terça-feira, 23 de março de 2021

678 - CIDADE FANTASMA - UMA IDEIA DE CIDADE ... *****

            

ÉVORA, CIDADE FANTASMA - UMA IDEIA DE CIDADE  

Texto nº 4 (de 12) e publicado no Diário do Sul em 14-08-2000

 

“O que caracteriza a cidade contemporânea é a sua desintegração. Não é pública, no modo clássico, não é doméstica, não é religiosa. É uma cidade fragmentada, caótica, dispersa, a que falta uma figura própria, “a alma”… 

O coração da cidade está hoje desintegrado, continuamos a pensar que os locais de reunião pública, praças, passeios, cafés, onde as pessoas podem encontrar-se e falar são coisas do passado, mas devem ter lugar nas nossas cidades” *

Muitas são as definições de cidade, curiosa a que se segue, de Ortega y Gasset, para quem cidade por excelência é a cidade latina, mediterrânica, clássica, onde “o elemento fundamental é a praça, local de conversa, eloquência, política. Em rigor a urbe clássica não deveria ter casas, mas apenas fachadas, necessárias para delimitar uma praça. A cidade clássica nasce do instinto oposto ao doméstico. Edifica-se casa para se estar nela, funda-se a cidade para se sair de casa e reunir-se com os outros, que também saíram de suas casas” **

 O imaginário de Ortega y Gasset move-se dentro da cidade política, onde se conversa, onde os contactos predominam, e onde a praça é o lugar de tertúlia da cidade, de tertúlia política. Este tipo de cidade, loquaz, conversadora, tem muito que ver com o desenvolvimento da vida citadina, e na medida em que diminua a loquacidade, declina o exercício da cidadania, na esteira da pólis e da ágora gregas.

 As cidades anglo-saxónicas, caladas, reservadas, têm em vida doméstica o que lhes falta em vida civil. Os anglo-saxónicos fecham-se em casa, nos bares ou pubs, onde alegre e salutarmente convivem, são o contraste entre cidades domésticas e cidades públicas, como a nossa era.

 Na cidade muçulmana no existe a praça como elemento de relação pública, a função da praça é exercida por um pátio na casa, o espaço privativo, ou na mesquita, nesta última não se trata de política, mas sim de religião, de meditação, não é um espaço público como nós latinos o entendemos. Na civilização muçulmana o único lugar que adquire vida é o mercado, alcaçaria ou bazar, que satisfaz necessidades públicas mas meramente funcionais. A cidade muçulmana baseia-se na vida privada, a anglo-saxónica é doméstica, a latina é pública.

 Aos eborenses de hoje tiraram a praça, ou as praças, tiraram esplanadas e cafés, (café Arcada e café Portugal), tiraram pontos de encontro e de tertúlia, deram-lhes em troca Malagueiras, tornaram-nos abúlicos, coarctaram-lhes a participação, deram-lhes lugares para comícios cuja moda foi bem passageira, foi isso que fizeram com a Praça Joaquim António de Aguiar, e com a Praça do Geraldo (ou do Giraldo, há meses com candeeiros no tabuleiro que nem funcionam e sem bancos para nos sentarmos), foi como se nos tivessem tirado a alma. Que nos deram em troca ? Uma cidade despovoada quando a noite chega, onde durante o dia é impossível circular ou estacionar, uma cidade de onde só nos apetece fugir. Que correu mal ? Por que temos numa cidade tão pequena os males das grandes metrópoles e não as suas vantagens ?

 “A cidade é uma linguagem de direitos e deveres” *** Por que temos só deveres ? Quem nos roubou os direitos ? Ainda estamos a tempo de evitar o crescimento e as transformações incongruentes ou males maiores, apesar da cidade ser constituída por áreas congestionadas e zonas diluídas pelo campo, não existe nela a vida de relação, nem pode existir, ou por asfixia o por dispersão… O homem sofre nela tantos e tão diferentes estímulos que acaba por se encontrar totalmente desintegrado” *

 A apatia dos eborenses em relação à sua participação cívica pode muito bem radicar nestes pressupostos, os eborenses encontram-se, não se reúnem, falam, não comentam, observam, não analisam, registam, não criticam, sobrevivem, não vivem. Acomodaram-se à situação, não reagem, não agem, não interagem. 

Tudo lhes passa ao lado como se nada lhes dissesse respeito, habituados que estão a ninguém lhes pedir opinião. De tudo se alheiam, não compreendem já quais os seus direitos. Alguém faz, alguém manda fazer, não sabem quem ou porquê, nem importa quem ou o quê, consta que são sempre os mesmos, por isso a cidade não é “linguagem”, mas um complexo divórcio há muito consumado.

 “A composição urbana refere-se a critérios de decisão de ordem estética e funcional, não pode ser abordada sem uma sólida cultura arquitectónica, histórica e política, privilegiando os aspectos técnicos, sociais e económicos” ****  

“O urbanista hoje terá que deixar de ser um especialista que impõe soluções em nome da sua competência, para se tornar uma espécie de animador cultural, social, encarregado de liderar o debate e favorecer a emergência de consensos, envolver as populações, conquistadas pela razão dos seus argumentos” **** 

Neste caso, o exemplo do modo como foi conduzido o processo do Aterro Municipal é claramente elucidativo do muito que há a aprender...


 Na próxima crónica um mergulho nos meandros que poderão estar na origem do crónico subdesenvolvimento de Évora, crónico mas típico, tão típico que qualquer dia colocam um eborense ao lado dos Meninos da Graça, para inglês ver.

 

***** ATENÇÃO !! 
NESTA SÉRIE TODOS OS TEXTOS TÊM VINTE ANOS !!!!!
MAS ESTÃO ACTUALISSÍMOS ....

Texto escrito em 29 do 6 de 2000, e publicado no Diário do Sul em 14-08-2000.

* Fernando Chueca Goitia in “Breve História Do Urbanismo”,  Presença

**  in “The Writings Of Josep Lluis Sert”  (Arquitecto e Urbanista)

 *** Leonor Coutinho in “Seminário A Política Das Cidades”,  2/97

**** Jean Paul Lacaze  in “A Cidade De Urbanismo” ,  Instituto Piaget



segunda-feira, 15 de março de 2021

677-CULPA DA ESQUERDA, CULPA DA DIREITA?

               


Das duas. Uma porque armada de uma superioridade moral a que nunca teve direito e de uma ignorância impar, a outra porque se acovardou e encolheu, deixando sem defesa os valores que sempre defendeu, conservadorismo e constância.

A esquerda pegou no estandarte do progresso e ergueu-o sem reparar que a bandeira se encontrava de cabeça para baixo no mastro e o resultado, está à vista.

A direita, órfã desde a morte de Sá Carneiro, entreteve-se a incensar quem quer que lhe aparecesse com um carro novo a estrear ou a rodar… Não querendo ser confundida com a extrema esquerda caceteira, a quem nunca barrou o caminho, salvando-se….  Fechou os olhos ao pároco Melo, e deste modo os mártires padre Max e a estudante Maria de Lurdes viriam a abrir caminho a Otelo…

E às Brigadas Revolucionárias das Forças Populares 25 de Abril que operaram em Portugal entre 1980 e 1987 período durante o qual meteram bombas por onde quiseram, tendo sido directamente responsáveis por treze mortes às quais há a acrescentar as mortes de quatro operacionais das ditas brigadas. Brigadas que foram autoras de dezenas de atentados a tiro, de outros atentados com recurso a explosivos e de alguns assaltos a viaturas de transporte de valores, a bancos, tesourarias das Finanças Públicas e empresas diversas geridas ou propriedade de “fachos”…


A sua actividade acabou num mega julgamento inconclusivo por incapacidade de identificar claramente os culpados ou por, hábito português, prescreverem os processos…

A direita abriu o caminho e a esquerda percorreu-o correndo sem pensar, ainda hoje não parou, ainda hoje não pensa e regularmente o efeito das suas decisões resulta no contrário da ideia que inicialmente as animava. Cegueira ? Talvez, mas muita ignorância isso sim.

A direita sentou-se à mesa de babete ao peito mantendo os velhos snobismo e marialvismo, esquecendo tradições milenares de honra, de defesa da pátria, do nacionalismo, da lealdade, da religiosidade, coisas, atributos que lhe foram tão caros mas contudo deixou cair no chão e enlamear.

E durante quarenta anos ninguém gritou aqui d’el-rei que o dito vai nu ? Nem os militares ? A quem encheram a pança de mordomias e o peito de caricas de lata mas nos lembram a toda a hora serem o garante último da defesa da liberdade desta nação ? Liberdade ? Agora que nada é nosso ? Não foi só o paiol de Tancos que foi roubado nas barbas deles ! Foi um país inteiro ! Comeram-lhes as papas na cabeça ! A eles e a nós ! E era louco o Medina Carreira ? E está louco o Venturinha ? E ninguém viu nada ? Quarenta anos a descer para um abismo e ninguém viu ? Ninguém disse nada nem quando a divida disparou que nem um foguete ? Depois admiram-se dos quinhentos mil votos que ninguém sabe de onde  apareceram…  

E agora ?

Agora bate chapas e tinta Robbialac.

Agora estão aí mui amiguinhos esquerda e direita para retocar a fachada a este chaço velho cansado por 46 anos de diatribes, dando-lhe a aparência duma cara nova e preparando-o para mais umas décadas, talvez debaixo do signo maligno de uma novo regime, ou não é a Constituição Da Republica Portuguesa uma vaca sagrada que alimenta muita gente enquanto emagrece este povinho e lhe leva couro e cabelo em custos no veterinário ?

A nossa CRP, como qualquer outra Constituição, prevê ela própria modos e modelos de regime e de mudanças legalmente enquadradas portanto, força, temos a lei do nosso lado e só nos faltam os votos para virar e revirar as coisas de pantanas até ficarem direitas, até ficarem como deve ser pois este país virou uma bagunçada corrupta a que nenhum partido quer dar fim por se lhe acabar a mama…  

Força pessoal !! 

Força rapaziada !!




 


sexta-feira, 12 de março de 2021

676 - OS MUI GRANDES BURACOS DE ÉVORA ...

 

         

        OS BURACOS E O PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE


 O princípio da subsidiariedade mais não é que a garantia financeira da autonomia do poder local, e traduz-se na atribuição dos poderes financeiros da Administração Central através do Orçamento do Estado, transferindo anualmente recursos para os municípios, numa lógica “dos que podem para os que precisam” 

As autarquias locais apesar de serem autónomas, também são afectadas pelas opções do estado que nelas descarrega funções, sociais, educativas e muitas outras. Para compensar o mesmo estado promove desde que a CRP foi elaborada e entrou em funcionamento, por meio do cumprimento desse preceito constitucional, uma justa repartição dos recursos, para que os concelhos mais pobres, sem empresas, sem meios, sem ter como nem onde obter receitas, possam fazer face às necessidades e ganhem a possibilidade de abandonar a pobreza e prover ao seu desenvolvimento.

Não somente é feita uma sangria aos impostos dos concelhos mais ricos em favor dos mais pobres, através das transferências do Orçamento de Estado, como ao longo destes quarenta anos o processo tem evoluído, por isso hoje são permitidos aos municípios prover o aumento do número dos impostos locais, socorrer-se de mecanismos de perequação financeira, sendo-lhes inclusive permitida uma maior autonomia tributária de molde a aproximar a cobrança da receita à realização da despesa, por um lado, e tanto quanto possível respeitar os direitos dos contribuintes, um equilíbrio muito difícil de conseguir na prática.

Tem sido muito difícil conseguir uma eficiência minimamente razoável nas decisões políticas quanto à realização da despesa local, desequilíbrio que vulgarmente é constatado pela observação do aumento do número e volume de impostos sobre os munícipes cuja cobrança está atribuída aos municípios. O inverso, o alívio fiscal com origem nos municípios raramente é observado.


Temos que ter em conta que em Évora o poder local conta há mais de trinta anos com a atribuição de uma parcela significativa de receitas retiradas aos outros municípios através do FEF (Fundo de Estabilização Financeira) e de outras comparticipações, mecanismos e subsídios do Estado (59% da receita da CME em 2021, mais de metade da receita, virá de transferências do orçamento...) * bem como do recurso ao crédito, medida esta da qual tem abusado, pois como é sabido o Município de Évora foi declarado em 2013 num completo e complexo “desequilíbrio financeiro estrutural”. 

Essa gravíssima gravidade das finanças obrigou a que durante décadas a C. M. E. não tivesse acesso a crédito, não dispusesse de verbas para investimentos, que estivesse proibida de efectuar um rol de despesas e fosse obrigada a manter em alta a amplitude de taxas taxinhas, impostos e derramas que recaem sobre cidadãos e empresas, o que significa que os eborenses pagam tudo pelo escalão máximo porque a gestão municipal foi ao longo de décadas senão ineficiente, pelo menos incompetente.

O princípio da autonomia financeira das autarquias locais tem por fim garantir a estabilidade dos meios financeiros ao seu dispor, permitindo assim o seu funcionamento autónomo. Mas a lei da autonomia financeira dos municípios assenta também, ou prevê da parte destes a capacidade de elaborar, aprovar orçamentos correctos, avaliar discutir, modificar e votar as opções do plano e de outros documentos previsionais, elaborar e aprovar os documentos de prestação de contas que por lei lhes sejam destinados, ordenar e processar as despesas legalmente autorizadas mas, sobretudo gerir com eficiência os recursos colocados à sua disposição, capital, pessoal e equipamentos, nunca esquecendo que esses recursos saíram do lombo de cidadãos contribuintes doutros concelhos e claro, também do nosso, do de Évora,

Esta coisa de ter poder para exercer tributação, poder atribuído por lei ao município para arrecadar e dispor de receitas a que consiga deitar mão traz também responsabilidade. Ora a jurisprudência e o que tem sido observado é que apesar de ter sido despejado tanto dinheiro em muitos municípios, Évora inclusive, e ainda que esteja reconhecida a consolidação da autonomia financeira dos municípios em especial nos últimos trinta anos, é igualmente verdade que os resultados pretendidos não foram completamente alcançados. Muitos municípios continuam a apresentar fraca capacidade de gerar receitas próprias, o que significa que apesar dos rios de dinheiro em cima deles despejados foram incapazes de sair da pobreza, foram incapazes de prover ao seu próprio desenvolvimento.


Até quando durará este desperdício de esforços, de dinheiros, de competências, é uma incógnita, parece até que, quanto mais dinheiro lhes é colocado à disposição, menos se esforçam por o fazer render ou por o gerirem com eficácia e eficiência, com proveito.

Numa palavra, o município de Évora, como aliás tantos outros por esse Alentejo e país fora, são incompetentes, e são-no há décadas. Os números estão à vista e falam por si, não sou eu que o digo.

Évora não tem buracos, não tem é dinheiro para os tapar, porém, e para compensar, tornou-se ela mesma um enorme buracão.

 

http://www.antoniorebelodesousa.pt/artigos/AsFinancasLocaisEnquantoInstrumentoDoDesenvolvimentoEconomico.pdf

 ·        https://aeca.es/old/xixencuentrocomunicaciones/72f.pdf

 ·       https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/29503/1/A%20Nova%20Lei%20das%20Finan%C3%A7as%20Locais%20e%20as%20Suas%20Repercuss%C3%B5es%20na%20Gest%C3%A3o%20Municipal.pdf

 ·        https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/35552/1/17%20-%20Finan%C3%A7as%20locais.pdf

 ·        https://core.ac.uk/download/pdf/153407275.pdf

 ·        https://www.cm-evora.pt/situacao-da-rede-viaria-e-sua-reparacao/?fbclid=IwAR2O3z10kDjKnIANeiJw03wL67U4bBYa_jpnm-DSWMcrLQVibGQOmu9iDcM

 ·        https://www.igf.gov.pt/inftecnica/75_anos_IGF/marlene/marlene_cap025.htm

 ·        https://aeca.es/old/xixencuentrocomunicaciones/72f.pdf


* Exemplo da distribuição receita/despesa de uma das freguesias afecta à CME em 2021, como acontece com todas as outras e com a própria CME mais de metade da receita, 59%, virá de transferências do orçamento, sendo uma grande parte dela gasta com recursos humanos, encargos com instalações e gastos de funcionamento... Como haverá de sobrar dinheiro para tapar buracos e realizar outras obras de vulto e de interesse para a cidade ?

segunda-feira, 8 de março de 2021

675 - O MEDO CONTROLAVA, E DOMINAVA ...

 

    

 

Era sábado, nuvens toldavam o dia, o futuro anunciado era de um inverno glaciar onde nem os milhafres se atreveriam a crocitar nem aos voos rasantes e às piruetas de outrora, e eu, triste, acordei ao toque da mão dela, vi ao longe a torre do castelo de Monsaraz e lamentei que o meu sonho não tivesse continuado...

Olhei displicentemente a Tv, ao fundo as galerias da AR vazias, fora isso toda aquela gente engravatada que nunca deixara de ver na televisão continuava botando discursos, assumindo compromissos e fazendo juras enquanto o país se afundava e eu, irritantemente revoltado, perdera os teus olhos cuja luz maravilhado olhava. Esses olhos sempre foram a minha perdição, toda tu te transmutavas quando eles, quais faróis, se acendiam excitados projectando uma luz calma, trazendo à penumbra do quarto uma serenidade inusual, uma matriz uterina em que nos refugiávamos, numa atitude cúmplice, alheia a tudo menos a nós mesmos, cada um sedento do outro, buscando-nos e encontrando-nos naquele ambiente de mar de coral em que flutuávamos esquecidos dos teus pais, do mundo, de tudo e de todos.

Depois, repentina e incompreensivelmente, como se tornaria teu hábito, davas tudo por terminado, abruptamente, como se aquelas horas não tivessem existido. Eu num torpor, a preguiça tomando conta de mim, exausto, cansado, sonolento, sonhando-me dormindo juntinho a ti o sono reparador dos justos e tu já de alça da mala ao ombro, tu já desviando o cabelo da testa e dos olhos antecipando a partida, pegando nas chaves e:

- Não aguento mais, vou apanhar ar, espairecer, passarei pela “Pingo Doce” de Reguengos e trarei comida e fruta. Queres que te traga tabaco, café, uma garrafa de Sharish ?

Na Tv aplausos, aplausos por quê ?

Foram momentos únicos e ignoro como irá culminar o saldo destes meses de receios infundados e imaginados em que estivemos e estaremos refugiados no Monte da Pêga fugindo ao pai dela, pelo que ainda que contrariado sorri, imaginando o resultado, o fruto da tanta preocupação, tanto choque, tanta saturação. Dias, semanas, meses, de altos e baixos, de medos e temores, de amor e de raiva reflectidos em nós que, isolados há meses neste monte, fugindo aos pais dela, desde o defeito mais insignificante à qualidade mais relevante atiráramos e havemos de atirar à cara um do outro.

Tanta verdade e crueza certamente deixariam mossa, a idolatria mútua fora-se, consumida na voragem dos dias, na impaciência, nos nervos recalcados. Difícil era descansar de todas estas apreensões sem temer o saldo final, o custo, sim apreensões, que outro nome dar-lhes ? Preocupações, apreensões, vagos receios, pressentimentos ? Durante meses o ressentimento acumulara-se na cabeça de cada um de nós, daí o receio agora sentido. Passadas tantas décadas voltaram a assaltar-me as mesmas borboletas no estômago, não, não foram paixões mal acabadas, foram borboletas mesmo, apertos, o estômago contraindo-se em si, enovelando-se. Voltavam de novo quais aves migratórias.

Por isso a dor, a desorientação, olhos que falavam, que interrogavam, que apoiavam mas já não prometiam pois conscientemente não o poderiam fazer, só Deus nos poderia julgar e submeter ou libertar. Foi a essas janelas da alma que nos debruçámos ignorantes do por quê do devir, da sina, do fado, ignorantes do fim de tal caminho, ignorando as borboletas, os apertos no estômago. Eu esquecido daquilo em que me viciara, dos seus carinhos que então não dispensava, antes procurava e alimentava como coisa natural e simultaneamente fulcral ao nosso sustento e depois os choques, as zangas, a fartura de tudo, a fartura um do outro, a impaciência, o alheamento, o ressentimento, a culpa.

Por esta é que eu não esperava, lembrando que a uma acção se opõe sempre qualquer reacção. Contudo recordo que, quando os seus pais me assustavam ela ali estava, inamovível mas acessível, indispensável e imperecível, nutrindo as minhas esperanças, diluindo-me as dores, sossegando-me, falando-me, e depois eu fugindo de ouvi-la, escondendo-me para não ter que lhe responder, embaraçado umas vezes enraivecido outras, escondendo a dor ou a raiva como escondera as precedentes, camuflando o meu lamento e incapaz de dar a volta à situação, eu em conflito com a lógica a razão e a realidade, enganando a formalidade que a minha exposição e incoerência mostravam. Tínhamos ido longe demais. A cada dia íamos longe demais para voltar atrás.

Pressenti aproximar-se o momento nunca pensado e sempre temido do fim da história a dois que anos a fio nos tinha animado e fundido num só espírito, num só desejo, numa só vontade. Pressentira-o quando a notava acordada rebobinando o passado recente, senti-o porque voltou a não aceitar o meu abraço e porque quando se cruzou comigo não me viu, não, não me viu ou fingira não ver, todavia fora uma passagem rápida, um instante, e ao vê-la tão perto a minha mente automática e repentinamente accionou velhas recordações e num segundo regressou o brilho radioso dos dias passados sob a luz quente e calma do farol dos seus olhos, contas de vidro mantendo ainda o mesmo brilho fulgurante de outrora, quando almoçávamos numa qualquer esplanada de Monsaraz. Mas agora ela nada, ela alheada de mim, eu outro homem, crestado pelas experiências vívidas das dores da vida, agora maduro, seguro, extrovertido, perdida que fora a inocente ingenuidade dos puros, e já cheio de certezas, firme de convicções, eu a calma em pessoa, tornado ternura e meiguice, e já não em mim frustrações ou traumas, contudo ainda desvalorizando o tempo que dantes me parecera infindo e hoje seleccionando os momentos, as amizades, os olhos.

Eu já de carácter e mãos firmes contudo, hoje como ontem, a mesma hesitação, a mesma inexperiência, a mesma atrapalhação ante os mesmos colchetes que nunca aprendera a manejar agora que tão necessária se mostraria essa experiência, agora que tudo devia concorrer para te agradar e impressionar, jamais para te irritar, agora que dava tudo para que o passado se fizesse presente é o presente que atrapalho com a mesma falta de jeito de sempre.

Mas não, parece que não me viras mesmo, talvez melhor assim, melhor não reparares no meu hálito, e certamente não me atirares à cara com alguma garrafa de Sharish, não a mim não, não a mim em cujo desnorte redescobri o prazer encerrado numa botelha de Sharish. A coisa, isto, está a tornar-se insuportável e tudo é lícito para lhe fazer frente, contudo jamais esqueci o teu amor pródigo, esse amor fogoso e inconstante que me tornou homem, o homem completo que agora me julgo, mau grado os colchetes… mau grado o Sharish.

Verdade que nunca lhe prestara tanta atenção como agora, será do convívio forçado, é uma reacção natural digo eu que para além dos livros, da Tv e da música nada mais tenho com que me distrair, me entreter, com que engraçar ou embirrar. Tu vives e falas monopolizando tudo, tudo e todos, podendo tentarás condicionar nos outros discursos e vontades. Por vezes nem te ouço, és mestra a invocar o encanto das sereias e, como por magia, manipular-me, manipular-nos. Estava pensando nisto e o quanto isso me irrita quando ao preparar a mesa para o pequeno-almoço dei por ti, cedo nessa manhã, estendendo a roupa no arame apesar de, e estando tu farta de ser avisada de quão adoro olhar o largo e tutti quanti se alcança dessa janela.

- Um dia esventro-te e nunca mais me tapas as vistas.

Alto lá, desta vez excedi-me. Este pensamento tem que ser dominado, verdade que a mais pequena coisa me irrita mas um pensamento destes pode ter-se mas não concretizar-se, tê-lo é já um exagero e um mau sinal. Acredito que esventrando-a nunca mais se atreveria a tapar-me a paisagem, coisa em que ela aparentemente teima por saber que amo Monsaraz mas sim, creio conscientemente que este subconsciente me levou longe demais.

Quinquagésimo dia de fuga aos pais dela, na sala o relógio da passadeira marca quase 9 horas da manhã e diz-me que já palmilhei em meia hora, o equivalente a quase três mil metros suados. A manhã está desagradável e coloca um ligeiro embaciamento nas janelas em frente e à direita, através das quais diviso para me distrair do esforço despendido, uma jovem mulher passeando um cão branco e preto muito feio, ela linda e, passado algum tempo uma outra vizinha num monte em frente, aflita, de colher na mão, fato de treino e gorro vermelho sangue que, agitada e de colher na mão tão depressa corre pra a direita como para a esquerda ou marcha em frente para logo virar para trás, até se sumir de novo pela entrada do monte.

O meu monte está um pouco elevado, tem uma vista esplêndida, estive para perguntar à vizinha de vermelho se por acaso andaria passeando a colher ou somente expelindo a pressão acumulada por estar encerrada em casa…

Ultimamente passo a maior parte dos dias estirado, pés fora do sofá inalando indolentemente um cigarro, eu que tinha abandonado o vício estou a voltar a ele com redobrado vigor. Os dias ficaram frios e sumo-me por debaixo duma manta, ora destapando os pés ora os ombros.

Ambos sabemos e temos consciência de terem sido os últimos tempos, dias, semanas e meses que nos puseram extraordinariamente à prova, foram eles sem a menor dúvida os culpados das borboletas, das paixões incontroladas, até mesmo dos apertos do estômago, das dores de barriga, do enrolamento das tripas, das birras, tricas, quezílias, zangas, brigas, pazes, explosões de amor, beijos e abraços.

Sabes querida, também o mesmo medo aos teus pais que nos desuniu e assustou nos uniu, no fundo falou mais alto o medo de fazer as malas e arrumar a vida sem que os esperássemos e, como bem dizias não seria assim tão simples, não seria somente fechar os olhos e abalar, o medo protegeu-nos, o medo foi apesar de tudo a nossa defesa quando eles pareciam correr à nossa volta. Começo a perceber o mecanismo do medo sabes ? Primeiro alheamo-nos de tudo como se fossemos imortais, alheamo-nos de tudo, tudo se passa lá longe e nada é assumido por nós que seja pensado e ponderado ao pormenor. Continuámos a nossa vidinha, continuámos a nossa vidinha de faz de conta e de improviso e só começámos a acautelar cenários quando a coisa começou a chiar mais fino e a sentir os teus velhotes mais próximo ou seja quando finalmente aceitámos como possíveis as ameaças que nos pudessem chamuscar.

Infantil e inconscientemente deixámo-nos levar pelas circunstâncias sem ao menos buscarmos soluções para os choques que nos opuseram, nem pedimos conselhos ou recomendações a quem quer que fosse, mas quem estava próximo ? A idiota da Cassilda ? A esparvoeirada da Guilhermina ? Falo por mim, reconheço tudo ter feito de bom e de mau, subtraí-me inicialmente à alçada da razão e somente agora as asneiradas a que dei azo me retinem na consciência, qual alarme avisando-me para uma ameaça pairando sobre a nossa relação, seria pior que nunca se tal acontecesse.

Nesse momento, nós que julgáramos esta união na esfera da imortalidade afinal tivemos que lhe acudir de emergência pois receámos, tememos, que despudoradamente tivéssemos ido longe demais e a coisa pudesse não ter conserto.

Em boa hora passei a vigiar atentamente os teus pais e as nossas vidas, apostado em salvar esta relação que, por mais paradoxal que possa parecer-vos desta vez exigiu que a aposta recaísse na separação, digo no afastamento deles. E nada de irmos às compras juntos, apostei em mantermo-nos juntos o mínimo de tempo e separados o máximo, há que evitar a saturação, a confrontação, os nervos, os choques e os conflitos, passámos a privilegiar o debate e a admitir e a incentivar o contraditório de modo metódico, a fim de evitar que chegássemos de novo aos extremos a que chegáramos e antes que as coisas se tornem irreversíveis.

Tive medo, confesso que senti medo, confesso que as noticias sobre os teus pais eram cada vez menos animadoras, para não dizer desencorajadoras, ou ameaçadoras. Não me queixei, nada de lamúrias, nunca fizeram parte do meu feitio mas fizeram então, sobretudo tendo em conta que televisões e jornais apontavam que a soldo dos teus pais todos nos procuravam e todos nos mentiam, a proximidade deles devia ser muito pior que qualquer outro dos medos que vivemos.

Logicamente interroguei-me, quando teria a coisa fim ? Estaria sendo egoísta ? Pela primeira vez na vida forcei-me a reconhecer a verdade e a verdade é que me senti ameaçado. Senti-me abafado e efectivamente querida só a ideia de perder-te me provocou uma insegurança e uma falta de humor inusuais em mim mas que não consegui disfarçar nem esconder por mais que tivesse tentado. Na verdade aquilo buliu comigo, alterou-me os ritmos biológicos e quem sabe o quê mais. Nunca acreditei nessas balelas da sina, da aura, do karma e dos chacras mas desde então tive motivos para pensar nisto tudo. É certo que acabei rindo-me da coisa, mas rio-me agora pois na altura tudo senti, desde suores frios a tremores, tudo menos vontade de rir. Esta merda do medo dos teus velhos ou do caraças mexeu comigo, connosco, e quem disser o contrário estará a mentir…

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

674 - TIBAU TAVARES, TT, O CAMPION DI MAIO*



    Apreciação de algumas das suas músicas e do seu registo em geral.

 

A modos de introdução devo dizer que esta apreciação crítica (crítica no sentido de análise e não no de depreciação) me foi sugerida ou pedida pela Sandra B. por me saber tão apreciador quanto ela da música e canções de TT, mais importante ainda, por ela me considerar isento e insuspeito, já que ao longo dos tempos temos trocado impressões a este respeito e nunca lhe escondi o que realmente penso acerca de uma música, uma canção ou um simples acorde vindo de TT. 

Por agora irei debruçar-me em especial sobre quatro das suas canções, Ramantxada, Diabo Ca Ta More Nau, Palavra e Tempo Di Azagua, precisamente as quatro que eram até agora desconhecidas para mim, seu admirador, fã e ouvinte há longo tempo.

 Em abono da verdade devo confessar que até aqui sempre fui um admirador e apreciador interessado da música Cabo Verdiana, talvez o único lugar do mundo que poderia viver da música e dos seus músicos, tal a variedade, quantidade, qualidade e diversidade de sonoridades, aliás se Cabo Verde é bem conhecido em todo o mundo, muito é devido à sua extraordinária musicalidade.

 Qualquer que seja a música cabo-verdiana ou de TT, facilmente se detecta em quaisquer delas uma miscigenação, se é que esta palavra pode ser assim entendida, de ritmos africanos e caribenhos de mão dada com elementos musicais tipicamente europeus e cujo soluto resulta numa infinidade de estilos musicais muitos específicos, tal qual o funaná, a tabanca, o batuque, ritmos que foram importados ou influenciados da vizinha África, e até de Portugal. 


Há na música Cabo Verdeana remédio para todos os gostos como na farmácia e, nota importante, a sua música não está ainda contaminada pela uniforme vacuidade a que as editoras discográficas e agentes inerentes tudo submetem na busca de um lucro rápido, porém efémero e fatal para um artista que abrace esse caminho, um caminho que embora o possa conduzir por um arco iris ao pote de ouro jamais lhe trará fama duradoura nem reconhecimento internacional. Refiro-me naturalmente à chamada música plástica ou música chiclete, mastiga e deita fora…

 A originalidade, frescura e espontaneidade das músicas cabo-verdianas e de TT, garantem-nos uma faceta genuína actualmente difícil de descortinar a no concernente à música mundial, toda ela impregnada, ou devo dizer infectada por artifícios electrónicos e digitais, até a nível instrumental ou sobretudo a esse nível, produzindo e reproduzindo facilmente uma panóplia de sonoridades variegadas e eclécticas, todavia artificiais. Porém não confundir esta minha crítica com a salvação da música em meio ou suporte digital afim de a preservar para a eternidade.

 Em Cabo Verde, a exemplo de TT, tudo anda de instrumento na mão, todos sabem tocar um qualquer instrumento e a música brota como flores nessas ilhas e nos ilhéus atlânticos, genuína, colorida, quente, como se estivesse destinada a ser servida numa bandeja ou numa palete.


Voltando a TT e à sua criação/actuação, quer a solo quer com a dupla Pupkulies & Rebecca, a sua música ou sonoridade tem um registo inconfundível, quase uma impressão digital. Transporta até nós o calor das mornas cujo ritmo observa ou respeita mas sem que se lhes submeta, e nessa dolência / indolência embala a carinhosa solenidade, sonoridade e musicalidade de que todas as suas canções se revestem em maior ou menor grau e nos embalam em doce melodia, harmoniosa calma e paz celestial.

 Em Ramantxada, que ouvi tendo repetido a audição várias vezes (tal como fiz com todas as outras canções), encontramos o seu habitual registo, o mesmo habitual som, uma musicalidade muito própria, agradável, talvez para mim impaciente por a ouvir toda, me tenha parecido haver alguns trechos demasiado repetidos, talvez por isso cansativos, talvez cotrrectos para actuações ao vivo, mas que contudo me parecem não resultar numa audição em CD/DVD. Todavia não esqueçamos a impaciência de que eu estava animado…

 De igual forma Em Diabo Ta Ca More Nau encontramos o tradicional ritmo “Tibauteano” que tão bem nos sabe levar, empurrar docemente para a canção seguinte que essa sim, por ser traduzida ou parcialmente traduzida para português, se torna mais agradável e mais rica a nossos ouvidos, já que nem todos “pescam” um pouco de crioulo como comigo acontece. Quer uma quer as outras canções, todas elas estão imbuídas do mais puro estilo musical cabo-verdiano. Idem para todas as outras não mencionadas aqui mas com as quais ao longo dos tempos me tenho deliciado. Verdade que gostei especialmente de "Palavra" e de "Tempo Di Azagua" contudo não é minha intenção menorizar quaisquer outras.


Entre outras coisas falámos, a propósito da música de TT sobre mercados e vendas, e ambos concluímos ser a Europa quem adquirirá a maioria dos seus muitos, diversificados e arrebatadores CDs e, sendo conhecida a presença de TT na Alemanha, a mesma será de todo o interesse para ele, pois em Cabo Verde o mercado é muito pequeno muito restrito. Ocorreu-nos também que, sendo o mercado da língua portuguesa  enorme, as canções deviam ter este pormenor em conta, ser cantadas ou meio cantadas ou traduzidas para português e, sendo a morna Património Mundial pela Unesco, poderia a composição delas ser mista sem que houvesse lugar a transgressão de normas. Uma parte em crioulo outra parte em português seria uma boa solução. Através de TT viémos a saber posteriormente, pois ele mesmo no-lo afirmou, ter já composta uma morna que observa essa particularidade, parte em crioulo, parte em português.


Entre conversa, piadas da Sandra e anedotas minhas bem picantes, Tibau Tavares  confidenciou-nos estar a pensar levar adiante um projecto incluindo duas vozes, dueto partilhado com uma cantora portuguesa e metendo a nossa guitarra em tal morna, projecto a que anuímos com emoção, pois até do ponto de vista comercial achámos a ideia dele bem boa, porque os fãs dela, dessa cantora, irão através dela conhecer TT e divulgá-lo, irão divulgar também a sua música e trazer-lhe novos fãs e decerto enorme incremento nas vendas, senão vejamos; em Portugal pode contar somente com 10 milhões de potenciais consumidores, mas no Brasil são qualquer coisa como 220 milhões, acrescentemos Angola, Moçambique, Timor, S. Tomé  Príncipe, a diáspora portuguesa e cabo-verdiana no mundo, que não são pequenas... Ao todo talvez acima de 500 milhões de potenciais compradores para os seus CDs, um mercado deveras interessante pois não há músico que viva do ar que respire ... 


A tua ideia é uma mina mano, alvitrou a Sandra, se conseguires fá-lo, assim o caso mudará de figura até porque ela também colherá vantagens da parceria, também precisará de ti para entrar no teu mundo, no mundo dos teus fãs e, consequentemente, facturar mais. Nenhum de vós certamente terá pai dono duma fábrica de ventoinhas e é mais que certo ninguém viver do ar ...

A deixarmos alguma sugestão ou conselho diríamos apenas que na música, como na literatura, as primeiras palavras contam imenso, as primeiras palavras, os primeiros acordes, e como tal há que dar ênfase aos primeiros minutos, como às primeiras linhas, agarrar o ouvinte e, ainda que mantendo o mesmo registo que garantiu o sucesso alcançado, não esquecer a volubilidade dos fãs, e como tal não os castigar ou cansar com demasiadas repetições, mas dar-lhes surpreendentemente algo novo de cada vez, mantendo sempre a corda tensa e as expectativas altas. 


Em particular por não sermos nós quem está no palco, ficamosm incapacitados de observar a partir de cima os espectadores e ouvintes, os fãs, remexendo-se na cadeira, no sofá ou na pista de dança, não somos nós quem lhes topa as emoções e disposições, portanto entendemos que TT, melhor que nós saberá levar o barco a bom porto, saberá com tempo fazer as alterações e melhoramentos que entender nas suas músicas pois a nós resta-nos acreditar e ter esperança, já que fé e devoção são coisa que há muito nos animam.

 E é tudo, um abraço mano.



SOBRE O AUTOR:

TT, Tibau Tavares (José Mário Tavares Silva), é natural da ilha do Maio (Cabo Verde), foi cantor na igreja e escola locais aos 6 anos, lugares onde terá tocado os seus primeiros acordes. Durante a estada no liceu da capital cabo-verdiana, na cidade da Praia, participou na banda do liceu e em vários outros grupos musicais. Depois do regresso à sua ilha natal a ilha do Maio, trabalhou na capital dessa ilha, Cidade do Maio, onde fundou o grupo musical “Os Maienses” e posteriormente o “Maio Acústico”.

 Em 2005 gravou sua música "Tradição", que daria nome ao seu primeiro álbum. A cantora cabo verdeana Lura comemorou um grande sucesso com sua música "Ponciana e as Águas" e além dela, uma outra cantora interpretando a morna “Noite de Porto Inglês”, Zizi Vaz de seu nome, enriqueceram o seu repertório com composições de Tibau.

 Em 2010 TT, Tibau Tavares tornou-se conhecido como compositor nos Estados Unidos, onde uma grande variedade de artistas têm interpretado músicas suas desde então. Em 2013 gravou dois CDs com a banda alemã “Pupkulies & Rebecca” e com esta formação apresentou brilhantes participações em festivais por toda a Europa.

 Em 2017 lançou o seu segundo álbum a solo. Produzido igualmente na Alemanha, o álbum “Wonderful Africa” que fez furor e causou sucesso no “Africa Festival Würzburg”, o maior festival de música e cultura africana da Europa. Um seu CD actual "Melodia" contém 7 faixas inéditas, é fácil de encontrar e vale a pena ouvir.  

                       Foto da actuação de Tibau Tavares em Coimbra


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