NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI
sábado, 24 de setembro de 2016
384 - NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI ..............
NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
383 - PEGA-ME AO COLO, FAZ-ME UM DESENHO
e ao responderem-te, em vez do isso ou do fazer, optam pelo hoje e pelas imensas possibilidades p’lo hoje abertas, se fará sol ou chuva, calor ou frio, se haverá nevoeiro ou nuvens, desmultiplicando-se estas últimas por mais um conjunto de variáveis de dispersão, de escape ou de fuga oferecidas pelas alternativas de nimbos, cúmulos, cirros ou estratos.
efectivamente confirma-se o percurso que o ser humano trilha desde a pré-história, de trogloditas fomos paulatinamente evoluindo para senhores e escravos, bárbaros, servos, cidadãos, estando hoje a processar-se e a confirmar-se a nossa qualidade de consumidores, materialistas, e no caso português sobretudo o de contribuintes. Para além de contribuintes e consumidores a actual geração é caracterizada em pleno por alheados ou alienados, no amplo e plural sentido a este último vocábulo atribuído.
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
382 - O ESTRANHO E EXTRAORDINÁRIO USUAL
Ah ! A multa ?? Ainda estou esperando que chegue...
terça-feira, 20 de setembro de 2016
381 - MARIA DO ROSÁRIO, A POETISA PINTORA.
Não
sou piegas, nem tão pouco um grunho insensível, tenho-me até descoberto no que
de mais recôndito em mim existe já que dia após dia a poesia vem, comigo, ganhando
maior adesão e significado. Não aprecio poesia por poesia, para ser franco
detesto o rimar por rimar da poesia popular com que se enganam os tolos nos
jogos florais, compreendo que saia mais barato e dê menos trabalho distribuir
prémios que ensinar àquela gente os contornos da poética, cousa a que abro
pequenas excepções, como ao poeta António Aleixo por exemplo.
Aprecio poesia inteligente, trabalhada, lavrada ou bordada, culta ou como queiram chamar-lhe, e já agora retiro o bordada não vá dar-se o caso de pensarem que a adoro adornada de enfeites e confetes, referi bordada do sentido de trabalhada, no entanto também admiro a poesia espontânea, evidentemente desde que rica de sentido e de conteúdo, substância, forma, corpo, o que a coloca longíssimo das quadras populares dos jogos florais que atrás referi.
É
neste sentido que sou, e ao longo dos anos me tornei um admirador de Maria do
Rosário Pedreira, MRP, a cuja poesia torno e retorno com uma cadência eivada
por uma cada vez menor amplitude, pois se chapéus há muitos, e palermas, a
poesia de MRP reveste-se porém de limites ilimitados, desculpai-me a
contradição e redundância. Ainda que havendo muitos poetas, cada um assinala
presença no mundo com a sua marca, o seu estilo, a sua época, ou geografia. Com
a sua particular "literatura" MRP é única entre os únicos, “primo
inter pares” ela surgiu-me como a poetisa da pintura, Maria do Rosário Pedreira
escreve como quem pinta.
E
pinta mesmo, pinta sensibilidades como quem pinta aguarelas, e do remanso de
cada poema surge uma tela, que me sensibiliza até ao mais fundo de mim, até ao
íntimo, cousa que eu mesmo desconhecia. O vento despenteando searas, os barcos
aos gritos sobre as ondas, a agitação dos dedos fazendo crescer morangos, ou
passeando-se insolentes nas sombras de um decote, cores vivas que a poetisa
nada impunemente selecciona, grão a grão, pincelada a pincelada, abrindo ante
nós paisagens imaginárias e deslumbrantes, sensuais pequenas histórias, as suas
histórias, que bem podem ser as grandes histórias do mundo.
Diz-nos
MRP que o amor não cabe num poema, em nenhum poema, nem se enquadra em nenhuma
geometria, nenhuma arquitectura, um poema pode ser, deve ser como uma explosão,
como cratera em erupção, um trilho abandonado, saudade, farrapos de ausência,
pulsão, convulsão, esperança, uma canção, redenção, um raio de sol pela manhã.
Um poema é refúgio, repetição, memória, ressurreição, sendo a poesia como as
coincidências que nos unem. Amamo-la, à poesia, ou por essas coincidências ou
porque nos lembra despojos que o mar deixa de madrugada espalhados numa praia.
Maria
do Rosário Pedreira, MRP, é exímia até no auto-retrato que nos deixa, um corpo
numa tela, como um mapa onde tenhamos a prerrogativa de descobrir ilhas,
paraísos, édens, o corpo exposto como um compêndio onde possamos passear os
dedos devagar, tocando as linhas com que se cose a costa que nos abre os
horizontes, ou as curtas linhas da mão, balizando sombras, conjecturas, sonhos,
projectando as ondas que lhe balançam nos olhos. Os poemas de MRP são pedacinhos
de vida flutuando na poeira dos dias e que facilmente confundimos com flores
que o vento despiu, ou com estrelas escapadas das trevas, pingando luz, quais
lágrimas de sol, alvas e puras penas de um anjo que perdeu as asas por amor.
Partida
e desilusão vogam também neste seu peculiar e desvendado universo, pois a vida
não é nada daquilo que sua mãe lhe dissera quando lhe começaram a crescer os
seios. Parco amor e forte solidão depressa murcharam as rosas que lhe deram e
por se ter deitado com mais homens que aqueles que amou, quando o que
verdadeiramente amou nunca com ela acordou. Perdido o medo de morrer, desertas
as ruas, fechadas as janelas, não quer ficar, não quer ver murchar as rosas
prometidas pois ninguém virá fechar-lhe as pálpebras debaixo das quais os olhos
descansarão como seixos numa praia que o mar nunca tocou...
Acicatar-vos
o apetite é o meu fito, longe de mim sonegar-vos o prazer da leitura de MRP, só
lendo poderemos extasiar-nos e deixar-nos embalar e conduzir por esta mulher
que pinta versos, poemas, poesia, como quem nos desvenda e segreda o que lhe
vai na alma em cada dia.
Boas
leituras.