Velho
adágio doutrina que quanto mais nos baixamos mais o cú nos aparece, eu
acrescento ser sempre nas horas em que a porca torce o rabo que nada nem
ninguém nos dá ou empresta um braço ou um ombro amigo.
O
banco central europeu BCE, vem agora com um plano excelso para salvar a
economia europeia que, pasme-se, os europeus meteram nos trilhos do desastre. Em 2010 os Estados Unidos e
o reino Unido enveredaram por políticas contrárias às da UE com resultados
muito positivos, por isso é justo dizer-se que o BCE vai fazer agora o que
devia ter feito na altura. Jamais o Banco de Portugal admitirá tal mas, quer
ele quer Passos Coelho ou Victor Gaspar ou Maria Luís, ou mesmo todo o governo agiram
mal, estiveram e estão errados, o povo português sofre a paga cara toda esta
austeridade inútil que muitos males agravou sem que tenha resolvido algum, é
triste mas é a realidade, é o nosso fado, triste fado.
Esta austeridade nunca
foi contestada, por nenhuma destas personagens, Passos Coelho diz agora nunca
se ter oposto ao BCE, mas nunca o contrariou, e vejamos a reportagem cujo link
está abaixo (*) « em Junho de 2012, no
Parlamento, em resposta ao então líder do PS António José Seguro, Passos Coelho
opôs-se à compra de dívida por parte do BCE e explicava porquê,
“Se
o senhor deputado entende que o BCE deve actuar em mercado secundário com
programas mais intensos de compra de títulos de dívida soberana dos diversos
países; se é isto que o senhor deputado entende deixe-me dizer-lhe: não
concordo e não preciso de pedir licença a ninguém - nem em Portugal, nem na Europa
– para lhe dizer aquilo que penso. Não aceito essa visão porque em primeiro
lugar não cabe ao BCE em circunstância nenhuma exercer um papel de monetização
dos défices europeus”. »
Do
exposto fácilmente se depreende que neste momento Passos Coelho faz
simplesmente por não perder a face. Todavia os do governo nem são mais tolinhos
que os outros, e a malta sabe. Contudo para ser honesto, a António Costa, link
(**) também não fica bem cavalgar a onda, pois ela simplesmente surgiu, é uma
vaga de fundo que a situação impõe, não foi induzida por ele nem parcialmente,
pelo que o seu aproveitamento é oportunista. Porém Costa está a perder-se porque
o pessoal já abriu o olho, e nada adiantará fazer-se de morto, desce nas
sondagens porque nada garante que faça muito diferente, (nem como) porque não
cortou com o passado, nem se demarcou dele, de que foi ministro, e nem ele nem
o seu partido nos pediram desculpa pelos erros cometidos e que estamos a pagar
caros.
É
dos livros que a economia capitalista assenta no consumo, sem essa matriz primeva
da sua génese não há nada, pelo que pasmei quando, há quatro anos vi
recomendada primeiro e imposta depois uma cura pela austeridade.
Parcimónia,
bom senso, comedimento, sensatez, faltaram-nos nos últimos 40 anos, impõe-se
esclarecer e afirmar que os portugueses têm sido enganados, os partidos têm-nos
mentido, todos eles sem excepção, uns mais que outros, uns por omissão outros
por premeditação, foram todos eles sem que tal assumam quem nos trouxe até esta
miséria em que nos encontramos.
E
a nossa desgraça é tão grande que ninguém foi capaz de contestar a cura radical
de austeridade que nos prescreveram e que, conforme já vimos volvidos quatro
anos, nada curou e está a matar-nos.
E
ninguém contestou essa cura porque não temos estadistas, nem sequer gente
competente. Quanto mais falham mais sobem, viu-se com todos em especial com Victor
Constâncio e Victor Gaspar. (Que ao menos admitiu o falhanço na carta de
despedida e aconselhava a fazer o contrário do que ele mesmo fizera) Os últimos
estadistas competentes que nos governaram estão enterrados, Salazar e Marcelo
Caetano, que ainda não tiveram quem lhes fizesse frente ou sequer chegado aos
calcanhares, e esse é o nosso drama.
Evidentemente
não podemos esbanjar os dinheiros públicos como vínhamos fazendo e em projectos
megalómanos e inviáveis, como o Aeroporto de Beja, ou o de Rio Frio, que quase
estivemos para construir, ou o TGV, ou a terceira auto-estrada Lisboa Porto, e
tantos outros projectos extravagantes por este país fora, como não podemos
alimentar empresas publicas continuamente deficitárias, há que gerir bem,
exigir responsabilidades, e poupar o dinheiro dos contribuintes para que não
necessitemos pedi-lo emprestado lá fora com as consequências que todos agora
conhecem.
Naturalmente
teremos que evitar o risco de voltar a deixar que os bancos façam as habituais
negociatas financeiras e deixem a economia à espera de investidores que criem
emprego, porque eles não o fazem, teremos que desenvolver atempadamente as
reformas estruturais e conjunturais necessárias e não andar a reboque de
pressões pontuais, sim, porque se o não fizermos não haverá investimento…
ninguém virá meter aqui uma béka.. e o desemprego continuará em alta... Enfim,
teremos que nos obrigar a repensar e a ter em conta um vasto leque ou conjunto
de factores de modo urgente... O porreiro Pá tudo bem, tem que acabar. Não
pode continuar a ser o nosso mal…
O
caricato da situação surge quando nem de dentro nem de fora, FMI, BCE Comissão
Europeia, vislumbraram o vírus que inocularam nas economias viradas para o
consumo e produção. O que o BCE vem fazer agora, tarde e a más horas, é o que
devia ter feito em 2010, ou até antes. Sem asfixiar devia ter controlado, evitado
a sangria, e o despesismo. Ao invés deitou-se fora o bebé fora com a água do
banho, fomos obrigados a beber um remédio que nos está a matar, a deflação que
tanto temem foi criada por quem só via na austeridade virtudes, esquecendo ter
que haver quem consuma pra que a produção se escoe…
No
nosso país o problema em concreto é agravado, pois nem consumimos nem
produzimos e se a economia dá uma aberta vamos a correr criar postos de
trabalho na Alemanha ou na França, vamos a correr comprar Mercedes ou BMWs,
queijos de Brie, Camembert e vinhos de Bordéus…
É
aqui que eu chego à parte da reflexão em que o raciocínio me força, por
muito que não goste do despesista e gastador Sócrates, a ter que lhe reconhecer
razão, foi ele quem disse numa entrevista, por volta de 2010 ou 2011 quanto às dívidas
dos estados:
-
As dívidas dos estados não são para pagar, são para gerir ...
Nada
mais verdadeiro, embora na altura toda a gente o tenha trucidado e levado a
expressão para o lado de quem não pensava pagar as exageradas, sumptuosas e desnecessárias
despesas por si feitas, contudo Portugal e a UE, bloco económico de que fazemos
parte, bloco do euro, deviam ter acordado prazos, modalidades juros carências e
contenções, ao invés de nos ter sido imposta esta austeridade assassina que
ameaça destruir toda a Europa do sul onde a receita foi aplicada.
A nossa economia já
foi de pantanas, por termos a governar-nos gente incapaz e mais papista que o
papa …
É
que para além de nos terem faltado na hora certa as reformas, contudo todavia
mas porém, se se achavam capazes de governar teriam que saber cantar e assobiar
ao mesmo tempo, fizessem as reformas sobre o que existia e funcionava, tal qual
um engenheiro faz uma via novíssima sobre outra que continua funcionando e
somente no fim desvia o transito para a nova faixa ou nova via, ou como um
cirurgião que opera o doente sem lhe parar o coração, esse é o primordial busílis
da questão, se não sabem como fazer as coisas não as façam, deixem a
oportunidade a quem saiba. E assim para tentar fazer de novo se matou o que
existia. Calcula-se que metade dos empregos perdidos nestes quatro anos se
devam a inexperiência governativa…
Mas
regressemos à vaca fria, a inflação baixa e controlada é benéfica e actua como
um estímulo, vou dar-vos um exemplo exagerado até ao limite:
Imaginemos
que a inflação anual se mantinha durante uma década na ordem dos 40 a 50% (eu
disse exemplo no limite) que aconteceria á nossa divida findo esse prazo ?
Eu
digo-vos, estaria comida pela inflação e como ameaça quase nada representaria,
enquanto agora representa uns puxados 130% do PIB… Mas, com a baixa inflação ou
a deflação que tanto se teme, o seu tamanho monstruoso irá manter-se ampliar-se !! Daí que a deflação para além de
todos os aspectos negativos que arrasta, devido ao ciclo quebra da produção quebra
do consumo que a quebra de expectativas e de preços cada vez mais baixos
acarreta, assusta sobretudo por amplificar os males e monstros existentes. Como
iremos pagar uma divida que se avoluma com uma economia definhando a cada dia
que passa ? E definhará cada vez mais até por efeito das características que a
deflação nela induz.
A
senhora Merkel começou o problema, é que a deflação em que a Europa seriamente
incorre foi "plantada" por esta senhora e pelas suas teorias
macroeconómicas absurdas, pois se o capitalismo vive do consumo era óbvio que a
austeridade nunca seria a receita indicada, o problema dela é falta de
autoridade moral para falar pela Europa, porque parece que lá pela sua terra bem prega e melhor milagra e quanto a isso não a podemos condenar...
Ora
o pensamento alemão ou finlandês, permanentemente contra as nossas políticas de despesa com investimento público (o que em parte se compreende) erra por incluir a tao famigerada critica ao
consumo. Está visto e provado que a austeridade nos países do sul, que pouco ou
nada produzem e tudo lhes compram não leva a nada, porque são eles quem neste
momento chia e se queixa pelo abrandamento do consumo, onde a produção baixa, onde
a procura abranda, e os preços ameaçam entrar em queda livre arrastando toda a
Europa para um enorme buraco negro de desemprego e miséria.
É
que a economia também se manifesta através de estímulos psicológicos (é ou não
é amigo Pacheco?), é verdade que a deflação (na oferta) aumenta o poder de
compra (da procura), mas é uma verdade envenenada. O problema é que a queda dos
preços, (que beneficia os salários baixos, que desse modo podem adquirir mais
bens), o problema é que a queda dos preços não induz á venda porque ficamos
esperando que amanhã baixem ainda mais e não compramos hoje, na esperança de
comprar amanhã mais barato, e assim sucessivamente levando a oferta a baixar
ainda mais o preço... e gerando uma situação que arrasta consigo vendas abaixo
do preços de produção, inevitáveis falências, queda do investimento, queda do
emprego e outras desgraças análogas...
Ah
! Já me esquecia !!
E
quanto aos 12.000 funcionários (***) para "reciclar" estamos
conversados, fugiu à ministra a boca para a verdade, mas, verdade seja dita que
não a abriu toda porque não o pode fazer, na realidade este país como está não recomeçará a mexer-se sem que aproximadamente uns 150 mil sejam
arrumados… ou no limite todos os funcionários públicos, basta que a economia continue na senda do êxito que tem sido anunciado entendem ? De qualquer modo admitir dispensar 12.000 já é um bom começo
de assumpção do que está mal neste país e da discussão da sua resolução, só não
me pronuncio mais detalhadamente por não ser sindicalista…
Não
se pode falar verdade, os portugueses não aguentam, e os políticos socorrem-se
de subterfúgios da linguagem, (ver texto 217,
Por
isso se fala tanto em “racionalização dos recursos na administração pública”,
que contará com “vários instrumentos - aposentação, rescisão por mútuo acordo e
ou situações de requalificação", mas "os objectivos não são
estanques"… O que significa que tanto podem ir para o maneta ainda este
ano ou no próximo, ou no seguinte, depende da narda disponível… ($ narda) Segundo
a ministra das finanças, "há um objectivo de reduzir nos casos onde há
mais recursos do que o necessário", garantindo no entanto que "não há
um número, uma meta a cumprir por cada ministério"…(sic).
Amanhã
é domingo, estarei na missa das matinas rezando por todos os felizes beneficiários
da racionalização e seus variados instrumentos e por Mário Draghi, o resto são
peanuts …
Fikem
bem :D Um dia falaremos sobre os óbices ao empréstimo do BCE a Portugal e das
piedosas mentiras que a propósito os nossos governantes nos enfiarão…
P.S. esta última foto é só pa despistar e atrair os bacocos à leitura do manifesto :D