua vontade e imposição deverá, terá que se erguer e tomar em mãos as rédeas desta nação e voltar a fazer dela uma nação. “O fraco rei faz fraca a forte gente” ensinou-nos Camões, é hora de todos trabalharmos pela nação, é hora de tudo fazer pela nação. É de novo tempo de erguer as mãos, pegar em armas e lutar por Deus, Pátria, Família, autoridade, um corpo só, um por todos, todos por um, um pé no pescoço dos recalcitrantes, uma polícia que modere excessos e capaz de morigerar tentações. Eça tinha razão, a democracia fica-nos curta nas mangas, não foi feita para nós.

Voltamos ao eterno dilema, que fazer ? Sair da UE sem ruido para não se perder esse enorme mercado mas podermos tomar as rédeas da governação da nação. Pirueta difícil mas não impossível. E não sair do Euro, não sair do Euro por nada, se a Inglaterra pôde fazer parte da Comunidade Europeia sem fazer parte dos países do Euro, talvez nos fosse possível continuar no Euro sem estar oficialmente na comunidade, talvez a UE respirasse de alívio com a nossa saída, de qualquer modo é uma ginástica a ser tentada. Manobra a ser tentada em simultâneo com a garantia da continuidade pelo respeito e cumprimento do acordado com empresários, actividade empresarial, investidores e credores, tentando que as Agências de Rating não passassem de nós uma imagem assustadora para os mercados.

É evidente que uma manobra destas só acontece em sonhos, mas também ninguém esperava o bambúrrio do 25 de Abril e ele aconteceu. Mais a mais poderá sempre aparecer um personagem patriótico estilo Jaime Neves e colocar o orgulho do país na frente de tudo o resto. A época é propícia, os militares do Exército furtam-se a falar na comissão de inquérito parlamentar ao caso das armas roubadas em Tancos, os da Força Aérea estão a braços com um processo de desvio de milhões nas verbas para aprovisionamento das cantinas, a Marinha encolhe-se sempre que ouve a palavra submarinos. Havendo razões de sobra para alguém tentar pôr esta merda novamente de pé reconquistando o prestigio das Forças Armadas e repondo a sua honra.

E quem sabe se não poderia acontecer tudo de novo ? De novo e igualmente no encantador Monte do Sobral, na estrada que liga a vila de Alcáçovas a Viana do Alentejo, bem no coração do Alentejo, um típico monte alentejano que em tempos esteve ligado à história recente de Portugal, pois ali se realizou, em 9 de Setembro de 1973, a 1ª reunião do movimento de capitães que viria a dar origem ao 25 de Abril de 1974. Nada é impossível, não dizem constantemente que a história se repete ?

A manobra nem seria muito diferente do que foi em 74, garantir a fidelidade de uns quantos fiéis militares, avançar direito a Lisboa, tomar de assalto pela calada os pontos estratégicos essenciais, firmar posições, afirmar-se no terreno e declarar sem alarme o estado de emergência, pois seria de uma emergência que efectivamente se trataria, apelar à compreensão nacional e internacional pela luta da nação, pela sua sobrevivência e independência, pela recuperação da sua economia e soberania…

                …………………  continua …………………….

    “SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO, UMA GOLPADA FICCIONADA” …



* “Sonho de uma Noite de Verão” original: A Midsummer Night's Dream, é uma famosa peça teatral da autoria de William Shakespeare, comédia escrita em meados da década de 1590.