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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

288 - ERA UMA CORRIDA ?????????????? ...............


A prova já foi há um mês e uma semana mas a minha mana contínua na dela. Rejeita o corte a cor e o modelo afirmando não ser este o dela. Mas qual era o dela ? Nem eu nem ninguém parece entender, e os média continuam tratando-nos como sendo mentecaptos, os média, os mídia, e os actores em cena.

Primeiro era que se lixem as eleições, mas quando alguém lhas lixou o rapaz mudou de opiniões, fazem-lhe a vontade e agradece com uma montanha de ingratidões…

Mas, retomando o titulo, aquilo era uma corrida ou eram eleições ? Manda a Constituição que se proceda de acordo com o que a AR entender depois do PR cumprir a sua obrigação e dever. E assim foi, o PR cumpriu a sua, e a AR cumpriu a dela, de que se queixam ? Que querem ? Outra Constituição ? Só pode ser isso, e até PPC por isso a exige, por isso e por ser tolinho mas essa é outra história.

Ninguém até agora transgrediu a Constituição, apesar de muita demagogia e parvoíce que se houve e vê durante todo o dia. Ela, a Constituição, foi elaborada por todos e salvo erro aprovada por quase todos. (penso que com excepção do CDS). Em relação a ela, Constituição, alguns podem ter sido menos delicados, como Cavaco e Silva ou PPC, ou oportunistas como A. Costa, mas ainda não foi transgredida. Era isso que o povo devia saber, ao povo ser ensinado, e não embalado em cantigas parvas pela esquerda e pela direita. Quanto à tradição é muito bonita mas não tem força de lei, a menos que se trate de um caso de direito consuetudinário*, ou usocapião**, casos que ao contrário do que possam pensar a lei (e a jurisprudência) deveras regulamentam.

Costa foi oportunista porque a votação por si obtida está longe do poucochinho que A.J. Seguro apesar de tudo ia conseguindo. Se Costa tivesse brio, honra, vergonha, caracter e tomates ter-se-ia demitido na hora. Mas a política é isto, é um jogo de vontades, equilíbrios, manipulações, consensos, mobilizações, ligações, compromissos, acordos e desacordos, o que se segue é a guerra, a continuação da política opor outros meios… O que A. Costa está a tentar fazer é absolutamente licito, legal, constitucional. 

Podemos não gostar, poderá não nos agradar, mas está funcionando a legalidade pois a politica também é contorcionismo, malabarismo, e engolir sapos. Desconheço se Costa age assim unicamente para safar o pescoço da guilhotina, é justo que tal pensemos, mas há mais aproveitadores da situação. Comecemos pelo PCP, porque não cresceu desmesuradamente apesar da crise, e não só não cresceu como a esquerda cresce sem ele, e essa esquerda que cresce é para ele uma heresia. O casual e pontualmente sortudo Bloco de Esquerda porque não deseja desaproveitar o descontentamento geral da esquerda que contabilizou excepcionalmente (nos dois sentidos do termo) e nos deseja mostrar estar à altura da situação, que não está, nem nunca esteve.

Finalmente o PS, que está a descobrir de uma forma ou de outra que terá que lutar para reconquistar o eleitorado que julgava seu, que ao longo de quarenta anos em vez de consolidar perdeu, um caso insólito que o devia obrigar a profunda auto critica e em que não deixarei de dar razão ao eleitorado. Afinal que nos tem dado o PS ? Porque havemos de votar PS ? Que nos garante o PS além de NINS, uns nem sim nem não como é seu apanágio ? O meu problema não está na coligação de esquerda que já vem com quarenta anos de atraso, que não apoio nem aprovo, e na qual não creio. As minhas dúvidas não se colocam em relação ao BE ou ao PCP, as minhas reticências prendem-se com o PS, é este o partido parasita e oportunista em relação aos outros dois. É este que precisa mais daqueles que aqueles dele, do PS, que joga o seu futuro e Costa a sua cabeça, ou o pescoço, nesta coligação original. Havendo razões para duvidar da credibilidade de algum destes partidos por mim o maior perigo virá precisamente do volúvel PS.

Acresce a estes contorcionismos o facto de quer o BE quer o PPC terem muito provavelmente grandes problemas de consciência por terem derrubado o PEC4 e o PS abrindo caminho à direita que, pasme-se, governou mal mas que apesar de tudo nestas eleições em que a sua queda era perspectivada até devido ao cansaço natural do exercício do poder, surpreendentemente cativou mais votos que qualquer outro partido isoladamente. Este partido, este PS tem que me demonstrar na prática que merece o meu voto. Há muito que assim procedo, concretamente desde que Guterres fugiu com o rabo entre as pernas em vez de se ter dedicado a endireitar a vara torta ou a drenar o pântano que afirmou ter visto. Um partido, qualquer partido, tem que demonstrar merecer o meu voto, não lho dou incondicionalmente nem ele é garantido. Não são favas contadas, não contem com ele como com o ovo no cu da galinha, não o venham buscar, antes o mereçam. Aos meus Juventude e Lusitano é que amo apaixonadamente e tudo perdoo. Não aos partidos, ou estaria a ser parvo e a jogar contra mim mesmo.

PPC merece esta coligação que contra ele legalmente se forja, PPC merece a derrota, teve oportunidade e tempo de governar para vencer e agradar apesar de tudo e não foi capaz. Foi a sua insensibilidade e inabilidade, a sua trapalhice, o seu jogo de cintura mal enjorcado quem o perdeu. Foi o ter sido mais papista que o Papa, por ter ido mais longe que a Troika, o ter falhado praticamente todos os objectivos a que se propusera, mas sobretudo o não ter nada mais para nos oferecer que o definhar no marasmo habitual, nem programa ter, nem esperança com que nos acalentar… Nitidamente governou mal, se o tivesse feito bem teria vencido, ou ganho inequivocamente. Toda a gente vira o buraco que o PS e o despesismo tinham cavado, toda a gente estava disposta a aceitar austeridade q.b., austeridade ou bom senso na condução do orçamento do país, tivessem entregado as finanças a uma dona de casa nos últimos quarenta ambos e decerto estaríamos melhor, o que se passou foi simplesmente vergonhoso. Teve na mão uma oportunidade única para ficar na história como o regenerador, vai ficar nela como o primeiro e único PM que não conseguiu fazer dois mandatos seguidos… então porque quase ganhou PPC ? É muito simples. As pessoas não são tão parvas como as julgam. As pessoas viram em PPC um malabarista de ocasião sem respaldo cultural nenhum nem estrutura moral para erguer um país, porém também não esqueceram quanto mal o seu principal opositor, o PS, tinha causado a Portugal.

Este PS não tem de igual modo autoridade moral para condenar PPC. Um não fez ou fez mal, o outro não tinha nem teria feito melhor. As largas centenas de milhar de emigrantes, que se não tivessem saído fariam disparar as taxas de desemprego para 30% ou 40% ou até mais não se devem exclusivamente a PPC. Metade desses emigrantes pode atirar com a culpa do seu azar ao PS, a Sócrates, que já ensaiava uma fuga para a frente, a promessa anedótica da criação dos 150.000 empregos foi já sintoma disso, e bastaria ver a evolução das taxas de desemprego desde 2000 para se concluir que subia sem apelo nem agravo sem que ninguém falasse nisso nem se preocupasse ou tomasse quaisquer medidas.

Ora foi dessa culpa, dessa e da do despesismo excessivo que o PS nunca se livrou. Meteu-nos no buraco e nem desculpa nos pediu, para além da corrupção que nunca combateu e cujo paleio alimentou com os casos do Fax de Macau e do aeroporto e das respectivas luvas, tudo má língua da populaça que nunca se provou nem foi esclarecida, ou a polémica em torno das acusações das autoridades Angolanas a Mário Soares e a seu filho João que contrabandeariam diamantes de sangue, coisa em que eu de todo também não acredito, ou dos negócios e comissões milionárias de Sócrates, uma mentira velada que vai ser tão provada como o foi a mentira dos submarinos. Já PPC por seu lado nunca fez a menor ideia de como sair desse buraco aberto pela crise e sem saber, ou por não saber, ainda o cavou mais fundo. Quer o PS que o PSD vão ter que mudar muito. E vão ter que lutar contra a corrupção, fenómeno transversal aos partidos do arco do poder.

É portanto pelas culpas sempre escamoteadas pelo PS que eu temo, um dia, se lhe convier, o PS vai sacudir dos ombros os parceiros ocasionais de coligação, o PS é um náufrago agarrado a tudo que puder para não se afogar, um dia poderá ser um ingrato e “bater na mulher”… Não acredito neste PS, acho que necessita urgentemente de uma salutar travessia do deserto para retornar aos seus princípios e puros valores iniciais, tenho dezenas de razões para não acreditar nele, vai ter que suar muito para voltar a recolher o meu voto, e eu até sou socialista, imaginem se o não fosse…

Mas voltando ao bife que já está frio. O acordo à esquerda apesar de tão contestado de forma demagógica ou imoral, para não dizer pior, é contudo legal, e é bem vindo, PPC já demonstrou à saciedade ser como aqueles tipos que nem foder sabem e a quem até os tomates atrapalham, não tem nada de novo nem de interessante para oferecer, a menos que sejamos masoquistas, todavia mesmo assim lhe estou grato, foi ele, ou é ele o homem que vai obrigar todos os políticos e partidos políticos portugueses a mudar, para melhor, até o dele.

Resta esperar pela reacção do PR, e que não seja ele o primeiro a transgredir demagógica, desrespeitosa e desavergonhadamente a Constituição, espero sinceramente que não.

Nota: Surpreendem-me pela negativa as reacções a este tema vindas de pessoas que julgava minimamente cultas e instruídas. Fala por elas a emoção em vez da razão, é triste e poderá conduzir a coisas tão feias como a continuação da política por outros meios…