Afinal
quem vai ganhar ? O ambiente que já se vive na pré campanha mais parece de
festa, e claro que nós melhor até que no reino da Dinamarca, pelo que acho ser
impossível desgraça maior, contudo confiemos, inda que seja de toda a prudência
manter um olho no burro e outro no cigano, ou no árabe, ou no romeno, no ucraniano,
no vadio, no drogado, no desempregado, no preto, and so on…
O
céu está limpo, as nuvens negras desapareceram, a manhã aqueceu e a esplanada
ficou agradável, bebo uma bica para me reconfortar da Exposição do amigo João
Cutileiro, “Árvores do Conhecimento Com Alguns Frutos”, à Igreja de S. Vicente,
de onde acabei de sair e na qual nem cinco minutos me demorei, espera o artista que o fruto da dita lhe vá parar às mãos, está bem está ...
Cinco
ou seis árvores de pedra, coisa pequena, coisa miúda, e tal qual o publicitado,
produto de mãos hábeis e da mente rica criativa e lúcida de Cutileiro, por aí
nada a dizer, nem da montagem, cuidada como sempre, nem sei se alguém faria
melhor com o pouco que lhe meteram nas mãos, parabéns portanto à organização,
pois o que me deixou meditando no artístico Cutileiro foi o seu estado de
espirito, o que me conduz a outro desvio colateral nesta conversa, os parabéns
à Associação Cultural Colecção B, que o soube cooptar, sabido ser Cutileiro um
artista de peso, e de regime, um artista que sempre fez trabalhos essencialmente
para determinado partido, obras grandes e melhor pagas. Lembro o designado
“Falo”, um amontoado de pedregulhos ao cimo do Parque Eduardo VII e que um tal
partido alegadamente terá pago bem, perdão, um partido não, supostamente a CML
pagou, suponho que bem e a tempo e horas. Bem mais próximo de nós, temos o “Arco
do Triunfo” ali às Portas do Raimundo, que deve ter sido pago a peso, sendo
precisamente a questão do peso, peso institucional enquanto mandatário de
campanhas e não só, o que verdadeiramente me atira para uma outra vereda
colateral…
Os
tempos vão maus, só cortes, as instituições públicas contam os tostões e o
artístico amigo Cutileiro tem um estaleiro para gerir, armazéns,
matérias-primas, gruas, monta-cargas, energia, combustíveis, rendas,
provavelmente vencimentos já que acolhe lá uma catrefada de vocações que não
acredito vivam somente do ar, portanto há que diversificar a oferta, descobrir-lhe
novos nichos, torná-la acessível a outros espaços, a outras bolsas mais moderadas
que os cofres ou contas bancárias de quaisquer municípios amigos, torna-la
menos volumosa, e pesada, a fim de caber numa entrada, numa sala, na caixa de
uma carrinha, na mala de um carro, ou até capaz de ser levada embrulhada
debaixo do braço. Um novo conceito de arte ao portador e ao domicílio, um
impulso no binómio da produtividade versus rentabilidade.
Portanto
parabéns às produções Colecção B, que o cooptaram e parabéns ao amigo Cutileiro
que teve visão para prever a quebra no mercado da arte e soube magistralmente
delinear com a antecedência necessária e exigida uma estratégia salvífica (peditório
para o qual já dei), de que a exposição que visitei é um genial
instrumento, multiplicado em S. Bento de Cástris e a multiplicar em centos de
sítios, assim os Deuses lhe propiciem longa vida, inspiração e compradores
porque é aí que bate o galho, já que falávamos de árvores e jardins e todos
sabemos que a cavalo dado não se olha o dente.
E
por falar em cavalos, o amigo Cutileiro, e outros, que tirem o cavalinho da
chuva pois os tempos estão mudando e não voltarão atrás, se bem que continuemos
promovendo, homenageando, louvando e premiando precisamente os mesmos,
precisamente aqueles que nos trouxeram até aqui, até este buraco onde
soçobramos com merda até ao pescoço, lamento muito o amigo Cutileiro e outros,
mas as pessoas não comem pedras, tal como não comem TGV’s disse o outro, que
hora a hora se contradiz e nem sabe o que diz…