terça-feira, 29 de março de 2022

764 MARCELINO BRAVO, PLURAL, ProtoBiografia


Texto 764 - MARCELINO BRAVO  "PLURAL" 

                   e ProtoBiografia.


Mal vi o cartaz anunciando a exposição rejubilei, o meu amigo Marcelino Bravo, que pinta há mais de 60 anos e com afinco desde que ganhou em jovem um concurso de pintura então promovido por um jornal de Évora, nunca mais parou. Atravessou várias fases, das quais me habituei a uma, a inconfundível, me baralhei com outra, a extraordinária, mas sua, dele, igualmente genuína nas cores e no traço mas mirabolante no tema e que foi mais que suficiente para me desorbitar o pensamento, coisa de que na altura lhe dei notícia. *

 

 * https://mentcapto.blogspot.com/2016/12/407-marcelino-presencas-e-novidades.html

 * https://mentcapto.blogspot.com/2018/10/533-em-abstracto-nem-havera-quadro.html

 

Desta vez o título prometia, plural significava para mim que após mais de 60 anos de pintura Marcelino Bravo se nos iria deixar contemplar em todas as suas facetas, as vulgares, vulgares ou ordinárias porque normais, habituais, e extraordinárias, fora do costume, fora da normalidade, as extras, as supra, aquelas para além da singularidade costumeira. Sem qualquer demérito, quer para as segundas quer para as primeiras.

 

Plural, talvez porque Marcelino bravo com uma longa vida artística rica e preenchida finalmente se nos quis abrir;

 

- “Aqui estou, esta é a carne da minha carne os ossos dos meus ossos”. Como terá dito Adão da obra a que deu corpo (Génesis  2:23).

 

 Acometi à exposição com denodo, até por ser a terceira vez que a tentava ver, dificuldades de estacionamento cortavam-me as voltas e, se bem que o INATEL contribua valiosamente com a sua parte para a divulgação da cultura e dos artistas, no caso eborenses, a verdade é que a pretensa Capital Da Cultura não tem uma galeria pública permanente, com programa próprio e anual, director, orçamento, e onde dignamente receba artes, artistas e amantes da arte. 



Aliás nunca teve, vão servindo para o efeito salas aleatórias e aos mais modestos até a igreja de São Vicente contentará. Bem sei sermos um municipio pobre, no mais pobre dos países europeus, numa região paupérrima, sem empresas, de onde empresários e investidores parecem ser enxotados. Realmente dinheiro não temos e quem não tem dinheiro não deve ter vicios. Mas temos dívidas, enormes, para dar e vender. Mas apesar de tudo e graças ao Inatel em boa hora a visita aconteceu, porque até o mestre estava presente, o qual com simpatia e gentilmente, como aliás é mister seu que sempre lhe conheci, nos proporcionou uma inusual e esplêndida visita guiada.

 



É preciso reconhecer que Marcelino Bravo é um desses raros Homens providos dum espírito curioso, irrequieto, que sempre pugnou por ter uma participação profícua e simultaneamente ecléctica no que considera o seu dever cívico. É professor e julgo que enquanto pedagogo e artista a sua linguagem é sobretudo a pintura, o desenho ou a gravura. É através delas que melhor se expressa, o que facilmente transpira da sua faceta de artista e que esta exposição sublinha muito bem, trazendo ao centro da cidade as pequenas "jóias" da sua arte as quais, aparentemente expostas aleatoriamente não deixam contudo de tocar todos os visitantes com a sua sensibilidade, significado e beleza.



Curiosamente as obras saídas da imaginação fértil desta figura ímpar são-no sempre com vista a um nosso conhecimento mais aprofundado. A maioria delas questionam-nos. Esta exposição é uma mostra do seu talento multifacetado, plural, mostra de uma maturidade deste eborense que, graças a um concurso jornalístico, muito jovem abraçou a carreira de artista plástico cujo espólio hoje inclui pinturas que nos revelam uma persona, um artista, um pintor de extrema sensibilidade.



As paisagens de campos são banhadas de sol, luz e de cor. O que consegue com admirável simplicidade mostrando-nos também a tradição e os costumes simples das mulheres e homens deste povo, eborense e alentejano. A pintura de retratos, sempre infiel ao modelo e inteligentemente caricaturada, é mais que a mera mostra de expressivos apontamentos, alguns nascidos da inspiração e certamente espontâneos, onde por meio de vigorosas e fortes pinceladas acaba por identificar definitivamente o retratado.

 

- Vai chover Berto ! E tu sem guarda-chuva !

- Mas então menina ? Já não sou Bertinho ? 


 

Olhava eu a figura mais que caricaturada, estilizada, de um amola-tesouras excepcionalmente retratado e colorido enquanto atrás de mim o mestre sorria ante o meu deslumbramento. Noto, ouvindo-o com atenção que, em muitas das suas pinturas terá experimentado, variadas técnicas e cores, do que resulta exprimir-se com diversificadas e espontâneas abordagens, muito pessoais e cujas vibrações e clareza, constituem uma linguagem específica, a sua linguagem, que, quer nas cores quer no traço, no risco, se tornou inconfundível.

 

Os seus quadros, pintados com cores fortes, quentes e secas de grande qualidade, saídas por certo de um seu museu imaginário e ecléctico, não negam ser fruto da viagem autognósica dum estudioso autodidacta e artista cujas experiências críticas se avolumaram na consciência sociopolítica adquirida com a maturidade vivida e que se positivamente contrapõem às reflexões e iconografias mundanas e politicamente correctas, entrecruzando imagens e destacando nelas características plurais agregando-as num eclectismo que desarticula a identidade e as transforma em formas de consciência dicotómica, tricotómica, “plural”.



 Trocamos algumas referências a pintores que obedeceram a diferentes dimensões e correntes artísticas, mas aqui, nesta exposição “PLURAL” está sobretudo plasmada a descrição de paisagens e gentes locais, seus costumes e factos tradicionais, aventurando-se algumas pinturas nas suas idiossincrasias sobretudo sociais. As obras deste autor combinam registos vários, diversificados, sendo necessário estar atento já que estão fixados em suportes imagéticos ricos, oscilando entre pintura e pensamento, numa imaginação criativa e cromáticas acentuadas, tornando a sua obra algo que atinge e interpela os seus observadores. 


Marcelino Bravo procedeu inteligente e criativamente ao cruzamento de ideias na maioria dos seus quadros, tendo sido capaz de organizar essa peculiaridade tão difícil de equilibrar num eclectismo jogando entre a atracção e simultânea sedução pelo estranho que nos “agarram”, e por vezes libertando uma subtil denúncia das condições societárias eborenses, alentejanas, portuguesas e mundiais até, gerindo a sua e a nossa compulsividade emotiva de modo a controlar ou conter dentro de limites aceitáveis a sua descarga.



Cerca ou mais de 60 anos de actividade impar e milhares de quadros produzidos anunciam-nos, ou garantem-nos, estarmos perante os eixos privilegiados da transformação de si mesmo pelo confronto entre alteridade e divergência, factores que terão sido imprescindíveis para a consolidação da personalidade formativa do indivíduo num mundo pictórico que se aplica a inventar-se ou reinventar-se constantemente.

 

Para certas paisagens, tradições, para tudo aquilo que possa ser estranho, o artista encaminha-nos no contacto pessoal, na leitura das insaciáveis e por vezes aparentemente inexplicáveis experiências com que nos confrontamos ou ante as quais nos interrogamos. Cada quadro parece obedecer a um processo contínuo de recolha e agrupamento de coisas e ideias, por vezes de relação improvável mas que culminam numa ecléctica e harmoniosa pintura, tanto na temática como na policromia acentuada em que maravilhosamente teima.

  


A policromia “Marcelinista” plasma-se em temas e pormenores minuciosos. Embora carregando os estereótipos socioculturais alentejanos, empenha-se o autor em práticas de pensamento societário clarividentes, por vezes, muito diplomaticamente ou de modo subtil e esquivo, lá vai avançando na denúncia de uma ou de outra contingência e injustiça.

 

E quem no nosso meio mais se preocupa em mostrar solidariedade pelas escravas modernas e com a condição das mulheres? Marcelino manifesta em mais que uma pintura empatia pelo outro/a ou por alguém vivendo na sujeição de dominado, o que assinala com a subjectividade e o eclectismo de determinados quadros em particular, abordando dum ou de outro modo a temática da exploração. Paulatinamente coligiu todas as evidências incongruentes e ambivalentes que as suas criações apresentam, quer relativas a pessoas quer a comunidades, tradições e costumes, ao mesmo tempo que nas paisagens caracteriza essa natureza por vezes de modo abstracto, procurando porém incutir-lhes uma sistematização harmonizadora de um qualquer tema nas variadas pinturas que o abordem.

 


Registou nas telas a memória das coisas por si vistas ou pensadas, caso da natureza humana ou de meras paisagens, e as figuras com que se comprometeu espelham o estatuto e circunstâncias ou contexto da sociedade em que as devemos julgar inseridas. Quem as observe sentirá o pensamento liberto para o reconhecimento dessas pequenas singularidades ou pormenores que nos ajudam a destrinçar o tema e a manter a lucidez no contacto com o seu ecléctico abstracto, evitando que adoptemos perante quaisquer visões uma postura de incompreensão.

 

Ecléctico, e algo polémico, Marcelino Bravo é decerto um homem realizado e disponível para comemorar esta oportunidade que nos oferece, também ele celebra com a realização da exposição a sua própria realização pessoal e profissional ou artística marcando com este seu legado ecléctico e variegado, tudo quanto a sua vívida experiência o levou a deixar espelhado nos testemunhos que ora temos diante de nós. Marcelino Bravo tornou-se há muito um cidadão e uma figura incontornável na urbe eborense, devemos-lhe fidelidade à coerência pragmática e intelectual de fundamento ecléctico com que  década após década de resiliente e persistente actividade nos brindou.

 


Cedo iniciou os périplos mais ousados, estreou-se ganhando um concurso que despertou o interesse público e o seduziu para a singularidade da linguagem pictórica, cedo se destacaria pelo pitoresco e eclectismo de um novo mundo que nele despertara  entre o meramente documental e uma imaginação e ficção que viriam a demonstrar-se ímpares..

 

Relacionando conteúdos de natureza artística, cultural e tradicional levou por diante um projecto de vida ecléctico que após seis décadas se perpetuou legando-nos uma produção tão suficientemente abstracta quão ecléctica, dispersa por acervos e colecções particulares albergando muitas obras a que já perdeu o rumo. Continua contudo a surpreender-nos, melhor, perante as suas imagens evocativas de mundos estranhos possuindo uma autonomia tipológica muito sua, e muito própria, deslumbrando-nos e interpelando-nos enquanto espectadores pelo inusitado de temas e abordagens heterogéneas, teimou e continuou maravilhado-nos com regularidade inesperada ao longo de mais de seis décadas, tornou públicos um universo de maravilhosas criações permitindo-se repercutir na tela as ambiguidades da imagem imaginária que ele pôde e cada um de nós pode materializar mentalmente a partir das suas visões.

 


Atinge-o hoje o fascínio que lhe devemos e estimulou em termos de difusão junto de públicos alargados. Marcelino Bravo proporciona-nos um inesquecível mergulho em obras tais, as quais fizeram dele um “ícone” junto do público em geral. A sucessão de planos, as cores, o traço em “fuga e perspectiva” são metáforas para o esplendor e eclectismo da sua criação, sobretudo visíveis no colorido profuso e rico dos focos e flashes que em muitas pinturas se projectam em direcção ao céu, dando ao tema um fulgor, deslumbramento ou magnificência que retém o nosso olhar, isto é, uma espécie de encanto derramado sobre o objecto/ideia que se tornou pintura.    

 

É preciso notar estas coisas, fazer esforços para vê-las, memorizá-las para poder lembrá-las a qualquer momento, essas paisagens, motivos e ambientes são dignos de menção e sobretudo de uma visita que alimente e deixe prevalecer em nós o gosto pela representação “pictoresca”, denominador comum na estética do pintor e nas necessidades humanas do “homem”.

 


É por isso que devemos apurar a curiosidade por minúcias cujas singularidades potencializavam a acuidade da observação, a identificação e sistematização de costumes e padrões, isto sem prejuízo da sensibilidade que sustenta o entendimento das estéticas aplicadas por cada artista e que o identificam muito antes da obra assinada. O belo, o “pictoresco” ou o sublime explicitam-se nos seus quadros consoante a nossa aceitação das temáticas em foco. A subjectividade do autor direcciona também a visão singular para as idiossincrasias do nosso país, tendo completado várias obras ciente de que havia que consolidá-las e finalizá-las para bem da justiça. Há acções e atitudes diariamente tomadas que colocam o mundo na berlinda das quais o artista não pode alhear-se, não pode ignorar, não pode deixar também ele de clamar por justiça denunciando-as.

  


São os pormenores que previnem e esclarecem os leitores, tendo sempre manifestado a sua visão crítica sobre a sociedade e a política locais, nacionais e internacionais Marcelino Bravo não podia desinteressar-se de entreter os seus observadores e admiradores com a maior variedade possível de assuntos, entre os quais os sociais, os que mais exigem uma apurada sensibilidade. Com um génio intrépido e curioso por natureza, é devido a essa sua faceta que hoje temos uma imensidade de “passeios” e incursões por todos os cantos e temas.

 


Decerto Marcelino Bravo absorveu e extrapolou ideias, cruzando dados de natureza teórica, tradicional, social, mitológica e científica, ainda que sob mui ricas e significativas bases autodidactas. De algum diletantismo progrediu contudo durante as décadas dedicadas ao seu mister para conhecimentos, metodologicamente validados, com intenção de transpor os seus próprios limites comungando de ideias e correntes pictóricas e do saber de artistas de cariz mundial.

 

O caminho por si percorrido na dimensão pedagógica e relacionamentos correlativos também lhe concedeu uma formação identitária, uma educação e uma cultura que vieram a constituir uma generosa solidez de conhecimentos indissociável da imaterialidade preservada nas suas pinturas, e que garantem a “verdade” não aleatória ou casual das mesmas.

 


O artista agiu solitariamente, não integrou qualquer formação artística ou científica, dedicou-se como autodidacta a uma causa multidireccionada e multifacetada, procurando sempre obter a maior diversidade de elementos e informações para posterior elaboração dos seus trabalhos. A sua missão alimentou-se dessa capacidade em concatenar dados de proveniências diversas, e o que poderia sugerir um caos de inputs, pelo contrário ofereceu-nos todavia um todo organizado, quer na sua estrutura, quer em termos metodológicos e, quanto aos modelos de apresentação dos conteúdos, nada a criticar, bastará ver os seus trabalhos, visitar as suas exposições para o comprovar.

 

O autor não tem pretensões à perfeição, assinala mesmo humildemente a singularidade do seu projecto, reconhecendo que não serviu nunca encomendas ou solicitações de outrem. Tudo se conjugou num corpus moldado por um certo enciclopedismo alimentado durante toda a sua vida por isso, manifesta total disponibilidade e sentido de responsabilidade, para com a minúcia que o caracteriza analisar e discutir os seus trabalhos, buscando encontrar sempre para eles uma conciliação heterogénea e plausível. Sendo da sua esfera íntima o fenómeno da criatividade e aquela que está mais próxima de si, por versar sobre o que se passa no seu interior, Marcelino Bravo abre-se e abriu-se-nos com esta exposição numa entrega PLURAL que muito o honra.




Devo lembrar-vos que Marcelino Bravo tem uma extrema atenção ao retratar as figuras estilizadas, cheias, ou esguias mas sempre elegantes das várias tipologias que lhe caem em mãos, descrevendo-as perfeita e inteligentemente na sua linguagem pictórica, “pinturesca” e cromática quer vivam nas vilas quer em cidades.

 

Por vezes parece deixar-se conduzir pela efabulação que mitifica e metaforiza partindo da sua palete e fixando na tela a personagem e o nosso de olhar, numa surpreendente fidelidade à tradição e memória dessa cultura que é a sua e absorveu, manifestando-se de uma forma determinada, determinante e humanista.

 

Partindo de estudos com base na observação directa a tela vai paulatinamente sendo premeditada, de modo minucioso, até que as pinturas acabadas representem gentes, figuras típicas, localidades, sítios e paisagens, glosando e metamorfoseando panorâmicas, ou abstractas vedutas, personagens, simbólicas, etnográficas ou não. O discernimento estético do seu imaginário, contrasta por vezes com a determinação antropológica e ética quanto à abordagem da sociedade, porém, destacando sempre uma visão muito própria e “pinturesca” nunca deixa de realçar a representação pretendida inda que sob os auspícios duma mitificação, extraordinária, possivelmente exótica, mas sempre fiel ao seu gosto e registo.


 Não prescindindo nunca do seu pessoal e típico eclectismo, registo que se tem demonstrado imprescindível para o sucesso das suas criações, documentando-se sempre quaisquer que sejam as obras “no prelo” com estudos baseados no etnocentrismo, no sociocentrismo, e outros ismos, jamais olvidou ou deixou de considerar que em todo lado as pessoas ajuízam o seu trabalho, procedendo e actuando de acordo com o estatuto e circunstâncias que animam cada observador.

 Saliente-se a preocupação do artista, do mestre, quanto à ilustração e desenho das telas, telas que revelam procedimentos de rigor, busca da perfeição, diria que um trabalho pleno de autoconsciência e noção de responsabilidade do factos que aborda. Os seus registros são feitos no frescor da primeira impressão, conjugando uma anterior e acurada observação em termos estéticos, mas posteriormente as obras obrigam-no a um cuidado minucioso, denunciador de um contexto de trabalho exigente, a solo, num palco de crueza e exigência para consigo mesmo e de onde o “pictoresco” irrompe num quadro conceptual e estético subjugado à determinação do belo e do sublime.

 O pitoresco habita-o por natureza, e nele se expande, nas paisagens, nos personagens, encenando atributos, enriquecendo protagonistas, revisitando histórias num contexto de sobriedade reflexiva dada pela dignidade da pose, p’la categoria estética alcançada, a sua ambição converteu-se já em obsessão estética, pois certamente é sua aspiração e desejo abraçar a realização pessoal, tornando-se bem quisto e popular entre a sociedade que regista as suas impressões e descobre nelas os detalhes essenciais, a mesma sociedade que ao debruçar-se sobre ele o sabe identificar e nele ver as diferenças polifacetadas da sua obra e do trabalho por si produzido que pela qualidade o separam dos demais.


                                                                                  1964

Tudo isto traduz o impacto da sua personalidade, o carisma da sua pessoa, para além da qualidade da obra resultante dum eclectismo muito próprio que o distingue e nem permite seja confundido com qualquer outra identidade autoral igualmente ecléctica inda que porventura aborde os mesmos aspectos estéticos. Uma produção imagética rica e circunstâncias culturais únicas influenciaram Marcelino Bravo enquanto artista no processo de produção de suas obras e que designo por visão, apreensão e ação ecléctica. Essas experiências vividas e vívidas sem a menor dúvida foram enriquecedoras, insubstituíveis, garantindo e validando pelos conhecimentos técnicos e humanistas adquiridos e expressos que o primado artístico nele está associado a um juramentado compromisso entre autor-artista-visitante, observador.

 Com paisagens pictóricas povoadas e atravessadas pela presença e interacção de figuras multiculturais, para a melhor construção e sustentação ecléctica das memórias e testemunhos que nos lega, as suas obras são  a prova vívida de como convém à arte e à história uma forma de expressão baseada no conhecimento, na educação, na cultura, com preocupação na construção identitária que nos distinga e diferencie positivamente entre outros ou todos os universos que à arte se se abrem ou abram agora e sempre.  

 Obrigado Marcelino Bravo, Évora certamente te ficará eternamente agradecida e jamais te esquecerá.

  










































                              ABRIL 1981 in A TRAVE







sexta-feira, 25 de março de 2022

763 - DEZASSETE MIL DIAS DE DEMOCRACIA ??




Ora bom dia, está uma sexta-feira linda, é só para comentar e alertar para o facto de andar para aí meio mundo e uma carrada de idiotas comemorando a “ultrapassagem dos dias de ditadura” salazarista dizem eles, não somente demonstrando uma ignorância larvar como uma premeditada intenção de manobrar as mentes dos mais incautos e comodistas.

 

Há que elucidar ou esclarecer não ter o regime de Salazar sido um regime ditatorial, foi efectivamente um regime autoritário, mas todos estaremos de acordo em aceitar que deste povo e neste país sem autoridade ninguém conseguirá alguma vez fazer o que quer que seja. A confirmar está a enorme quantidade de projectos e obras das mais variadas que no tempo de Salazar foram erguidas (sem derrapagem de custos ou de prazos) e das quais ainda beneficiamos, em contraponto com as exíguas obras de igual período erguidas por esta peculiar democracia.

 

Poucas, mesmo muito poucas têm sido erguidas nos últimos 17.500 dias de democracia e todas envoltas em polémica, nevoeiro e muitas dúvidas, todas elas tendo derrapado nos custos e nos prazos… Deixando ficar o país suspenso da sombra do fantasma da corrupção. O tal autoritarismo e a sua reconhecida eficácia só prova que Salazar conhecia bem o povo com quem lidava.

 

Como diria José Mário Branco no seu célebre álbum de 1979, “FMI”, o problema são os partidos pá, portanto e se não se importarem nem vou falar dos partidos, nem dos grandes nem dos pequenos, aqueles que não interessam a ninguém nem fazem falta nenhuma, que não fodem nem saem de cima, e que arrumo de uma assentada, lixo. Tudo que tivesse em eleições menos de cinco por cento nem devia contar. Têm a net, façam barulho na net e no Facebook ou abram um sítio no Google. 



Mas em relação ao tema com que comecei este texto, o facto de andar para aí meio mundo e uma carrada de idiotas comemorando a “ultrapassagem dos dias de ditadura” salazarista pela nossa peculiar democracia, não se deixem iludir porque a nação vai empobrecer, o desemprego irá aumentar, e a miséria grassar. Quanto aos sem-abrigo se ninguém até aqui fez por eles, desenganem-se pois ninguém vai nem vai irá fazer o que quer que seja. Foi tudo baba do presidente quando se interessou por eles, baba e interesse em ficar bem na foto para ganhar as eleições….

 

Ninguém vai fazer por eles nem p'los precários, nem p'los reformados ou desempregados, o PIB vai descer e com ele a riqueza, logo os impostos terão que subir, os impostos e os preços porque tudo irá ficar mais caro com guerra ou sem ela. Mas em especial os impostos terão que aumentar, para alimentar a clientela de instalados que o PS instalou de norte a sul por tudo que é autarquia, universidade, ministério, direcção geral, segurança social, etc etc e tal.

 

Isto é um país de egoístas, de instalados que não sabem fazer por eles quanto mais pelos outros, gente que consome mas não produz, que se agarra ao padrinho, que se dedica ao culambismo, e de um país assim os investidores fogem como gato da água, o investimento privado cairá mais ainda e olhem que já andava próximo do zero absoluto, o investimento público viverá da bazucada de esmolas e que aí vem, cuja divisão parece destinar-se em 93% ao estado e autarquias, como se fossem estas entidade a criar emprego e riqueza, e somente 7% ou uma pequena percentagem a privados e empresas *, esses sim, sempre o motor da economia de qualquer país.


* https://eco.sapo.pt/2021/10/08/so-7-das-empresas-vai-conseguir-aproveitar-fundos-da-bazuca/



Claro que todas as facilidades apregoadas ou quase todas serão dívida para juntar à divida já existente e que ninguém pagará nos próximos duzentos anos, mas todos carregaremos às costas e nos amarrará à imobilidade, ao atraso, à pobreza e à miséria, a começar já com excepção dos mesmo privilegiados de sempre.


 Em linhas gerais já está pintado o quadro do nosso futuro. Quem foram os pintores ? Toda a esquerda, agradeçam a toda a esquerda e a alguma direita parva o estado a que chegámos e de onde não sairemos a não ser com os pés para a frente direitos ao cemitério dos remédios.

 

Toda a esquerda e os famigerados sindicatos. Onde param eles agora que tanto há para denunciar e se calam como ratos ?  Os sindicatos, a esquerda e o ensino de massas, que massificou a estupidez, foram os grandes culpados pelo desaire ou destruição desta nação.


Os nossos filhos netos e bisnetos é que se irão quilhar... Vai sobrar para eles, é essa a vitória a comemorar nesta ultrapassagem dos 17.500 dias, olhem para o passado, para o que tem sido a novela da TAP, do NOVO BANCO, do BESCL e tantos outros casos e terão a panorâmica ou fita do futuro na vossa frente, têm na frente dos olhos o que vos espera...

 

Quanto ao resto e para terminar farei minhas as palavras de um amigo cujos fígados azedaram com isto tudo e morrerá de cirrose se não se acalmar e aceitar não ser este um país a sério, mas um lugar mal frequentado como dizia penso que Almada Negreiros.



        Mas vamos lá ao que dizia há uns meses esse meu amigo que por cortesia não vou identificar;


        No rescaldo das eleições recentes e como cidadão assumido de direita tenho que deixar aqui um grande e sentido agradecimento.


        OBRIGADO ANTÓNIO COSTA !!!


        O nosso PM António Costa conseguiu de assentada fazer o que ninguém conseguiu desde o 25 de Novembro, vejamos:


        12 Deputados do CHEGA


        8 Deputados da IL


        PCP PEV BE PAN reduzidos à mínima expressão. 


        O PR, mais conhecido por Ti Marcelo, reduzido a ZERO, nem sequer a rainha de Inglaterra, nem sequer a moço de estrebaria ? Reduzido a um autêntico ZERO Á ESQUERDA, que é o que vale.


        ZERO é também o número de deputados comunistas pelo círculo de Évora, uma vitória com um significado gigante para o distrito é principalmente para o concelho, o verdadeiro princípio do fim do comunismo no Alentejo.


        ZERO são também as desculpas que o PS vai ter durante esta legislatura para encobrir a incompetência de ministros, secretários de estado e dele próprio, com uma maioria absoluta pode ir buscar os melhores ministros possíveis e disponíveis, não terá desculpas.


        Por tudo isso tenho que agradecer ao Costa e ao PS por terem iniciado a verdadeira viragem à direita deste país.


        Obrigado Costa !


       Ora que mais posso dizer eu ? Nada a acrescentar, está tudo dito. 


       Cuidem-se, vem aí merda, muita merda, acautelem-se, o PS nunca resolveu um problema mas é pródigo a arranjá-los. Vai haver merda, ele não sabe fazer mais nada, então agora com uma confortável maioria nas mãos que esperar ? Lá se vai este lugar sagrado e mal frequentado pelo cano abaixo...


        Adeus mundo cruel :(



 DEPOIS DE LERES E SE APRECIASTE O TEXTO

 PARTILHA-O PELAS TUAS AMIZADES…

  OBRIGADO, E UM ABRAÇO !




 

segunda-feira, 21 de março de 2022

762 - FLORBELA, A MULHER DE QUEM SE FALA




Vai por aí um grande chinfrim porque a manda-chuva do MCE, Movimento Cuidar de Évora, terá ganho em Beja três concursos na respectiva edilidade e que, segundo os seus detractores, os ganhou com favoritismo por pertencer então aos quadros do PS. Pessoalmente "no lo creio". Em boa verdade ocupou um lugar na cultura, cujo concurso vencera, mas terá até concorrido a mais. Uns ganhou, de outros desistiu e um ou outro perdeu. Digamos que nem todos os jornais nem todos os jornalistas se preocupam com a verdade. Agora então que os tempos vão maus para a liberdade de expressão, tanto a manipulação como a mentira tomaram o freio nos dentes... 

 

Pois bem, supondo que ganhou os três, ainda que só pudesse, naturalmente, ocupar um deles. Mas ocupou algum ? Beneficiou por acaso dos favores do PS como não se cansam de dizer e atribuir-lhe ? Todo este reboliço não passa de suposições. Os cães ladram mas a caravana passa...

 

Ou virou costas a esses pretensos favores e não ocupou nenhum ? E desdenhou de todos ? Podemos interrogar-nos qual ou quais as razões pelas quais o terá feito, serão razões mais que pessoais e não me atrevo a exigir-lhe que me esclareça, o meu pretensiosismo nesse aspecto tem limites, há uma vida privada a respeitar.

 

Resta-me o que se vê do lado de fora e, o que vejo é uma coerente e corajosa tomada de atitude de uma mulher inteligente. Sim, eu sei reconhecer uma mulher inteligente, eu mesmo fui casado com uma, aliás inteligentíssima, coisa com que muitos machos não conseguem lidar nem conformar-se. Temos que reconhecer haver mulheres, e homens, mais ou muito mais inteligentes que nós, temos que estar preparados para isso. É então que me pergunto;

 

- Quantos dos que nas redes sociais lhe criticam os supostos tachos (de que ela não quis beneficiar) estariam à altura de ganhar um só que fosse daqueles três concursos ? Alguns certamente, mas decerto nenhum daqueles cães que, não mordem mas ladram todo o santo dia e a toda a hora, por tudo e por nada, nessas ditas redes que de sociais pouco ou nada têm.

 

Verdade que ela poderia ter usufruído calma e displicentemente de um desses confortáveis tachos, perdão, lugares. Ganhos ou não esses concursos, dados de mão beijada ou não, poderia. Poderia mas não quis, preferiu a incerteza de encabeçar um movimento pela nossa cidade, coragem que todos nós lhe devíamos agradecer.


E para além da incerteza em que se arriscou a navegar, o risco de ficar sem colocação, (que acho não seria por muito tempo pois a senhora tem quesitos e gabaritos) mas sobretudo o risco de enfrentar o PS, partido a que virou costas, provavelmente por não desejar nem consentir ser testa-de-ponte ou marionete de gente pouco ou nada recomendável como tão bem conhecemos dentro do PS, gente que jamais lhe perdoará a ousadia. Dentro e fora do PS já agora.

 

O mesmo poeríamos dizer do candidato Henrique Sim-Sim, ligado à FEA, ao Alentejo De Excelência e ao movimento Fazer o Bem, isto é, suficientemente bem instalado na vida para não ter que se preocupar. Mas tal como a Florbela preocupou-se, e muito, com a cidade, com o país, com o futuro, CONNOSCO !!  E como lhes agradecemos ? Com ingratidão e mal dizer. E digo eu, um povo assim jamais irá longe. Criticar toda a gente sabe, mas tirar o cu da cadeira arregaçar as mangas e fazer, bem poucos se atrevem.

 

Não me vejo a meter as mãos no lume pelos outros candidatos, todos eles há muitos anos comprometidíssimos cada um com o seu partido e com (más) provas dadas do que são capazes de fazer e até onde se julgam no direito de ir… Naturalmente à nossa custa mas não em nosso proveito. 


Basta olhar para o país ou para o Alentejo para perceber isso. Quanto mais nos afastamos do maldito 25 de Abril, o maior logro em que este povo alguma vez caiu, mais fundo nos atolaremos no lodaçal em que transformaram a nossa democracia, lugar onde nada, mas já nada é nosso.

 

A manda-chuva do Movimento Cuidar de Évora é uma pessoa livre, descomprometida, a não ser connosco, com a nossa cidade. Não está engajada a partido nenhum, não tem que satisfazer as ordens e ambições de chefe, tutor, controleiro ou fdp nenhum, tem que nos satisfazer a nós, à cidade, sob pena de perder tudo na aventura em que arriscou coiro e cabelo. A Florbela Fernandes nada mais resta que uma fuga em frente, abraçar o caminho que escolheu, e em que a devemos ajudar, apoiar, e respeitar.

 

Resta-nos estimá-la, pois vai ter que ser a mulher que contará em Évora no futuro e a única hipótese que a cidade terá de mudar. Se estivermos a contar com os partidos do sistema não mudará nunca. Ela, Florbela, só terá que se demarcar em especial do PS e mostrar a toda a gente que é efectivamente uma voz independente. Não ter partido significa que não tem interesses a comandá-la... E isso é uma mais-valia quando sabemos que desde a matrona da prima dona aos restantes donos da cidade de Évora todos querem é mamar. Eles em 1º lugar... Sempre eles primeiro…

 

Tenho-a trazido debaixo de olho, estou a gostar do trabalho dela e, para além disso, antevejo estar ali a figura hierática e matriarcal de que o eleitorado eborense precisa e em quem poderá e deverá maioritariamente rever-se e acreditar. Isto se o pessoal ainda acreditar que Évora tem futuro para nos dar.

 

Acredito que, na essência é possível fazer mais e melhor numa autarquia quando não existam amarras partidárias. Os partidos têm a sua razão de ser, mas não podem ser os prepotentes donos dos cadernos eleitorais e dos seus mesquinhos interesses privados e primordiais. Florbela tem uma outra vantagem, não estando ligada a partido nenhum certamente não quererá servir-se nem do lugar nem do prestígio para lhe servirem de trampolim para a Assembleia da Republica ou um qualquer outro cargo governamental.

 

É por isso que lhes gradeço, quer a ela quer ao amigo Henrique Sim-Sim e à Patrícia Raposinho o trabalho e atenção que dedicam às coisas da cidade, por isso lhes garanti que se a minha presença ou amizade os não comprometerem (os comunistas fizeram de mim um anti comunista ferrenho, um tolerante conservador de direita e um democrata liberal liberalíssimo) poderão dispor da minha pessoa sempre que acharem útil ou necessário, em especial para explicar às audiências haver todos os motivos para votar num movimento não-alinhado, não engajado, não comprometido, independente, ou num candidato igualmente capaz sério e motivado.

 

Obrigado Florbela, Patrícia e Henrique, um abraço.

 



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quinta-feira, 17 de março de 2022

761 QUARESMA, PÁSCOA, TEMPO DE DÁDIVA...

 


Terminámos a Quaresma, período litúrgico significativo pelo que comporta em si. Período de reflexão e preparação para a Páscoa, período que nos deve levar à introspecção, ao recolhimento, à austeridade, especialmente à contenção nesta sociedade de consumo onde nos atolámos.


 Período que nos deve levar igualmente à solidão, tão necessária para repensar o homem e a vida, o outro, o próximo e, naturalmente a frugalidade, o jejum, mas também a superação de nós mesmos. Jesus não se retirou para o deserto sem comer por quarenta dias e quarenta noites antes de iniciar a sua vida pública ? Quaresma é sinónimo de jejum, de abstinência da carne, de mortificação, de caridade e de oração.

 

O homem vive rodeado de tentação, de tentações que não o engrandecem, antes aviltam, a igreja nunca soube fazer entender ao seu rebanho quanto perigo se esconde nestas tentações, no aviltamento a que o rebanho se deixou e deixa reduzir e o apequena, a apequena.

 

É um caso de perfeito divórcio entre doutrina e prática, entre a teoria e a práxis consentida, permitida, diria mesmo convidativa, manipuladora, sedutora, mas jamais redentora, redentora ou demonstrativa da superior racionalidade do homem.

 

Quaresma é esforço, rigor, e um apelo à conversão, um convite a que pensemos e mudemos em nós o que está fora do preceito cristão e racional, o que cai fora do âmbito da dignidade humana, dignidade pela qual tantos homens têm lutado e tombado antes e depois de Jesus, ele próprio cordeiro no altar dos sacrifícios que deviam remir todas as nossas faltas. Respeitemo-lo pelo menos, mas lembremos também a sua redentora travessia do deserto, redentora e purificadora.

 

Os tempos actuais deviam levar-nos a pensar melhor a Quaresma e a Páscoa, pois atravessamos tempos agitados em que a liberdade de expressão é posta em causa e se torna opressão e manipulação em vez de informação e libertação. Quando a emoção se sobrepõe à razão e a guerra mobiliza mais o homem que a paz, é caso para que nos interroguemos se não deveríamos pensar durante quarenta dias antes de agirmos.

 

A tradição cristã é uma regra normativa confluindo para a paz e a concórdia entre os homens, e é-o para todos os homens, mesmo para os não-cristãos, mesmo para os agnósticos, mesmo para os ateus, todos estes porventura até mais necessitados por não encontrarem com facilidade quem lhes aponte algum caminho mais indicado para ser trilhado, percorrido e cumprido para o bem de todos.

 

Os mandamentos de qualquer fé são sempre universais, mas nunca obrigatórios, há caminhos que temos ou devemos percorrer por vontade própria não por Imposição. Ser cristão é percorrê-los mesmo que não aceitemos a submissão a essa ou a qualquer outra doutrina.

 

Ser homem é ser herdeiro de uma tradição que se estende das catacumbas aos nossos dias, ser homem é acreditar que todos somos irmãos, que todos somos descendentes do mesmo mar, não por acaso Santo António pregava aos peixinhos, não por acaso todos temos uma espinha, uma primordial espinhal medula, uma coluna espinhal. Não por acaso o símbolo dos primeiros cristãos após Spartacus (109 ac – 71 dc) foi o peixe, o desenho de um peixe que um bordão iniciava traçando-o nas areias de qualquer chão e outro bordão completava identificando assim secretamente os irmãos entre si.

 

Hoje todos somos irmãos todos conhecemos o mistério da nossa origem. Mas conheceremos o nosso destino comum ?

 

Quaresma, Páscoa, tempos de dádiva, entrega-te.

 

Depois da ressurreição e antes de subir ao Céu, durante outros quarenta dias Jesus instrui os seus discípulos nos mistérios e quesitos da dignidade, faz tu o mesmo em relação a ti próprio e, num recolhimento íntimo, pensa-te, ajuíza-te, avalia-te, e age.