sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

781 - ÉVORA ESTÁ DE PARABÉNS ... OU QUANTO MAIS ME BATES MAIS GOSTO DE TI ...

                



ÉVORA ESTÁ DE PARABÉNS OU ...

 QUANTO MAIS ME BATES MAIS EU GOSTO DE TI ...

 

Évora e os eborenses estão de parabéns, um dia saberemos como e porquê mas, ao contrário de tanto nervo arrasado e de tantas dúvidas alimentadas, ganhou surpreendentemente o troféu Cidade Capital Europeia da Cultura 2027.

 

Sabia-se que 12 cidades portuguesas tinham submetido candidaturas à Capital Europeia da Cultura (CEC) para o ano 2027 Portanto 12 cidades portuguesas eram oficialmente candidatas: Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Oeiras, Ponta Delgada, Viana do Castelo e Vila Real. Qualquer delas de longe com muitos mais pergaminhos e provas dadas no campo da cultura que Évora. 


Confesso-me surpreendido, e expectante, superadas ou vencidas as dificuldades da nomeação, quedo-me na expectativa decidido a observar e avaliar as acções futuras da coisa, do fenómeno, essas sim que, com razão e desejando enganar-me, queira Deus não sejam mais que, de acordo com o costume, o embrulho de outra oportunidade perdida. Mais uma. Senão vejamos.

 

Passaram 48 anos sobre o 25 de Abril, e que evoluímos ? A última grande obra levada a efeito pelo Município neste concelho foi o parque de piscinas Engenheiro Arantes de Oliveira, à época um dos melhores da Europa, que nem preservado tem sido e cujos acessos estão desde 5 de Setembro de 1964, data da sua inauguração, por fazer. Tudo o resto que tem sido erguido nesta cidade, e é bem pouco, tem cunho privado, institucional ou governamental.

 

Quanto ao ilustre Eng.º Arantes e Oliveira, distinto profissional e cidadão, viu o seu nome simplesmente apagado de todo o lugar onde era justo e merecido que aparecesse. Não era comunista, foi esse o seu pecado.

 

Pelo mundo fora países e cidades têm sido erguidas nas últimas cinco décadas, nós não, nós divergimos, diverge o país, diverge o Alentejo, e diverge Évora, a cidade mais pobre e mais atrasada do Alentejo, este por sua vez uma província paupérrima. Alentejo que já foi o celeiro de Portugal. E mesmo em Portugal outras cidades nos têm ultrapassado, têm vida, parecendo um absurdo, sendo o país o mesmo, parecem estar noutra nação. Vão ao norte, vão ao Algarve, somente onde o socialismo e o comunismo grassaram parecem ter ficado improdutivas as terras e as gentes. Somos o país mais atrasado e pobre da rica Europa em que nos quisemos inserir e onde nos mantemos á custa de pedinchice e de esmolas. Até quando ?

 

Há mais de 30 anos, mais concretamente em 1986, a ONU ofereceu-nos a etiqueta de Cidade Património da Humanidade. Foi uma justa atribuição e o reconhecimento aos nossos antepassados longínquos pela riqueza da obra arquitectónica que nos legaram. Infelizmente, retirando da equação alguns hotéis, e talvez uns quantos restaurantes, pouco mais ganhámos com isso.

 

Há até já quem advogue termos turistas a mais, os quais deixarão pouco dinheiro ainda que empatem tudo, ocupando tudo, no fim incomodando tudo e todos, será isso ? Por vezes parece-me que esta cidade quando não vive de sonhos, de ficções, vive dos pesadelos que cria….

 

A rica etiqueta de Património Mundial não nos catapultou ou não soubemos aproveitar nem o plinto nem a embalagem ou ocasião para evoluirmos, para nos desenvolvermos. Aqui todas as oportunidades se desvanecem por falta de visão, de mundivisão, de liderança e de competência. Sobra contudo sobranceria, arrogância e ignorância, um trio arrasador.

 

Há dias fui, fomos, bombardeados na imprensa e nas redes sociais com as comemorações dos 450 anos da Universidade de Évora, uma mentira descarada, a nossa Universidade foi fundada pela Companhia de Jesus em Abril de 1559, porém a sua actividade durante os dois séculos da sua primeira fase de existência não se traduziram numa efectiva abertura dos espíritos, a Universidade parece ter-se fechado sobre ela própria, tal qual faz nos dias de hoje.

 

Foi deste modo, através dos negativos fenómenos de isolamento e de endogamia que Évora terá acabado por participar na tendência muito portuguesa de virar as costas à Europa transpirenaica, pelo que não nos deve admirar que a Universidade se tenha facilmente transformado num alvo da política reformadora, lúcida e centralista do Marquês de Pombal.

 

Reflexo disso, em 8 de Fevereiro de 1759, duzentos anos após a fundação, a nossa Universidade foi encerrada para reabrir somente em 1979. Ao todo a UE, cujos 450 anos erradamente comemoramos, funcionou uns meros 241 anos, intermitentes. Convém saber estas coisas.

 

Mas, paradoxo dos paradoxos é o facto ou saber-se que a nossa cidade está tanto mais pobre quão mais idade a universidade soma… As estatísticas e os censos não mentem …

 

Quanto a isso, sem a menor dúvida mais uma oportunidade perdida, todos se calam, ninguém diz nada, como se a normalidade fosse esta inacção, esta morrinha, esta dormência, esta passividade, essa sim uma característica bem alentejana, tal qual a “indolência” e que o “cante” tão bem expressa, ou tão bem canta.

 

Ultrapassada a surpresa do insólito fica a curiosidade. E depois ? Depois de comemorada a cultura e estourados os milhões que restará ?

 

Não esqueçamos que do passado herdámos uma dívida colossal, senão a maior uma das maiores entre os municípios nacionais e com ela um empréstimo de salvação que obrigou a Câmara Municipal de Évora a cobrar-nos pela tabela máxima todas as taxas e tachinhas, impostos e mais-valias, uma obrigação decorrente das obrigações desse empréstimo salvífico e que todos os eborenses pagam e pagarão com um palmo de língua de fora não sabemos durante quantas décadas.

 

Não só somos os mais pobres como nesta cidade tudo falta e tudo é caro, caríssimo, é caso para julgar os eborenses (entre os quais me incluo ainda que não me canse de protestar) é caso para julgar os eborenses dizia eu, como teimosos masoquistas.

 

…Quanto mais lhes batem, mais gostam que os maltratem …

 

Todas as políticas, todas as estratégias e tácticas usadas até hoje mais não conseguiram que o nosso lastimável, visível e incompreensível empobrecimento generalizado, constante, e galopante. E desta vez ?

Vai ser o regabofe habitual e inconsequente ...  Esta gente não se enxerga, nunca enxergou, já lá vão 48 anos, o tempo de uma vida, quantas oportunidades perdidas ? Quantas vidas queimadas? 


Quantas oportunidades queimaram já por sectarismo ? 

E depois ?

Mais uma oportunidade perdida, como habitualmente...

Como vai ser depois, como vai ?

Eu aposto forte em mais uma oportunidade perdida.

Cegos, mudos e surdos, só quem neles vota os supera... 

A ver vamos ...

A ver vamos como diria qualquer cego, é indiferente quem, pois mais parece que cegos já todos nós estamos há demasiado tempo…



NOTA:  Fotos retiradas da net, obrigado aos autores, que desconheço. 

 

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