terça-feira, 9 de maio de 2023
TEXTO 784 - INSTITUTO CULTURAL DE ÉVORA ""ERA UMA VEZ UM ALENTEJANO MALTÊS""
terça-feira, 7 de março de 2023
UMA CAMINHADA, UM PÉZINHO, UM DEDINHO
Tinha sido uma caminhada exigente, espinhosa, o que lhe valera fora um jogo de ténis novos, novíssimos, mas, como não há bela sem senão, morderam-lhe os calcanhares. Certo que por mor disso fora das primeiras a chegar, levou para casa uma menção honrosa e uma borrega horrorosa.
Tratei-a na chegada, mera bolhinha muito miudinha, muito pequenina, junto ao dedinho pikinino, ao dedinho mindinho do seu pezinho bonitinho, Formosinho, engraçadinho, e que eu segurava nas mãos.
Comovido ou enternecido ante tal visão, ou melhor, ante tal aparição, ao ver a bolhinha pequenina, miudinha no dedinho engraçadinho não me contive, ergui os braços, uma mão deslizando pela barriguinha da perna, a outra segurando o pezinho formosinho, que levei à boca e onde, com carinho, depositei um beijinho. Não passou dum jinho pequerruchinho, um carinho, depositado inocentemente e devagarinho com ternura e doçura naquele lindo pezinho.
É noite de sábado ou domingo, é uma noite fatal, é noite de fim-de-semana, daquelas em que se bebe ou uma ou outra coisinha e depois…. Coiso e tal etc. e tal e coiso… a gente por vezes nem sabe como acaba, ou se acabará em festival, outras nem imagina como tal começará, mas é fatal que comece, depois….
O tempo dirá…
Geralmente um abracinho apertadinho marca o começo e tal e coiso, e depois… se coladinhos, o comboio desata a apitar não parando mais… e nem três vezes, por vezes, chega ele a apitar…
Mas sabeis, não é bem no dedinho mindinho que ela tem a tal bolhinha, pequenina, pequenina no dedinho miudinho, engraçadinho. É lá pertinho e, claro, naquele mesmo pezinho.
É bom esclarecer estas coisas, porque ao principio enganava-me e pressuroso descalçava o sapatinho que não era, e depois, atencioso, subia-lhe aos beijinhos pela alva perna acima, ao joelhinho, à coxa rija, chegando à derivação, onde nem sinal nem proibição, para depois e só depois, de mansinho, recomeçar, descendo devagarinho p’la outra perninha abaixo enquanto ela, aos risinhos, libertava coceguinhas junto com as risadinhas e c’o pezinho descalço, descalçava o outro pezinho atirando o sapatinho lá p’ra longe, coitadinho, talvez p’ra que eu não parasse e descesse ternurento até ao pezinho certo e bolhinha redentora, onde finalmente e já exausto depositava com fervor o ultimo beijinho d'um cento.
Sim sim era mesmo assim, quer fizesse chuva ou vento, ou o sol a barlavento, eram aos centos, aos milhares os beijinhos ternurentos que a bolhinha pedia mal o sapatinho saltasse e de cada vez que a via. Era o princípio de tudo, era o meio e o fim do mundo e era até o Xanax de quando ali chegava iracundo, irado c’o reino animal ou então a pisar mal.
- Pisar mal !!! Ahahahahahah !
Riu-se ela a rodos quando entre dois grandes fogos lhe expliquei o pisar mal, assentar o pé no chão numas botitas ajustadas mas sem as unhas aparadas, experimentem e logo verão, caminhar manco, aleijado, como se vós mesmos ao andar tivésseis um grão no sapato.
E foi ela, atenta e bondosa quem me aparou as unhacas e me devolveu o garbo. Voltei a andar direito, com natural naturalidade, como se das costas sofridas me retirassem um fardo e, ao invés de um gavião, tornei a ser o Baião, mimoso, doce, simpático, carinhoso e tal e qual me conheceis pelo menos há meio século. Um estojo de unhas faz milagres e dá jeito, oh se dá ! Aproveitem os dias de anos ou o Natal e comprai um meus alarves.
A bolhinha pequenina no pezinho bonitinho, formosinho e engraçadinho era o mote, fosse motivo ou desculpa para qualquer cena maluca que nos deixasse coladinhos. Éramos uns desgraçadinhos, sempre sempre aflitinhos, sempre sempre agarradinhos, sempre ora ponha aqui o seu pezinho, sempre o tapete sobre a poça não fosse ela distraída, molhar o lindo sapatinho. Sim é verdade inda recordo, sim é verdade, inda hoje o é, fosse desculpa ou motivo qualquer bolhinha era o mote para sentarmos na garupa e abalar a galope montados num cavalinho.
Fosse Rocinante ou Bucéfalo, fosse Silver ou Diablo a verdade verdadinha era que uma vez montados, eram nuvens eram sóis, eram estrelas e cometas, eram bebés e chupetas, e à terra só tornava-mos quando muito devagar, mesmo mui devagarinho, com muito muito jeitinho, não fosse eu por distracção, ou desmazelo, pisar-lhe um dia o pezinho, pequenino, mindinho, bonitinho, formosinho e engraçadinho, descendo a cama ensonado, exausto ou aparvalhado após tanta correria em que os cavalos cansados nos traziam de mansinho de volta à terra do nunca, onde entre suspiros e ais fumávamos uns cigarrinhos muito bem enroladinhos com dois dedais de conversa. De conversa vice-versa, ou versa-vice, se acontecia partir com festas e arraiais a que só dávamos fim antes que a cama se partisse.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
782 - DINO SANTIAGO E O COLONIALISMO DE PACOTILHA OU POLITICAMENTE CORRECTO !
DINO SANTIAGO E O COLONIALISMO DE PACOTILHA OU POLITICAMENTE CORRECTO
Com
a polémica levantada acerca da letra do hino nacional, Claudino Pereira, aliás
Dino d’Santiago, aliás Dino Santiago, português de gema, nado e criado em
Quarteira desde 1982, de descendência cabo-verdiana, da Ilha de Santiago, veio
sem o querer, sem o desejar ou sequer o imaginar, levantar de novo a velha
polémica da colonização, da boa e da má.
De
imediato foi contestado, provavelmente por o julgarem oriundo de uma das nossas
colónias ou províncias ultramarinas devido ao facto de ser negro. É negro sim, mas contudo não é menos português que qualquer nós. Será no máximo mais parvo que
alguns e mais esperto que muitos, o que nada tem a ver com a cor, quando muito
terá a ver com a cor política, meandros onde parece mover-se bem melhor que
quaisquer de nós e onde igualmente fomentou acesas polémicas. (vide histórias com
Fernando Medina).
É prendado, abarbatou alguns prémios musicais, era e é por isso reconhecido na nossa praça, mas padece de um défice histórico-cultural, essencialmente no que á história concerne, á filosofia, devendo igualmente um pouco ao bom senso.
Porém, para os
que como ele vituperam o hino nacional e a história nele plasmada, em especial
aos que tanto bramam contra o colonialismo, vale a pena alinhavar algumas
linhas.
O
homem, o ser humano, terá aparecido sobre a terra de entre 5 a 7 milhões de anos
atrás segundo os científicos. Á volta de 2 milhões e meio de anos o género Homo
separou-se dos Australopitecos, em África, a partir de onde esses humanos se
terão espalhado ou ramificado por todo o restante mundo que lhes foi
possível e era acessível.
Milhões, ou centenas de anos de evolução, terão tido como transversais a grupos, clãs,
tribos, lugares e tempo, factos tão simples como nascer, morrer, respirar, comer
e matar, matar também para caçar. A luta tem sido uma constante transversal
ao longo dos tempos e aos homens, luta por um local privilegiado, luta por um lugar, uma
região, um território, na medida em que o dito fosse mais apto à recolecção, á
caça, á pesca, á cultura de cereais ou cobiçado por qualquer outro motivo.
Nada
se fez nem faz sem trabalho, sem conquista, sem defesa, sem pertença, sem posse, portanto sem guerra. A guerra, tal qual o amai-vos e multiplicai-vos, são as atitudes que melhor
caracterizam o homem e que durante maior período de tempo o definiram e ainda caracterizam. Somos uma raça guerreira por natureza, está no nosso ADN, é-nos
inato, congénito, natural.
Partindo
de África o homem colonizou o mundo. Os Vikings foram até à América, outros
até à Índia, o Gama, o Cabral, Fernão de Magalhães, Camões e outros, deram
mundos ao mundo, desvendaram este mundo, deram início à globalização e a
globalização despertou a cobiça e a colonização do planeta.
É ver a saga do Mayflower, ou como o homem chegou tão longe como às Américas, do norte, centro e sul, ou á Austrália. É vermos como a sua inerente e nata vontade o levou a chamar suas a essas terras, a esses territórios que já tinham dono, onde outros há muito viviam e dos quais foram escorraçados, ou onde foram dizimados, ou colonizados, quando não também escravizados.
Não
me caberá a mim fazer aqui o julgamento do colonialismo, já que o colonialismo
é tão velho e tão mau, ou tão bom quanto o próprio homem. Este nosso cantinho, a
Europa capitalista, colonizou, explorou, sugou, tudo onde chegava. Em especial porque esta Europa, inventora do capitalismo e que na
época já estava mais desenvolvida que o resto do mundo, e esse incipiente
capitalismo estava decerto sedento e faminto do que fosse ou pudesse abocanhar.
Essa
voracidade faz parte da natureza humana. Mas há outro tipo de voracidade não
menos voraz todavia mais perniciosa, o comunismo, doutrina que nem foi melhor nem pior. Desse dizemos
que não colonizou, foi inclusivista (kkkkkkkk) foi inclusivo, abafou, chamou a
si todos aqueles países que posteriormente e com a queda do muro de Berlim renegaram o dogma comunista,
o jugo soviético. Foi doutrina que não vingou nem na terra em que nasceu e que
muitos tontinhos ainda defendem, sem repararem não haver sítio ou lugar nenhum
deste planeta onde o comunismo tenha feito ou possa apresentar obra meritória.
Comunismo
é reflexo dum conjunto de sentimentos humanos dos mais baixos que possamos
imaginar, baseados na intolerância, na prepotência, na inveja, na incapacidade, na incompetência, na dualidade de critérios, na força bruta, na estupidez e na cegueira.
Do norte de África, no médio oriente, na Austrália, áreas igualmente colonizadas pelos europeus sabemos menos mas sabemos, da China e Indochina sabe-se alguma coisa, pouca coisa e em especial as notícias de guerras, sempre guerras, mas da China ancestral basta saber-se que construíram a maior muralha do mundo para imaginarmos ter havido necessidades de defesa, para imaginarmos que terá havido ataques, que haveria guerras.
“Guerra” a tal
constante.
Mas no nosso caso o colonialismo tem naturalmente girado principalmente em volta de Angola, Moçambique e Guiné. Nações que hoje são estados degradados, estados falhados, a Guiné é raro exemplo de um estado pária, de um narco estado. As outras duas pouco melhor estão, e em ambas se fez sentir já o desejo de que os portugueses, seus antigos colonizadores voltem a governá-los.
São
povos a quem foi dada a independência sem que tivessem maturidade para ela, sim
porque isto dos povos também tem que ver com a idade, a responsabilidade, a
capacidade.
Desde
75 e da independência que só destroem, nada digno de nota constroem, mas dos últimos 50 anos de
colonização portuguesa ficaram escolas, hospitais, portos, aeroportos, estradas,
viadutos, pontes, caminhos-de-ferro, cidades, organização, estruturas, cultura,
ensino, misteres, aptidões, barragens, centrais eléctricas, infra-estruturas,
fábricas, etc etc etc.
Nem
tudo foi mau e no seu conjunto acho que lhes foi bem mais vantajoso o tempo de
colonização que o tempo que levam de independência, tempo dedicado a guerras, vide notícias
sobre a batalha fratricida de Cuíto-Cuanavale (1987-1988, sul de Angola), onde morreram
mais de 500.000 negros. Vivem-se por lá tempos de instabilidade, de atraso, de dependência,
de fome.
Entregues
nas mãos de cubanos e russos, Angola e Moçambique foram espoliados até ao
tutano, com os chineses será muito pior, já é e será cada vez mais.
Do colonialismo,
como do ser humano, podemos dizer haver bom e haver mau, basta comparar o nosso
com o belga, com o colonialismo praticado no Congo Belga, para depressa
concluiríamos que os reis Leopold I e II da Bélgica deveriam figurar em museus
como os demónios negros da escravidão e do horror, devido ao terror com que colonizaram
e governaram as suas possessões.
Muitos
exemplos poderíamos ir buscar, cito de cabeça a Índia e o
Paquistão, que antes da cisão hindus / muçulmanos eram um só estado, a Índia
Britânica. Hoje, quer para o mal quer para o bem são duas potências nucleares e
duas grandes nações, superpovoadas e superdesenvolvidas. Pergunto como seriam
hoje essas duas Nações (que já foram uma só até 1947), se não tivessem carregado o fardo da colonização pelo império mais desenvolvido deste mundo. Portanto do ponto de
vista prático falamos unicamente da Índia, que foi colonizada pelo Império
Britânico, pelo Império Vitoriano.
Esse
Império Vitoriano, que tantas tropelias praticou na Índia, não terá deixado
também um modelo, um exemplo, um legado, um testemunho positivo ? Serão a India
e o Paquistão, duas das nações que congregam simultaneamente o maior número
dos melhores técnicos informáticos do planeta um fruto do acaso ou filhas da velha
colonizadora ?
Como
podemos ver, o colonialismo é tal qual o homem, tal qual o ser humano, Há bom e
a mau, cabe-nos olhar, avaliar, ponderar, comparar, e naturalmente julgar, mas
julgar moralmente, já que de outro modo nunca será possível fazer justiça.
Mas
julgar moralmente, avaliar friamente e de forma isenta os diversos comportamentos
coloniais, também nos obriga a ser honestos connosco próprios, e aceitar que se
há situações que foram condenáveis e até altamente condenáveis, outras houve
em que foram benéficas para os povos colonizados, e Portugal enquanto país colonizador foi no aspecto prático indubitavelmente um "bom" exemplo para o mundo.
A
verdade acima de tudo.
NOTA - Dino Santiago nasceu em 1982, tem 41 anos de
idade, é de descendência cabo-verdiana proveniente da ilha de Santiago e natural
de Quarteira, Algarve, onde viu a luz no dia 13 de Dezembro de 1982.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2022
781 - ÉVORA ESTÁ DE PARABÉNS ... OU QUANTO MAIS ME BATES MAIS GOSTO DE TI ...
ÉVORA ESTÁ DE PARABÉNS OU ...
QUANTO MAIS ME BATES MAIS EU GOSTO DE TI ...
Évora
e os eborenses estão de parabéns, um dia saberemos como e porquê mas, ao
contrário de tanto nervo arrasado e de tantas dúvidas alimentadas, ganhou surpreendentemente o troféu Cidade Capital Europeia da Cultura 2027.
Sabia-se
que 12 cidades portuguesas tinham submetido candidaturas à Capital Europeia da
Cultura (CEC) para o ano 2027 Portanto 12 cidades portuguesas eram oficialmente
candidatas: Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria,
Oeiras, Ponta Delgada, Viana do Castelo e Vila Real. Qualquer delas de longe
com muitos mais pergaminhos e provas dadas no campo da cultura que Évora.
Confesso-me
surpreendido, e expectante, superadas ou vencidas as dificuldades da nomeação,
quedo-me na expectativa decidido a observar e avaliar as acções futuras da
coisa, do fenómeno, essas sim que, com razão e desejando enganar-me, queira
Deus não sejam mais que, de acordo com o costume, o embrulho de outra oportunidade
perdida. Mais uma. Senão vejamos.
Passaram
48 anos sobre o 25 de Abril, e que evoluímos ? A última grande obra levada a
efeito pelo Município neste concelho foi o parque de piscinas Engenheiro Arantes
de Oliveira, à época um dos melhores da Europa, que nem preservado tem sido e
cujos acessos estão desde 5 de Setembro de 1964, data da sua inauguração, por
fazer. Tudo o resto que tem sido erguido nesta cidade, e é bem pouco, tem cunho
privado, institucional ou governamental.
Quanto
ao ilustre Eng.º Arantes e Oliveira, distinto profissional e cidadão, viu o seu
nome simplesmente apagado de todo o lugar onde era justo e merecido que
aparecesse. Não era comunista, foi esse o seu pecado.
Pelo
mundo fora países e cidades têm sido erguidas nas últimas cinco décadas, nós
não, nós divergimos, diverge o país, diverge o Alentejo, e diverge Évora, a
cidade mais pobre e mais atrasada do Alentejo, este por sua vez uma província
paupérrima. Alentejo que já foi o celeiro de Portugal. E mesmo em Portugal
outras cidades nos têm ultrapassado, têm vida, parecendo um absurdo, sendo o
país o mesmo, parecem estar noutra nação. Vão ao norte, vão ao Algarve, somente
onde o socialismo e o comunismo grassaram parecem ter ficado improdutivas as
terras e as gentes. Somos o país mais atrasado e pobre da rica Europa em que
nos quisemos inserir e onde nos mantemos á custa de pedinchice e de esmolas. Até
quando ?
Há mais
de 30 anos, mais concretamente em 1986, a ONU ofereceu-nos a etiqueta de Cidade
Património da Humanidade. Foi uma justa atribuição e o reconhecimento aos
nossos antepassados longínquos pela riqueza da obra arquitectónica que nos
legaram. Infelizmente, retirando da equação alguns hotéis, e talvez uns quantos
restaurantes, pouco mais ganhámos com isso.
Há
até já quem advogue termos turistas a mais, os quais deixarão pouco dinheiro ainda
que empatem tudo, ocupando tudo, no fim incomodando tudo e todos, será isso ?
Por vezes parece-me que esta cidade quando não vive de sonhos, de ficções, vive
dos pesadelos que cria….
A
rica etiqueta de Património Mundial não nos catapultou ou não soubemos
aproveitar nem o plinto nem a embalagem ou ocasião para evoluirmos, para nos
desenvolvermos. Aqui todas as oportunidades se desvanecem por falta de visão,
de mundivisão, de liderança e de competência. Sobra contudo sobranceria, arrogância
e ignorância, um trio arrasador.
Há
dias fui, fomos, bombardeados na imprensa e nas redes sociais com as
comemorações dos 450 anos da Universidade de Évora, uma mentira descarada, a nossa
Universidade foi fundada pela Companhia de Jesus em Abril de 1559, porém a sua
actividade durante os dois séculos da sua primeira fase de existência não se
traduziram numa efectiva abertura dos espíritos, a Universidade parece ter-se fechado
sobre ela própria, tal qual faz nos dias de hoje.
Foi
deste modo, através dos negativos fenómenos de isolamento e de endogamia que
Évora terá acabado por participar na tendência muito portuguesa de virar as costas
à Europa transpirenaica, pelo que não nos deve admirar que a Universidade se
tenha facilmente transformado num alvo da política reformadora, lúcida e
centralista do Marquês de Pombal.
Reflexo
disso, em 8 de Fevereiro de 1759, duzentos anos após a fundação, a nossa Universidade
foi encerrada para reabrir somente em 1979. Ao todo a UE, cujos 450 anos
erradamente comemoramos, funcionou uns meros 241 anos, intermitentes. Convém
saber estas coisas.
Mas,
paradoxo dos paradoxos é o facto ou saber-se que a nossa cidade está tanto mais
pobre quão mais idade a universidade soma… As estatísticas e os censos não
mentem …
Quanto
a isso, sem a menor dúvida mais uma oportunidade perdida, todos se calam, ninguém
diz nada, como se a normalidade fosse esta inacção, esta morrinha, esta dormência,
esta passividade, essa sim uma característica bem alentejana, tal qual a
“indolência” e que o “cante” tão bem expressa, ou tão bem canta.
Ultrapassada
a surpresa do insólito fica a curiosidade. E depois ? Depois de comemorada a
cultura e estourados os milhões que restará ?
Não
esqueçamos que do passado herdámos uma dívida colossal, senão a maior uma das
maiores entre os municípios nacionais e com ela um empréstimo de salvação que
obrigou a Câmara Municipal de Évora a cobrar-nos pela tabela máxima todas as
taxas e tachinhas, impostos e mais-valias, uma obrigação decorrente das
obrigações desse empréstimo salvífico e que todos os eborenses pagam e pagarão com
um palmo de língua de fora não sabemos durante quantas décadas.
Não
só somos os mais pobres como nesta cidade tudo falta e tudo é caro, caríssimo,
é caso para julgar os eborenses (entre os quais me incluo ainda que não me
canse de protestar) é caso para julgar os eborenses dizia eu, como teimosos
masoquistas.
…Quanto
mais lhes batem, mais gostam que os maltratem …
Todas
as políticas, todas as estratégias e tácticas usadas até hoje mais não
conseguiram que o nosso lastimável, visível e incompreensível empobrecimento
generalizado, constante, e galopante. E desta vez ?
Vai ser o regabofe habitual e inconsequente ... Esta gente não se enxerga, nunca enxergou, já lá vão 48 anos, o tempo de uma vida, quantas oportunidades perdidas ? Quantas vidas queimadas?
Quantas oportunidades queimaram já por sectarismo ?
E
depois ?
Mais uma oportunidade perdida, como habitualmente...
Como
vai ser depois, como vai ?
Eu aposto forte em mais uma oportunidade perdida.
Cegos, mudos e surdos, só quem neles vota os supera...
A ver vamos ...
A ver vamos como diria qualquer cego, é indiferente quem, pois mais parece que cegos já todos nós estamos há demasiado tempo…
NOTA: Fotos retiradas da net, obrigado aos autores, que desconheço.
DEPOIS DE LERES, O TEXTO, SE CONCORDAS E O APRECIASTE, PARTILHA-O PELAS TUAS AMIZADES…
OBRIGADO, E UM ABRAÇO !