domingo, 10 de agosto de 2025

837 - NASCIDOS NO LUGAR ERRADO …

 



…… “não estou por dentro desse assunto”…………

 

Que raio de resposta mais descabida !

 

Eu, que vivi com uma mulher cheia de porras e não sei que mais me agradava nela, talvez tudo, habituei-me a pensar como ela, a ver o mundo como ela, e como ela nem sempre a gostar do que via, e do que vejo.

 

Era uma mulher inteligente confesso, pelo menos eu assim a pensava, mas, mulheres inteligentes… apanhá-las… Sempre gostei desse tipo de mulheres, sempre me atraíram, sempre me seduziram, e são cada vez mais raras, ou mais subtis, mais camufladas, mais inacessíveis.

 

 Por mim que as topo à distância e de imediato, posso jurar deparar-me cada vez com menos, por mim haverá menos, até pode ser mal meu, que estou mais velho, mais bonito e mais interessante, assim me penso e julgo, não garanto que assim seja… Muitas ainda me acham um viúvo interessante e a não perder pois esporadicamente vejo-me surpreendido, prova de que nem são capazes de me conhecer a fundo, handicap que detecto até em gente com quem convivo.


Eu teria dado uma resposta do género;

 

Ando veementemente a tentar ficar por dentro desse assunto mas nã tá fácil… tem-me faltado tempo.

 

E pronto, estava salva a honra do convento. Não suporto que, havendo igualmente bué de homens que não estão por dentro de coisa nenhuma, apareça uma ela a admitir clara e humildemente que a coisa é preta….

 


A vidinha nã tá nada fácil, decerto ela terá vindo dum mundo justo e será ingénua, inocente, e que certamente ficará constrangida e confrangida com o que é e c’a situação em que se encontra, volvidos cinquenta anos sobre aquela tal madrugada *

 

Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo …

 

* Sophia de Mello Breyner Andresen

 

Por isso, por tudo isso, por tudo em que te transformaram e que és quero pedir-te desculpa, quero assumir perante ti a minha cota parte no estado a que as coisas chegaram, pois humilde e vergonhosamente declaro, também eu acreditei na democracia prometida. 


E também eu, como julgo ter acontecido contigo, com o passar do tempo acabei por ficar desiludido, tu certamente terás sofrido igual desilusão, já que a imagino ou a pareço ver estampada em ti, na tua cara, sempre que contigo me cruzo.

 

Culpa minha portanto que, como muitos outros, também votei e acreditei demasiadas vezes nos políticos venais que temos. Também eu tenho culpa que a tua cidade, a minha, a nossa cidade seja a mais pobre e atrasada deste atrasado país, mea culpa, mea culpa, mea culpa… Espero pois sinceramente que me compreendas e me perdoes.

 

 Em 79 podia ter ficado na Suíça e não o fiz por acreditar nas promessas de Abril, mais tarde viria a dar completamente razão a José Mário Branco no seu celebérrimo Lp FMI **

 

Uma porra pá, um autêntico desastre o 25 de Abril

 

Esta confusão pá, a malta estava sossegadinha,

 

Estás desiludido com as promessas de Abril, né ?

 

Com as conquistas de Abril !

 

Eram só paleio a partir do momento que t'as começaram a tirar e tu ficaste quietinho, n'é filho ? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, não é ? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, n'é filho ? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, hã ?

 

**Extracto da letra de "FMI" por José Mário Branco

 


Claro que me lixei, não ter ficado na Suíça foi o meu azar. Este país nunca foi nem é para novos, nem para velhos, neste país as oportunidades são para queimar, para perder, por isso se dantes estávamos trinta anos atrasados em relação à Europa agora estaremos cinquenta, talvez mais, há peculiaridades aqui que ninguém já estranha, por exemplo sermos o único país do mundo onde os ladrões não assaltam bancos, aqui são os donos, os banqueiros que os roubam, nós somente somos chamados para pagar os prejuízos, é isto ter juízo ?

 

Talvez vivamos numa das poucas cidades e dos poucos países do planeta onde em cinquenta anos não resolvemos um único dos problemas que nos afligiam mas cuidámos de arranjar outros, de arranjar mais, muitos mais. Que desiderato é este que em simultâneo nos cala e anima como se vivêssemos no melhor dos mundos ?

 

Nem sei nem consigo imaginar quantas oportunidades terão sido perdidas por ti, por mim, por tantos outros nesta cidade e neste país por incúria, cegueira, incompetência, ignorância, arrogância e estupidez das autoridades instituídas e, por que não dizê-lo, dos cidadãos, dos intelectuais, dos sábios, dos académicos, dos eleitores e tutti quanti preenche a fauna da urbe e do rectângulo…

 

Quanta gente pessoalmente irrealizada ? Frustrada nos seus sonhos ? Travada nas suas aspirações ? Nas suas legítimas ambições ? Quantos caminhos barrados ? Quanta pesporrência ? Prepotência ? Partidarismo ? Seguidismo ? Sectarismo ? Nem Estaline alguma vez terá ido tão longe quanto por aqui, por cá. E é esta a democracia que nos querem impor ? Impingir ?

 


Lamento amiga Xxxx, lamento que nos tenhamos vindo meter na caverna de Ali Babá. Por aqui só há ladrões, tratantes, patifes, agiotas, facínoras, gatunos, biltres, sicários, salafrários, especuladores, usurários e, nem o facto de sermos comedidos ou por vivermos isolados nos safará desta cáfila que de há cinquenta anos p’ra cá tomou conta da nação.

 

Quantas vezes não me interroguei já se terá valido a pena aquela madrugada *…

 

E tu ??????????

Adeus cara amiga, até que nos vejamos de novo, um grande abraço e votos sinceros de Boas Férias.

 

Gosto de ti.

 


P.S. Não, não estou a querer engatar-te, nem a pensar nisso sequer…

 


https://www.publico.pt/2024/12/15/ciencia/noticia/cientistas-portuguesas-figuram-ranking-melhores-mundo-2024-2114764?utm_content=manhas&access_token=vDLcx1AdRoMmWasROGhi94DPDCZQE6nY%2FfhiW98Q%2BOA%3D&e=da7f79386a&open=true&utm_source=e-goi&utm_medium=email&utm_term=S%C3%B3+24%25+dos+projectos+para+resolver+crise+habitacional+s%C3%A3o+constru%C3%A7%C3%A3o+nova&utm_campaign=55&fbclid=IwY2xjawHNf-hleHRuA2FlbQIxMQABHUzgOoKabHQqCeMbAsSTQxnC0uE8qRFVSBgfF58ga1J5c-Z4CHs2iNrTeg_aem_-Uk_WahVpBIC--s9iPtnwg

 

 

https://www.publico.pt/2024/12/16/economia/noticia/so-quarto-59-mil-casas-resolver-crise-serao-novas-2115649?fbclid=IwY2xjawHNgAxleHRuA2FlbQIxMQABHdivdWO7QV-y2f-kCPMCP-knRLsn4C9sbZg69UNjmAEVPymN7ijvX3ofgw_aem_Shzp5yAYwXvEKAevE17llQ

 

 

https://mentcapto.blogspot.com/2018/07/519-mulheres-inteligentes-apanha-las.html

 









sábado, 9 de agosto de 2025

836 - METER AS MÃOS NA MASSA …


 Quando digo meter as mãos na massa não estou a insinuar que se abotoem, que dêem a palmada, se amanhem, nada disso, até por saber que todos o fazem, ou quase todos, e aí o problema será outro, muito diferente do que quero abordar, aí o problema é o facto de sermos um pequeno país e indubitavelmente pequeno demais para tanto ladrão. (palavras de Ferraz da Costa, ex-presidente da CIP em entrevista dada há alguns anos).

 

Mas não, eu queria mesmo era referir-me a arregaçar as mangas e fazer, meter as mãos na massa e amassá-la para depois e com ela construir, com a massa fermentada, com massa de areia e cal, ou de cimento, trabalhar a massa que é a mole humana e levá-la a ter atitudes mais construtivas, mais positivas, mais responsáveis e mais lúcidas.

 

Toda esta arenga vem a propósito do bulício que se vem levantando por mor das eleições autárquicas, do tira teimas diria eu, e digo-o porque Évora vem teimando há 50 anos em políticas e partidos que não a têm levado a lado nenhum, ou por outra, a têm guindado ao nada invejável lugar de cidade mais pobre e mais atrasada deste miserável Alentejo e retrógrado país. 


Curiosamente retrogrado é sinonimo de reaccionário, quem diria, já que foi a esquerda a ter levado Évora e o país ao fundo do buraco em que se encontra, o que me deixa naturalmente espantado mas não admirado com o miolo de tanta cabecinha que por cá se passeia e pavoneia.

 

Mas além de reaccionário, retrogrado é também sinonimo de quadrado, o que tem pouca inteligência, que é um asno (diz o dicionário), o que nada ma surpreende, ou não estaria aqui a cascar nela, na esquerda, na população de esquerda que, com o seu voto e a sua proverbial cegueira tem conduzido a cidade e o país ao fundo.                                  


Paralelamente, e passados 50 anos, muitas luas e eleições, Évora encontra-se de novo no dilema de escolher quem a governará. Poderia acrescentar que desta vez a escolha seria mais fácil e mais óbvia, mas também o poderia ter sido há 40, há 30, 20 ou 10 anos atrás e não foi, errámos repetidamente e o meu receio é que tal venha a suceder novamente mau grado os 50 anos de experiencias repetidas e apesar disso negativas.

 

O sistema (e os partidos que o representam e sustentam) já nos provou à saciedade não estar interessado que no país quer nesta cidade, não fosse assim e não estaríamos a capitular, a andar para trás, a ficar parados no tempo vendo tudo e todos passarem à nossa frente. Não, desta vez há uma pequena grande hipótese de fugirmos à nossa triste sina de termos que votar sempre nos mesmos. Desta vez o leque de opções é mais largo e dá-nos a oportunidade de votarmos em nós mesmos, de votarmos por Évora, de votar nos eborenses !!


Ainda que tarde, mal e a más horas, neste caso boas, o aparelho legislativo lá pariu, ao fim de quase 5 décadas, a possibilidade dos cidadãos votarem neles mesmos, em listas suas, de que façam parte, elaboradas por eles, e ainda que o privilégio por enquanto se limite aos meios urbanos, concelhios, pelo caminho que isto leva não demorará que sejam autorizados, preferivelmente com alguma urgência, a elaborar listas de cidadãos, livres e descomprometidos de partidos, que lhes permitam formar movimentos para concorrer às legislativas e tenham como objectivo resgatar o país das unhas de quem o depreda há demasiado tempo.

 

Noutros lugares não sei, mas por cá temos o MCE, Movimento Cuidar de Évora que já há meia dúzia de anos nos vem sensibilizando para que tenhamos mais cuidado e atenção com nós mesmos, eborenses e cidadãos, alertando-nos para que não deixemos a nossa cidade, o nosso futuro em mãos alheias, já que ao longo dos últimos 50 anos ficou provado os amigos do alheio terem mais interesse em servir-se dela que em servi-la, que é como quem diz em servir-nos a nós, habitantes e filhos desta urbe sem presente nem futuro mas à qual têm sugado e continuam sugando um passado que devemos a outros, quando deviam era deixar obra feita para os vindouros, mas não, para esses têm acumulado e irão deixar sim uma enorme e incompreensível dívida.


O Movimento Cuidar de Évora, o MCE é a oportunidade de nos elegermos a nós mesmos cidadãos desta sofrida terra, de segurar nas nossas mãos as rédeas do presente e do futuro, de fazermos alguma coisa, ou muita, por nós próprios, de não ficarmos dependentes e pendentes dos outros, da vontade dos partidos, é a possibilidade de nos libertarmos, de dar o nosso grito de Ipiranga, de fazer o nosso 1640, de derrubar a cortina de ferros e o muro da vergonha em que nos encerraram !



Suportam a estrutura deste movimento de cidadãos unicamente eborenses empenhados, a liderança está, e bem, nas mãos de uma mulher que tenho vindo a observar, e a avaliar ao longo dos últimos tempos, que reputo de pessoa de bem com uma mente brilhante, inteligente, culta, bem formada, expedita, ponderada e informada que por certo irá dar dores de cabeça a muitos homens e tirar o sono ainda a mais. 

 

Já é modo de dizer, já tirou, anda por cá há tempo suficiente para isso e para nos mostrar e demonstrar quanto vale e, como a maioria de nós, senão de todos nós, é originária de um partido do sistema que, tal como mui provavelmente aconteceu convosco, a desiludiu, a forçou a sair e arregaçar as mangas, a meter as mãos na massa se é que ela quer, se é que nós queremos que alguma coisa mude em Évora, alguma coisa que guinde esta cidade ao valor que já teve no passado o qual apenas têm usado, do qual apenas se têm servido ignorando estupidamente o dever que temos para com o presente e em especial com o futuro e os vindouros.

 

Claro que entre as candidaturas conhecidas há mais gente capaz, tenho entre os candidatos, alguns bons amigos, bons amigos, bons candidatos e boas pessoas, mas também tenho entre esses candidatos maus amigos, alguns muito maus amigos, todavia todos eles carregam um senão, estão presos a partidos e, sabemos bem quanto esquecimento alguns desses partidos têm votado a esta linda cidade.


 Há 50 anos que o futuro tem sido absurda e estupidamente ignorado no país e em Évora, não se criarem condições nem para quem estava nem para quem viria, há demasiado tempo que esta cidade e este país nos vêem demonstrando não terem futuro... Sinceramente temo que qualquer que seja a mezinha a aplicar a dita venha demasiado tarde... 


 
             Portanto estamos no fio da navalha, esta poderá ser a última oportunidade para esta cidade sobreviver, bastará desenvolver o concelho ao invés do estropiar e condenar á letargia a que tem sido submetido nas últimas 5 décadas. Há que alargar ruas e avenidas, mentes e mentalidades, criar oportunidades para todos, abrir a cidade ao desenvolvimento, ao progresso, abraçar todo o investidor que por aqui apareça sem esquecer os que já cá estão ainda que sejam de outra cor politica. Trabalho é trabalho conhaque é conhaque, há que terraplanar o caminho e estender uma passadeira de esperança dourada apontada ao futuro, não podemos quedar-nos contentinhos olhando a única coisa grandiosa que Évora tem e que, em contra-senso, nos dá a prova do gigantesco disparate que tem sido a gestão da CME nos últimos 50 anos e de que resultou o desconchavo do anúncio pelo seu presidente da falência do município, um despautério sem igual na história do poder local em Portugal, uma tolice pegada e enraizada na insensatez e ignorância de políticos e técnicos das forças dominantes e que mais não têm conseguido que, com a sua incapacidade evitar o constante aumento da dívida do município.

 

Honestidade ? Capacidade ? Competência ? O mau trabalho desta câmara salta á vista nas finanças, nos buracos, nas ervas, na habitação, nos engarrafamentos, mas sobretudo na falta de oportunidades e no pesado encargo deixado a todos os eborenses, até àqueles que ainda não nasceram…


Tem havido uma gritante incapacidade de gerir, de pensara, de fazer, de satisfazer. É hora de mudar, p’ra pior já basta assim !!




terça-feira, 15 de julho de 2025

835 - ABRE-TE SÉSAMO !!! ABRACADABRA !!!!

 


Não era a fé que me movia, nunca a tive, aliás, peço desculpa, uma vez houve em que me vi tão atrapalhado que supliquei perdão por todas as minhas faltas e roguei pela minha salvação daquele inferno, tudo prometi e todo esse empenho ficou por cumprir. Sou portanto devedor, devedor de mim mesmo, que me obriguei num momento de aflição para depois aligeirar o fardo, quando sobre as costas me não pesavam já os receios, os medos, os terrores.

 No fue la fe lo que me movió, nunca la tuve. De hecho, me disculpo, pero hubo un momento en que me sentí tan confundido que pedí perdón por todos mis pecados y recé por mi salvación de ese infierno. Lo prometí todo, y todo ese compromiso quedó incumplido. Por lo tanto, soy un deudor, un deudor conmigo mismo, quien en un momento de angustia me obligó a aligerar la carga después, cuando los miedos, temores y terrores ya no pesaban sobre mis hombros.


Não era o caso agora, agora tratava-se de cumprir um mandamento tão velho quanto o mundo, tratava-se de dobrar-me sob o jugo de uma força maior que eu, de soçobrar perante o instinto inato que protege as espécies e lhes garante sobreviverem e multiplicarem-se.

 Ahora no era así, ahora se trataba de cumplir un mandamiento tan antiguo como el mundo, se trataba de doblegarme bajo el yugo de una fuerza superior a mí, de sucumbir al instinto innato que protege a las especies y asegura su supervivencia y multiplicación.


Nesse momento mágico, como um crente ante sacra imagem, entrei em transe e, mais que a vergasta com que o desejo soe golpear-me nesse recolhimento, o corpo se me verga sob o truísmo encantado da minha devoção, digo-to para que saibas desta fé em mim e me ofereças o linimento das águas desse cálice que sedento busco, sequioso, na mira de abafar as tormentosas chamas que me queimam e me não trazem nunca a quietude que desejo e só alcanço quando em ti me dessedento.

 En ese instante mágico, como un creyente ante una imagen sagrada, entré en trance y, más que el látigo con que el deseo suele golpearme en este recogimiento, mi cuerpo se dobla bajo la verdad encantada de mi devoción, te lo digo para que sepas de esta fe en mí y me ofrezcas el linimento de las aguas de ese cáliz que busco sediento, sediento, con el fin de sofocar las llamas tormentosas que me queman y nunca me traen la quietud que deseo y sólo logro cuando tengo sed de ti.


Compreende então que não suportando a angústia me ajoelhei ante ti numa penitência de mártir, te abracei como um náufrago suspenso do salvador, arrastando-o na espiral da morte, na vertigem dos abismos em que a redenção não é o meio mas o fim último da submissão, do gesto e da catarse.

Entiende entonces que, incapaz de soportar la angustia, me arrodillé ante ti en penitencia de mártir, te abracé como un náufrago suspendido del salvador, arrastrándolo a la espiral de la muerte, al vértigo del abismo en el que la redención no es el medio sino el fin último de la sumisión, del gesto y de la catarsis. 


Por isso te abri como a um sacrário, ávido de maravilhar-me no teu santo graal, como quem sucumbe ao encanto duma odalisca, ao aroma adocicado das amêndoas, ao sabor agridoce de travo suave dos pêssegos rosa, por isso me quedei como se ante um cibório, não antevendo mas vivendo os prazeres do êxtase, vogando no paraíso prometido por todos os profetas em todos os sonhos e em todas as vidas.

 Por eso te abrí como a un tabernáculo, deseoso de maravillarme ante tu santo grial, como quien sucumbe al encanto de una odalisca, al dulce aroma de las almendras, al sabor agridulce del suave regusto de los duraznos rosados, por eso permanecí como ante un copón, no previendo sino viviendo los placeres del éxtasis, navegando en el paraíso prometido por todos los profetas en todos los sueños y en todas las vidas.


E feliz sucumbo à minha voracidade, por ser aí que finalmente me perco e me encontro, porque então, sim, só então sublimo a tentação que me arrastara, sôfrego, ao âmago de ti, por em ti encontrar o carrasco e a salvação dos tormentos em que me deleito e suplício, qual cilício e cura desta paixão que me consome.

 Y yo sucumbo felizmente a mi voracidad, pues es allí donde por fin me pierdo y me encuentro, porque entonces, sí, sólo entonces sublimo la tentación que me había arrastrado, ávidamente, hasta el núcleo de ti, pues en ti encuentro al verdugo y la salvación de los tormentos en que me deleito y torturo, como cilicio y remedio para esta pasión que me consume.


Somente isso explica a profusão de beijos com que, enlouquecido, numa fúria aparente, cubro o objecto da minha fé, da minha devoção, da minha entrega, ciente de ser este paroxismo avassalador que simultaneamente me subjuga e liberta da sensação, em mim somatizada,* que me guia e me cega enquanto se não cumpre o destino, a sina, o fado, e os lábios te tocam, a língua te procura, porque a sede é tortura consumindo-me as entranhas.

 Sólo esto explica la profusión de besos con que, enloquecido, en una aparente furia, cubro el objeto de mi fe, de mi devoción, de mi entrega, consciente de que es este paroxismo abrumador el que a la vez me subyuga y me libera de la sensación, somatizada dentro de mí,* que me guía y me ciega mientras el destino, la suerte, el sino no se cumplen, y mis labios te tocan, mi lengua te busca, porque la sed es una tortura que consume mis entrañas.


Apazigua-me esta dor o néctar dos deuses, ou d’uma flor, é vibrando que o procuro, e então, num estremecimento, guloso, sorvo-o num estertor, alarvemente, esquecido do tempo e do lugar, esquecido de mim precisamente quando eu um outro, quando e se ousas derramar sobre mim essa taça, ou me obrigas, também tu já toldada, já possuída da mesma fé, da mesma devoção, a beber do cálice a cicuta da vida, por sentires e saberes que só a ressurreição nos limpa do pecado se por amor nele mergulhámos.

 El néctar de los dioses, o de una flor, me alivia este dolor, es vibrando que lo busco, y entonces, en un escalofrío, ávido, lo sorbo en un estertor de muerte, tontamente, olvidando el tiempo y el lugar, olvidándome de mí mismo precisamente cuando otro, cuando y si te atreves a derramar esa copa sobre mí, o a obligarme, tú también ya cegado, ya poseedor de la misma fe, de la misma devoción, a beber del cáliz la cicuta de la vida, porque sientes y sabes que sólo la resurrección nos limpia del pecado si nos sumergimos en ella por el amor.


Cegamo-nos, cegamo-nos, e só o turbilhão da nossa mente nos acompanha, não nos guia, mas acompanha-nos, enquanto a nossa língua tacteia o caminho, o cruzamento, enquanto a nossa boca clama, vorazmente, por veneno e paz, por tudo e por nada…

Nos cegamos, nos cegamos, y sólo la mente en torbellino nos acompaña, no guía, acompaña, mientras la lengua tantea el camino, la intersección, mientras la boca clama, voraz, por veneno y paz, por todo y nada...


E antes que tudo termine caio a teus pés, prostrado, numa pausa redentora, porque agora sim, estamos prontos, pois a tarde é nossa e chegada a hora de nos cumprirmos,

           Y antes de que todo termine caigo a tus pies, postrado, en una pausa redentora, porque ahora sí estamos listos, porque la tarde es nuestra y ha llegado el momento de realizarnos,     


                   seja...

                   así sea

* NOTA: Em psicologia, "somatizar" significa manifestar problemas emocionais ou psicológicos através de sintomas físicos. É o processo em que a angústia ou dor psíquica é expressa através de sensações e dores corporais, muitas vezes sem a pessoa ter consciência disso.

A somatização, então, ocorre quando a mente, incapaz de lidar com o sofrimento emocional, o transforma em sintomas físicos. Isso pode acontecer em casos de transtornos mentais, dependência química, traumas, ou quando a pessoa está tentando ignorar ou evitar a dor emocional.




quarta-feira, 2 de julho de 2025

834 - A PSICOLOGIA DO ESQUERDISMO ...

               


     

PSICOLOGIA DO ESQUERDISMO

 

Um dos mais notáveis e certeiros diagnósticos do esquerdismo como fenómeno psicológico com que me deparei, em abono da verdade através do meu amigo Rodrigo Penedo já que sem a sua contribuição eu só conheceria metade da história, aquela metade que foi muito badalada na altura pelos mídia. Académico exemplar, Ted Kaczynski, que mais tarde viria a cair em desgraça, soube contudo diagnosticar, demonstrar e descrever a famigerada doença do esquerdismo....

.  

Sim Rodrigo, concordo ser indiscutivelmente o Manifesto do Ted Kaczynski a mostrar- nos a faceta multifacetada do esquerdista, o qual por natureza dissimulado é afinal e essencialmente um perturbado mental afectado por duas grandes tendências psicológicas: “sentimentos de inferioridade e afectação negativa durante o processo de socialização”.  


Vejamos o brilhantismo analítico de alguns excertos da obra de Kaczynski onde o autor analisa a forma como a tara da inferioridade se manifesta no esquerdista:

  «Por “sentimentos de inferioridade” entendemos não só os sentimentos de inferioridade em sentido estrito, mas todo um espectro de características inter-relacionadas: baixa auto-estima, sentimentos de impotência, tendências depressivas, derrotismo, culpa, ódio a si próprio, etc. Defende o autor que os esquerdistas modernos tendem a ter alguns destes sentimentos (possivelmente mais ou menos reprimidos) e que os mesmos são decisivos para determinar a direcção do esquerdismo moderno. (…)

Muitos esquerdistas, a grande maioria deles, identificam-se intensamente com os problemas de grupo que carregam a imagem de fraqueza (mulheres), derrotados (índios americanos), repelentes (homossexuais) ou inferiores. Os próprios esquerdistas sentem que esses grupos são inferiores. Nunca admitirão para si próprios terem tais sentimentos, mas é precisamente porque vêem esses grupos como inferiores que se identificam com os seus problemas, logo com eles.

Atenção, não se está a sugerir que as mulheres, os índios, etc., sejam inferiores; está apenas a fazer-se uma observação sobre a psicologia esquerdista). (…)

Os esquerdistas tendem a odiar tudo o que tenha agarrado ou identificado com uma imagem forte, bom e bem-sucedido. Odeiam a América, odeiam a civilização ocidental, odeiam os homens brancos, odeiam a racionalidade. As razões que os esquerdistas dão para odiar o Ocidente e o resto não correspondem claramente aos seus verdadeiros motivos.

Eles DIZEM que odeiam o Ocidente porque é belicoso, imperialista, sexista, etnocêntrico, etc., mas onde ou quando esses mesmos defeitos aparecem em países socialistas ou em culturas primitivas, o esquerdista encontra desculpas para eles, ou, na melhor das hipóteses, admite RESSENTIDO que eles existem; minimiza-os tanto quanto os ENFATIZA, muitas vezes exagerando imenso esses defeitos quando os mesmos aparecem na civilização ocidental.

Assim, torna-se claro que esses defeitos não são o verdadeiro motivo do esquerdista para odiar a América e o Ocidente. Ele odeia a América e o Ocidente porque são fortes e bem-sucedidos.

 Palavras tão simples como “auto-estima”, “autoconfiança”, “auto-suficiência”, “iniciativa”, “empreendedorismo”, “optimismo”, etc., têm pouca relevância no vocabulário de esquerda. O esquerdista é anti-individualista e pró-colectivista. Quer que a sociedade resolva os problemas de cada um, que satisfaça as necessidades de todos, que cuide deles. O esquerdista não é o tipo de pessoa que tenha um sentimento interior de confiança na sua capacidade de resolver os seus próprios problemas e satisfazer as suas próprias necessidades. Ele é antagónico em relação ao conceito de competição porque, no fundo, se sente um falhado, um perdedor

As formas de arte que apelam aos intelectuais de esquerda modernos tendem a ser subjectivas, ambíguas, a centrar-se na sordidez, na derrota e no desespero, ou então assumem um tom orgiástico, descartando o controlo racional, como se não houvesse esperança de conseguir nada através do cálculo racional e tudo de válido que nos restasse fosse mergulhar nas sensações do momento..

Os modernos filósofos de esquerda tendem a rejeitar a razão, a ciência, a realidade objectiva e a insistir que tudo é culturalmente relativo. (…) O esquerdista odeia a ciência e a racionalidade porque estas classificam certas crenças como verdadeiras (ou seja, bem sucedidas, superiores) e outras crenças como falsas (ou seja, falhadas, inferiores). Os sentimentos de inferioridade do esquerdista são tão profundos que ele não pode tolerar qualquer classificação de algumas coisas como bem-sucedidas ou superiores e outras como falhadas ou inferiores.

Isto também está subjacente à rejeição, por parte de muitos esquerdistas, do conceito de doença mental e da utilidade dos testes de QI. Os esquerdistas são profundamente contra as explicações genéticas das capacidades ou do comportamento humano porque essas explicações tendem a fazer com que algumas pessoas pareçam superiores ou inferiores a outras. Os esquerdistas preferem dar à sociedade o crédito ou a culpa pela capacidade ou falta dela de um indivíduo. Assim, se uma pessoa é “inferior”, a culpa não é dela, mas da sociedade, que não a terá, como seria sua obrigação, educado correctamente.

O esquerdista não é tipicamente o tipo de pessoa cujos sentimentos de inferioridade o tornem um fanfarrão, um egoísta, um rufia, um auto-promotor, um competidor implacável. Este tipo de pessoa não perdeu totalmente a fé em si próprio. Tem um défice profundamente intuído do seu sentido de poder e de auto-estima, mas ainda consegue conceber-se como tendo a capacidade de ser forte, e os seus esforços para se tornar forte produzem todavia o comportamento desagradável que lhe conhecemos e que a caracteriza.

Mas o esquerdista está demasiado longe disso. Os seus sentimentos de inferioridade estão tão enraizados que ele não consegue conceber-se como individualmente forte e valioso. Daí o colectivismo do esquerdista. Ele só se pode sentir forte como membro de uma grande organização ou de um movimento de massas com o qual se identifica.

 


Reparem na tendência masoquista das tácticas da esquerda. Os esquerdistas protestam deitando-se na frente dos veículos, provocam intencionalmente a polícia ou os racistas para que os maltratarem, etc. Estas tácticas podem muitas vezes ser eficazes, mas muitos esquerdistas utilizam-nas não como um meio para atingir um fim, mas porque PREFEREM tácticas masoquistas. O ódio a si próprio é uma característica da esquerda.



Pensamentos e reflexões extraídas da obra do insigne académico Theodore Kaczynski, no caso da sua obra “Industrial Society and its Future”, de 1995.


Todavia Theodore John Kaczynski não é flor que se cheire, licenciou-se na conceituada Universidade de Harvard em 1962, integrando de seguida o corpo docente da Universidade de Michigan onde obteve o seu mestrado (1964) e o doutoramento (1967) em Matemáticas, sendo-lhe atribuído o Galardão Myers Para Melhor Dissertação do Ano.

 

Apesar dos diplomas e de ter dedicado a vida fazendo ressoar o alarme quanto ao que considera o principal problema da humanidade: a omnipresente subjugação à força destrutiva do progresso tecnológico. Nos seus escritos articula uma extensa crítica ao "sistema tecno-industrial" antevendo as consequências catastróficas deste para a humanidade e para a biosfera, daí a autoria de A SOCIEDADE INDUSTRIAL E O SEU FUTURO....

 

Kaczynski nascido em 1942 em Evergreen Park, Illinois, foi um prodígio intelectual, ingressou na Universidade de Harvard aos 16 anos, onde se licenciou, tendo tirado o mestrado e doutoramento aos 24 anos na Universidade de Michigan, tendo sido aos 25 anos o mais jovem professor de Matemáticas na história da Universidade Califórnia Berkeley. Passados dois anos abandonou o ensino e mudou-se para uma área remota do Montana para concretizar a ambição pessoal de viver de modo autónomo e auto-suficiente, adoptando um estilo de vida sobrevivencialista, vivendo da terra e da caça durante cerca de vinte anos.

 

Tendo sido condenado a uma pena de prisão vitalícia pela campanha de atentados à bomba em que ficou conhecido como Unabomber, Kaczynski encontra-se encarcerado em regime de cela solitária numa Prisão Federal no Colorado desde 1998, onde continua contudo escrevendo ensaios tecnofóbicos.

 

Em 14 de Dezembro de 2021 e de acordo com Donald Murphy, porta-voz do Departamento prisional, Kaczynski foi transportado para o centro médico prisional FMC Butner, na Carolina do Norte. Murphy recusou-se a fornecer qualquer detalhe sobre a situação clínica de Kaczynski ou a razão pela qual foi transferido. No entanto, numa conversa por meio de carta, Kaczynski indicou estar sofrendo de cancro terminal e que a sua expectativa de vida seria de dois anos ou menos, mas isso nunca foi confirmado. Porém, na manhã de 10 de Junho de 2023, funcionários da prisão descobriram que Kaczynski tinha morrido em sua cela na cadeia da Carolina do Norte.

 

Obras

O Manifesto Unabomber

Industrial Society And its Future. The New York Times e The Washington Post, 1995. ISBN 0-9634205-2-6

A Sociedade Industrial e Seu Futuro. Editora Baraúna, 2014. ISBN 978-85-437-0127-1

Artigos e Ensaios

Morality and Revolution (Moralidade e Revolução), 1999.

Ship of Fools (O Navio dos Tolos), 1999.

When Non-Violence is Suicide (Quando a Não Violência É um Suicídio), 2001.

Hit Where It Hurts (Atinja Onde Dói), 2002.

The Coming Revolution (A Revolução que se Aproxima), 2005.

The Road to Revolution (O Caminho para a Revolução), 2005.

Coletâneas

The Road to Revolution. Éditions Xenia, 2008. ISBN 978-2-88892-065-6

L'effondrement du Système Technologique, 2008. ISBN 978-2-88892-027-4

Technological Slavery. Feral House, 2010. ISBN 978-1-932595-80-2

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ted_Kaczynski