segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O PARTIDO ÚNICO E O HOMEM ORQUESTRA ...



TEXTOS POLÍTICOS

725 - O PARTIDO ÚNICO E O HOMEM ORQUESTRA,

ONE MAN SHOW

 

Vai por aí um reboliço de norte a sul com os elementos do partido único a mostrarem quanto valem, ou melhor, o que não valem. Raros são os distritos onde não há dissensões, sendo caso para dizer que um partido que praticamente nasceu de geração espontânea, e tendo gozado até hoje e apesar de tudo de um estado de graça inexplicável, caso único nos anais da nossa peculiar democracia, está decididamente morrendo. Ou está a morrer ou está-se suicidando com a mesma rapidez com que apareceu e cresceu e, pasme- se, às suas próprias mãos e custas.

 

O modo atabalhoado e nada democrático com que se implantou, a avidez pelo poder antevista nessa corrida cega p’la caça ao voto, a falta de escrutínio das personalidades e caracteres daqueles em cujas mãos se vem confiando, somando as partes é óbvio ter assegurado um futuro onde tudo é possível, menos o alcance duma radiosa longevidade. Dirão que existirá da minha parte uma preocupação excessiva com o Chega, e há, ele e o PARTIDO NOVO - Direita Popular, tal como o futuro ADN, Alternativa Democrática Popular, caçam no mesmo terreno, combatem o esquerdismo no país, confrontam desde o BE ao CDS passando pelo PSD e p'lo PS, mas é preciso que o imobilismo e o esquerdismo não sejam substituidos pelo Cheganismo, pelo aventureirismo, é preciso que seja uma nova direita, tolerante, culta e inteligente a tomar as rédeas da nação ...

 

Diria que neste momento, dos militantes fundadores do Chega poucos restarão. Todos os dias muitos deles atiram a toalha ao chão, soando-se à boca cheia que, no momento serão mais os dissidentes que os militantes. Tudo porque o chega tomou por padrão todos os vícios que criticava nos outros partidos, o Chega que se apregoava livre de mácula, inocente do Pecado Original, que tão diferente queria ser tornou-se igual aos demais, quando não pior.

 

De forma precipitada  e leviana o Chega implantou as suas distritais e concelhias por nomeação. Implantou os responsáveis por essas estruturas no terreno através da nomeação de amigos e conhecidos, que por sua vez chamaram outros amigos e conhecidos, tudo feito sem eleições e num total e descarado arrepio das mais elementares e básicas normas democráticas. Resultado, após muitas lutas intestinas para não perderem a posição que lhes tinha sido dada de bandeja, e sempre evitando, aviltando, falseando e manipulando eleições internas nos poucos casos em que as houve, o Chega está hoje baseado, digo aprisionado nas mãos de elementos mais soberbos que pobre a quem tenham dado a chave e guarda de um palheiro.

 

Elementos que, para manterem e se manterem no lugar se tornaram exímios bajuladores, inqualificáveis aduladores e vergonhosos seguidistas, originando a inexperiência política, a ignorância e a falta de formação e cultura de que padecem, o afastamento de muitos outros, diria que dos melhores, restando na maior parte dos casos e em cada sede um núcleo de militantes do mais nocivo e incapaz que possamos imaginar. É caso para dizer que o Chega anda mal gerido, mal conduzido e pior aconselhado. Misteriosamente do III Congresso esta massa informe de analfabetos funcionais saiu nomeada conselheira… Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és…

 

Este caso único, este partido único, surgido por geração espontânea devido a um choque entre André Ventura, um militante do PSD que este não quis ouvir, como não quis nem quer ouvir ninguém, idem para os restantes partidos do sistema, incapazes de absorver ideias que não sejam oriundas dos seus prosélitos sábios, os tais sábios que têm conduzido o país ao fosso em que se encontra. Da contestação Justa de André Ventura nasceu o Chega, rapidamente espelho e reflexo de muitos injustiçados, por isso cresceu, cresceu, cresceu até ao momento em que André Ventura e o partido se confundiram. 

O partido quer queira quer não é ele, e se ele se apagar o partido acaba-se, apaga-se, e se o partido se acabasse ou fosse eventualmente ilegalizado apagar-se-ia ele. Mas atenção !  Sou absolutamente contra essa ilegalização, porém um partido que vive à sombra duma personalidade não é partido, tal como um personagem que viva a sombra de um partido não é personalidade nenhuma, é um homem orquestra, is a one man show. Quer um quero outro são parasitas vivendo em simbiose e, a nossa sociedade, a nossa nação, tem parasitas de sobra como todos os bem sabemos.

 

Cegamente o Chega tem vindo a trilhar cada vez piores caminhos, antevejo o dia do desastre, o Chega tem vivido da inexperiência política da mole humana que o apoia e que é um misto de inabilidade funcional, inexperiência política, incompetência larvar e soberba de sobra, atributos que nunca levaram ninguém longe. Como já disse noutros escritos o Chega é um mal necessário, os restantes partidos do sistema não querem dar um único ou pequeno passo que seja no sentido das tão necessárias reformas, terão elas que ser feitas pelo Chega e á trouxe-mouxe ?

 

Significa isto que está perdida a esperança ?

 

 Não, não está perdida a esperança, nem para os largos milhares de dissidentes do Chega que saíram traídos ou desiludidos por um partido que se dizia virtuoso e acabou não mordendo, mas engolindo todas as maçãs da árvore do Paraíso.

 

Um grupo mais esclarecido e mais activo de dissidentes no qual se incluem como figuras principais o Dr. Bruno Fialho e o Dr. Manuel Ferreira dos Anjos, distinto advogado um e excelso professor e conferencista o outro, e ainda muitos outros amigos igualmente militantes fundadores do Chega, actual e igualmente dissidentes, fundaram novos partidos, respeitando na letra e no espírito aquela que foi a matriz original, inicial e isenta de pecado do Chega, dando um novo fundamento à esperança.

 

Fundaram a "Alternativa Democrática Nacional, ADN", e o “PARTIDO NOVO-Direita Popular” e deste modo dissidentes e não dissidentes, todos os que se revejam numa nova direita, liberal, democrática, conservadora, actuante, culta, sem complexos, Fénix e não órfã (como ficou o PSD desde a morte de Sá Carneiro) ou infantilizada como aconteceu com o CDS a partir de Freitas do Amaral, Lucas Pires e Manuel Monteiro.

 

E assim, todos os que sentirem em si uma ponta de patriotismo e a necessidade de contribuir para o reerguer deste tão massacrado país, têm doravante não um mas dois partidos onde a cultura, a intelligentsia, o mérito, a capacidade e o valor terão lugar. Partidos onde quadros médios e superiores serão a trave mestre de cada estrutura, seja nacional, distrital ou concelhia, partidos em que as bases se orgulharão de batalhar e participar, partidos que albergarão todos, mas onde não haverá lugar para toda a gente, partidos sem pressa, faltam quatro anos até ás próximas legislativas, tempo precioso e necessário para dar corpo a partidos que privilegiem o bom senso, as coisas bem feitas, a competência, a solidez, as certezas, partidos dos quais nos orgulharemos e se orgulharão de nós. 



E que não nos julguem ressabiados do Chega não, somos sim insatisfeitos e revoltados com a traição do Chega aos seus próprios princípios programáticos, somos sim os salvadores do espírito inicial do Chega que tão espezinhados e esquecidos foram, somos a vanguarda de uma nova direita, culta e descomplexada, preparada e apta para mudar o rumo deste país, tornar de novo gloriosa esta nação, e correr de vez com parasitismo esquerdista, corrupto e sem emenda cujos erros estamos a pagar caro e pagaremos ainda durante décadas, tal a dimensão do desastre em que nos envolveram de há 47 anos para cá…

 

Combater a esquerda com inteligência, com propostas e soluções inteligentes, dando primazia ao homem, ao ser humano, ao valor e iniciativas individuais, acabando com esta desastrosa economia centralizada camuflada de democracia, acabando com a ilusão do colectivo, privilegiando o indivíduo, o seu labor, o seu entusiasmo, as suas ideias, o seu trabalho, o seu mérito.

 

Há que nos aglutinarmos em redor da Alternativa Democrática Nacional ADN e do PARTIDO NOVO-Direita Popular, gente de espírito aberto e aberta à criação de uma nova sociedade, uma sociedade aberta onde todos tenham lugar e oportunidade, oportunidade de demonstrar a sua criatividade, dar largas à sua imaginação, demonstrar o seu valor e a sua capacidade, a sua competência o seu mérito.

 

Adere, participa, luta inscreve-te.

 Um abraço

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                    https://www.youtube.com/watch?v=VPRjCeoBqrI


sexta-feira, 13 de agosto de 2021

724 - A OPORTUNA QUESTÃO DO CUBO MÁGICO

 



TEXTOS POLÍTICOS - A OPORTUNA QUESTÃO DO CUBO MÁGICO

 

Nenhuma outra figura representa tão bem quanto um cubo de Rubik todo desengonçado a situação política deste país, Um país com todos os quadrados que o compõem fora do lugar, os quadrados as matizes, os tons, as cores, um espectro espectral é o que nos é dado ver.

 

Deixando de parte os partidos do sistema, únicos e grandes causadores da situação a que se chegou, resta-nos por exclusão de partes, a iniciativa liberal, IL, e o recém-chegado Chega.

 

A primeira não cai mas balança, algumas vezes hesitando nas medidas a tomar, não obstante prime pelo bom senso, mantendo a agenda actualizada, estudando e agindo sobre problemas concretos do país, propondo soluções fáceis, viáveis e lógicas. Mas a IL actua sem garra, sem ênfase, como se ela mesma não acreditasse nas verdades insofismáveis que apregoa.

 

Ter um só deputado penaliza a Iniciativa Liberal, ter lançado candidato a PR que foi um erro de casting deve ter-lhe saído caro, aposta na verdade, coisa em que bate e rebate como ferreiro malhando em ferro frio, o pessoal não quer verdades, quer felicidades e alegrias.

 


O outro, o Chega, é o oposto da IL e tem garra a mais, aproveita todos os temas fracturantes para facturar e granjear simpatias, ladra mas não morde, fala muito mas não diz nada, faz muito barulho mas fica-se por aí, não liga peta à economia, tema que nem no III Congresso teve lugar quanto mais a primazia, atiça os cães a tudo e todos, é um clube de amigos onde reina a endogamia, o seguidismo, a ignorância, o culambismo e uma partidarite cega que o levará a esbarrar contra a parede. Prova disso é que se multiplicam as dissensões dentro do partido e por todo o país, e as listas são um malabarismo de trapézio e amadorismo de principiante que arrepia, e atadas com arames, amizades ou laços familiares. Nem a economia nem outros assuntos sérios e prementes que não pretos e ciganos são levados a sério pelo Chega, e André Ventura, o partido é ele e ele é o partido, se morre um morrerá o outro, corre-corre sem saber para onde, sem nunca olhar para trás a fim de ver e ajuizar os estragos que vão ficando na sua esteira… O arauto da transparência o Chega alberga interesses muito próprios e demasiado obscuros.

 

O Chega cairá tão depressa quanto subir, e todos sabemos que, quanto mais alto se sobe maior será a queda. Tudo que nos outros partidos o Chega critica agora tomou foros de habituação e virtude, e tornou-se não um partido diferente, como publicitava até á exaustão, mas igual aos partidos que negava. Não durará mais que dez anos o fenómeno Chega, é o tempo suficiente para que todos percebam tratar-se unicamente de um pavão emplumado sem nada no interior. O peru de Natal ainda leva recheio, o Chega nem isso.

 

O espectro político partidário português está deste modo novamente carente de um partido novo, um partido novo democrático, guiando-se pela cartilha da direita, dando corpo a uma democracia musculada, corporativista, cooperativista e popular, não  elitista, antes um partido com o juízo e o saber da Iniciativa Liberal e a garra do Chega, mas um partido onde todos se revejam, um partido onde os quadros tenham um lugar a ocupar e uma palavra a dizer, um partido onde as bases, educadas e domesticadas, formem um corpo coeso, solidário, que fortaleça a estrutura do partido, que lhe seja uma sólida base de apoio porque o principal serão sempre a base, os princípios, a ética, a moral, as convicções, as pessoas, e naturalmente o país, este pobre país tão carenciado de quem olhe para ele com olhos de ver e vontade de fazer.

 


Há pois mais que lugar uma necessidade premente de um novo partido ou de um partido novo, cuja iconografia se baseie no tal cubo de Rubik e o oriente, isto é que ponha cada quadradinho e cada cor no respectivo lugar, que o organize com lógica e acabe com esta República das Bananas que está acabando de connosco.

 

Um partido novo, um partido liberal, católico, patriótico, um partido que saiba guiar a direita, uma nova direita, democrática, tolerante, onde o mérito tenha lugar e se actue sem o chauvinismo nem o revanchismo que enfermam o Chega, nem as febres sezões que imperam na Iniciativa Liberal e a adormecem, anestesiam, aquietam.

 

É tempo de urgências não tempo de nos aquietarmos ou quedarmos, é tempo de frontalmente fazer frente a esta doença do esquerdismo que nos caiu em cima como uma praga ou estigma e devolver o orgulho aos portugueses, recuperar a economia da nação, colocar o país nos eixos, reconstruir Portugal para os portugueses, dar a todos oportunidades cá dentro, estancar a hemorragia demográfica, reformar a justiça, o ensino, a saúde, reformar mentalidades, dizer à CEE que sim mas aqui quem manda somos nós e este país é de todos, e deverá ser para todos, e todos deverão ter nele um lugar, tal qual na década de quinhentos tivemos um lugar no mundo.

 

É hora de fazer exigências, em primeiro lugar a nós mesmos, depois a nós de novo e finalmente a nós próprios. Ninguém virá pescar para nós nem ensinarmos a pescar, teremos que arregaçar as mangas e pegar na cana, na redes, trabalhar no duro, acabar com tenças e mesuras, privilégios e usuras, é tempo de darmos as mãos, de fazer e refazer, de denunciar abusos e abusadores, de construir e reconstruir, de reformar a Constituição, torná-la uma portagem aberta ao progresso e ao futuro.

 

Assim Deus nos dê clarividência.

 


 https://www.youtube.com/watch?v=NouaouITZU0

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terça-feira, 3 de agosto de 2021

722 - PASSAR O RUBICÃO, VITÓRIA DE PIRRO ...

 


722 - CHEGA, PASSAR O RUBICÃO, OU VITÓRIA DE PIRRO

 

A questão coloca-se unicamente na dimensão da vitória do Chega nas próximas autárquicas, pois não tendo nenhuma câmara, mesmo que venha a ganhar uma única poderá cantar de galo. Isto é, cantar vitória. Preparemo-nos portanto para o que aí vem já que, por pouco ou muito que seja, é o que nos espera. É o nosso destino, é o nosso fado, é a nossa sina.

Fado ou fadinho, destino ou sina, gostemos ou não, a mais que previsível vitória do Chega a nível nacional é um dado certo e, até um mal necessário, adiante veremos por quê.

Aos partidos do sistema, incapazes de mudar e de se reformarem, ficaremos a dever essa grande vitória do Chega, que eles mesmos construíram, da qual já se queixam e de que se irão lamentar muito mais a partir de 26 de Setembro.

André Ventura irá averbar uma vitória como não se vê igual há décadas. O problema, problema que já se nota por aqui e por ali, em casos pontuais que de pontuais estão passando a normais, se é que se pode chamar normal à anormalidade, o problema dizia eu, é e será gerir essa vitória, gerir essas tropas, ter mão nessa tropa fandanga que o segue como a um Deus e que como tal lhe obedecerá cegamente, não esquecendo que a cegueira nunca foi boa conselheira.

De um modo geral o Chega nunca se preocupou em arregimentar a classe média e média alta, nunca se preocupou em dotar as suas hostes de “intelligentsia”, de cultura, de formação, de quadros médios e superiores. Estas ausências na sua estrutura irão fragilizá-la, irão desvalorizá-la e torná-la disfuncional.

Resumindo, o grosso da maralha que irá conquistar votos e lugares, uma vez instalada neles irá agir como macacos numa aldeia e, pontificarão por todo o país, de norte a sul. Aldeias de macacos que não terão nem longa vida nem longa duração.



Por mor disso as instituições, de Juntas de Freguesia a Câmaras Municipais irão parar por todo o país, bloqueadas por conflitos que entupirão tribunais, obrigando à repetição de eleições, promovendo a discussão e desagregação das suas concelhias e distritais devido a lutas fratricidas pelo poder, mas que o farão perder votos e apagarão todo o fulgor que no dia 26 for alcançado. Ao fim de poucos anos, e meia dúzia bastarão, assistiremos ao desmoronar das barracas que agora alegre e irresponsavelmente se afadigam a armar.

Pedro Baldaia em “O CHEGA VIVE DO NOSSO MEDO E ESTÁ A VENCER”, publicado no DN, e Pedro Varela num ensaio intitulado “O IMPÉRIO DE JOÃO MARIA BRAVO: DA ESCRAVATURA À GUERRA COLONIAL, DAS ARMAS AO CHEGA” publicado no Blogue “Setenta e Quatro”, links no fim deste texto, tocaram no cerne do problema, abordaram o problema do medo enquanto arma do Chega e das bases fundadoras ou vice-versa mas não o essencial, e o essencial, as condições criadas pelo sistema e que permitiram, alimentaram e alimentam o crescimento e engrandecimento do Chega não foram abordadas, não foram tocadas, não foram analisadas, não foram questionadas. 

No entanto é aí que reside o problema que iremos enfrentar e com o qual iremos defrontar-nos no futuro, o chauvinismo dos seus Sans-culottes e o perigosíssimo revanchismo que os anima, e o Chega alimenta, na ânsia de se alcandorar ao poder, pelos vistos a qualquer preço.

 Diria que do mal o menos, é verdade que se aproxima um verdadeiro tornado e por sua vez um tsunami ou arrastão, mas sem que paguemos esse preço algum dia veríamos efectuadas, mal ou bem efectuadas as reformas de que o país padece e carece há décadas e os partidos do sistema, mais focados nos seus umbigos jamais terão a ousadia de deitar cá para fora ? O tão temido Chega é sem réstia de dúvida um mal necessário, há males que vêm por bem.

O povo é mais que certeiro na sua milenar sabedoria e o Chega vai ser a nossa e a sua própria Némesis…

  


https://www.dn.pt/opiniao/o-chega-vive-do-nosso-medo-e-esta-a-vencer-13973019.html?fbclid=IwAR0GDKktW6zH19kIZLv-ZWqxkuJbAM5xysraOCAlEksxXLgJoPrDOYb7ie4


https://www.setentaequatro.pt/ensaio/o-imperio-de-joao-maria-bravo-da-escravatura-guerra-colonial-das-armas-ao-chega?fbclid=IwAR0wgH5xmogblXpJcpDb3sBcr2lfejcVwAvKNy0ZOwF7osZaqPRMeTKaZL0

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quarta-feira, 21 de julho de 2021

721 - LOUISE GLÜCK, Louise Glück, Figura frágil ...

       


Estou lendo Louise Glück, Prémio Nobel da Literatura 2020, uma poetisa americana difícil, não por ser americana mas por ser lúcida, madura e vivida, um radar da vida.

 Nascida em 1943 em Nova York, tendo agora 78 anos, não se pode dizer que não tenha vivido e sofrido as agruras do mundo, as mesmas que agora nos revela e lhe abriram os olhos e a mente.

 Não é poesia para jogos florais. Não sendo hermética é suficientemente fechada às primeiras tentativas de decifração, contudo ao abrir-se-nos é como se descobríssemos em cada poema pérolas encerradas em ostras esperando maravilhar-nos.

 É então que esse hermetismo nos surge com todo o esplendor, por vezes sintetizando num só verso toda a grandeza do mundo, tal a sua capacidade de síntese, de clareza e de exuberância.

 Louise Glück não deve ter tido uma infância nem adolescência fáceis, é sensível em demasia e as suas obras deixam-nos demasiadas provas da sua precoce e rara sensibilidade.

 Ver o mundo pelos seus olhos é aprendê-lo, apreendê-lo, conhecê-lo, decifrá-lo, percebê-lo, é como estar à sua janela ou à janela com ela, partilhando os redemoinhos da sua mente, os altos e baixos da sua condição, os sonhos, pesadelos e miragens que dali se divisam, num emaranhado de personagens e cenários que vão desfilando como quem desfia o fio de um novelo, qual fio de Ariadne conduzindo-nos à luz, ao discernimento, à maturidade, à introspecção, à intimidade, à bondade intrínseca que ela inculca em nós, mau grado o seu por vezes pontual pessimismo, por sua vez cultivado num cadinho de cepticismo esperançoso que só os poetas, quais alquimistas, sabem dosear a preceito.

  Muito prendada e muito premiada, Louise Glück desfia diante de nós a supremacia do indivíduo, da individualidade, de um modo simultaneamente austero e universal. Figura frágil, foi contudo encostada aos clássicos greco-romanos que encontrou forças para nos expor com toda a objectividade a fragilidade da condição humana.

  É autora de uma dezena de títulos, metade dos quais já tive o prazer de ler, por isso se não temes as trevas,

 atreve-te …