sexta-feira, 30 de agosto de 2024

818 - TELHEIRO - "O ROUBO DO SANTO" …

         

 

Ontem, foi mesmo já noitinha que fui atraído ao Telheiro, uma aldeia pitoresca no sopé do monte que Monsaraz ocupa. Uma caminhada nocturna prometida e publicitada pela CMRM inserida nas festas anuais do Telheiro convenceu-me, até por ter afinidades com essa aldeia há mais de sessenta anos.

 

Dez da noite e aqui estou eu, apresentei-me, com o meu habitual e colorido bordão, calção claro, ténis à maneira, o vistoso camisolão azulão dos não menos vistosos, famosos e omnipresentes Caminheiros de Monsaraz, tal qual me podem ver numa das fotos, encostado à direita dela e um pouco desfocado. Essa caminhada nocturna representou para mim mais que o episódio do “roubo do santo”, tradição curiosa cujos link podem consultar no fim deste texto.

 

Tinha-vos prometido ontem ainda dizer-vos alguma coisa mais sobre essa caminhada / procissão, tinha prometido que vos contaria como, mais que a procissão/caminhada, o lugar, a ermida de S. Sebastião me sensibilizou.

 

Sendo eu natural de Monsaraz já conhecia o lugar, junto dessa ermida a minha avó Inácia Ferrador, e meu avô Palma naturalmente, criaram os mais de treze filhos e filhas que deram a este mundo, minha mãe, tias e tios, muitos deles e delas tendo partido dali somente para casar.

 

Não conheci a ermida por esses tempos, viria a conhecê-la muito mais tarde, teria eu quatro e tal ou cinco anos. As mulheres tinham descido a chapada até ao Roxo, umas para caiar a ermida, outras p’ra lavar e estender os lençóis a corar sobre a erva depois de lavados, enquanto a gaiatagem, eu e outros que já nem recordo, deambulávamos por ali e tudo nos servindo de entretém. 

 


Era comum nesses tempos avistarem-se lá em baixo no roxo, lavadeiras e roupa estendida corando sobre as flores que atapetavam os campos em redor, a ermida ficava a poucas dezenas de metros, uma centena talvez. A partir daí, nós putos, como lebres galgávamos a distância até à estrada nova, novinha, que se estava fazendo do Telheiro a Reguengos e quedávamo-nos embasbacados olhando a imagem que o futurismo gravava nas nossas mentes.

 

Cintilando num emblema dourado e estampado na lateral do cilindro verde que espalmava a estrada preta, uma inscrição a vermelho vivo que alguém nos disse ser "Coolfield Road Roller", gravado no flanco desse monstro, um cilindro bufando e gemendo sempre que lograva mexer-se, e que depois, enquanto as obras duraram passámos a contemplar do alto da vila, dia a dia, vendo a estrada crescendo e estendendo-se em linha recta e a perder de vista.

 


Deveríamos andar por 1969 ou 1970, lembro-me porque nesse ano de festas deixei de ver a estreia de Easy Rider, um filme famoso, com Peter Fonda e Dennis Hopper contando a história de dois motards (eu já era então um pequeno motard) percorrendo o sul e sudoeste dos EUA em busca da liberdade pessoal, pois nesse sábado toda a família estava já embarcada em Monsaraz e me esperava a todo o momento. 


Era o tempo da semana inglesa e eu trabalhara até à uma da tarde, depois enfiara-me na carreira até terras d’el-rei, dali em diante à boleia com um padre, num velho Ford que não passava dos setenta e me deixou quase a uma légua do Telheiro. O padre, curioso, indagou que fazia eu ali especado à boleia e, quando lhe disse que ia para a tourada em Monsaraz soltou um grotesco;


- Paganismo !


pelo que aprendi nesse dia uma palavra nova. Talvez que, se lhe tivesse dito ir para a procissão do Senhor dos Passos, no Domingo, me tivesse louvado e levado até lá mesmo acima… Devia ter amigos e petisco à espera dele no Bizaca pois cortou por uma estrada de terra em direcção à Barrada. 


Não me atrapalhei, meti a direito, passei ao lado da ermida de S. Sebastião (desde essa recuada data que nem perto dela estivera), subi a chapada, a três quartos dela comecei a ouvir a orquestra da artística animando a festa e, a cada pasodoble eu enchia-me de coragem e acelerava o passo, percebendo já a arena numa maré cheia e a entrada de quaisquer touros na corrida. 


Quando finalmente na vila ouvi a banda apelando à morte do touro na arena, já nem a coisa me impressionou, estava estourado, tinha as pernas cansadas mas um rasgado sorriso na cara. Tal qual ontem à noite quando o assalto à ermida acabou e já estava toda a gente no terreiro detrás da escola primária do Telheiro, o santo roubado metido a recato e o pessoal da trupe desmobilizando, dispersando, como na tropa.

  

A aldeia do Telheiro não me foi nunca desconhecida ou mero local de passagem, ali viveu o meu tio Tonhico Ferrador, inda ontem passei frente à casa que fora dele, com um alto e comprido portado à frente e de onde tantas vezes parti pra o Outeiro, sozinho ou com o Tio Domingos Papa-Agulhas, que se amancebara com a minha querida tia Aia. Era com eles que eu passava sempre uma, duas ou três semanas de férias no pino do verão.

 

Cresci muito nesses anos e nessas férias passadas em família, quer no Outeiro quer em Monsaraz, e em que o fogo-de-artifício estoirava mais forte que em qualquer outra vila ou aldeia em redor (incluindo a do Telheiro), festas em que num baile do varandil conheci a “Gafanhota”, a minha primeira paixão e que havia de suscitar em mim p’la vida fora mais interrogações que paixões.


Igualmente me foi turbulenta a eclosão da barba e a adolescência, prenhe de dúvidas, parca de certezas. Curou-me a légua a que distava dali a ribeira da Guadiana, a rapaziada amiga que em cada verão me acompanhava nas brincadeiras e esqueci (desculpai-me, eu era demasiado novo e o tempo de férias não ultrapassava duas ou três semanas), a caça com fisga ou armadilhas, os ninhos, o cansaço desses percursos tantas vezes palmilhados, mas também esses novos horizontes tão mas tão diferentes da cidade, a liberdade de movimentos e os mimos da tia Aia ou da avó Inácia.

 


Lembro ainda o Telheiro, eu com uns quatro anitos, num dia em que com a tia Fina e a tia Bia fui esperar a camioneta da carreira em que a mãezinha, muito branca, chegou vinda da operação ao coração, em Coimbra, sim mãezinha tive saudades, e medo, sim mãezinha eras linda como até hoje não vi, e de ti recordo-me, não me recordo é de um fim de festa como o de ontem, em que nem uma prece, uma oração, uma historieta, um discurso, uma explicação.

 

O cortejo, a multidão, a procissão/caminhada terminou como começara, como uma lagarta nas couves, sorrateiramente, e assim eu próprio fiz, meti-me no carro e dei-lhe gás e festa, um CD a preceito, o volume em alta, nem dei por ter chegado a Évora.

 


 https://caminharmonsaraz.blogspot.com/p/setembro-e-as-nossas-tradicionais.html


https://www.cm-reguengos-monsaraz.pt/locais/ermida-de-sao-sebastiao/


quinta-feira, 22 de agosto de 2024

817 - É A BANCARROTA, E AGORA ESTÚPIDO ??


 No que à leitura concerne o público está cada vez mais difícil de alcançar, de “tocar”, de impressionar ou sensibilizar, cada vez mais heterogéneo, mais desinteressado de tudo, por muito que o tentemos com textos lúdicos, pragmáticos ou com ecos do que se julga ser do seu interesse.

 Debalde, nada o cativa, nada o interessa e, em relação a públicos mais novos pode mesmo garantir-se ou falar-se em desastre, tal o alheamento que a tudo votam com devoção e manifesta fé.

 Não estou certo do que o que digo ou escrevo tenha o menor interesse para quem quer que seja, no entanto as milhares de presenças que o contador do blogue regista, apesar de tudo, fazem com que não desista e me pareça continuar a valer a pena. Continuo crente de que o mundo está um caos, e caberá a todos nós, em maior ou menor grau, mesmo em volume modesto, tal qual aos pintores, aos poetas, aos músicos, and so on…  Cabe-nos, no fundo, recriar a esperança.

 

Não recriar o mundo mas embelezá-lo, melhorá-lo, explicá-lo, ainda que parcialmente, evitar a queda no abismo do incompreensível ou do desespero de que necessitamos depurar-nos, numa recusa da catástrofe anunciada em que mergulha o planeta, o continente, a península, o país, a cidade, hoje meros elementos geográficos transformados num caos desordenado (se é que o caos tem uma ordem), num abismo que ameaça destruir  a civilização, a civitas, a cultura, a pólis e cuja origem hoje já ninguém lembra nem a filosofia ou os mídia explicam.

 Escrever é uma tentativa de fazer frente ao caos, de o travar, moderar, modelar, pois o caos é uma sinistra avalanche esvaziada de ideias, de ideais, prenhe de clichés   e gadgets sem sentido com que há anos nos bombardeiam, os quais necessitamos recusar sob pena de soçobrarmos. Ante a sua enxurrada, importa agir antes do desastre.

 Precisamos de anular o supérfluo, o inútil, o prejudicial, precisamos portanto de lutar contra os refrões mais modernos mais contemporâneos, os quais juntamente com a deliquescência em que nos deixámos embalar, na qual mergulhámos e em cujos meandros desta civilização do excesso sem nexo, sem espírito, sem coesão, sem solidariedade e sem qualquer móbil para além do consumo desenfreado em simultâneo nos perdemos. 

Toda esta arenga porque como é sabido Évora está falida, cinquenta anos de uma "belíssima gestão" por sua vez igualmente subordinada a uma ideologia das melhores que o mundo conhece, e sempre sem a menor oposição, foi no que deu... Nem daqui a outros cinquenta anos Évora voltará a estar de pé...

 Como é igualmente sabido a cidade arrasta há anos uma divida astronómica que a obrigou a taxar os munícipes p’las tabelas máximas no que concerne a derramas, taxas e taxinhas, licenças e etc etc etc … o que tem desmotivado os investimentos na cidade e continuará, doravante e por certo de modo ainda mais grave, não só a desmotivar mas a dificultar o tal investimento que seria de há muitos anos para cá como pão para a boca.

 Tal nunca aconteceu e o Zé tem vindo a pagar esses erros carissimos e continuará a pagar.... É enorme o buraco em que Portugal e a cidade de Évora estão metidos, mas nada disto é novidade, quer o país quer a cidade vão continuar a escorregar num plano inclinado no minimo durante os próximos cinquenta anos, e isto independentemente de quem governe, pois como sabemos deitar algo abaixo é fácil mas erguer o que quer que seja é outra história, canta outro galo... Boa sorte e coragem, vai ser precisa muita coragem para governantes e governados....

 

A questão do investimento foi em Évora sempre crucial mas sempre descurada. Acabámos falidos. Acordamos sempre demasiado tarde para o que é importante. Movimentos de cidadãos, movimentos que aplaudo e apoio, deviam há muitos anos ter podido concorrer a par dos partidos. Orgulho-me do facto do meu partido, o ADN, prever no seu programa que cidadãos e seus movimentos possam concorrer a todos os cargos elegíveis nesta democracia. A democracia não só é para os cidadãos como é feita para eles e com eles. Assim devia ser.

 Costumamos dizer por cá que “agora são sopas depois de almoço”, e se não são estamos perto de tal desiderato. Dos partidos sabe-se o que esperar, a esperança assenta nesta nova forma de democracia, grupos de cidadãos de mangas arregaçadas, temo porém que seja tarde, quanto mais tarde mais dificil será gerir a crise e a urbe. Estamos a ver que sim, a cada dia que passa as noticias, e a situação, apresentam maior dificuldade, já não se pode escamotear, nem esconder, e muito menos negar essa terrivel verdade.

E depois há, ou melhor, no caso de Évora houve durante décadas o desperdício do nobre princípio da subsidiariedade, cujos dinheiros não aproveitaram a quem os doou, nem a nós. O princípio da subsidiariedade mais não é que a garantia financeira da autonomia do poder local, e traduz-se na atribuição dos poderes financeiros da Administração Central através do Orçamento do Estado, transferindo anualmente recursos para os municípios, numa lógica “dos que podem para os que precisam” As autarquias locais apesar de serem autónomas são afectadas p’las opções do estado que nelas descarrega funções, sociais, educativas e muitas outras. Para compensar o mesmo estado promove desde que a CRP foi elaborada e entrou em funcionamento, por meio do cumprimento desse preceito constitucional, uma justa repartição dos recursos, para que os concelhos mais pobres, sem empresas, sem meios, sem ter como nem onde obter receitas, possam fazer face às necessidades e ganhem a possibilidade de abandonar a pobreza e prover ao seu desenvolvimento. **

Nesse espirito solidário não somente é feita uma sangria aos impostos dos concelhos mais ricos em favor dos mais pobres, através das transferências do Orçamento de Estado, como ao longo destes quarenta anos o processo tem evoluído, por isso hoje são permitidos aos municípios prover o aumento do número dos impostos locais, socorrer-se de mecanismos de perequação financeira, sendo-lhes inclusive permitida uma maior autonomia tributária de molde a aproximar a cobrança da receita à realização da despesa, por um lado, e tanto quanto possível respeitar os direitos dos contribuintes, um equilíbrio muito difícil de conseguir na prática.

 Tem sido muito difícil conseguir uma eficiência minimamente razoável nas decisões políticas quanto à realização da despesa local, desequilíbrio que vulgarmente é constatado pela observação do aumento do número e volume de impostos sobre os munícipes cuja cobrança está atribuída aos municípios. O inverso, o alívio fiscal com origem nos municípios raramente é observado.

 

Temos que ter em conta que em Évora o poder local conta há mais de quarenta anos com a atribuição de uma parcela significativa de receitas retiradas aos outros municípios através do FEF (Fundo de Estabilização Financeira) e de outras comparticipações, mecanismos e subsídios do Estado (59% da receita da CME em 2021, mais de metade da receita, virá de transferências do orçamento...) * bem como do recurso ao crédito, medida esta da qual tem abusado, pois como é sabido o Município de Évora foi declarado em 2013 num completo e complexo “desequilíbrio financeiro estrutural” e veio a acabar falido nos dias de hoje como é do conhecimento de toda a gente.

 Esta gravíssima gravidade da insolvência vai obrigar a que durante mais 4 ou 5 décadas a C. M. E. não tenha, novamente, acesso a crédito, nem disponha de verbas para investimentos, irá de novo ser proibida de efectuar um rol de despesas e vai ter que manter em alta a amplitude de taxas taxinhas, impostos e derramas que recaem sobre cidadãos e empresas, o que significa que os eborenses pagaram e continuarão a pagar tudo pelo escalão máximo porque a gestão municipal foi ao longo de décadas ineficiente e incompetente.

 A lei da autonomia financeira dos município prevê da parte destes a capacidade de elaborar, aprovar orçamentos correctos, avaliar discutir, modificar e votar as opções do plano e de outros documentos previsionais, elaborar e aprovar os documentos de prestação de contas que por lei lhes sejam destinados, ordenar e processar as despesas legalmente autorizadas mas, sobretudo gerir com eficiência os recursos colocados à sua disposição, capital, pessoal e equipamentos, nunca esquecendo que esses recursos saíram do lombo de cidadãos contribuintes doutros concelhos e claro, também do nosso, do de Évora.

 Ora o que tem sido observado é que apesar de ter sido despejado tanto dinheiro em Évora, é igualmente verdade que os resultados pretendidos não foram alcançados. Os município sempre apresentou fraca capacidade de gerar receitas próprias, o que significa que apesar dos rios de dinheiro em cima dele despejados foi incapaz de sair da pobreza, foi incapaz de prover ao seu próprio desenvolvimento, gerando um desperdício de esforços e de dinheiro. Parece até que, quanto mais dinheiro lhe é colocado à disposição, menos a CME se esforça por o fazer render ou por o gerir com eficácia e eficiência, com proveito.

 

 Numa palavra, o município de Évora, como aliás tantos outros por esse Alentejo e país fora, são incompetentes, e são-no há décadas. Os números estão à vista e falam por si, não sou eu que o digo.

 Évora não tem buracos, não tem é dinheiro para os tapar, porém, e para compensar, tornou-se ela mesma um enorme buracão.

 

A meu propósito, ou a meu favor, relembro Gilles Deleuze em “Anti-Édipo”, 1972, * «Os escritores são todos uns vendidos. A única literatura é aquela que coloca dinamite dentro da sua própria embalagem.» Ou seja, resta-me apelar ao inconformismo perante a passividade vigente que tem anestesiado e continua atrofiando o ser humano, o homem, o cidadão perante uma culpa que é de todos e simultaneamente não é de ninguém, como diria José Mário Branco.

                                 


 

*Palavras proferidas no rescaldo de Maio de 68 na Universidade de Vincennes. A Universidade de Paris-VIII, era anteriormente conhecida p’lo nome de "Universidade de Vincennes" e depois de deslocalizada, ou seja ainda agora, sob o nome de "Universidade de Paris 8 Vincennes-Saint-Denis" (em francês: Université Paris 8 Vincennes-Saint-Denis) É uma instituição de ensino superior pública com campus em Saint-Denis, Montreuil e Tremblay-en-France. Fundada oficialmente em 1971, no pós Maio de 68. A deslocalização ocorreu afim de roubar protagonismo ao movimento nascido em Maio de 68. Possuía 22.000 e 900 docentes em 2019.

 

** Lei 1 / 79 de 2 de Janeiro

     Dec lei 77 / 84 de 8 de Março

     Lei 1 / 87 de 6 de Janeiro

     Dec lei 384 / 87 de 24 de Dezembro

     Dec lei 363 / 88 de 14 de Outubro

 

E muitas outras leis emanadas de cada vez que à autarquia são atribuídas novas competências e responsabilidades, bem como leis criando instituições de apoio e controle (?) como a CCDRA e outras, ou simples delegações de ministérios, Economia, Finanças, etc etc etc A verdade é que durante tantos anos, com tanta lei, tanta gente envolvida e tanto controle, ninguém viu nada, a CME simplesmente deu o berro, pela surdina….

 

 É A BANCARROTA PALERMA, E AGORA ???????


  https://mentcapto.blogspot.com/2021/03/676-os-mui-grandes-buracos-de-evora.html


 https://mentcapto.blogspot.com/2021/06/716-despesa-boa-ou-despesa-ma.html

 

terça-feira, 20 de agosto de 2024

816 - PARTIDA

 


Não que eu andasse distraído, nunca andei, porém fui apanhado de surpresa. Não era costume, nunca fora teu hábito apanhares aquele autocarro por isso foi como se num momento ali estivesses e no minuto seguinte te tivesses esfumado, evaporado, desaparecido.

 

Foi isso, esfumado, escoado entre os meus dedos como a água, a areia, uma miragem e hoje, somente uma lembrança que cuido com carinho para que se não torne vaga, para que também ela se não evapore, não se suma entre estes dedos engalfinhando-me a memória, incapazes de suster a cor do autocarro, o número da carreira, a hora e a paragem em que foi como se tivesse sido apanhado a dormir na forma e… Ops !!!!

 


Num minuto estavas ali, mas no momento seguinte desapareceras para todo o sempre eu aqui, de bola de cristal numa mão e um baralho de cartas na outra tentando adivinhar-te os passos, o rumo, o destino, procurando-te denodada e desesperadamente como no filme «Procurando Susana», mas, debalde, os meus esforços nem conseguem o mínimo dos mínimos e nem um GPS á mão para te seguir as últimas voltas e voltinhas e, eventual e surpreendentemente encontrar-te.

 

Já não sei em que paragem disseras não sei o quê, nem lembro sequer onde estávamos que, nem passados alguns dias tais recordações lograram tomar forma apesar de me martelarem constantemente a cabeça, abri-la à evidência mau grado a constância e para além dela, a persistência com que a tua ausência, teimosamente primando pela clareza me obstruía a mente, o pensamento, toldando-me a visão.

 


A tua vida tornara-se um corrupio de expectativas goradas, de chegadas e partidas adiadas, por isso te perdi, distraído por esse remoinho de inconstâncias, de fés consumidas, de esperanças destroçadas e, …

 

Por isso agora entro intempestivamente em cada autocarro que passa, em cada eléctrico, em cada comboio, perscrutando todos os lugares vagos onde te possa encontrar como se me tivesse imbuído duma missão compulsivamente abraçada, como se de devoção celestialmente assumida se tratasse mas que todavia não consigo cumprir e, à qual, contudo não imagino furtar-me.

 


E só já penso e desejo preencher este vazio, preencher cada lugar vago em cada autocarro, eléctrico ou comboio, tudo menos este vazio que me consome, esta procura inútil, esta esperança traída, despedaçada, e esta devoção sem fé que a alimenta, por isso teimosamente persigo cada paragem, cada horário, cada carreira, cada autocarro, metro ou comboio numa vã esperança de ver ocupado um, ao menos um desses lugares vagos em cada um deles e na minha memória, na minha vida.

 

Eras o verbo, eras a luz, eras a vida, eras o rumo e transparência do meu caminho, eras azimute, eras cor, eras o azul do céu, o voo das aves, a liberdade, eras a linha do horizonte sem fim, o ritmo da minha marcha, a leveza do meu passo, o caminho de Santiago, uma rota, uma pauta, o giz do meu trapézio, a vara cujo equilíbrio me estabilizava o presente, o futuro, eras a certeza, a verdade.

 


E sempre este vazio desfazendo-me, e sempre esta esperança vã de conseguir encontrar ocupado o tal lugar vago em cada carruagem, eléctrico ou autocarro e nada, ninguém se senta, ninguém se atreve, ninguém se aventura a tomar esse lugar vago, vazio, um lugar por preencher e sempre atormentando-me, negando-me o descanso, impedindo-me de dormir, de viver, de sonhar.

 

Quem ? Quem se atreve ?





terça-feira, 2 de julho de 2024

815 - FOI SOMENTE UMA SIMPLES PERGUNTA ?

 


FOI SOMENTE UMA SIMPLES E MERA  PERGUNTA ? 


         Uma pergunta fácil tem por vezes uma resposta difícil e, já que comemoramos o 5º centenário do nascimento de Camões, aqui fica ela; “Qual a importância de Vasco da Gama e de “Os Lusíadas” no Processo de Globalização” ?

 A pergunta foi-me atirada há semanas por um painel de gente, motivada e interessada neste fenómeno que nos rouba empregos e dificulta a vida, numa sessão ricamente participada de uma Associação Cultural e Recreativa de uma vila dos arredores de Évora, imerecidamente ou antes do tempo próprio elevada a cidade (a politica tem destes fenómenos) e que busca, com estes encontros culturais, suprir o que a economia lhe recusará sempre, seja por falta de dimensão ou massa critica.


 Mas essa é outra questão que não desejo abordar aqui hoje, pois se repararem a minha preocupação do momento é portar-me bem, como se portam os homens cultos, e dar-vos de mim uma imagem que não conhecem, também ela verdadeira, tanto que nem vou botar aqui alarvices nem excessos desses a que me dou liberdade sempre que de coração nas mãos escrevo para o meu blogue.

 

Voltando ao discurso, diria que não foi uma pergunta fácil, muito exigiu que eu dissesse, muito ficou por dizer, como aliás ficará em todas as perguntas que a este título façamos, por muito bem organizado que tenhamos o discurso o saber e o pensamento.

 

Esta questão teve o desaforo de amigos chegados, alguns velhos alunos, hoje homens de ciência e, como eu, amantes da história e do saber, ainda que não tenhamos tido o apoio da “Comissão Para os Descobrimentos, nem da que está lembrando Camões”.

 

Mesmo essas comissões, acredito, teriam sido insuficientes para recordar tudo que aprendemos na escola sobre o tema e que hoje é, enquanto fenómeno global, uma preocupação essencial de países pobres, sobretudo como Portugal, que á décadas se tem vindo colocando a jeito e agora, não surpreendentemente se vê atirado para a periferia do centro de gravidade económico e europeu.

 

Em primeiro lugar, como terão sido os encontros de culturas e trocas de influências a esse nível durante os descobrimentos ?

 

Sabemos alguma coisa, delas nos falam “Os Lusíadas” de Camões, “A Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, ou "Os Sermões" do Padre António Vieira e ainda um ou outro testemunho que foi ficando da nossa presença, um ou outro escrito de historiadores e sábios nossos de então, ainda que pouco acesso tenhamos ao que de importante em nós contou para os outros.

 

Não é despicienda esta posição, éramos os melhores na altura, demos mundos ao mundo. Como então e ainda hoje se diz, revolucionámos os saberes, levámos a dianteira na observação directa das cousas, directa e sistematicamente, exercida sobre a natureza e seus fenómenos, sobrepusemo-nos ao empirismo vigente, subvertemos lentes e escolásticos, fizemos ciência...

 


Mitos mantidos durante séculos viram a sua gratuidade e inutilidade despedaçada pela realidade concreta nascida durante as nossas viagens pelo globo e, naturalmente das nossas observações e experimentações. Fizemos verdades.

 

Matámos os monstros falados em textos eruditos e velhos de séculos, que deixaram de o ser, demos a conhecer novos povos, novas raças e cores, novos costumes, novos animais e plantas, novidades inimagináveis, explicado fica o eco " ter Portugal dado novos mundos ao mundo "...

 

Esses novos mundos, ou o novel conhecimento de outros povos, raças, nações e sistemas, foi o princípio de uma nova era de que Portugal foi a vanguarda, mas do qual é hoje, tristemente, a periferia.

 

Ainda hoje é incalculável o preciosismo que demos ao surto do espírito europeu moderno. Foi nosso o maior contributo para a revolução cultural da Idade Moderna, já que o valor da experiência se impôs ao saber livresco estabelecido até então. De tal modo que a frase mais badalada em toda a europa culta de então era; à portuguesa, que significa como os portugueses, provar como nós provámos, confirmar como nós confirmámos, in loco.

 

Quanto mais os nossos descobridores recorriam aos livros legados pelos antigos, mais os crassos erros de que enfermaram durante milénios eram por nós denunciados de forma evidente. Pela observação directa se chegou à verdade, a experiência tornou-se a matriz de todas as coisas; “Sabe-se mais agora num dia pelos portugueses que se sabia em cem anos pelos romanos”, o que destronou de um dia para o outro todo o saber das autoridades clássicas.

 

A cultura letrada, livresca, tornou-se prisioneira do cepticismo em toda a parte e em todas as latitudes era confrontada com as verdades que diariamente dávamos ao mundo. Ptolomeu, aquele que foi um dos maiores “geógrafos” da antiguidade clássica estava enganado, nós não somente redesenhámos as suas “cartas marítimas”, como evidenciámos e corrigimos outros erros seus, como o da inabitabilidade dos equadores, erro que permaneceu até que os portugueses o desmistificaram, e desmentiram. Foram portanto os portugueses quem revelou à Europa a forma geográfica e correcta do mundo.

 

Como nos víamos por essa época uns aos outros ? Nós europeus, desde a antiguidade, sempre víramos os africanos como caricaturas grotescas e monstruosas, fruto do pouco conhecimento que sobre eles tínhamos.

 

Durante a Idade Média o africano e o ameríndio eram assimilados à noite, ao mundo das trevas, às forças do mal, ao diabo, com origem num misto de animal e vegetal. Não esqueçamos que durante esse período da história o negro era a oposição do branco e o branco a pureza, o maravilhoso, a luz, o que levou a que não tivesse havido dificuldades em associar a cor negra dos africanos e ameríndios ao diabo, o senhor das trevas.

 

Mais tarde os mesmos africanos e ameríndios são vistos ou representados como servidores domésticos, fruto da sua sina na época da escravatura, mas sempre como selvagens. Veja-se a este propósito como estão caricaturados no lado direito do Claustro da Sé de Évora os personagens negros ali esculpidos.

 

E os africanos e ameríndios, e os outros, como nos viam eles a nós europeus ?

 

        Naturalmente como seus senhores, e ainda que a arte seja por natureza e regra subjectiva, obras há, gravadas ou esculpidas em bronze ou em dentes de marfim, dentes de elefante, em pau-preto, e outras cenas e gravuras ou relevos que nos dão essas imagens. Que imagens ?

  

Imagens em que o europeu é identificado pelas roupas, pelos narizes pontiagudos, lábios finos, cabelos longos e lisos, barbas aparadas. Mais tarde, em plena época colonizadora, essa imagem irá reflectir a sátira social e a crítica, englobando o lado grotesco do colono e ou do cipaio, funcionário negro ou mulato, (este ultimo filho da rica miscigenação que promovemos) ao serviço do branco.

 

E desta forma, prenhe de empatia e vinhos alentejanos, acabámos a nossa noite cultural, rica de conteúdos e ensinamentos, em que me portei como um senhor, vejam só, provavelmente nunca me imaginariam assim, tão franco e directo sou noutras crónicas espetadas neste blogue.

 

Na realidade não fora o excesso de acolhimento a estragar a festa e tudo teria corrido pelo melhor. A minha participação foi muito aplaudida, considerada e comentada, não fora isso e não teria apanhado a bebedeira que apanhei, de caixão à cova, acordei com um rosto angelical erguendo-me a cabeça a tempo de não me afogar no meu próprio vomitado, com a mão segurei-me ao seu corpete, que de imediato se rompeu deixando antever quatro seios alvos e mais redondos que a bola com que ontem jogou a selecção, e ainda não sei como, mas recuperei a tempo de um internamento a soro no hospital local, pois acabei de ver a primeira janela do dia sem ser em duplicado !

 

Estou pronto para outra mas, conferências, a partir de hoje só pagas, ficam já sabendo, bem caro me custou o último fato que caguei todo.


 Ficou sem conserto.




86 


segunda-feira, 29 de abril de 2024

814 - EL TRIPLE ESTUPIDEZ DE NOSOTROS ...

                     


           Évora definha, e quer o PCP quer o PS não estão isentos de culpas, nem tão pouco a oposição que há 50 anos se senta nesse cómodo lugar. Em Évora a rotina é o faz que faz, sem nada se fazer, se é estratégia do PCP ou do PS, para o caso tanto faz.

 

Nada há de mais ridículo que as suas corridas no sentido da modernidade, seja ela sob um signo particular ou sob quaisquer outros, já que o resultado é o mesmo. Esta cidade está cada vez menos interessante, menos acessível, menos prática para quem nela vive, mau grado as hordas de turistas que a tomam de assalto diariamente.

 

O olhar de Big Brother do PCP e do PS, que tudo e todos querem controlar emperra a cidade e não a deixa respirar fundo nem dilatar-se, apesar de todo o folclore em redor das suas supostas modernidade e actualidade a cidade regride a olhos vistos e em todos os aspectos.

 

Quais ? Que modernidade ou actualidade ? Quais, se o que nela tem algum valor ou vale a pena soma 50/60 anos e daí para trás mais 2.000 ? Que actualidade se a única mudança (não confundir com inovação) são as centenas de pilotins que enxameiam os passeios adiando o problema do estacionamento, para o qual ainda não houve tempo de encontrar solução, tal como não houve para outro problema candente, a habitação  …

 


Esta cidade está simplesmente tornando-se inabitável e contra indicada para o pequeno comércio. Como querem então segurar os habitantes no centro histórico ou simplesmente na cidade ? Os políticos e técnicos da urbe, quais burocratas, ou burrocratas, certamente crêem estar imbuídos de uma visão e legitimidade impares e com o foco no futuro. Como será tal possível se todo o passado, negro e triste é responsabilidade deles e não se vislumbram mudanças que criem oportunidades para tudo e para todos ?

 

Isso sim, seria progresso, progresso e bem-estar que os comunistas (mais que os socialistas) parecem temer como os gatos temem a água. Não estão portanto virados para o dito passado negro, que lhes pertence mas renegam, nem para o futuro, para o qual não estão intrínseca nem minimamente preparados ou sequer vocacionados.

 

Vivendo em conflito permanente com a comunidade pela qual é responsável (comunidade que se alheia dos seus misteres) e que gere há 50 anos, o PCP domina, é certo, mas não passa dum espinho e espírito insensível e inamovível cravado na charneira da mudança. Todavia los tiempos cambian, ignorando o arcaico PCP, agarrado a uma visão também ela arcaica da sociedade em cujos ideais já ninguém acredita e ruíram por todo o mundo. A sociedade sem classes, tal como a utopia dos amanhãs que cantam, demonstraram ser um embuste.

 

Qualquer sociedade necessita de valores, de dignidade, de honra, de crença, de nacionalismo, de patriotismo, de bairrismo, dum sistema económico viável e minimamente justo. A milenária China percebeu isso e apressou-se a abraçar o capitalismo, contudo manteve uma rígida hierarquia e autoridade, liberdade sem autoridade é libertinagem, nós sabemo-lo por experiência própria, a China sabe-o porque aprendeu com os erros alheios.

 


Esta cidade, forçosamente moldada pelo PCP e cuja pretensão social foi gerida á sua medida está a falir, não há habitação, não há oportunidades, não há empregos, não há jovens, não há futuro. Nunca haverá futuro se não houver visão, inda que chova dinheiro. Os quadros superiores do PCP, os que planeiam a cidade nunca leram Ibsen, Ayn Rand, nunca consultaram o seu Atlas Shrugged, por isso esta cidade será em breve um monumento póstumo ao PCP e ao PS que a governaram e a mataram com as suas doutrinas e as suas incompetência e concepção egomaníacas.

 

Richard Rogers e Norman Foster têm matado cidades pelo exagero, pela grandeza, pelo excesso de dimensão, o PCP e o PS têm matado Évora porque a abafaram com as suas pequenas visões, com as suas diminutas inteligências. Estas duas visões ao inocularem o seu veneno na cidade envenenaram-se a si mesmas, condenaram-se, e arrastam-nos a todos na sua desastrosa queda.

 

Durante 50 anos comunistas e socialistas perseguiram e apelidaram de fascistas, de reaccionários, de conservadores, de saudosistas e de inimigos todos os que se lhes opunham ou tinham uma visão diferente. O resultado aí está, a cidade mais pobre e atrasada deste atrasadíssimo país.

 

Sem habitação, sem emprego, sem estacionamento, sem juventude, sem negócios que encham as duas mãos, a cidade estiola, e estiola sobretudo por ter quase exclusivamente cegos e carneiros ou a governá-la ou a aplaudir, cegos e carneiros que sonham com o sol na eira e chuva no nabal. Para além desta carneirada mansa que a tudo diz que sim Évora não tem quem a defenda, não tem quem faça frente ao desastre duma gestão com 50 anos que nada mais alcançou ou conseguiu que uma enorme dívida. Évora merecia mais e melhor.

 


Desapareceram milhares.... Que lhes fizeram ? Onde o gastaram ? Quem fechou os olhos ? Quem se amanhou ? Quem se calou ?

 

Em 1984, a 30 de Maio, o então Príncipe Carlos, hoje rei Carlos III do Reino Unido, durante o discurso proferido na convenção do 150º aniversário do Real Instituto dos Arquitectos Britânicos defendeu a honra do seu convento, defendeu Londres com garra contra o que designou de mamarrachos e carbúnculos modernistas que estavam a desfigurar a cidade.

 

Não discuto o gosto do Príncipe nem de arquitectos, investidores ou construtores, Londres teve quem a defendesse, e Évora ? Nem um académicozinho ? Nem um arquitecto ? Nem um economistazito ? Um gestorzeco, um jornal, uma rádio ?


O problema é que o mesmo se passa por todo o país. Os portugueses querem melhor ensino, saúde, justiça, segurança, melhores pensões, transportes, vencimentos, 35 horas semanais, mais férias, 15º mês, pão, paz, habitação, energia barata, tudo querem e tudo exigem, só não se perguntam onde ou como ir buscar dinheiro p’ra tudo, dinheiro p'ra tanto.

 


Não podendo o governo ir buscar o dinheiro às empresas estatais que vendeu (e estão a dar milhões a quem as comprou por um pataco), e já agora é hora de dizer que já quase nada é nosso, ou pouco ainda será nosso, para alimentar tanta exigência (e tanto ladrão) o governo terá que ir aos nossos bolsos, terá que carregar nos impostos que nos cobra. Mas quem se importou com a venda desses activos, dessas empresas maioritariamente estratégicas ?

 

No que concerne ás empresas privadas, das maiores ás mais pequenas, estão a passar diariamente para mãos estrangeiras, adivinhem pra onde vão os seus lucros ? Mas só sabemos respingar contra o Pingo Doce, que sem infringir a lei paga os impostos na Holanda, porque a lei lho permite. E por que razão não cobra Portugal impostos tão baixos quanto os da Holanda ? Porque, ao contrário da Holanda, só já tem os bolsos dos portugueses onde ir buscar dinheiro, e acreditem, cada vez irá meter a mão mais fundo até catar o último tostão….

 

Se tudo isto não é cegueira e estupidez, o que é ? Por alguma razão a literacia financeira, que era urgente ensinar nas escolas, e que devia ter sido ensinada desde o 25 de Abril, por alguma razão dizia eu o seu ensino foi proibido. Se continuamos contentinhos da silva e nada contestamos mas tudo exigimos, estaremos perante um caso grave de estupidez e cegueira, ou não ?

 

Se cada vez produzimos menos e importamos mais, é um caso de burrice patológica, congénita e epidémica ou não é ?

 

Se continuarmos votando nos mesmos e esperando que façam diferente é parvoíce ou não é ?