sábado, 16 de agosto de 2025

839 - HOJE SERIA MAIS UM DIA ESPECIAL ...

 


Hoje seria um dia especial, mais um entre tantos tão diferentes e tão iguais. Eu acordaria cedo, e calado iria em bicos dos pés, à sorrelfa, tirar a bandeja da despensa p’ra te levar o pequeno almoço à cama pois como dizia hoje seria um dia especial.

 

Farias anos e, como era habitual, a festa começaria ainda antes do acordar. Prolongar-se-ia até ao anoitecer. Lembro-me que algumas vezes, poucas, jantámos no "Fialho", ao qual passámos a dar cada vez menos importância, importante eras só tu, e por ser um dia especial, era um dia fora do baralho e somente a alegria transbordante dos teus olhos vivos é digna de ser lembrada. 

Era o teu dia, era um dia nosso, era um dia muito especial do nascer ao deitar, e era assim por assim o querermos. Era também um dia de balanço e não houve um único em que não tivéssemos saído a ganhar. Tu fazias de donzela, e eras bela acredita, eu de pajem, de cavalheiro, e ainda guardo no roupeiro uma cartola e um chapéu de coco, sim dois, apenas por tu adorares Churchill e os chapéus que ele usava. E a boina colorida que tanto nos alegrou e te permitiu nessa noite não te teres perdido de mim no mar de gente que, como nós, acudira ao concerto e ao fogo de artificio ? Calhou estarmos em Barcelona nesse dia e, inda que já nem recorde qual o aniversário festejado, o dia jamais o esqueci e ainda guardo essa boina com o amor dum escoteiro.


Depois as coisas começaram a correr menos bem e abandonámos as loucuras, era tempo de dedicação e tu não só exigias como merecias toda a minha atenção.

 

Hoje fui ao jardim de manhã, como fôramos em tantas manhãs, já não existe a banca onde na praça tomávamos a bica antes do passeio em redor dos cisnes, nem a banca nem a senhora, apenas na minha imaginação ela, tu, nós, o jardim, os patinhos, os cisnes, os pombos, e esta saudade que mata.

 

Passeio-me pela casa, ora de cartola ora de chapéu de coco, ajusto na estante da sala algum livro cuja lombada esteja mais saída ou uma foto que não esteja direita, repito o que tu farias e tantas vezes fizeste na minha frente, adivinhava-te os passos, as maneiras, os trejeitos, agora repito-os num ritual inútil pois o que foi foi, e não voltará a ser, a mesma água não passa por baixo das pontes duas vezes, resta-me este caudal de lembranças, resta-me viver sozinho este 16 de Agosto como vivi a meia dúzia deles que o antecederam. 


Continuo sozinho, ninguém se aventura a ocupar o teu lugar, deixaste a fasquia tão alta que não há quem se atreva, nem sequer tente superá-la. A verdade é que subiras aos céus com o vagar duma chama que lentamente se extingue e eu senti que Deus te chamara para te poupar sofrimentos desnecessários, foi assim que vi então essa dolorosa partida. Fi-lo com imensa dor, nunca eu conhecera dor tão lancinante e não estava preparado, para fazer o luto, demorei imenso a ultrapassar esse choque, a dor da tua partida.

Tiveste tempo para deixar entre todos nós e especialmente em mim a tua marca, nunca conheci dor tão excruciante, nunca até te ter perdido me apercebera quão importante para mim era a tua presença. Certamente terá chegado para ti o tempo e a hora de nova viagem e somente muito tarde eu me tenha apercebido disso, rememoro tudo isto olhando enquanto caminho numa desolada tarde como aquela em que partiste, diminuindo a passada, apurando a atenção, parecendo ouvir o sussurro do vento trazendo-me a tua voz, desculpa Berto, estava na hora de partir para outra, sinto o apelo do meu signo, a coragem do Leão, outros mistérios me esperam.

 

É por entre os espinhos do silêncio que caminho, lembrando-te, concentrado nas memórias de ti qual porto de abrigo e nas quais me refugio, habituado a que aí encontrasse a abundância pois sempre colhera do que semearas, sempre fora bafejado p’la felicidade enquanto viveste e agora o silêncio, somente o silêncio e estas constantes lembranças de ti.

 

Nunca deixo de pensar quão frutuosa foi a tua vida, cumpriste o teu papel, saíste de cena no silêncio outonal com o dever cumprido, apesar de tudo obrigado meu amor. No céu és agora mais uma estrela, por isso te recordarei em cada aniversário, nem só neles, mas em cada dia que passa te recordo com carinho, a ti que sempre recusaste a tristeza, a rendição, a renúncia, o declínio, a resignação. Jamais te esquecerei meu amor, recordarei sempre com dor e com amor o dia em que foste incensada e me foi concedido o privilégio de ver-te subir aos céus.

 


Algo renascerá das cinzas, tenhamos esperança, após a tempestade sempre sempre sobreveio a bonança, a esperança, a última a morrer, é dar-lhe tempo e a esperança virá, a esperança e o amor voltarão a abrir, a florir a esperança tem mel e quando vier virá p’ra ficar por isso a cama vou mandar alargar, prantar dourados, construir um dossel para acolher a esperança porque ela é mel.

 

Recordar-te-ei sempre com amor, ternura, carinho, doçura, adeus meu amor de sempre, adeus meu amor eterno.

               Adeus meu amor de sempre, adeus meu amor eterno.


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

838 - SINCERAMENTE... HAJA DEUS !

 

 

E estava eu olhando para Ele, orando e esperando que a tua ausência fosse coisa passageira, temendo que as minhas palavras tivessem sido violência para os teus sentidos, para a tua sensibilidade apurada, afinada e refinada, temendo que a minha franqueza, sinceridade e honestidade te ferissem, por directas, mas felizmente, não terá sido o caso, felizmente só te deixei sem palavras, um paradoxo para mim, porque com elas te entreténs e brincas, com elas e com as pessoas jogas, como queres e entendes desejas e te apetece.

 

Pois sem elas fiquei eu também, não sabendo a razão por que as perderas, nem as respostas às perguntas que com temor te atirei, apesar de recheadas de receio e desculpas, comedimento e apreensão, levado por uma avidez prenhe de conhecer-te, animado de uma curiosidade que acabei receando tivesse acabado por matar o gato.


Fui franco e, como já tantas vezes tem acontecido, pequei por isso, se paguei por isso estou para saber, e eu que fora tão cuidadoso ! Sabendo ser ela tão sensível ! E eu sempre como que pedindo desculpa, admitindo-lhe o direito de se calar, de não se expor, e ela zás ! Risca-me os planos mais inocentes e bem intencionados ! Eu pensando já tou lixado, já borrei o pé todo, já a espantei que ela não deve estar para aturar teimosias nem exigências, estará mais habituada a fazer perguntas que a responder-lhes e resolveu o que eu devia ter previsto, não ter satisfações a dar-me, e vou ficar de mãos abanando que é para não ser parvo. 


Felizmente ainda não me riscou da lista, nem tudo estará perdido, porque será que as pessoas toleram mal a franqueza ? Ainda estou para saber o que nela as surpreende, e nunca mais aprendo, tanto me tenho lixado com isso e não aprendo, já devia ter juízo, as pessoas temem que gostem delas, que as acarinhemos, que as protejamos, sobretudo que lho digamos, assustam-se com isso, não percebo, nem sei se alguma vez perceberei ou se é para perceber.

 


Bem… nem tudo está mau, só ficou sem palavras, pior se tivesse ficado sem ar, ou sem vida, sei lá, as emoções também matam, a mim dão-me vida, mas somos todos tão diferentes apesar de tão iguais. E eu admitindo sempre a minha maldade, a minha curiosidade descabida, a minha intromissão nos seus pessoalíssimos segredos, e ela népia, ficou sem palavras ! A rainha das palavras, ela que brincava com as palavras, ficou sem palavras ! Para nada tanta mesura dada, tanta delicadeza, de nada serviram, nada evitou o choque das palavras, ficou sem palavras disse ela, eu diria que descarrilou e perdeu as palavras, não terá ficado sem palavras, terá sim ficado com elas por ali espalhadas, buscando-lhes o senso, procurando juntá-las de novo, dar-lhe sentido, procurando-lhes um nexo, vamos dar-lhe tempo, ela sobreviverá a tanta franqueza, ela é rija, ela é capaz, ela vai recompor-se.

 

Sem palavras fiquei eu, nem uma das respostas satisfeita, nem uma das curiosidades abertas, sem saber como lidar com ela, duvidando de mim, do meu jeito e modos, francamente… Fiquei aliviado, não fui excluído, até ver, mas fiquei na mesma, sem palavras… Ou com elas chocalhando no cérebro, entrechocando-se até que, como ela gostava de dizer brincando, as nossas palavras voltem a chocar-se.





terça-feira, 12 de agosto de 2025

756 - ROMANCE DE AMOR EM MATALASCAÑAS.



ROMANCE DE AMOR EM MATALASCAÑAS *

E assim a saudade o desejo e a tua ausência em simultâneo evoluem num sonho lindo que alimento, mais acordado que dormindo, estendido a teu lado em Matalascañas, recordações que me trazem encantado há tanto tempo, esquecido de tudo e de todos, e de mim, que me não penso, já que somente nesse sonho vertido em esperanças inverosímeis me é possível acalentar-te e ter-te.

 

Tu na janela olhando o mar, a lua, empinando, eu por trás de ti, abraço-te, desvairado com o calor do momento, o odor do momento, tu entreabrindo as coxas, eu aspirando sôfrego a fragrância que trouxeste do banho, colando-me a ti, sentindo-te o desejo sem que consiga segurar o meu, colo-me mais, abraço-te e tomo nas mãos o teu peito, o coração batendo-te descompassadamente, os mamilos endurecendo, o peito inchando, separando os pés, as pulseiras tinindo, abres as carnes, o mesmo cheiro de novo, inebriando-me, puxando de mim a força do romance, tomo-te de assalto, suspiras, gemes, a lua parece maior e mais brilhante, sou teu e tu minha, estou em ti, todo, não já colados mas pegados umbilicalmente, contrais-te e relaxas enquanto eu pulso dentro de ti, o teu calor queima-me, espremes-me a vontade, deliras, mais, mais, mais, eu empurrando-te contra o parapeito da janela procurando ir cada vez mais fundo.

 

Aspiro o ar do mar, afogo-me em ti, sinto o fluir das ondas, a espuma delas escorrendo-te coxas abaixo e tu, não pares não pares agora e eu não paro, antes aperto o abraço empurrando-me p’ra dentro de ti, todo dentro de ti, pulsando e golfando, jorrando amor enquanto cravas as unhas nas minhas coxas e me puxas mais e mais, enquanto fecho os olhos, cego e sussurro minha querida não pares aperta tudo,

 

agoraaaaaaaa,

agoraaaaaaaaaaaaaa,

vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv,

 

e assim ficámos, abraçados e tão inverosímeis quanto o futuro que nos aguarda, quais castelos de nuvens engalanados de boas intenções e suspiros, e ais, e tu, e eu, em posições tais que o melhor é esquecer, não lembrar mas esquecer simplesmente que não podemos sequer augurar, sorrir, sorrir desta ironia que nos juntou sem juntar e contudo durante tanto tempo logrou enganar estas mentes ávidas, carentes, iludidas, sofridas, alienadas de si por vontade própria, agora cônscias de que contudo, todavia, valeu a pena esta impossibilidade tornada agora uma realidade eterna, inesquecível, perene…

tornada uma paixão, um amor eterno, uma promessa.


* By Luísa Baião. Texto iunédito, criado em Junho de 2013 e nunca anteriormente publicado. 



domingo, 10 de agosto de 2025

837 - NASCIDOS NO LUGAR ERRADO …

 



“Não estou por dentro desse assunto”…


Disse Isabela ……

 

Que raio de resposta mais descabida !

 

Eu, que vivi com uma mulher cheia de porras e não sei que mais me agradava nela, talvez tudo, habituei-me a pensar como ela, a ver o mundo como ela, e como ela nem sempre a gostar do que via, e do que vejo.

 

Era uma mulher inteligente confesso, pelo menos eu assim a pensava, mas, mulheres inteligentes… apanhá-las… Sempre gostei desse tipo de mulheres, sempre me atraíram, sempre me seduziram, e são cada vez mais raras, ou mais subtis, mais camufladas, mais inacessíveis.

 

 Por mim que as topo à distância e de imediato, posso jurar deparar-me cada vez com menos, por mim haverá menos, até pode ser mal meu, que estou mais velho, mais bonito e mais interessante, assim me penso e julgo, não garanto que assim seja… Muitas ainda me acham um viúvo interessante e a não perder pois esporadicamente vejo-me surpreendido, prova de que nem são capazes de me conhecer a fundo, handicap que detecto até em gente com quem convivo.


Eu teria dado uma resposta do género;

 

Ando veementemente a tentar ficar por dentro desse assunto mas nã tá fácil… tem-me faltado tempo.

 

E pronto, estava salva a honra do convento. Não suporto que, havendo igualmente bué de homens que não estão por dentro de coisa nenhuma, apareça uma ela a admitir clara e humildemente que a coisa é preta….

 


A vidinha nã tá nada fácil, decerto ela terá vindo dum mundo justo e será ingénua, inocente, e que certamente ficará constrangida e confrangida com o que é e c’a situação em que se encontra, volvidos cinquenta anos sobre aquela tal madrugada *

 

Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo …

 

* Sophia de Mello Breyner Andresen

 

Por isso, por tudo isso, por tudo em que te transformaram e que és quero pedir-te desculpa, quero assumir perante ti a minha cota parte no estado a que as coisas chegaram, pois humilde e vergonhosamente declaro, também eu acreditei na democracia prometida. 


E também eu, como julgo ter acontecido contigo, com o passar do tempo acabei por ficar desiludido, tu certamente terás sofrido igual desilusão, já que a imagino ou a pareço ver estampada em ti, na tua cara, sempre que contigo me cruzo.

 

Culpa minha portanto que, como muitos outros, também votei e acreditei demasiadas vezes nos políticos venais que temos. Também eu tenho culpa que a tua cidade, a minha, a nossa cidade seja a mais pobre e atrasada deste atrasado país, mea culpa, mea culpa, mea culpa… Espero pois sinceramente que me compreendas e me perdoes.

 

 Em 79 podia ter ficado na Suíça e não o fiz por acreditar nas promessas de Abril, mais tarde viria a dar completamente razão a José Mário Branco no seu celebérrimo Lp FMI **

 

Uma porra pá, um autêntico desastre o 25 de Abril

 

Esta confusão pá, a malta estava sossegadinha,

 

Estás desiludido com as promessas de Abril, né ?

 

Com as conquistas de Abril !

 

Eram só paleio a partir do momento que t'as começaram a tirar e tu ficaste quietinho, n'é filho ? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, não é ? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, n'é filho ? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, hã ?

 

**Extracto da letra de "FMI" por José Mário Branco

 


Claro que me lixei, não ter ficado na Suíça foi o meu azar. Este país nunca foi nem é para novos, nem para velhos, neste país as oportunidades são para queimar, para perder, por isso se dantes estávamos trinta anos atrasados em relação à Europa agora estaremos cinquenta, talvez mais, há peculiaridades aqui que ninguém já estranha, por exemplo sermos o único país do mundo onde os ladrões não assaltam bancos, aqui são os donos, os banqueiros que os roubam, nós somente somos chamados para pagar os prejuízos, é isto ter juízo ?

 

Talvez vivamos numa das poucas cidades e dos poucos países do planeta onde em cinquenta anos não resolvemos um único dos problemas que nos afligiam mas cuidámos de arranjar outros, de arranjar mais, muitos mais. Que desiderato é este que em simultâneo nos cala e anima como se vivêssemos no melhor dos mundos ?

 

Nem sei nem consigo imaginar quantas oportunidades terão sido perdidas por ti, por mim, por tantos outros nesta cidade e neste país por incúria, cegueira, incompetência, ignorância, arrogância e estupidez das autoridades instituídas e, por que não dizê-lo, dos cidadãos, dos intelectuais, dos sábios, dos académicos, dos eleitores e tutti quanti preenche a fauna da urbe e do rectângulo…

 

Quanta gente pessoalmente irrealizada ? Frustrada nos seus sonhos ? Travada nas suas aspirações ? Nas suas legítimas ambições ? Quantos caminhos barrados ? Quanta pesporrência ? Prepotência ? Partidarismo ? Seguidismo ? Sectarismo ? Nem Estaline alguma vez terá ido tão longe quanto por aqui, por cá. E é esta a democracia que nos querem impor ? Impingir ?

 


Lamento amiga Isabela, lamento que nos tenhamos vindo meter na caverna de Ali Babá. Por aqui só há ladrões, tratantes, patifes, agiotas, facínoras, gatunos, biltres, sicários, salafrários, especuladores, usurários e, nem o facto de sermos comedidos ou por vivermos isolados nos safará desta cáfila que de há cinquenta anos p’ra cá tomou conta da nação.

 

Quantas vezes não me interroguei já se terá valido a pena aquela madrugada *…

 

E tu ??????????

Adeus cara amiga, até que nos vejamos de novo, um grande abraço e votos sinceros de Boas Férias.

 

Gosto de ti.

 


P.S. Não, não estou a querer engatar-te, nem a pensar nisso sequer…

 


https://www.publico.pt/2024/12/15/ciencia/noticia/cientistas-portuguesas-figuram-ranking-melhores-mundo-2024-2114764?utm_content=manhas&access_token=vDLcx1AdRoMmWasROGhi94DPDCZQE6nY%2FfhiW98Q%2BOA%3D&e=da7f79386a&open=true&utm_source=e-goi&utm_medium=email&utm_term=S%C3%B3+24%25+dos+projectos+para+resolver+crise+habitacional+s%C3%A3o+constru%C3%A7%C3%A3o+nova&utm_campaign=55&fbclid=IwY2xjawHNf-hleHRuA2FlbQIxMQABHUzgOoKabHQqCeMbAsSTQxnC0uE8qRFVSBgfF58ga1J5c-Z4CHs2iNrTeg_aem_-Uk_WahVpBIC--s9iPtnwg

 

 

https://www.publico.pt/2024/12/16/economia/noticia/so-quarto-59-mil-casas-resolver-crise-serao-novas-2115649?fbclid=IwY2xjawHNgAxleHRuA2FlbQIxMQABHdivdWO7QV-y2f-kCPMCP-knRLsn4C9sbZg69UNjmAEVPymN7ijvX3ofgw_aem_Shzp5yAYwXvEKAevE17llQ

 

 

https://mentcapto.blogspot.com/2018/07/519-mulheres-inteligentes-apanha-las.html

 









sábado, 9 de agosto de 2025

836 - METER AS MÃOS NA MASSA …


 Quando digo meter as mãos na massa não estou a insinuar que se abotoem, que dêem a palmada, se amanhem, nada disso, até por saber que todos o fazem, ou quase todos, e aí o problema será outro, muito diferente do que quero abordar, aí o problema é o facto de sermos um pequeno país e indubitavelmente pequeno demais para tanto ladrão. (palavras de Ferraz da Costa, ex-presidente da CIP em entrevista dada há alguns anos).

 

Mas não, eu queria mesmo era referir-me a arregaçar as mangas e fazer, meter as mãos na massa e amassá-la para depois e com ela construir, com a massa fermentada, com massa de areia e cal, ou de cimento, trabalhar a massa que é a mole humana e levá-la a ter atitudes mais construtivas, mais positivas, mais responsáveis e mais lúcidas.

 

Toda esta arenga vem a propósito do bulício que se vem levantando por mor das eleições autárquicas, do tira teimas diria eu, e digo-o porque Évora vem teimando há 50 anos em políticas e partidos que não a têm levado a lado nenhum, ou por outra, a têm guindado ao nada invejável lugar de cidade mais pobre e mais atrasada deste miserável Alentejo e retrógrado país. 


Curiosamente retrogrado é sinonimo de reaccionário, quem diria, já que foi a esquerda a ter levado Évora e o país ao fundo do buraco em que se encontra, o que me deixa naturalmente espantado mas não admirado com o miolo de tanta cabecinha que por cá se passeia e pavoneia.

 

Mas além de reaccionário, retrogrado é também sinonimo de quadrado, o que tem pouca inteligência, que é um asno (diz o dicionário), o que nada ma surpreende, ou não estaria aqui a cascar nela, na esquerda, na população de esquerda que, com o seu voto e a sua proverbial cegueira tem conduzido a cidade e o país ao fundo.                                  


Paralelamente, e passados 50 anos, muitas luas e eleições, Évora encontra-se de novo no dilema de escolher quem a governará. Poderia acrescentar que desta vez a escolha seria mais fácil e mais óbvia, mas também o poderia ter sido há 40, há 30, 20 ou 10 anos atrás e não foi, errámos repetidamente e o meu receio é que tal venha a suceder novamente mau grado os 50 anos de experiencias repetidas e apesar disso negativas.

 

O sistema (e os partidos que o representam e sustentam) já nos provou à saciedade não estar interessado que no país quer nesta cidade, não fosse assim e não estaríamos a capitular, a andar para trás, a ficar parados no tempo vendo tudo e todos passarem à nossa frente. Não, desta vez há uma pequena grande hipótese de fugirmos à nossa triste sina de termos que votar sempre nos mesmos. Desta vez o leque de opções é mais largo e dá-nos a oportunidade de votarmos em nós mesmos, de votarmos por Évora, de votar nos eborenses !!


Ainda que tarde, mal e a más horas, neste caso boas, o aparelho legislativo lá pariu, ao fim de quase 5 décadas, a possibilidade dos cidadãos votarem neles mesmos, em listas suas, de que façam parte, elaboradas por eles, e ainda que o privilégio por enquanto se limite aos meios urbanos, concelhios, pelo caminho que isto leva não demorará que sejam autorizados, preferivelmente com alguma urgência, a elaborar listas de cidadãos, livres e descomprometidos de partidos, que lhes permitam formar movimentos para concorrer às legislativas e tenham como objectivo resgatar o país das unhas de quem o depreda há demasiado tempo.

 

Noutros lugares não sei, mas por cá temos o MCE, Movimento Cuidar de Évora que já há meia dúzia de anos nos vem sensibilizando para que tenhamos mais cuidado e atenção com nós mesmos, eborenses e cidadãos, alertando-nos para que não deixemos a nossa cidade, o nosso futuro em mãos alheias, já que ao longo dos últimos 50 anos ficou provado os amigos do alheio terem mais interesse em servir-se dela que em servi-la, que é como quem diz em servir-nos a nós, habitantes e filhos desta urbe sem presente nem futuro mas à qual têm sugado e continuam sugando um passado que devemos a outros, quando deviam era deixar obra feita para os vindouros, mas não, para esses têm acumulado e irão deixar sim uma enorme e incompreensível dívida.


O Movimento Cuidar de Évora, o MCE é a oportunidade de nos elegermos a nós mesmos cidadãos desta sofrida terra, de segurar nas nossas mãos as rédeas do presente e do futuro, de fazermos alguma coisa, ou muita, por nós próprios, de não ficarmos dependentes e pendentes dos outros, da vontade dos partidos, é a possibilidade de nos libertarmos, de dar o nosso grito de Ipiranga, de fazer o nosso 1640, de derrubar a cortina de ferros e o muro da vergonha em que nos encerraram !



Suportam a estrutura deste movimento de cidadãos unicamente eborenses empenhados, a liderança está, e bem, nas mãos de uma mulher que tenho vindo a observar, e a avaliar ao longo dos últimos tempos, que reputo de pessoa de bem com uma mente brilhante, inteligente, culta, bem formada, expedita, ponderada e informada que por certo irá dar dores de cabeça a muitos homens e tirar o sono ainda a mais. 

 

Já é modo de dizer, já tirou, anda por cá há tempo suficiente para isso e para nos mostrar e demonstrar quanto vale e, como a maioria de nós, senão de todos nós, é originária de um partido do sistema que, tal como mui provavelmente aconteceu convosco, a desiludiu, a forçou a sair e arregaçar as mangas, a meter as mãos na massa se é que ela quer, se é que nós queremos que alguma coisa mude em Évora, alguma coisa que guinde esta cidade ao valor que já teve no passado o qual apenas têm usado, do qual apenas se têm servido ignorando estupidamente o dever que temos para com o presente e em especial com o futuro e os vindouros.

 

Claro que entre as candidaturas conhecidas há mais gente capaz, tenho entre os candidatos, alguns bons amigos, bons amigos, bons candidatos e boas pessoas, mas também tenho entre esses candidatos maus amigos, alguns muito maus amigos, todavia todos eles carregam um senão, estão presos a partidos e, sabemos bem quanto esquecimento alguns desses partidos têm votado a esta linda cidade.


 Há 50 anos que o futuro tem sido absurda e estupidamente ignorado no país e em Évora, não se criarem condições nem para quem estava nem para quem viria, há demasiado tempo que esta cidade e este país nos vêem demonstrando não terem futuro... Sinceramente temo que qualquer que seja a mezinha a aplicar a dita venha demasiado tarde... 


 
             Portanto estamos no fio da navalha, esta poderá ser a última oportunidade para esta cidade sobreviver, bastará desenvolver o concelho ao invés do estropiar e condenar á letargia a que tem sido submetido nas últimas 5 décadas. Há que alargar ruas e avenidas, mentes e mentalidades, criar oportunidades para todos, abrir a cidade ao desenvolvimento, ao progresso, abraçar todo o investidor que por aqui apareça sem esquecer os que já cá estão ainda que sejam de outra cor politica. Trabalho é trabalho conhaque é conhaque, há que terraplanar o caminho e estender uma passadeira de esperança dourada apontada ao futuro, não podemos quedar-nos contentinhos olhando a única coisa grandiosa que Évora tem e que, em contra-senso, nos dá a prova do gigantesco disparate que tem sido a gestão da CME nos últimos 50 anos e de que resultou o desconchavo do anúncio pelo seu presidente da falência do município, um despautério sem igual na história do poder local em Portugal, uma tolice pegada e enraizada na insensatez e ignorância de políticos e técnicos das forças dominantes e que mais não têm conseguido que, com a sua incapacidade evitar o constante aumento da dívida do município.

 

Honestidade ? Capacidade ? Competência ? O mau trabalho desta câmara salta á vista nas finanças, nos buracos, nas ervas, na habitação, nos engarrafamentos, mas sobretudo na falta de oportunidades e no pesado encargo deixado a todos os eborenses, até àqueles que ainda não nasceram…


Tem havido uma gritante incapacidade de gerir, de pensara, de fazer, de satisfazer. É hora de mudar, p’ra pior já basta assim !!