ÉVORA ESTÁ DE PARABÉNS OU ...
QUANTO MAIS ME BATES MAIS EU GOSTO DE TI ...
Évora
e os eborenses estão de parabéns, um dia saberemos como e porquê mas, ao
contrário de tanto nervo arrasado e de tantas dúvidas alimentadas, ganhou surpreendentemente o troféu Cidade Capital Europeia da Cultura 2027.
Sabia-se
que 12 cidades portuguesas tinham submetido candidaturas à Capital Europeia da
Cultura (CEC) para o ano 2027 Portanto 12 cidades portuguesas eram oficialmente
candidatas: Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria,
Oeiras, Ponta Delgada, Viana do Castelo e Vila Real. Qualquer delas de longe
com muitos mais pergaminhos e provas dadas no campo da cultura que Évora.
Confesso-me
surpreendido, e expectante, superadas ou vencidas as dificuldades da nomeação,
quedo-me na expectativa decidido a observar e avaliar as acções futuras da
coisa, do fenómeno, essas sim que, com razão e desejando enganar-me, queira
Deus não sejam mais que, de acordo com o costume, o embrulho de outra oportunidade
perdida. Mais uma. Senão vejamos.
Passaram
48 anos sobre o 25 de Abril, e que evoluímos ? A última grande obra levada a
efeito pelo Município neste concelho foi o parque de piscinas Engenheiro Arantes
de Oliveira, à época um dos melhores da Europa, que nem preservado tem sido e
cujos acessos estão desde 5 de Setembro de 1964, data da sua inauguração, por
fazer. Tudo o resto que tem sido erguido nesta cidade, e é bem pouco, tem cunho
privado, institucional ou governamental.
Quanto
ao ilustre Eng.º Arantes e Oliveira, distinto profissional e cidadão, viu o seu
nome simplesmente apagado de todo o lugar onde era justo e merecido que
aparecesse. Não era comunista, foi esse o seu pecado.
Pelo
mundo fora países e cidades têm sido erguidas nas últimas cinco décadas, nós
não, nós divergimos, diverge o país, diverge o Alentejo, e diverge Évora, a
cidade mais pobre e mais atrasada do Alentejo, este por sua vez uma província
paupérrima. Alentejo que já foi o celeiro de Portugal. E mesmo em Portugal
outras cidades nos têm ultrapassado, têm vida, parecendo um absurdo, sendo o
país o mesmo, parecem estar noutra nação. Vão ao norte, vão ao Algarve, somente
onde o socialismo e o comunismo grassaram parecem ter ficado improdutivas as
terras e as gentes. Somos o país mais atrasado e pobre da rica Europa em que
nos quisemos inserir e onde nos mantemos á custa de pedinchice e de esmolas. Até
quando ?
Há mais
de 30 anos, mais concretamente em 1986, a ONU ofereceu-nos a etiqueta de Cidade
Património da Humanidade. Foi uma justa atribuição e o reconhecimento aos
nossos antepassados longínquos pela riqueza da obra arquitectónica que nos
legaram. Infelizmente, retirando da equação alguns hotéis, e talvez uns quantos
restaurantes, pouco mais ganhámos com isso.
Há
até já quem advogue termos turistas a mais, os quais deixarão pouco dinheiro ainda
que empatem tudo, ocupando tudo, no fim incomodando tudo e todos, será isso ?
Por vezes parece-me que esta cidade quando não vive de sonhos, de ficções, vive
dos pesadelos que cria….
A
rica etiqueta de Património Mundial não nos catapultou ou não soubemos
aproveitar nem o plinto nem a embalagem ou ocasião para evoluirmos, para nos
desenvolvermos. Aqui todas as oportunidades se desvanecem por falta de visão,
de mundivisão, de liderança e de competência. Sobra contudo sobranceria, arrogância
e ignorância, um trio arrasador.
Há
dias fui, fomos, bombardeados na imprensa e nas redes sociais com as
comemorações dos 450 anos da Universidade de Évora, uma mentira descarada, a nossa
Universidade foi fundada pela Companhia de Jesus em Abril de 1559, porém a sua
actividade durante os dois séculos da sua primeira fase de existência não se
traduziram numa efectiva abertura dos espíritos, a Universidade parece ter-se fechado
sobre ela própria, tal qual faz nos dias de hoje.
Foi
deste modo, através dos negativos fenómenos de isolamento e de endogamia que
Évora terá acabado por participar na tendência muito portuguesa de virar as costas
à Europa transpirenaica, pelo que não nos deve admirar que a Universidade se
tenha facilmente transformado num alvo da política reformadora, lúcida e
centralista do Marquês de Pombal.
Reflexo
disso, em 8 de Fevereiro de 1759, duzentos anos após a fundação, a nossa Universidade
foi encerrada para reabrir somente em 1979. Ao todo a UE, cujos 450 anos
erradamente comemoramos, funcionou uns meros 241 anos, intermitentes. Convém
saber estas coisas.
Mas,
paradoxo dos paradoxos é o facto ou saber-se que a nossa cidade está tanto mais
pobre quão mais idade a universidade soma… As estatísticas e os censos não
mentem …
Quanto
a isso, sem a menor dúvida mais uma oportunidade perdida, todos se calam, ninguém
diz nada, como se a normalidade fosse esta inacção, esta morrinha, esta dormência,
esta passividade, essa sim uma característica bem alentejana, tal qual a
“indolência” e que o “cante” tão bem expressa, ou tão bem canta.
Ultrapassada
a surpresa do insólito fica a curiosidade. E depois ? Depois de comemorada a
cultura e estourados os milhões que restará ?
Não
esqueçamos que do passado herdámos uma dívida colossal, senão a maior uma das
maiores entre os municípios nacionais e com ela um empréstimo de salvação que
obrigou a Câmara Municipal de Évora a cobrar-nos pela tabela máxima todas as
taxas e tachinhas, impostos e mais-valias, uma obrigação decorrente das
obrigações desse empréstimo salvífico e que todos os eborenses pagam e pagarão com
um palmo de língua de fora não sabemos durante quantas décadas.
Não
só somos os mais pobres como nesta cidade tudo falta e tudo é caro, caríssimo,
é caso para julgar os eborenses (entre os quais me incluo ainda que não me
canse de protestar) é caso para julgar os eborenses dizia eu, como teimosos
masoquistas.
…Quanto
mais lhes batem, mais gostam que os maltratem …
Todas
as políticas, todas as estratégias e tácticas usadas até hoje mais não
conseguiram que o nosso lastimável, visível e incompreensível empobrecimento
generalizado, constante, e galopante. E desta vez ?
Vai ser o regabofe habitual e inconsequente ... Esta gente não se enxerga, nunca enxergou, já lá vão 48 anos, o tempo de uma vida, quantas oportunidades perdidas ? Quantas vidas queimadas?
Quantas oportunidades queimaram já por sectarismo ?
E
depois ?
Mais uma oportunidade perdida, como habitualmente...
Como
vai ser depois, como vai ?
Eu aposto forte em mais uma oportunidade perdida.
Cegos, mudos e surdos, só quem neles vota os supera...
A ver vamos ...
A ver vamos como diria qualquer cego, é indiferente quem, pois mais parece que cegos já todos nós estamos há demasiado tempo…
NOTA: Fotos retiradas da net, obrigado aos autores, que desconheço.
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OBRIGADO, E UM ABRAÇO !