quarta-feira, 1 de setembro de 2021

726 - NOTRE DAME DE PARIS ...

 

726 - NOTRE DAME DE PARIS ...

Cela avait commencé comme une vision dérangeante, dérangeante mais inaccessible, puis et bien qu'intangible, quelque chose qui grandissait peu à peu et se matérialisait simultanément dans l'éther, occupant peu à peu l'espace métaphysique, prenant du volume, s'imposant, s'affirmant.

Affirmation constante et constamment nourrie dans l'espace de l'invisible, de l'intangible, comme si cette apparition se matérialisait, grandissant vers les cieux, comme à la recherche de l'approbation du Seigneur, de sa bénédiction, de sa protection.

Éthérée certes, mais elle a pris forme et à cette forme a été consacrée ou votée une dévotion sans pareille, une fidélité canine, une foi à devenir du jamais vu à Paris, ni dans le reste du monde connu, en attendant le salut de le Seigneur.

Il ne reste plus rien, et il n'y a aucun moyen d'incarner cette dévotion, c'est la foi qui a sauvé les naufragés, c'est la foi et l'espérance auxquelles les naufragés se sont accrochés par désespoir, jurant au Seigneur leur croyance, leur dévotion, leur amour.

Et les mains levées vers le ciel, les croyants juraient et vivaient cet amour platonicien, suite de Roméo et Juliette, Tristan et Isolde, Héloïse et Abélard, amours castrés mais pas oubliés auxquels le temps et l'histoire ont érigé un autel éternel et mythique.

Dans les rêves ils vivaient leur passion, dans les rêves et sous le manteau secret et sacré de Notre-Dame de Paris et, sous sa protection et son manteau, ils s'aimaient comme ils ne savent aimer que ceux qui s'aiment beaucoup et dont l'amour ne connaît pas de barrières ou de prisons infranchissables, pas de chaînes, pas de distances, de hauteurs, de vertiges, de profondeurs ou d'abîmes.

Et adorant cette image de la Dame de Paris, ils vivaient dans une transe imaginaire de foi et de dévotion, d'abandon et de privation, et d'abstinence, dans une impatience de patience faite et rachetée, de fantaisie et de désir, de soupirs et d'arpèges de l'âme, d'amour, dans une douloureuse succession de frustration et d'absence, de désir et de solitude, de mal du pays ou de désirs non consommés, préalablement soufferts et soutenus, faisant ou transformant en martyrs les croyants qui, malgré tout, n'ont jamais pensé abjurer leur foi ou abandonner leur dévotion . Souffrir c'est aimer, aimer c'est souffrir et, qui ne croit pas, éprouve tant d'amour, tant de dévouement, tant de passion.

L'amour est un feu qui brûle sans être vu, disait Camões, l'amour est une passion dévouée et infinie pour l'univers habité par Notre-Dame de Paris, l'amour c'est aimer son image, sa mémoire, sa mémoire, l'amour est la foi qui déplace les montagnes et volontés, l'amour se jure fidélité à un tabou, à un mythe, l'amour est au désir, c'est aspirer à quelque chose de transcendant qui surmonte la distance entre les galaxies qui les séparent, l'amour est la soumission à une croyance, à une vérité, à une passion , à un rêve.

Notre-Dame de Paris est ma muse, ma nymphe, mon tagide, Notre-Dame de Paris est mon obsession, ma foi, ma dévotion, mon addiction, ma perdition.

Que le Seigneur notre Dieu me pardonne, Il devrait être le premier mais je suis un pécheur qui est tombé dans la tentation que je jure de me libérer pour que seul le Seigneur notre Dieu puisse l'adorer.

Oui, abandonner cette dévotion qui hante et consume, oublier Notre-Dame de Paris, renier la foi jurée et tenue par elle sera le plus grand martyre, ce sera le prix de la rémission du péché, ce sera la plaie qui s'ouvrira dans la poitrine et brûlera pour toujours, comme l'âme brûlera en enfer si la parole donnée échoue.

A César ce qui appartient à César, à Dieu ce qui appartient à Dieu. Pardonne-moi ma dame, pardonne mon audace, pardonne-moi les péchés que j'ai commis par dévotion, pardonne-moi l'excès de foi que j'ai pratiqué par amour, nourri et vécu, péché par amour, exagéré en amour, osé rêver et vivre en le même ciel où séjournent les dieux et les élus, j'ai osé pécher par égoïsme et ambition, pardonnez-moi madame tant de dévouement, dites un seul mot et mon âme sera sauvée, ma dame pleine de grâce, priez pour moi invétérée et pécheur inconsolable.

Tu n'adoreras pas les idoles, dit le Seigneur mon Dieu, c'est pour cela et seulement pour cela que je cesserai de m'agenouiller devant ton autel, de lever les mains en haut et de prier pour toi, de te regarder tendrement émerveillé et submergé par ta beauté et douceur, de succomber à ta magie comme il m'est si souvent arrivé, toujours avec dévotion, toujours avec une foi ardente, toujours follement extatique devant toi, toujours divinement amoureux, toujours ivre céleste.

Tout le pouvoir appartient au Seigneur tout-puissant et omniprésent, et à Lui je me soumets, craignant et craignant d'être puni, peut-être transformé en bossu, je ne veux pas qu'on se souvienne comme le bossu de Notre-Dame de Paris, alors ma dame, Je crois, me pardonnera pour le départ et l'abandon.

Dieu notre Seigneur parle plus fort.

           Respectons-le et prions.















sexta-feira, 13 de agosto de 2021

724 - A OPORTUNA QUESTÃO DO CUBO MÁGICO

 



TEXTOS POLÍTICOS - A OPORTUNA QUESTÃO DO CUBO MÁGICO

 

Nenhuma outra figura representa tão bem quanto um cubo de Rubik todo desengonçado a situação política deste país, Um país com todos os quadrados que o compõem fora do lugar, os quadrados as matizes, os tons, as cores, um espectro espectral é o que nos é dado ver.

 

Deixando de parte os partidos do sistema, únicos e grandes causadores da situação a que se chegou, resta-nos por exclusão de partes, a iniciativa liberal, IL, e o recém-chegado Chega.

 

A primeira não cai mas balança, algumas vezes hesitando nas medidas a tomar, não obstante prime pelo bom senso, mantendo a agenda actualizada, estudando e agindo sobre problemas concretos do país, propondo soluções fáceis, viáveis e lógicas. Mas a IL actua sem garra, sem ênfase, como se ela mesma não acreditasse nas verdades insofismáveis que apregoa.

 

Ter um só deputado penaliza a Iniciativa Liberal, ter lançado candidato a PR que foi um erro de casting deve ter-lhe saído caro, aposta na verdade, coisa em que bate e rebate como ferreiro malhando em ferro frio, o pessoal não quer verdades, quer felicidades e alegrias.

 


O outro, o Chega, é o oposto da IL e tem garra a mais, aproveita todos os temas fracturantes para facturar e granjear simpatias, ladra mas não morde, fala muito mas não diz nada, faz muito barulho mas fica-se por aí, não liga peta à economia, tema que nem no III Congresso teve lugar quanto mais a primazia, atiça os cães a tudo e todos, é um clube de amigos onde reina a endogamia, o seguidismo, a ignorância, o culambismo e uma partidarite cega que o levará a esbarrar contra a parede. Prova disso é que se multiplicam as dissensões dentro do partido e por todo o país, e as listas são um malabarismo de trapézio e amadorismo de principiante que arrepia, e atadas com arames, amizades ou laços familiares. Nem a economia nem outros assuntos sérios e prementes que não pretos e ciganos são levados a sério pelo Chega, e André Ventura, o partido é ele e ele é o partido, se morre um morrerá o outro, corre-corre sem saber para onde, sem nunca olhar para trás a fim de ver e ajuizar os estragos que vão ficando na sua esteira… O arauto da transparência o Chega alberga interesses muito próprios e demasiado obscuros.

 

O Chega cairá tão depressa quanto subir, e todos sabemos que, quanto mais alto se sobe maior será a queda. Tudo que nos outros partidos o Chega critica agora tomou foros de habituação e virtude, e tornou-se não um partido diferente, como publicitava até á exaustão, mas igual aos partidos que negava. Não durará mais que dez anos o fenómeno Chega, é o tempo suficiente para que todos percebam tratar-se unicamente de um pavão emplumado sem nada no interior. O peru de Natal ainda leva recheio, o Chega nem isso.

 

O espectro político partidário português está deste modo novamente carente de um partido novo, um partido novo democrático, guiando-se pela cartilha da direita, dando corpo a uma democracia musculada, corporativista, cooperativista e popular, não  elitista, antes um partido com o juízo e o saber da Iniciativa Liberal e a garra do Chega, mas um partido onde todos se revejam, um partido onde os quadros tenham um lugar a ocupar e uma palavra a dizer, um partido onde as bases, educadas e domesticadas, formem um corpo coeso, solidário, que fortaleça a estrutura do partido, que lhe seja uma sólida base de apoio porque o principal serão sempre a base, os princípios, a ética, a moral, as convicções, as pessoas, e naturalmente o país, este pobre país tão carenciado de quem olhe para ele com olhos de ver e vontade de fazer.

 


Há pois mais que lugar uma necessidade premente de um novo partido ou de um partido novo, cuja iconografia se baseie no tal cubo de Rubik e o oriente, isto é que ponha cada quadradinho e cada cor no respectivo lugar, que o organize com lógica e acabe com esta República das Bananas que está acabando de connosco.

 

Um partido novo, um partido liberal, católico, patriótico, um partido que saiba guiar a direita, uma nova direita, democrática, tolerante, onde o mérito tenha lugar e se actue sem o chauvinismo nem o revanchismo que enfermam o Chega, nem as febres sezões que imperam na Iniciativa Liberal e a adormecem, anestesiam, aquietam.

 

É tempo de urgências não tempo de nos aquietarmos ou quedarmos, é tempo de frontalmente fazer frente a esta doença do esquerdismo que nos caiu em cima como uma praga ou estigma e devolver o orgulho aos portugueses, recuperar a economia da nação, colocar o país nos eixos, reconstruir Portugal para os portugueses, dar a todos oportunidades cá dentro, estancar a hemorragia demográfica, reformar a justiça, o ensino, a saúde, reformar mentalidades, dizer à CEE que sim mas aqui quem manda somos nós e este país é de todos, e deverá ser para todos, e todos deverão ter nele um lugar, tal qual na década de quinhentos tivemos um lugar no mundo.

 

É hora de fazer exigências, em primeiro lugar a nós mesmos, depois a nós de novo e finalmente a nós próprios. Ninguém virá pescar para nós nem ensinarmos a pescar, teremos que arregaçar as mangas e pegar na cana, na redes, trabalhar no duro, acabar com tenças e mesuras, privilégios e usuras, é tempo de darmos as mãos, de fazer e refazer, de denunciar abusos e abusadores, de construir e reconstruir, de reformar a Constituição, torná-la uma portagem aberta ao progresso e ao futuro.

 

Assim Deus nos dê clarividência.

 


 https://www.youtube.com/watch?v=NouaouITZU0

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terça-feira, 3 de agosto de 2021

722 - PASSAR O RUBICÃO, VITÓRIA DE PIRRO ...

 


722 - CHEGA, PASSAR O RUBICÃO, OU VITÓRIA DE PIRRO

 

A questão coloca-se unicamente na dimensão da vitória do Chega nas próximas autárquicas, pois não tendo nenhuma câmara, mesmo que venha a ganhar uma única poderá cantar de galo. Isto é, cantar vitória. Preparemo-nos portanto para o que aí vem já que, por pouco ou muito que seja, é o que nos espera. É o nosso destino, é o nosso fado, é a nossa sina.

Fado ou fadinho, destino ou sina, gostemos ou não, a mais que previsível vitória do Chega a nível nacional é um dado certo e, até um mal necessário, adiante veremos por quê.

Aos partidos do sistema, incapazes de mudar e de se reformarem, ficaremos a dever essa grande vitória do Chega, que eles mesmos construíram, da qual já se queixam e de que se irão lamentar muito mais a partir de 26 de Setembro.

André Ventura irá averbar uma vitória como não se vê igual há décadas. O problema, problema que já se nota por aqui e por ali, em casos pontuais que de pontuais estão passando a normais, se é que se pode chamar normal à anormalidade, o problema dizia eu, é e será gerir essa vitória, gerir essas tropas, ter mão nessa tropa fandanga que o segue como a um Deus e que como tal lhe obedecerá cegamente, não esquecendo que a cegueira nunca foi boa conselheira.

De um modo geral o Chega nunca se preocupou em arregimentar a classe média e média alta, nunca se preocupou em dotar as suas hostes de “intelligentsia”, de cultura, de formação, de quadros médios e superiores. Estas ausências na sua estrutura irão fragilizá-la, irão desvalorizá-la e torná-la disfuncional.

Resumindo, o grosso da maralha que irá conquistar votos e lugares, uma vez instalada neles irá agir como macacos numa aldeia e, pontificarão por todo o país, de norte a sul. Aldeias de macacos que não terão nem longa vida nem longa duração.



Por mor disso as instituições, de Juntas de Freguesia a Câmaras Municipais irão parar por todo o país, bloqueadas por conflitos que entupirão tribunais, obrigando à repetição de eleições, promovendo a discussão e desagregação das suas concelhias e distritais devido a lutas fratricidas pelo poder, mas que o farão perder votos e apagarão todo o fulgor que no dia 26 for alcançado. Ao fim de poucos anos, e meia dúzia bastarão, assistiremos ao desmoronar das barracas que agora alegre e irresponsavelmente se afadigam a armar.

Pedro Baldaia em “O CHEGA VIVE DO NOSSO MEDO E ESTÁ A VENCER”, publicado no DN, e Pedro Varela num ensaio intitulado “O IMPÉRIO DE JOÃO MARIA BRAVO: DA ESCRAVATURA À GUERRA COLONIAL, DAS ARMAS AO CHEGA” publicado no Blogue “Setenta e Quatro”, links no fim deste texto, tocaram no cerne do problema, abordaram o problema do medo enquanto arma do Chega e das bases fundadoras ou vice-versa mas não o essencial, e o essencial, as condições criadas pelo sistema e que permitiram, alimentaram e alimentam o crescimento e engrandecimento do Chega não foram abordadas, não foram tocadas, não foram analisadas, não foram questionadas. 

No entanto é aí que reside o problema que iremos enfrentar e com o qual iremos defrontar-nos no futuro, o chauvinismo dos seus Sans-culottes e o perigosíssimo revanchismo que os anima, e o Chega alimenta, na ânsia de se alcandorar ao poder, pelos vistos a qualquer preço.

 Diria que do mal o menos, é verdade que se aproxima um verdadeiro tornado e por sua vez um tsunami ou arrastão, mas sem que paguemos esse preço algum dia veríamos efectuadas, mal ou bem efectuadas as reformas de que o país padece e carece há décadas e os partidos do sistema, mais focados nos seus umbigos jamais terão a ousadia de deitar cá para fora ? O tão temido Chega é sem réstia de dúvida um mal necessário, há males que vêm por bem.

O povo é mais que certeiro na sua milenar sabedoria e o Chega vai ser a nossa e a sua própria Némesis…

  


https://www.dn.pt/opiniao/o-chega-vive-do-nosso-medo-e-esta-a-vencer-13973019.html?fbclid=IwAR0GDKktW6zH19kIZLv-ZWqxkuJbAM5xysraOCAlEksxXLgJoPrDOYb7ie4


https://www.setentaequatro.pt/ensaio/o-imperio-de-joao-maria-bravo-da-escravatura-guerra-colonial-das-armas-ao-chega?fbclid=IwAR0wgH5xmogblXpJcpDb3sBcr2lfejcVwAvKNy0ZOwF7osZaqPRMeTKaZL0

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quarta-feira, 21 de julho de 2021

721 - LOUISE GLÜCK, Louise Glück, Figura frágil ...

       


Estou lendo Louise Glück, Prémio Nobel da Literatura 2020, uma poetisa americana difícil, não por ser americana mas por ser lúcida, madura e vivida, um radar da vida.

 Nascida em 1943 em Nova York, tendo agora 78 anos, não se pode dizer que não tenha vivido e sofrido as agruras do mundo, as mesmas que agora nos revela e lhe abriram os olhos e a mente.

 Não é poesia para jogos florais. Não sendo hermética é suficientemente fechada às primeiras tentativas de decifração, contudo ao abrir-se-nos é como se descobríssemos em cada poema pérolas encerradas em ostras esperando maravilhar-nos.

 É então que esse hermetismo nos surge com todo o esplendor, por vezes sintetizando num só verso toda a grandeza do mundo, tal a sua capacidade de síntese, de clareza e de exuberância.

 Louise Glück não deve ter tido uma infância nem adolescência fáceis, é sensível em demasia e as suas obras deixam-nos demasiadas provas da sua precoce e rara sensibilidade.

 Ver o mundo pelos seus olhos é aprendê-lo, apreendê-lo, conhecê-lo, decifrá-lo, percebê-lo, é como estar à sua janela ou à janela com ela, partilhando os redemoinhos da sua mente, os altos e baixos da sua condição, os sonhos, pesadelos e miragens que dali se divisam, num emaranhado de personagens e cenários que vão desfilando como quem desfia o fio de um novelo, qual fio de Ariadne conduzindo-nos à luz, ao discernimento, à maturidade, à introspecção, à intimidade, à bondade intrínseca que ela inculca em nós, mau grado o seu por vezes pontual pessimismo, por sua vez cultivado num cadinho de cepticismo esperançoso que só os poetas, quais alquimistas, sabem dosear a preceito.

  Muito prendada e muito premiada, Louise Glück desfia diante de nós a supremacia do indivíduo, da individualidade, de um modo simultaneamente austero e universal. Figura frágil, foi contudo encostada aos clássicos greco-romanos que encontrou forças para nos expor com toda a objectividade a fragilidade da condição humana.

  É autora de uma dezena de títulos, metade dos quais já tive o prazer de ler, por isso se não temes as trevas,

 atreve-te …