A ideia
era que eu descolasse, me livrasse do que me apoquentaria ou tolheria a
felicidade, tolheria, Tulherias, tellement
contente d'être allée plusieurs fois au jardin des Tuileries, como se eu
não fosse feliz ou pudesse ser, ou sê-lo mais esquecendo o passado, fundindo-me
com o presente, abraçando o futuro, antevendo nesse futuro um anjo de braços
abertos, esperando-me, aguardando-me, acolhendo-me, recebendo-me.
Era
uma ideia tentadora, mas sendo eu um anjo feliz, una persona feliz, uma boa pessoa, uma pessoa excepcional, que
vantagem tiraria daquela doutrina, daquela praxis,
sabido ser que a memória se não apaga, apenas se acrescenta, se soma, e que +
por + dá mais, - por – dá mais, + por – dá menos, - por + dá menos, tal qual me
ensinou o mano há mais de cinquenta anos numa cábula que ainda anda por aí numa
gaveta qualquer pois nunca tive coragem de atirar fora aquela preciosidade. 
Tentar apagar a memória seria como dilacerar a minha personalidade, o meu caracter, honestidade, transparência, sanidade mental, e todas essas merdas que acumulamos p’la vida fora e fazem de nós quem somos e como somos.
Porque estas
coisas se cultivam, cada um de nós constrói-se a si mesmo ou deixa que outros
coloquem os tijolos, eu fiz-me a mim mesmo escolhi um molde exemplar, molde
hoje em dia desvalorizado, hoje os aldrabões ultrapassam-me e ganham-me aos
pontos, contudo eu prezo a pessoa que sou e diria sem sentido pejorativo e
parafraseando Charlie Chaplin, "amo-me a mim mesmo" por isso mesmo
caras amigas, sim, amigas, podem tratar-me por Bertinho pois o que me encanita
é somente a desfaçatez já que em mim até o pior inimigo pode confiar, só tenho
uma palavra e ainda estou no pleno gozo das minhas faculdades, e da sanidade
mental que todavia tanta gente já perdeu, sanidade mental, precisamente ou talvez
a área onde porém me considero mais forte ainda, pois não descarrilo, nem
haverei nos tempos mais próximos de trazer amargos de boca a ninguém, posso até
dizer e garantir que nessa área estarei mais bem preparado que a grande maioria,
já que desde os dezanove ou vinte anos fui "treinado para ter as costas largas"
neste caso a mente larga... 
Capacidade
mental elevada, "treino" que foi infelizmente sujeito à prova máxima
e resistiu, não me deixei submeter nem submetido a sevícias mentais e psicológicas,
nem às físicas, muito menos a essas. Neste aspecto diria ter saúde para dar e
vender, não carrego nada que não deva e orgulho-me da verticalidade que me
caracteriza, inda que esteja na moda o contorcionismo e a mudança de opinião de
acordo com os interesses do momento... 
Eu fui
e sou construtor de mim mesmo, a self
made man, e portador de uma personalidade que há 40 ou 50 anos valeria
milhares como garantia ao balcão de qualquer banco ....
Honestidade,
transparência, sanidade mental e todas essas merdas, quem assim falou não foi
Zaratustra, foi ela, sim uma ela que não vai à bola comigo mas de quem eu gosto,
foi ela quem viu, viu as minhas lealdades e transparências tão factuais e
verdadeiras quão elas são e podem ser observadas à vista desarmada, sem lupa,
tão à mão que ninguém precisará de um bisturi para as dissecar, ou de as colocar
a secar sobre o relvado do Jardim das Tulherias, sim, ali expostas pois até eu
gostaria de as ver, tão caras me são, tanto tenho penado para as manter, foram
sedimentadas a pulso, tal como os alicerces da casa do Bacelo, que enchi à mão
com a Luisinha.
Sim,
com a Luisinha, há tanto tempo, era uma máquina ela, não perdia nem tinha tempo
a perder com merdas, era do tipo arregaçar as mangas e vamos a isto, por isso
agora este vazio e nada para encher, nem alicerces, nada nem ninguém que
arregace as mangas, que me faça lembrar a Regisconta, 
O
homem da Regisconta, aquela máquina !
Vagueio
pelo Jardim do Palácio de Cristal como há anos vagueei pelas Tulherias, mas
agora sem rumo, pontapeando as pedras, e vem-me à memória o amigo Orlando
Cristo de Carvalho, de Viana, que mandou duas ou três camionetas descarregar os
restos de mármore com que enchemos os alicerces, à borla, porque eu merecia,
porque era leal e transparente, já nessa época ele o sabia, Deus lhe torne leve
os sete palmos de terra que tem por cima, 
R. I. P. amigo Orlando.
Pois
é, olhem, vou confessar-vos, parece que ainda a estou a ver á saída do cinema, parece-me
sentida, arrependida pelo filme que fomos ver, naturalmente não tem culpa disso
nem tal interessa, porque o que interessa foi o dia que passámos, foi o tempo
que passámos juntos, foi o princípio de tudo, foi a confiança que se gerou
entre nós e que se transmitiu, que se ganhou e que se alicerçou, e a confiança
é a pedra base, o alicerce inicial de qualquer amizade.
Foi isto que então pensei sim, contudo lembro ter rematado o meu pensamento jurando de mim para mim que no próximo filme que fossemos ver, e se por acaso ele não prestasse, me sentaria e sentiria mais próximo dela, e me sentiria com confiança para, no escuro do "balcão" lhe pegar na mão para a consolar e não me ficaria pelos rebuçados, pegar-lhe-ia na mão com ternura e levaria no bolso, escondido, um saquinho de rebuçados que lhe depositaria em mão com carinho.
R.
I. P. Luisinha.
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