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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

664 - O PILOTO TOP GUN E O ANJO BRANCO * ...


Ficara de borco sem dar acordo de si, o sangue empapando a terra numa mancha que alastrava demasiado rapidamente. Por isso lépido lhe acudi, esquecendo o folclore à nossa volta, o metralhar constante, os zumbidos sobre a cabeça, a terra pelo ar, tudo p’lo ar, o zunir da queda das granadas de morteiro, vertiginosa e fatal, a gritaria, o medo, os suores frios, a coragem, os relampejantes olhares e o flash de palavras de ordem trocadas, os sinais, os gestos, a rápida análise da situação e, quando me foi dado fogo de cobertura e protecção acerquei-me dele, virei-o e acudi-lhe.

 Misturavam-se o sangue golfando, a terra vermelha, as tripas, sem que ali naquele lugar e momento algo ou alguém conseguisse garroteá-lo, vedá-lo, pará-lo. Era, seria, uma questão de minutos. Puxei-o para mim, descansei-lhe a cabeça no colo, afaguei-lhe, limpei-lhe e ajeitei-lhe os cabelos enquanto lhe dirigia palavras ternas, calmamente esperançado que ele me ouvisse e que, se acordasse, não desse pela contradição entre o caos em nosso redor e a doçura com que lhe falava.

 Melhor talvez fosse já nem acordar mesmo, mas quem adivinha o minuto seguinte no meio duma confusão em que tudo muda a cada instante ? Se acordasse ter-se-ia apercebido não lhe restar qualquer hipótese, nem muito tempo. Apenas um istmo no lugar do rim direito o prendia ao hemisfério sul, o norte derretia-se a cada segundo, não tardaria e o degelo completar-se-ia, ele gelaria, eu recolheria as chapas e providenciaria um saco preto, grande, fecho éclair de cima a baixo. Um héli o levaria dali, nos levaria dali se sobrasse algum de nós.

 Tínhamos pedido apoio aéreo e um hélicanhão, mas nem os Fiat’s com napalm nem o héli, e nós cada vez mais apertados, nós cada vez menos. Quem vai à guerra dá e leva e naquele dia estávamos levando uma coça, uma sova, o Gouveia não era o único em maus lençóis…

 

- Meu tenente não me abandone, sei estar de abalada, chegou a minha vez, a minha hora, já sinto o frio tomando conta de mim e não me sinto, da cintura para baixo não sinto nada, desta não escapo.

 

Ajeitei-o melhor no meu regaço e apertei o braço em volta dos seus ombros.

 

- Diga à minha mãe que a amo muito, toda a vida amei, e à Esmeralda que sempre foi o amor da minha vida, que a amei tanto quanto pude, enquanto pude, e que vão para ela os meus últimos pensamentos, é uma boa moça e corajosa, meu tenente zele por ela, faça por ela, prometa-me que tudo fará por ela, que fará por ela o impossível.

 

Não tive tempo para lhe prometer nada, nem ele me deu tempo. Nem eu podia prometer-lhe fosse o que fosse. Nem ele sabia ter eu aprazado casamento com a Luisinha. Nem as mulheres se recomendam ou trocam como uma peça da farda, uma fita de metralhadora, uma faca, uma pistola, contudo o Gouveia nem foi dos que mais delirou. Era minha ordenança desde que chegáramos ao Cunene e nunca lhe ouvira uma palavra fora dos carris. Fechei-lhe os olhos e perdoei-o. Lamentei-o mais que o perdoei.   

 O apoio aéreo chegou finalmente para nos tirar de apuros, o hélicanhão chegaria alguns minutos depois mas por nada disto eu daria. A minha vez chegara também, todavia teria mais sorte que o Gouveia, o héli de evacuação chegara a tempo de me levar dali para fora e o Senhor não quisera que eu deixasse de me sentir. Voei dali para a salvação pilotado por um Top Gun e cuidado por um anjo branco que de imediato reconheci mas que, no estado em que me encontrava me neguei a conhecer.

 

………………  Voltei a mim com o grito imperativo e aflito do cabo boticas para o resto do grupo :

 - Deixem-no comigo ! Dêem-me espaço antes que ele se vá ! Alguém chame já um helicóptero caralho !

 Retomei a consciência e senti frios tremores assaltando-me naquele deserto quente e seco a que, na galhofa chamávamos o SPA da Namíbia e, ao mesmo tempo que a mão do boticas apertou a minha, senti a progressão de um estranho calor tomando-me da cabeça aos pés e ele, injectando-me confiança num sorriso,

 - Não temas, é a morfina, acalma-te, respira devagar e não te esforces, não te mexas, já vem um héli a caminho.

 Forcei-me a crer nas suas palavras e anui ante a certeza que aquele sorriso transmontano injectava em mim, de olhos fixos no ar revi os últimos momentos, qualquer coisa atirando-me contra o chão, desequilibrando-me como se tivesse levado um tremendo coice na costas, provocado pela pressão do ar mor a explosão, coice desembestado, atirando-me ao chão, enquanto um fio de sangue surgia por debaixo do cabelo empastando-o, escorrendo pela nuca e desaparecendo por dentro da camisa. À mistura um repetitivo e assustador matraquear vindo de sul, a barragem de morteiros caindo aleatoriamente à nossa volta, as nuvens de areia erguendo-se do chão, a gritaria deles, a nossa, atrás de mim alguém em desespero, o Gouveia acabara de se ir desta para melhor a situação deteriorava-se e o inimigo encurralava-nos a cada minuto que passava...

 - Eu já vos fodo todos  filhos da puta pretos dum cabrão !

 E num segundo todos calados, silêncio, escuridão, depois o frio glacial, os dentes batendo incapaz de os suster, o vozeirão do boticas, o carinho quente da sua mão apertando a minha, a esperança galgando-me as veias numa calorina anormal e ruborizante e finalmente o som de um héli, a boca tragando o pó feito lama nos lábios em que derramaram os cantis.

 - Baixem-se ! Alguém ajude aqui ! Atenção, todos ao mesmo tempo, às três para cima da maca ! E vai um e vão dois e vão três ! Agora ! Só vêm os da maca os outros baixem-se e dêem-nos cobertura !

 Recordo o balançar célere do levantar numa nuvem de pó, as mãos dela descobrindo-me o braço, tacteando-o, um frasco pendurado por cima pingando apressado, os olhos fixos em mim, ouvido no meu externo, escutando-me, a pressão de um dedo na carótida enquanto lia o relógio pendente do peito, o suor escorrendo-lhe em bagas, os cabelos em desalinho e gritando ao piloto

 - A direito a razar as árvores ou perdemo-lo meu Deus !

 Duas mãos segurando as minhas numa prece, lábios mordendo-se e murmurando em simultâneo uma ladainha que nunca entendi, quis erguer-me para beijar-lhe a testa e acordei longe dali num silêncio de hospital, no tecto branco ventoinhas remexendo o ar como pás de helicóptero em câmara lenta, uma touca branca debruçando-se sobre mim, uma mão invadindo-me as virilhas, a febre lida num termómetro prateado, um sorriso,

 - baixou,

três sacudidelas antes de pousado no pano bordado da mesinha de cabeceira, um jarro de água e uma jarra com rosas do deserto, linho, lençóis de linho branco * ………………..

 

O doce, terno, eficiente e competente anjo branco cujas mãos me ampararam era nada mais que uma das nossas primeiras enfermeiras paraquedistas, a Esmeralda, sim essa mesmo, a noiva do Gouveia, por isso me calei, por isso fingi nem a ter reconhecido, por isso me rebelei contra mim mesmo e sofri, decerto não seria eu a dar-lhe tão triste notícia. Eu não. Eu nunca.

 Anos mais tarde e com tempo vim a contar-lhe tudo pormenorizadamente, tim tim por tim tim, e naturalmente acabámos os dois chorando, mão na mão. Eu já casado havia um ror de anos com a Luisinha, ela a Esmeralda acabadinha de sair de um casamento que os muitos traumas de guerra que havia sofrido condenaram ao fracasso.

  Durante uns tempos vimo-nos um ao outro, casualmente, acidentalmente. Somente de anos-luz a anos-luz, outras vezes, calhando, pura sorte, casualmente víamo-nos pelos cafés, encontrávamo-nos aí pelos cafés… (ela estava sempre com sujeitos decentes) e quando nos fitávamos nos olhos, bem lá no fundo dos olhos, eu que sou homem nascido para fazer as coisas mais heróicas da vida virava a cabeça para o lado e dizia:

 

- Rapaz, traz-me um café…

                                                                                            Há mais amargura nisto que em toda a História das Guerras.


                    NOTA: Em itálico extractos do texto nº  221 - CONTRATEMPO EM XANGONGO .... 

                    e do poema “Domingo”, de Manuel da Fonseca.     

                    * https://mentcapto.blogspot.com/2015/01/221-contratempo-em-xangongo.html

                   https://mentcapto.blogspot.com/2019/07/610-2-esmeraldas-2-aneis-esmeralda.html

 


quarta-feira, 28 de março de 2018

MÃE, MEMÓRIAS MANUSCRITAS DE UM SOLDADO DESCONHECIDO *

               

MÃE *


Sim era uma Berliet, perdida no Namibe,

entre Xangongo e Ondjiva, ou Ondijiva,

sim, estava ali o camião,

nem à tua nem à minha nem à nossa espera,

mas estava ali, jazia ali, parado, a jeito.

 

No ar areias rodopiavam

folhas, paus, pequenas pedras,

como bátegas de chuva fustigando-nos,

chicoteando-nos o rosto.

 

Semicerrei os olhos,

avancei às escuras, ás cegas,

o sol teimando, vencido,

acendendo chispas nesse névoa vermelha,

traiçoeira, arenosa.

 

Ondas de pressão cortando os sons e

no silêncio do tumulto,

gritos mudos de aflitos, ecos de trovoadas e

pairando sobre as nossas cabeças,

espadas,

empurrando-nos contra a parede.

 

Peguei em ti,

recostei-te contra o rodado da Berliet,

passei o braço pelos teus ombros,

reconfortei-te, enganei-te,

os teus últimos minutos foram mentira piedosa,

contigo gritando apavorado,

espantado com a brevidade da vida.

 

Bem clamaste por ela, e p’la mãezinha mas,

o inferno era ali e nem uma nem outra te atendeu,

nenhuma estava, estava eu, tu lembraste a Fátima,

e a mãezinha.

 

Sim, eu farei por ela, sim dir-lhe-ei quanto a amavas,

as amavas,

sossega,

sossegaste.

 

Arfavas ao  beijar-te a testa,

abracei-te, apertei-te contra mim,

o teu corpo de cera quente ainda,

lembrando-me promessas e velas num altar,

e enquanto o barulho surdo da refrega emudecia,

tu gelavas,

calavas-te e gelavas.

 

Depois fechei-te os olhos,

para que não visses a natureza do homem,

a Berliet tombada,

os destroços em redor,

o adeus dos camaradas,

e chorei…


Humberto Ventura Palma Baião in manuscrito de "MEMÓRIAS DE UM SOLDADO  DESCONHECIDO", Évora, 28 de Março do ano da graça de 2018                   

 








segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

000221 - CONTRATEMPO EM XANGONGO ............


             Levantara-me com cuidado para não a acordar, dirigira-me como um sonâmbulo à cozinha, boca seca, tal qual numa ressaca, mas nesse dia não, nesse dia era mesmo só sede, nem acendi a luz, uma fraca luminosidade coava-se pelos buraquinhos do estore, talvez seis da matina, porque às sete, hora a que ela automaticamente acordaria, não seriam buraquinhos de luz coada, antes estrelas luminescentes que o sol, batendo em cheio na janela, imprimiria naquela espécie de cartão perfurado *

Encolhi-me ante o bafo de ar frio quando abri a porta do frigorifico, que me atingiu como uma chapada, lembro-me de nesse momento ter apertado uma perna contra a outra sustendo uma súbita e impertinente vontade de mijar para depois, num repente, todas as pressas me passarem bloqueando-me, hesitante quanto ao pacote a escolher, sumo de laranja ou sumo de maçã ? Gostava igualmente de qualquer deles, ambos me dessedentariam por igual e estariam igualmente frescos, porquê então a minha hesitação ?

Foi quando nos lembrei num pomar de laranjeiras, inebriados pelo doce aroma das suas flores e dos sonhos que partilhávamos, em que eu, um eleito no paraíso, e tu uma das setenta e duas virgens que me estariam prometidas

Vivi o auge da revolução dos cravos alheado, atravessei-a convalescente e convalescendo no hospital militar da Estrela, em cujos jardins repeti, dia após dia a marcha que me fortaleceria, ante o olhar nem sempre desinteressado das sábias alunas das várias especialidades de enfermagem fumando às escondidas nos intervalos da labuta, camufladas nas ramagens de um loendreiro subindo encostado à mesma parede a que se aconchegavam buscando o sol quentinho dessas manhãs primaveris

Voltei a mim com o grito imperativo e aflito do cabo boticas para o grupo de busca

- Deixem-no comigo ! Dêem-me espaço antes que ele se vá ! Alguém chame já um helicóptero caralho !

Retomei a consciência e senti frios tremores assaltando-me naquele deserto quente e seco a que, na galhofa chamávamos o SPA da Namíbia e, ao mesmo tempo que a mão do boticas apertou a minha, senti a progressão de um estranho calor tomando-me da cabeça aos pés e ele, injectando-me confiança num sorriso

- Não temas, é a morfina, acalma-te, respira devagar e não te esforces, não te mexas, já vem um héli a caminho

Forcei-me a crer nas suas palavras e anui ante a certeza que aquele sorriso transmontano injectava em mim, de olhos fixos no ar revi os últimos momentos, qualquer coisa atirando-me contra o chão, desequilibrando-me como se tivesse levado um tremendo coice na costas, provocado pela pressão do ar mor a explosão, coice desembestado, atirando-me ao chão, enquanto um fio de sangue surgia por debaixo do cabelo empastando-o, escorrendo pela nuca e desaparecendo por dentro da camisa. À mistura um repetitivo e assustador matraquear vindo de sul, a barragem de morteiros caindo aleatoriamente à nossa volta, as nuvens de areia erguendo-se do chão, a gritaria deles, a nossa, atrás de mim alguém em desespero, o Gouveia acabara de se ir desta para melhor, a situação deteriorava-se e o inimigo encurralava-nos a cada minuto que passava...

- Eu já vos fodo todos  filhos da puta pretos dum cabrão !

E num segundo todos calados, silêncio, escuridão, depois o frio glacial, os dentes batendo incapaz de os suster, o vozeirão do boticas, o carinho quente da sua mão apertando a minha, a esperança galgando-me as veias numa calorina anormal e ruborizante e finalmente o som de um héli, a boca tragando o pó feito lama nos lábios em que derramaram os cantis

- Baixem-se ! Alguém ajude aqui ! Atenção, todos ao mesmo tempo, às três para cima da maca ! E vai um e vão dois e vão três ! Agora ! Só vêm os da maca os outros baixem-se e dêem-nos cobertura !

Recordo o balançar célere do levantar numa nuvem de pó, as mãos dela descobrindo-me o braço, tacteando-o, um frasco pendurado por cima pingando apressado, os olhos fixos em mim, ouvido no meu externo escutando-me, a pressão de um dedo na carótida enquanto lia o relógio pendente do peito, o suor escorrendo-lhe em bagas, os cabelos em desalinho e gritando ao piloto

- A direito a razar as árvores ou perdemo-lo meu Deus !

Duas mãos segurando as minhas numa prece, lábios mordendo-se e murmurando em simultâneo uma ladainha que nunca entendi, quis erguer-me para beijar-lhe a testa e acordei longe dali num silêncio de hospital, no tecto branco ventoinhas remexendo o ar como pás de helicóptero em câmara lenta, uma touca branca debruçando-se sobre mim, uma mão invadindo-me as virilhas, a febre lida num termómetro prateado, um sorriso, baixou, três sacudidelas antes de pousado no pano bordado da mesinha de cabeceira, um jarro de água e uma jarra com rosas do deserto, linho, lençóis de linho branco

Bruscamente uma mão no ombro

- Como te sentes hoje filho ? Há dois dias que não davas acordo ! Tens fome ? Tens ? É bom sinal ! Vais rir-te desta ! O pior já passou, agora são sopas e descanso, muito descanso

Tudo em meu redor soava a branco do tecto à cama, como irrepreensivelmente brancas eram a touca, a farda, as meias, o sutiã, as rendinhas

Reaprendi a andar naquele jardim em que dia a dia repetia a marcha e me fortalecia, primeiro amparado nela que cheirava a flores de laranjeira, depois abraçados e escondidos nas ramagens de um loendreiro subindo encostado à mesma parede onde nos aconchegávamos apanhando sol, mimando-nos nas manhãs quentinhas duma primavera em que conheci o paraíso e ela uma das setenta e duas virgens que me estariam destinadas, ou prometidas, e em cujos seios e regaço me embalou todos aqueles meses de sonho e maravilhoso encantamento

À distância de quatro décadas é-me permitido um balanço. Setenta e duas virgens são manifestamente um exagero, mas seja ou não a minha vida um conto de fadas jamais deixei de as encontrar no caminho, a primeira na paróquia da senhora da Saúde, a segunda em Angola, no Xangongo, perdida na Picada de Kangamba, a sul do Cunene, bem dentro do Kalahari, onde eu a esperava enregelado junto a uma Velvechia com mil anos, (Welwitschia mirabilis), essa flor rara do deserto, tão rara quanto a fada madrinha que me salvou, estarei também fadado pra viver mil anos ?

A terceira fada encontrá-la-ia na Estrela, e por aí adiante, por isso tremi primeiro e sorri depois ao perguntares-me o porquê da minha queda por enfermeiras, ou queda ou paixão, ou simpatia, empatia no mínimo, (deixa-me esclarecer que neste teu conceito de “enfermeira” meti tudo quanto usa uma imaculada e respeitável bata branca, técnicas, médicas, etc) porém a tua pergunta não era inocente e percebi-a logo, naturalmente não desejo a ninguém que viva algumas das situações que vivi, já quanto a outras, lamentarei sim que as não tenham vivido, vivam ou venham a viver

De qualquer modo obrigado por me fazeres desenterrar tão gratas recordações. 

Claro que escolhi o sumo de laranja. A vida é uma dádiva

Cependant, aujourd'hui, je suis Charlie ...

* Nota : às sete em ponto a minha gata acordou, como sempre. 

                   http://youtu.be/mrVjgkKNU44?list=RDmrVjgkKNU44 

                  O Pomar                      Das Laranjeiras

Madredeus

Jurarei
Eterno amor
Saudades
A vida inteira
Ao nascer do sol
No pomar das laranjeiras
E se o dia
Não vier
Voltarei
De qualquer maneira
Só para te ver
No pomar das laranjeiras
É tão grande
O meu amor
Foi assim
Logo a primeira
Só será maior
No pomar das laranjeiras

+ ver também: http://mentcapto.blogspot.pt/2015/01/223-farol-berlenga-grande.html