segunda-feira, 25 de março de 2024

812 - POR QUÉ CALLAS ??????? .... 3 D .... ???????

 


Por ela ter razão eu ri-me, quero dizer sorri, um sorriso amarelo primeiro e aberto depois, e azul, acabou, acabei por ficar azul como o dia que nascia.

 

Farta de mim, ela fora bem clara;

 

- Manda fazer uma à medida numa impressora 3D !!

 

Tinha razão claro, não que tal fosse possível, tinha-a precisamente por ser impossível.

Foi essa impossibilidade que me acordou, que me fez ver de forma inquestionável quanto estava sendo injusto, e inútil a minha demanda, a minha busca. Injusto por pretender comparar o que comparação não tinha, nem podia ter, inútil, já que não há no mundo duas coisas iguais.

 

A natureza, quando não outras forças, se encarrega, se encarregam, de a tudo conferir individualidade única, pessoal, exclusiva, personalidade, caracter próprio, inigualável, inimitável.

 

Passámos então às coisas sérias; quem era, o que fazia, e assim soube que era ela, não quem ela era mas o que era ela, uma vida vivida, não vívida mas vivida; alegrias, tristezas, tropeções, paixões, ilusões, desilusões, o normal, afinal qual de nós não se equilibrou já nesse arame ?

 

Deambulámos e caminhámos por aí durante algum tempo, bolsando esclarecimentos, mastigando silêncios, partilhando o caminho.

 

                   Disposição nuclear das moléculas do gelo seco, dióxido de carbono solidificado

Hoje olho para esses dias com um olhar triste, sento-me nas mesmas mesas em que nos sentámos e volto a pensar uma vez e outra no que não te ouvi e, o teu silêncio continua a martelar-me a memória como uma recordação nostálgica.

 

Tão bem a fiquei conhecendo que ainda hoje não sei quem seja, por outras palavras, não a conheço, ou conheço bastante mal, já que, como um jogador de Bisca ou de BlackJack, esconde o jogo, esconde a mão, esconde as cartas, nem deixa transparecer uma qualquer expressão de regozijo ou de lamento, não tem horas para se alegrar ou entristecer, e ficar exuberante nem pensar. É gelo, gelo seco, não molha nem se derrete.

 

Porque as muitas ou poucas conversas tidas versaram sobre nada, ou quase nada, que é o seu modo de falar sem nada dizer, para que sobre ela nada possamos saber ou aprender, ou apreender, visto que nisso faz gala todas as vezes em que não se cala.

Já eu pareço um bufarinheiro, ou caso preferirem um pregoeiro, pois tanto apregoou-o o que penso e digo, como afifo um pregão, ou um sermão, quando menos se espera e que desespera quem o oiça e o enfie pela cabeça como um barrete.

 

Modos e modas, cada um exprime-se como gosta e lhe parece melhor, fazendo versos, cantando, escrevendo, esculpindo, pintando, falando, declamando, quando não declarando o que lhe vá na alma, no espirito, no pensamento, no coração, como eu fazia quando ele me batia sem arritmias, por isso me vou calar, para o não desassossegar., não vá dar-me algum tangolomango

 

É que o desassossego é um estado de espirito que pode assustar, meter medo, e eu quero ir almoçar e, por agora, é só o que desejo…

 

Vou comer …. E depois …..

 

      

* TANGOLOMANGO 

* TANGOLOMANGO

Eram nove irmãs numa casa

Uma foi fazer biscoito
Deu tangolomango nela
E das nove ficaram oito

Eram oito irmãs numa casa
Uma foi amolar canivete
Deu tangolomango nela
E das oito ficaram sete

Eram sete irmãs numa casa
Uma foi falar inglês
Deu tangolomango nela
E das sete ficaram seis

Eram seis irmãs nunca casa
Uma foi caçar um pinto
Deu tangolomango nela
E das seis ficaram cinco

Eram cinco irmãs numa casa
Uma foi fazer teatro
Deu tangolomango nela
E das cinco ficaram quatro

Eram quatro irmãs numa casa
Uma foi falar francês
Deu tangolomango nela
E das quatro ficaram três

Eram três irmãs numa casa
Uma foi andar nas ruas
Deu tangolomango nela
E das três ficaram duas

Eram duas irmãs numa casa
Uma foi fazer coisa alguma
Deu tangolomango nela
E das duas ficou só uma

Era uma irmã numa casa
E ela foi fazer feijão
Deu tangolomango nela
E acabou-se a geração

Ah, coitada!

Fonte: Musixmatch

Canção de Beatriz Martini Bedran




terça-feira, 19 de março de 2024

811 - NUNO JÚDICE - in POEMÁRIO - R. I. P.



 POEMA  *

 

  

Parte: como se tivesses de ser esquecida,

deixando atrás uma imagem de sombra.

   

Não leves contigo as palavras que trocámos,

como cartas, num instante de despedida;

mas não te esqueças da luz da tarde que os teus olhos abrigaram.

 

Por vezes, lembrar-me-ei de ti.

 

É como se, ao voltar-me, ainda me esperasses,

sem um sorriso,

para me dizeres que o tempo tudo resolve.

 

Não te ouço;

e, ao aproximar-me dos teus braços,  

vejo-te desaparecer.

 

Mais tarde, penso, isto fará parte de um poema;

mas tu insistes.

 

O amor chama-nos, de dentro da vida;

obriga-nos a renunciar à imobilidade da alma,

a sacrificar o corpo a um desejo de memória.

 

* NUNO JÚDICE , in "Poemário" **

 

(29.04.1949-17.03.2024)                       R. I. P.


** https://textosdepoesia.wordpress.com/2013/12/09/poema-nuno-judice/




quarta-feira, 13 de março de 2024

810 - A AMARGA VITÓRIA DOS CHEGANOS ...

                         



Na actual situação e com focos problemáticos um pouco por todo o país, atingindo muitas distritais e concelhias, fustigando o Chega devido à existência em muitos desses focos de um déficit de democracia, de imparcialidade, de isenção e de experiência politica, fácil se torna concluir que a fasquia deveria ter sido colocada muito anteriormente e muito mais alta.

 

Ou isso ou o CHEGA não passará da breve colheita de um flash. Depois da ascensão fulgurante do dia 10, que já o disse não passará dum breve flash, dum breve benefício e ainda mais curto momento, preconizo-lhe nas próximas eleições uma queda abrupta na realidade. Até lá os eleitores terão tempo para ver que o Chega tem muita lábia, muita conversa, mas pouca ou nenhuma capacidade de realização.

 


 Quer seja ocupando instituições, empresas públicas, assembleias, municípios, presidências ou quaisquer outros lugares de decisão de norte a sul com gente impreparada, irão surgir forçosamente centenas senão milhares de impugnações dos precipitados, impulsivos, irreflectidos e transviados actos dessas administrações Chega, as quais encherão tribunais mas sobretudo inviabilizarão o normal funcionamento de quaisquer entidades, resultando dessa vitória a apreensão pelos eleitores de que os quadros do Chega não estão preparados para a função e a sua acção será mais perniciosa que benéfica para o país e para os concelhos. O meu amigo DM entenderá isto melhor que ninguém.

 

Os mesmos eleitores que lhe deram a vitória ir-lhe-ão  gradualmente retirando os votos que tinham impulsionado essa ascensão e, a vitoriosa curva ascendente do Chega virará uma outra curva de natureza diferente, descendente, e acusando a diluição dos votos, da confiança perdida, e do declinar do poder do Chega.  

 


Muito dificilmente o Chega recuperará duma queda assim, nenhum populismo lhe valerá nem poderá continuar sendo o partido de um homem só. Só então AV verá com pesar de nada lhe ter servido andar a correr para assim se estampar, terá que redobrar de esforços para voltar a convencer, não aliciar mas convencer intelectuais, artistas, académicos, cientistas, investigadores, professores, enfermeiros, carpinteiros, serralheiros, militares, policias, empresários, quadros médios e superiores, e a todos aqueles de que não se soube rodear.

 

O problema é de justiça, o pessoal anda sedento de justiça, e o Chega aproveitou para cavalgar essa sede e transformar-se no cavaleiro justiceiro, num rolo compressor, num cilindro justicialista. Vai daí soltou todos os demónios da sua tropa fandanga esquecendo-se de que lhe será muito difícil ou mesmo impossível voltar a encerrá-los na lamparina.

 


O país poderá ver-se na contingência de vir a estar uns anos não diria desgovernado mas reformando-se aos encontrões e tropeções, o país será alvo não de um Tsunami reformista originado pelo Chega mas por um verdadeiro arrastão que tudo levará cegamente na frente.

 

E a quem pertence a culpa desta passagem cronológica do que será a nossa história futura ? Dos mesmos de sempre, os partidos do sistema que, travando reformas que há muito deveriam ter sido tomadas criaram as condições pra que agora o sejam a destempo e sem quaisquer travões. Vai haver justiça, vai haver reformas em catadupa, o país vai mudar, o país vai sofrer mas as reformas vão fazer-se. Atabalhoadamente, mas far-se-ão, vamos ter pelo menos uma década de revolução de transformações e reformas.

 


Vai ser a nossa Revolução Cultural à moda da China, vinganças, mesquinhices, ajustes de contas, delações, falsas ou não. O disse que disse e a bufaria irão ser o pão nosso de cada dia.

 

Tudo porque Montenegro não será capaz de evitar dar a chave do palheiro a um pobre. E então é que vai ser o bom e o bonito, será suficiente olharem se o quiserem ver de chave na mão, arrogante, presunçoso e mais papista que o Papa.

 


Não é o facto do Chega ser de direita ou extrema direita que nos deve preocupar, essa terminologia caducou há muito, deve preocupar-nos o Chega ter feito da ética letra morta e seguido as pegadas de Teresa Guilherme, que afirmou não me lembro já onde nem quando “não dar a ética de comer a ninguém”… Pois não, mas também não lhe tira a comida da boca… Avizinham-se tempos conturbados, inclusive com pequenas ou grandes revoluções dentro de cada um dos partidos do sistema, afinal e por omissão os culpados do mal de que agora se queixam.

 

O recuo na disciplina de filosofia no ensino secundário, efectuado há uns bons anos iremos pagá-lo agora, às mãos de gente sem princípios, sem valores, enfim, às mãos de uns amores…

 


Não se ter dedicado A.V. e o partido a causas e problemas estruturais, a problemas globais, dando de si uma imagem sólida, eficiente, capaz, responsável, íntegra, e que gerasse confiança no eleitorado e no futuro dos portugueses, nem que para isso tivesse sido necessário distribuir bastonadas à direita e à esquerda, fosse sobre pretos fosse sobre brancos mas vincando a garantindo a autoridade e a justiça, a igualdade e uma democracia musculada, vai sair-lhe caro.

 

Dir-se-á, como diria Shakespeare se fosse vivo;

“Tanto barulho para nada”

 

Tanta correria para nada digo eu …


19062021