No Alentejo e em Évora. Uma
destas manhãs, quando descendo a rua dos Penedos me dirigia à casa de flores
“Dorita” deparei-me com um inusitado ajuntamento e, para além dele uma enfiada
de carros estacionados em cima e ao longo do passeio. Parei, no entretanto fiz
rodar os olhos em redor e num varrimento género radar a fim de detectar a fonte
e motivação daquela tão colorida quanto multifacetada pequena multidão. Estacionei
no lugar próprio e enquanto a Dorita me compunha o ramalhete pretendido tirei-me
de cuidados e acerquei-me do heterogéneo magote dessas boas gentes.
Notei
estarem em frente às instalações da Associação Pão e Paz, logo lembrei que
desde há muitos anos essa associação tem vindo paulatinamente desempenhando a
sua função caritativa, facto por mim recordado com carinho. Achei por bem
escrever este artigo onde essa acção meritória fosse de novo dada a conhecer à
população eborense/alentejana e, quiçá sensibilizar alguns de vós leitores, instituições
ou empresas, a fim de darem apoio a esta obra exemplar.
Eu cá
estarei para dar publicidade e relevo à vossa atitude altruísta e acção
humanista. Compreenderão agora por que de imediato tirei alguns apontamentos / notas
e fotos onde me basear sem faltar à verdade, e após bater à porta dessa digna
associação foi-me aconselhado enviar as minhas questões por escrito e por
email, o que naturalmente fiz.
Pormenor comum a quase todos os presentes em
espera, estavam armados com aqueles sacos de compras grandes, usados quando
vamos ao híper para trazer as compras da semana e, nalguns casos vislumbrei
nesses sacos o que me pareceram taparueres, o que vim a confirmar.
Não
foi difícil saber o que ali os juntava, mas, como desta vez o seu número
aumentara bastante em relação ao que eu recordei habitualmente ver por ali,
indaguei junto de vários, até concluir p’la unanimidade dos esclarecimentos e
sem sombra de dúvida ser a fome que ali os levara. Ali à Rua dos Penedos 13, e
à meritória Associação Pão e Paz que há perto de 15 anos se dedica a uma função humanitária digna de louvor e de
apoio, matar a fome a quem a tem.
A
nossa sociedade evolui e vibra todos os dias com o sucesso e progresso
alcançados, e quem quiser aquilatar da dimensão desse progresso e sucesso só tem
que ir entre as 11:30 e as 13:30 espreitar ali ao final da Rua dos Penedos as
razões da minha ironia e do meu descontentamento.
Isolados
ou em grupo, há mesmo famílias que chegam de carro, envergonhadas, esperando a
sua vez de saco na mão até que, à vez, desculpem-me a redundância, lá se vão
aproximando da porta da benfazeja associação p’ra encherem o saco e a barriga.
Aquela porta está sempre aberta, no limite a última porta que encontrarão aberta
no mar de tantas outras que certa e infelizmente se lhes fecharam.
Todos
afirmaram o mesmo, há mais gente agora dependente da sopa dos pobres do que alguma vez houve, gente dependente da caridade
para matar a fome, a fome que além deles nos devia envergonhar a todos.
E
não culpem somente o vírus, este país tem as reformas por fazer que deveriam
ter sido feitas há 40 anos, e ainda esperam a sua vez para serem feitas. Enquanto
uns esperam que lhes matem a fome outros prosperam, quantas vezes sem sabermos
como, e muitos outros enriquecem inexplicavelmente mas indiferentes ao rasto de
pobreza e miséria que a sua indiferença deixa atrás. Este país tem de tudo, de
vígaros e ciganos, de anjos a demónios, tem de tudo menos oportunidades onde os
portugueses se possam realizar sem terem que roubar ou daqui abalar.
Situações
destas, que rádios e jornais nacionais e locais deveriam denunciar parecem ser ignoradas,
caladas e abafadas. Será no interesse e na mira do subsídio estatal que acuda (compre)
à comunicação social ? Será que o dinheirinho está primeiro, e a verdade e as pessoas ficam
para depois ?
Depois
queixam-se que ninguém compra ou lê jornais, ou perde tempo ou dinheiro em
publicidade nas rádios que ninguém ouve. Mais que o país são as mentalidades
que precisam ser mudadas, mentalidades e leis, leis que não ignorem as necessidades
e urgências deste povo, leis que não protejam corruptos, oportunistas e
quejandos, leis nos tirem da vergonha e cauda da Europa.
Passaram
quarenta e seis anos, não houve interesse, vontade, oportunidade, tempo nem vagar para instalar e fazer cumprir a
democracia ??
Chega
desta desigualdade.
Chega
desta iniquidade.
Chega
desta injustiça.
NOTA
- Foram benfeitores do projecto da Associação Pão e Paz as seguintes pessoas ou
entidades: Imobiliária Era, Liga dos Amigos do Hospital, Banco Alimentar Contra
a Fome de Évora, Continente de Évora. Auchan de Évora, lojas Recheio de Évora,
Salesianos de Évora, Pepe Aromas, Zé Miguel e Rosa Leal da Costa, SIC
Esperança, pela Federação Portuguesa de Futebol, Câmara Municipal de Évora e ao
Centro Distrital de Segurança Social, empresa “Francesinha em Casa” e a
Transportadora Nacex, Frutas Mangas, Evoralimentar, FRA, Margarida Ilhéu, Gosto
Alentejano, Hortisea na pessoa do Rui Pereira, o Diogo, a Vanessa, o Tomás, o
Martim, a Carminho e o Santiago, CRE, Junta de Freguesia de S Mamede. E que me
desculpe alguém que eu tenha esquecido.
Você
pode também ajudar através de transferência para esta conta da Associação Pão e
Paz : IBAN: PT50 0007 0000 0018 8219 3832 3
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Seguindo
o exemplo a Fundação Eugénio
de Almeida tomou há dias idêntica iniciativa, como se pode ver por
esta noticia, a qual nos dá conta da abertura de um refeitório social com capacidade para fornecer aos novos indigentes e vítimas do progresso e sucesso nacionais seis mil refeições diárias:
NO SITE E PÁGINA DA
ASSOCIAÇÃO PÃO E PAZ PODEMOS ACEDER A ESTAS INFORMAÇÕES:
Fundada
em 21 de Julho de 2006 a Associação "Pão e Paz - Associação de
Solidariedade Social" tem como objectivos principais, servir os mais
carenciados, proporcionando-lhes:
Uma
refeição quente, diária, na instituição ou na sua própria residência, caso não
se possam deslocar.
Possibilitar
higiene pessoal e tratamento de roupas.
Dormida
temporária aos sem-abrigo.
O
âmbito da Associação "Pão e Paz - Associação de Solidariedade Social"
abrange sobretudo a cidade de Évora e o seu concelho.
Sede
na Rua dos Penedos, 13, 7000-531 Évora
Telefone
- 266 704 052 , Telemóvel – 969816162
Resp.
Dr.ª Teresa Caetano
Sobre esta associação pode
ainda ler-se na sua página na rede social Facebook:
A
Associação "Pão e Paz - Associação de Solidariedade Social" é uma
instituição particular de solidariedade social (IPSS), sem fins lucrativos.
A
Associação "Pão e Paz - Associação de Solidariedade Social" é uma
instituição particular de solidariedade social (IPSS), sem fins lucrativos, que
brotou do coração de cristãos. Surge para colmatar carências humanas, sociais e
económicas, independentemente da cor, raça, país, língua, religião, dos
utentes.
Informação
geral
Conhecedores
e preocupados com a realidade social em Évora e seu concelho, um grupo de
cristãos reuniu-se pela primeira vez aos 28 dias do mês de Janeiro de 2002,
naquela que ainda hoje é a sede provisória da Instituição que se veio a
designar de Pão e Paz.
Já
então preocupados pela pobreza que conhecíamos lutámos por alcançar resposta
aos rumores que nos chegavam.
Após
alguma luta conseguimos de um amigo, José Flamínio Roza, um espaço que nos tem
permitido realizar o primeiro dos objectivos a que nos propusemos – dar uma
refeição quente, diária os mais necessitados.
Muitos
têm sido os que nos têm ajudado, sócios e amigos da Pão e Paz, a concretizar
aquilo a que nos propusemos.
Algumas
têm sido também as iniciativas que temos tomado, exposições, venda de Pintura e
Escultura com a participação de pintores e escultores de nomeada da nossa
praça. Participação nas Feiras promovidas pela Câmara Municipal, São João e do
Livro.
Neste
momento estamos em negociações com os herdeiros de José Flamínio Roza para
aquisição de um outro espaço que nos permita realizar os outros objectivos da
Pão e Paz – dar higiene pessoal e de roupas e dormida aos sem-abrigo. Com a
coragem e a força que sempre nos tem animado havemos de conseguir.
Quando
este objectivo estiver concretizado realizaremos tudo a que a Pão e Paz se
propôs. A partir daqui TUDO o que o Pai do Céu espera de nós será possível,
incluindo levar aos necessitados que tem dificuldade em deslocar-se, as
refeições de que carecem.
Data
de fundação 21 Julho 2006 - Organização sem fins lucrativos · Serviço social