Por ela ter razão eu ri-me, quero dizer sorri, um sorriso amarelo primeiro e aberto depois, e azul, acabou, acabei por ficar azul como o dia que nascia.
Farta
de mim, ela fora bem clara;
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Manda fazer uma à medida numa impressora 3D !!
Tinha
razão claro, não que tal fosse possível, tinha-a precisamente por ser impossível.
Foi essa impossibilidade que me acordou, que me fez ver de forma inquestionável quanto estava sendo injusto, e inútil a minha demanda, a minha busca. Injusto por pretender comparar o que comparação não tinha, nem podia ter, inútil, já que não há no mundo duas coisas iguais.
A
natureza, quando não outras forças, se encarrega, se encarregam, de a tudo
conferir individualidade única, pessoal, exclusiva, personalidade, caracter
próprio, inigualável, inimitável.
Passámos
então às coisas sérias; quem era, o que fazia, e assim soube que era ela, não
quem ela era mas o que era ela, uma vida vivida, não vívida mas vivida; alegrias, tristezas, tropeções, paixões, ilusões, desilusões, o normal, afinal
qual de nós não se equilibrou já nesse arame ?
Deambulámos e caminhámos por aí durante algum tempo, bolsando esclarecimentos, mastigando silêncios, partilhando o caminho.
Hoje
olho para esses dias com um olhar triste, sento-me nas mesmas mesas em que nos
sentámos e volto a pensar uma vez e outra no que não te ouvi e, o teu silêncio
continua a martelar-me a memória como uma recordação nostálgica.
Tão
bem a fiquei conhecendo que ainda hoje não sei quem seja, por outras palavras,
não a conheço, ou conheço bastante mal, já que, como um jogador de Bisca ou de BlackJack, esconde o jogo, esconde a mão, esconde as cartas, nem deixa
transparecer uma qualquer expressão de regozijo ou de lamento, não tem horas
para se alegrar ou entristecer, e ficar exuberante nem pensar. É gelo, gelo
seco, não molha nem se derrete.
Porque
as muitas ou poucas conversas tidas versaram sobre nada, ou quase nada, que é o
seu modo de falar sem nada dizer, para que sobre ela nada possamos saber ou
aprender, ou apreender, visto que nisso faz gala todas as vezes em que não se
cala.
Já
eu pareço um bufarinheiro, ou caso preferirem um pregoeiro, pois tanto apregoou-o
o que penso e digo, como afifo um pregão, ou um sermão, quando menos se espera e que desespera
quem o oiça e o enfie pela cabeça como um barrete.
Modos
e modas, cada um exprime-se como gosta e lhe parece melhor, fazendo versos,
cantando, escrevendo, esculpindo, pintando, falando, declamando, quando não
declarando o que lhe vá na alma, no espirito, no pensamento, no coração, como
eu fazia quando ele me batia sem arritmias, por isso me vou calar, para o não
desassossegar., não vá dar-me algum tangolomango *
É
que o desassossego é um estado de espirito que pode assustar, meter medo, e eu
quero ir almoçar e, por agora, é só o que desejo…
Vou
comer …. E depois …..
* TANGOLOMANGO
Eram nove irmãs numa casa
Uma foi fazer biscoito
Deu tangolomango nela
E das nove ficaram oito
Eram
oito irmãs numa casa
Uma foi amolar canivete
Deu tangolomango nela
E das oito ficaram sete
Eram
sete irmãs numa casa
Uma foi falar inglês
Deu tangolomango nela
E das sete ficaram seis
Eram
seis irmãs nunca casa
Uma foi caçar um pinto
Deu tangolomango nela
E das seis ficaram cinco
Eram
cinco irmãs numa casa
Uma foi fazer teatro
Deu tangolomango nela
E das cinco ficaram quatro
Eram
quatro irmãs numa casa
Uma foi falar francês
Deu tangolomango nela
E das quatro ficaram três
Eram
três irmãs numa casa
Uma foi andar nas ruas
Deu tangolomango nela
E das três ficaram duas
Eram
duas irmãs numa casa
Uma foi fazer coisa alguma
Deu tangolomango nela
E das duas ficou só uma
Era
uma irmã numa casa
E ela foi fazer feijão
Deu tangolomango nela
E acabou-se a geração
Ah,
coitada!
Fonte: Musixmatch
Canção
de Beatriz Martini Bedran