segunda-feira, 16 de julho de 2018

517 - SIMPLIFICAR O PARADOXAL PARADOXO


Perante uma visão daquelas não pode a gente ficar-se unicamente olhando-a, pasmados, admirando-lhe a grandeza, que portento, que colosso, que maravilha, que enormidade, que impressionante, que peso, soberbo, sublime, que brilho, admirável, e já agora e para simplificar, incapazes hoje de lembrar de que materiais eram feitos os degraus de acesso ou a sua base, sustentáculo de tamanha estátua.

Nem podemos regressar ao lugar no autocarro preocupados ou pensando simplesmente que vinte dos trinta, ou três dos sete dias já lá vão, está o tempo a esgotar-se, era bom mas acabou-se, para o ano haverá mais, tudo tem a sua conta peso e medida, o seu tempo, e para simplificar, onde será o jantar hoje e o quê, que a loucura anda já por aqui reclamando um arroz de marisco na cataplana e deitando a gastronomia destes lugares pela boca fora.

É a isso que me refiro, a um pensar exclusiva ou maioritariamente centrado em nós próprios, no nosso umbigo, no nosso estômago, e nem ao menos que metal será aquele tão brilhante, imune à ferrugem, quantas toneladas terá a estátua, e a base, como terá sido construída, por quem, quais transportes a terão trazido até aqui, até este ermo, certamente foram precisas gruas gigantes, cadernais, carretéis, roldanas, os egípcios parece que iam acumulando areia em redor das pirâmides o que lhes permitia estar construindo sempre rente ao chão, junto à base, ao solo, sem gruas nem andaimes, mas isto já pressupõe que se conheça um pouco do Egipto e dos egípcios, das técnicas rudimentares, das antigas e das novas e, simplificando, talvez seja pedir demasiado ao visitante, por sua vez alheio ao guia, ao tradutor, ao homenageado, um tipo durão este para lhe terem erguido uma estátua tão alta mas que raio, tinha logo que ter nascido aqui, algures no meio de nenhures. 
              Pois que se diga de passagem, a talho de foice ou a propósito que este tipo, digo aquele ali em cima da equestre estátua gizou o primeiro império da história somente por ter, ele e os outros da laia dele, três ou quatro coisas que os determinaram, aborreciam-se de morte sem nada para fazer além da caça com faisões e a cavalo, cavalos, muitos cavalos, parece até ser o cavalo oriundo daquela parte do mundo, daquelas estepes e, simplifiquemos, em boa verdade terem acabado domesticando bem as cavalgaduras, dominando ainda melhor o equilíbrio sobre elas e a elas mesmas, de tal modo que para além do primeiro e do mais vasto, o tornaram o império da história milenar e planetária conquistado em menos tempo. Dali nasceria aquela que ficou conhecida como a famosa rota da seda.

Para simplificar que nos diz tudo isto ? Diz-nos que até hoje nenhum outro exército conquistador se moveu com a rapidez com que se moveram aqueles cavaleiros das estepes mongóis a quem o desfastio terá assaltado, senão empurrado como o vento empurra os arbustos secos nos desertos por ele batidos ou soprados e que vemos rolando, rolando sempre para diante, não cilindrando mas rolando açoitados portanto, movendo-se bem mais depressa que o cilindro por mim visto no passado e há muitos muitos anos, em que criança ainda fui porém capaz de ver a imagem que o futurismo me gravou para sempre na mente, um emblema dourado num cilindro verde espalmando a estrada preta nascendo até Reguengos e dizendo "Coolfield Road Roller", gravado no flanco do monstro bufando e gemendo sempre que lograva mexer-se e que do alto da vila de Monsaraz eu contemplava dia a dia na estrada em recta estendendo-se a perder de vista pelo mar daquela planície em que a aldeia era navio.

E não esquecer que esses valentes homens aos quarenta eram já velhos, digo se tivessem a sorte de viver quarenta anos poderiam dar-se por muito felizes pois bastava uma infecção, uma fractura, um abcesso ou uma cárie pra lhes ditarem a sorte e os enterrarem quando menos esperavam, pelo que a vida essa era curta, um acidente, uma doença, uma queda, uma espada, uma flecha, sorte era morrer em combate, se possível repentinamente, trespassados ou degolados. E uma vez mais para simplificar, morria-se muito, morriam muito, mas também nasciam muito, muitos, seriam como coelhos vivendo em tendas mal enjorcadas, suportando calores e gelos.

Eram uns bárbaros, uns simplórios, muitas das suas conquistas foram levadas a cabo com base no terror pois cidades houve que, temendo tais hordas se lhes abriram e entregaram sem luta. O mesmo não poderei dizer-vos quanto às mulheres, quer as do seu povo quer as que tomavam pela força, o casamento como hoje o concebemos não existia nesses tempos nem a esperança de vida augurava ligações capazes de festejar bodas de prata, daí começarem cedo, pelos treze ou catorze anos, algumas nem maminhas teriam ainda mas a natureza é ardilosa, as cadelas têm o cio no tempo próprio, mas às mulheres foi dado todo o tempo do mundo, para além de beleza, do olhar, da voz e das feromonas.

Simplifiquemos de novo pois também elas não esperavam muito deles, o romance é um privilégio dos tempos modernos, por aquela altura era truca-truca e já está, os deuses fizessem com que fosse menino, forte e um bom guerreiro pois de nada mais precisariam. Os espartanos viriam mesmo a brindar quem tal não prometesse com um voo sem regresso do alto duma colina, escarpa ou abismo, e toca a fazer outro que este vinha com defeito. Reclamações não havia, nem devoluções, nem custos ou pesos mortos para a sociedade, Heinrich Himmler bebeu aqui algumas das suas teorias. Portanto aquela coisa dos corações entrelaçados tão bonitinha e romântica é mais dos nossos dias de burguesa ociosidade, naqueles tempos queriam-se era varões com um grande par de … fortes, estultos guerreiros, bons cavaleiros, exímios enquanto homens de coragem e sempre dispostos a morrer pelo seu senhor.

E morriam, morriam muitos e muito cedo, as mulheres não contavam com eles para mais que fazê-las mulheres e engravidá-las, o mundo tinha recursos de sobra para todos, não havia pílula e tudo e todos apostavam em dar à luz guerreiros, carpinteiros, marinheiros, marceneiros, falcoeiros, pintores, curtidores, escultores, agricultores, caçadores, tendeiros, comerciantes, abegãos, feiticeiros, armeiros, bufarinheiros, pantomineiros, mineiros, ferreiros, correeiros, carroceiros, etc etc etc Todos eram filhos de todos, todos pais e mães de todos, até gregos e romanos se lembrarem de começar homenageando com coroas de louro as boas mães, Napoleão também as honrou, Hitler fê-lo melhor que ninguém e até o nosso vizinho Franco depois de enterrar metade de Espanha honrou, condecorou e roubou as boas mães espanholas, o que, simplifiquemos uma vez mais as coisas, conduziu alguns maledicentes da história a apodá-las de meras mães parideiras e, num registo conhecido mas nunca reconhecido como oficial consta mesmo uma alusão a porcas parideiras. 

Nos tempos de Gengis Khan não davam medalhas a ninguém, a vida era curta, curta a esperança de vida e, para brincar com a minha cunhada, tout a été fait à la main, ne pas acheter dans le magasin ni commander sur le net, como acontece hoje, e ter pão e carne na mesa dava trabalho, custava, exigia muitos braços, pescar, caçar com ou sem faisão, cuidar de centenas ou milhares de renas, perseguir ou controlar as manadas de saigas, ordenhar, curtir peles, construir armas, yurts ou tendas, confeccionar roupas, etc etc etc Tudo exigia muito a todas e todos, imenso tempo, e disponibilidade, cada sexo ocupava-se de funções próprias e todos podiam contar com mais deveres que direitos, todavia fazer parte do clã, do grupo, da tribo era ser admirado, considerado, estimado e o supra sumo, daí que cada elemento desse o melhor de si pela comunidade sendo a dureza da vida a ditar regras de sobrevivência, um por todos, todos por um. Contudo filhas e filhos raramente conheciam os pais, idos engrossando as hostes dos exércitos mais rápidos do mundo e que o dominavam sem sair da sela, lutando, matando e morrendo montados. 

Às mulheres cabia amá-los e chorá-los, e dar-lhes muitos, muitos filhos, era esse o seu papel, a sua missão, a qual aceitavam não com resignação mas com naturalidade, era assim mesmo a vida, elas sabiam-no. Hoje não, na generalidade elas e eles nem sabem o que querem, pelo menos por aqui, nem qual o seu papel, os tempos não ajudam, não vão de feição e nem temos nenhum Gengis Khan, nem de imitação. A imprensa chama-lhes a geração NIN, nem estudam nem trabalham, não têm nem lhes é atribuído um desígnio, um futuro, e na cabecinha de muita dessa juventude, formatada por décadas de Tv e um sistema de ensino embrutecedor, muitos deles querem ser engenheiros ou doutores, ganhar rios de dinheiro, preferencialmente sem estudar claro, enquanto grande parte delas emprenham pelos ouvidos vendo telenovelas ou as manhãs e tardes da nossa educativa TV e sonhando participar na Casa dos Segredos ou no Got Talent Portugal, ambicionando casar e ter filhos, esquecendo que os tempos não vão de feição. Os nossos políticos trocaram a ética pela estética e um país que poderia ser o paraíso da Europa está transformado num promissor inferno.  

 As gerações de mortos na I e na II Grandes Guerras já foram repostas, são já de novo demasiados os vivos ao cimo da terra, já atrapalham, cavalgam as costas uns dos outros por um mísero ordenado, corrompem e deixam-se corromper para sobreviver, é o salve-se quem puder e ninguém sabe que fazer com eles tantos são. Esgotam com pedidos de subsídios de desemprego os cofres da Segurança Social, não saem de casa dos pais, penduram-se dos avós, e nickles batatóides, não fazem nada, os governos nem se lembram que existem, e eles por sua vez apagam-se sem lutar, sem ao menos se manifestarem, transformados numa cambada de comodistas habituados (as) a tudo ter de mão beijada. Para simplificar, não pensam, nem pensam nem concluem não ser este o tempo certo ou ideal para constituir família, casar ou especialmente ter filhos, este é um tempo no qual nem uma casa nem uma tenda podem erguer pelas suas mãos, nem terão onde, nem um cavalo, nem um arco e flechas, ou uma espada, uma lança, tão pouco coragem. Este é o tempo do salve-se quem puder, do amanhe-se quem souber, e queres tu ser mulher ? E tu engenheiro ? E o dinheiro ? O trabalho ? E cadê a carreira que te preencha a carteira ?

Este é um tempo de aproximação e erupção duma nova guerra, uma guerra a sério e não mais uma destas guerrinhas diárias um pouco por todo o lado, vai soar novamente o tempo de Malthus, o tempo de uma das suas guerras higiénicas, uma razia, milhares, milhões de filhos irão perecer ou antes disso ser comidos pelos pais, como profetizara Jonathan Swift na sua "Modesta Proposta" por volta de 1700, onde resumidamente explicava como se poderia matar a fome a uns comendo os outros, recomendando que se começasse pelas criancinhas, mais tenrinhas e que não rendiam, antes consumiam, davam trabalho e nada produziam. Já então se vivia o tempo da produção, da competitividade, da rentabilidade, é assim ou não ?

Após 1945 e depois de enterrarmos 80 milhões de mortos tivemos direito a 70 anos de crescimento, progresso e felicidade, está na hora de mandar abaixo outros tantos e garantir o futuro a quem ficar, haverá novo baby boom e novas e felizes mães, não agora, agora não é bom tempo p’ra casar ou ter filhos que somente irão alimentar e garantir mão-de-obra barata e providenciar carne para canhão, Marx tinha razão, sempre teve, o problema é que ninguém o lê, nem aqueles que mais o invocam …









……” Certa vez Napoleão disse o seguinte: "Deixai que a França tenha boas mães e ela terá bons filhos". 2. Hoje, mais do que nunca, necessitamos de mães possuidoras de um caráter cristão, mães que educarão seus filhos no caminho do Senhor... 3. Uma mãe bem sucedida é a chave do sucesso do lar e da nação... 4. Nenhuma outra força na vida da criança é tão poderosa em influência como a mãe. 5. Através dos séculos, a mãe tem sido um fator estabilizador na formação da história... 6. "O destino de uma nação", disse Napoleão, "está sempre nas mãos da mãe". 7. Muitos homens famosos foram influenciados por suas mães... 8. A mãe de George Washington era uma mulher religiosa e patriota... 9. Por outro lado, a mãe de Byron era orgulhosa, contenciosa e violenta... 10. A mãe de Nero era gananciosa, sensual, assassina...  “……..

quinta-feira, 12 de julho de 2018

516 - PROTECCIONISMO, SIM, NÃO OU NIM ? ...



A coisa começou porque o Quim Zé, para além de calçar 43 e estar constantemente às caneladas a todos, lançou uma das suas provocações, curiosamente logo ele que até costuma ficar sempre calada ou demasiado calado, mas desta e a propósito duma foto qualquer que o jornal trazia em destaque atirou a dele: Porque é que as pessoas em Portugal defendem as politicas anti-protecionistas, quando ao mesmo tempo assistem à perda de competitividade das empresas nacionais, e consequentemente ao seu fecho e ao aumento do desemprego ? Estarei eu a ver bem o problema ?

A mesa do café é ecléctica ainda que seja de alumínio, as de dentro são de sólido carvalho nacional mas na esplanada é material importado, barato, prático, leve, fácil de lavar e sobretudo fáceis de prender com uma corrente o que é suficiente para que fiquem amontoadas na rua sem ninguém as levar durante toda a noite, o pessoal quer é anéis e relógios de marca, importados, caros. Mas sendo o pessoal amesendado em redor da távola q.b. heterodoxo e mui ecléctico, como vos dissera já, a questão caiu como uma bomba, até se ouviram as chávenas tilintando nos pratos, e foi precisamente o Pires, um ortodoxo, quem ganiu primeiro enfiando uma carapuça de ar sofredor. Está aposentado mas fora sindicalista, portanto carregara a cruz em defesa do operariado explorado e de imediato atirou culpas ao lóbi imperialista/capitalista, mas todos fizeram orelhas moucas como vai sendo habitual e calmamente aguardámos que tanta verve lhe passasse.  

O amigão Pratos, perdão Prates, do centrão, alvitrou que tal se deveria ao facto de existir na sociedade portuguesa uma doutrina antitética, e dual, que na generalidade a cabecinha das pessoas não está capaz de analisar ou separar. Mas é coisa fácil continuou o Prates, não proteccionismo significa concorrência, logo competição, logo evolução, o que implica modernismo, vanguarda, actualidade, liberalismo, liberdade. Pelo contrário proteccionismo é sinónimo de apadrinhamento, de protecção ao antigo, ao que está desactualizado, do obsoleto, do que não é competitivo, do marasmo, do engonha. Ainda no sábado li um artigo duma reitora universitária apoiando a transferência de vagas das universidades de ponta de Lisboa e do Porto para as universidades e politécnicos do interior, dos quais os alunos fogem por nunca terem tido mérito algum, ao contrário do que acontece com algumas faculdades de ponta lisboetas e portistas que se já encontram entre as melhores cem do mundo.*

Ora quem arrisca apadrinhar o obsoleto ? Ou identificar-se com o engonhar ? Todos queremos modernidade, e na voragem da modernidade cuja crista de onda desejamos cavalgar como no canhão da Nazaré, soçobramos todos incapazes de pensar que a cada estágio evolutivo corresponde um estado de proteccionismo ou de liberalismo que lhe está associado, lhe é inerente, de que é inseparável sendo cada um deles o conveniente para um dado momento... É o que dá não comer espinafres nem beber óleo de fígado de bacalhau quando se é pequenino...

Pois é meus amigos, não deixam de ter alguma razão, quer um quer outro mas isso é pouco, é redutor, é só uma face do cubo e eu vou ser breve na minha achega porque estou com pressa e ainda tenho que ir almoçar umas migas a Cuba com uma amiga das Honduras, mulher dura mas tão permeável quão persuasiva enquanto vocês são uns coirões.

Pronto lá está ele, este Baião tem a mania que é sabichão e mais santo que toda a gente, despacha lá isso e poe-te a milhas quanto mais depressa melhor, é preciso ter pachorra p’ra aturar este tipo irra, nem sei como a Luisinha te atura há tanto tempo, francamente.

Pois é pazé, eu tenho a mania mas não aprendo nada contigo e tu devias pagar-me as explicações diárias que levas desta mesa de qualquer modo se não estás bem muda-te, há anos que andas aqui feito melga, bem podias meter a língua na caixa em vez de… Bem deixa-me calar que a Laurentina não é para qui chamada e tenho-a por boa pessoa, como ela te atura a babuje é lá com ela, e contigo claro.

O problema é que o país é pequeno, pequeno em diversas dimensões, falta-nos mercado interno, a baixa demografia e os baixos salários tornam-no praticamente inexistente. Como se não bastasse ser quase inexistente e apesar dos baixos salários estes ainda são maioritariamente canalizados para consumos supérfluos vindos sobretudo da UE ou Américas, o que não ajuda a senão a afundar-se. Verdade que a UE nos tem metido a mão por baixo, está a mamar e cuida da sua teta, mas a UE falhou redondamente e mais dia menos dia dará um estoiro. Não é e nunca foi uma união de estados como acontece com os EUA faltou-nos e falta-nos muita coisa para uma união. Esta UE não cumpriu o seu papel de forçar a igualdade dentro da união, bem pelo contrário sempre se portou em modo cada um para si e, quando é assim os mais fortes phodem quem ficar por baixo, geralmente os mais fracos, é dos livros.

Quer Portugal quer a UE nunca sofreram uma verdadeira guerra da independência, nem de secessão como aconteceu com os States, nem tão pouco sofremos com a IIGG. Estes sofrimentos, estas dores de parto pariram uma nação coesa, uma identidade única e a sociedade rica que são os EUA, o país que mais e esforça por atingir a supremacia, o país onde ter o céu como limite foi teoria feita doutrina e práxis. Lembrai-vos de Kennedy. A nossa velha europa não, nunca teve pais fundadores, empenhados na justiça, na igualdade, na liberdade, na democracia, a UE teve estadistas sim, o último foi Jacques Delors, depois dele começou o deserto, deserto de ideias.

 Como se não bastasse falta-nos uma constituição livre, liberal, no sentido de liberalismo, de liberdade, a nossa constituição é invasiva da liberdade do cidadão, invasiva e cerceadora, é impositiva, controladora, foi desenhada por controleiros. Está virada para o passado e para quem colheu, colhe e goza de benefícios, está gizada para manter o status quo, o establishment, e em tempo de crise e de vacas magras torna-se um obstáculo e não um escape, uma oportunidade ou uma garantia. Se és jovem experimenta avaliar as garantias que em relação ao futuro esta constituição tem para oferecer aos jovens como saída desta crise a não ser impostos e mais impostos que garantam os direitos adquiridos manhosamente pelas classes que deles beneficiam ?   

A verdade é que se instituirmos o proteccionismo perderemos mercado, e não tendo Portugal mercado interno que lhe valha ou que valha alguma coisa que possa garantir o país em pé e o investimento acelerado temos que nos pendurar do mercado europeu, mais de duzentos milhões de consumidores, faca de dois gumes pois esses consumidores também produzem e também desejam exportar para aqui, e fabricam melhor e mais barato, têm a energia e quase todos os custos de produção mais baratos, o pessoal mais treinado, produzem mais, são mais rentáveis por unidade de tempo apesar de ou mesmo por isso, ganharem à hora três ou quatro vezes mais que o operário médio português. A produtividade ora aí está, como dizia José Mário Branco já em 1979 **

Optar pelo proteccionismo ou não, não é fácil, que vamos proteger se pouco fabricamos em volume, em qualidade, em diversidade, em valor ? Maioritariamente importamos tudo ou quase tudo, tomar atitudes proteccionistas depressa estas se virariam contra nós mesmos, são um pau de dois bicos. Proteger exige estabilidade governamental, olho para o negócio, digo para governar, é que já não temos as colónias onde ir buscar baratas as matérias-primas, nem colónias para onde vazar toda a merda que produzíssemos, a clientela europeia e global é mais exigente que eram a pretalhada e os branquelas. Mas ninguém diz isso a este povo que pensa caírem as coisas do céu. Nem essa nem tantas outras verdades. Verdade que temos uma ZEE (Zona Económica Exclusiva, mar) enorme mas sem meios para a explorar de nada nos vale, e ninguém explica a este povo que há 40 anos e com menos mar a nossa frota mercante era enorme, das maiores do mundo, nem contam como o almirante Tenreiro, esse fascista, era fascista mas era um fascista nosso, ia longe buscar os milhões de toneladas de bacalhau que agora importamos. E se enchermos esse mar de aventoinhas já saberão quem irá ganhar com isso. Quem senão "eles os outros" terá dinheiro para lá as plantar ? 

Com tempo democracia e leis laborais seriam instauradas, a revolução foi o pior que nos podia ter acontecido, olhai os políticos e as politicas que temos, olhai o futuro e fazei contas… A Comunidade Europeia, a UEFA a OCDE vinham exigindo e o país cumprindo o caminho que levaria à democracia sem revolução. Não que as revoluções em si sejam más ou coisa má, a nossa é que foi um desastre que temos dificuldade em admitir e negamos a pés juntos, realmente não foi um desastre, tem-se mostrado uma verdadeira calamidade.

Propositadamente deixei para o fim a perda dos dedos e dos anéis, das toneladas de ouro do tempo do fascismo, para que possais olhar a situação deste país, é que agora estamos aqui acantonados, sem seguros, sem banca, sem dinheiro, e os lucros dessas entidades faziam um jeito de morte para o investimento de que carecemos e não temos, dinheiro esse que, agora que nada é nosso é feito à nossa custa mas voa para todo o mundo, aqui é que não poisa, portanto não haverá, ou haverá cada vez menos dinheiro para escolas, hospitais, estradas, pontes, portos, estamos de tanga, estaremos atolados num pântano por mais trezentos anos e já nem sequer conseguiremos manter-nos orgulhosamente sós, o tal orgulhosamente sós que passámos quarenta anos a denegrir.

Estes democratas enterraram este país bem enterrado e nos próximos quinhentos anos, acreditem, estamos mesmo sem nada, nem esperança de mudar de vida…





segunda-feira, 9 de julho de 2018

E A REITORIA AOS COSTUMES DISSE NADA …



A reitoria da UE fez dar à estampa na edição nº 2384 do Expresso de 07-07-2018, no passado sábado, um artigo de opinião que o Diário do Sul já aflorara levemente no editorial de sexta-feira dia 6 mas de um modo tão pela rama que tornou o assunto incompreensível para a maioria dos seus leitores. A citada reitoria, e prefiro socorrer-me do termo reitoria por não desejar pessoalizar esta questão, portanto nem vou usar nomes pessoais nem tão pouco os substantivos reitor ou reitora, a questão implica e envolve a instituição universidade, portanto e apesar de estar ciente de que cada reitor lhe imprime o seu cunho pessoal, é de toda a justiça que não torne pessoal esta melindrosa questão.

Abordo-a contudo por julgar que nem os seus pares na academia nem os seus companheiros de partido ou sequer os amigos, receosos de perder uma prebenda, um jeito, um favor, se atreverão a pedir meças às suas palavras, e tanto pano que elas têm para mangas, que é como quem diz tanto que têm para ser cuidadosamente analisadas, já que se trata da posição oficial da academia sobre o candente tema das vagas no ensino superior, pois o citado artigo vem mencionado como tendo origem na senhora tal, identificando- a e identificando a sua qualidade na hierarquia da instituição. O artigo em causa será apresentado no fim destas minhas linhas a fim de que as mesmas possam ser bem interpretadas e julgadas por quem me ler, e inclusivamente conhecer a posição da academia, que como acabei de dizer, foi expressa pela sua máxima entidade em semanário público de grande circulação e tiragem.

Fez-nos a reitoria da UE saber a sua posição quanto à atitude governamental agora inclinada para unilateralmente cortar vagas no ensino superior nas metrópoles de Lisboa e Porto para as abrir nas instituições de ensino superior do interior do país, desse modo pretendendo o governo colmatar as assimetrias que se vêm acentuando a favor do litoral e em prejuízo desse interior. Ora um combate deste tipo contra as assimetrias sentidas esbarra com a mesma falta de lógica que as tem originado, mas a reitoria eborense, como o desiderato lhe convém, a universidade e o Alentejo têm perdido estudantes e população a um ritmo galopante, depressa aderiu à esdrúxula ideia governamental de, por decreto equilibrar este normal, natural e lógico desequilíbrio.

Estudantes e populações sempre se deslocaram para universidades de maior prestígio e áreas com melhor nível de vida, sobretudo para áreas que ofereçam melhores oportunidades e garantias de futuro. É dos livros, é normalíssimo, o êxodo rural em Portugal é velho de séculos. Deste modo arrevesado e caricato serão os estudantes obrigados por decreto a frequentar não as suas escolhas, mas por imposição as sobras das escolhas ou seja, cursos sem procura em cidades que ainda a têm menos e de onde todos fogem. 

Quanto às causas que a umas universidades dão prestígio e a outras o tiram a reitoria disse nada, e quanto ao facto duma região onde ela está instalada ter vindo paulatinamente a tornar-se a região mais pobre do país e da Europa, uma região de que vive divorciada ainda disse menos. Na realidade a reitoria foi clara ao afirmar que a transferência de vagas de Lisboa e Porto para universidades do interior não pode ser dissociada das assimetrias visíveis a todos os níveis entre litoral e interior, e eu sublinho, não pode ser dissociada das assimetrias visíveis a todos os níveis entre litoral e interior, sendo precisamente aqui que temos o busílis, a ilógica e aberrante transferência de vagas não pode ser dissociada das assimetrias, mas podem-no ser os anos e anos de acção / actuação / actividade da faculdade eborense que nada fez para impedir a sua própria queda e da região.

A reitoria desliga-se de responsabilidades nesse aspecto, a universidade, vistas as coisas pelo prisma da reitoria nada tem a ver com a quebra de estudantes e de população na cidade e região. Ela está cá para receber e beneficiar, e não para dar e distribuir, ela protegeu-se com uma cúpula doirada, sente-se lá bem, está lá bem, e a realidade circundante a ser mudada que o seja a seu desejo e por decreto. Poupem-na a trabalheiras porque há quase quarenta anos que a universidade vive sem uma verdadeira coluna vertebral, sem influenciar o meio nem o contexto, ainda que vivendo nele mas à margem do dito. A UE transformou-se numa casta vivendo alheada e desligada / divorciada da região, vive virada para o seu umbigo. Dum modo egoísta a UE raramente nos dá conta da sua interacção interior / exterior, a UE é mais amiga de aproveitar os louros do exterior em seu benefício travestindo-os de fama e proveito seu. Fê-lo com a tecnologia desenvolvida pela Embraer, fê-lo com a tecnologia desenvolvida pela TecniDelta II no ramo dos cafés. *

Noutro passo afirma a reitoria que tendemos muitas vezes a simplificar matérias que são complexas, como será o caso, eu acrescentaria que a faculdade simplifica a sua habitual e crónica apatia, marasmo, torpor, indiferença, indolência e paralisia pois jamais dei por ela reclamar por algo mais que fundos e mais fundos, e nada lhe ouvi alguma vez sobre a razões para a perda de estudantes por si ou quanto à perda de população pela região.

Insiste a reitoria não se tratar de opor as universidades dos grandes centros urbanos (Lisboa e Porto) versus universidades do interior, e na sua veemência quase garantir não se tratar de universidades com índices de qualidade elevados versus universidades mais mal cotadas, mas é precisamente disso que se trata ! É que quanto a mim, a queda de população estudantil que afecta a universidade e a queda de população do interior, ao contrário do que a reitoria diz tem de deixar de ser argumento para ser culpa e responsabilidade, a UE não contribuiu para reter nem aumentar o número de alunos nem populações, portanto não contribuiu para o desenvolvimento da região em que está inserida e com a qual, volto a insistir, vive um pleno divórcio há muitos anos mas à custa da qual vive sem que contudo preste contas.

Estou habituado a medir o resultado de politicas ou de acções pelos seus resultados, ao manter paralelo com a visão governamental unilateral que tanto apoia a UE volta a ignorar a região e o contexto e circunstâncias em que esta se inscreve e às quais a UE não pode ser alheia, logo não pode armar-se em defensora e apoiante da visão unilateral e governamental só por interesse, por comodidade, por essa visão lhe ser conveniente e vir ao encontro dos seus proveitos. Esta faculdade foi aqui instalada entre outra razões para promover (não digo ajudar) o desenvolvimento do Alentejo e do país, vê-la definhar e agarrar-se desesperadamente a soluções aparentemente conciliadores e repositoras de um equilíbrio entre assimetrias que a UE com a sua ineficiência ajudou a criar não lhe fica bem. Não estou a usar demagogia, é uma verdade aceite pela UE a perda de estudantes, tal como a demografia é exacta ao assinalar a perda de população e portanto, a julgar pelos resultados obtidos a UE falhou na sua missão, a menos que atire as culpas para cima de outros ou as deixe morrer solteiras. Embora eu aceite que as culpas são muitas, múltiplas e antigas, destas porém nunca ouvi a UE lamentar-se.

É a UE quem tem que defender os nossos interesses, nossos dos portugueses, alentejanos e eborenses, tem que ser ou devia ser a nossa vanguarda e não escudar-se atrás de nós, atrás das fraquezas que não nos ajudou a superar para todavia de modo oportunista aproveitar todos os meios para “facturar” em defesa dos “seus” interesses. A universidade de Évora terá que deixar o individualismo egoísta em que há muitos anos se encerrou, qual casta protegida, e ir à luta, fazer, abraçar a práxis, parar de engordar teóricos ávidos e gulosos, espremer a práxis, queremos coisas materiais, concretas, físicas, reais, produção, riqueza, emprego. Menos dialéctica balofa e mais trabalho, mais resultados, menos lamentos, menos queixas, mais acção, mais produtividade. 

Como pode a UE considerar inclusivas as reduções de vagas se um decreto não hesita em atirar pela força com alunos para fora das suas vocações, afim de os colocar contranatura no cesto dos interesses da UE e de outras faculdades do interior sem mérito para os atraírem ? Estaremos então a penalizar as faculdades eficientes e meritórias que ao longo dos tempos souberam criar uma tradição de honorabilidade que certamente não lhes terá saído barata, pois muito tempo e dinheiro devem ter investido em si mesmas para beneficiar quem as procure. Haverá alguma lógica em devolver, abusivamente apelando e usando a coerção, vagas a quem as perdeu ? É a velha irresponsabilidade e incompetência nacional, castigar, penalizar quem procede bem, aliviar e ajudar a quem pela sua prática e resultados já demonstrou que não chegou onde devia. Experimentem fazer o mesmo com as empresas cotadas na bolsa…

Talvez por termos atravessado o S. João a reitoria tenha puxado a brasa à sua sardinha, ela que puxe antes pelo desenvolvimento do interior. Sim sei o que tem feito e o que faz, mas é pouco, a julgar pelos resultados é pouco, muito pouco, pouquíssimo. Seja o Alentejo repovoado e os constrangimentos de que padece desaparecerão e não lhe faltarão alunos. Temos que ter presente e lembrarmo-nos constantemente que, ou todos por um e um por todos ou a coisa não funcionará…






Reprodução do Expresso de 07-07-2018 Ed 2384 
Reitoria da Universidade de Évora sobre as vagas no Ensino Superior

OLHAR O PAÍS COMO UM TODO

A proposta do Governo relativa à distribuição regional dos estudantes do Ensino Superior, que prevê a transferência de vagas de instituições de Ensino Superior (IES) dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto para as restantes IES do país vem abrir uma discussão há muito necessária e que não pode ser dissociada da assimetria, a todos os níveis, entre interior e litoral.

Tendemos muitas vezes a simplificar matérias que são complexas. É o caso. Não se trata aqui de universidades dos grandes centros urbanos (Lisboa e Porto) versus universidades do interior. Não se trata de universidades com índices de qualidade elevados versus universidades mais mal cotadas. Não se trata aqui de “proteger” umas instituições em relação a outras ou de beneficiar uns em detrimento de outros, nem IES nem populações. É, aliás, profundamente errado abordar a questão universidade a universidade.

O assunto não deve portanto ser encarado como estando a retirar-se vagas às instituições de Lisboa e Porto, mas antes como estando a devolver vagas retiradas às restantes instituições de ensino superior nos últimos anos. Os números são elucidativos:

O elevado número de vagas em cursos de formação inicial em Lisboa e Porto tem contribuído para uma deslocação privilegiada de estudantes para esses centros urbanos, em detrimento de outras regiões — 36% do total de inscritos nas IES Públicas de Lisboa e Porto têm residência fora dos Distritos do Porto e Lisboa, num número de cerca de 50.000 estudantes deslocados;

A queda de população no interior deixa de ser argumento quando se verifica uma disparidade entre o crescimento da população de Lisboa e Porto em relação ao ritmo de aumento de vagas nesses mesmos centros urbanos — enquanto, entre 2001 e 2016, a população residente aumentou 5% em Lisboa e reduziu 3% no Porto, o número de vagas iniciais atribuídas aumentou 42% no distrito de Lisboa e 13% no distrito do Porto.

As IES públicas de Lisboa e Porto têm 44% de vagas do Concurso Nacional de Acesso, 48% do total de inscritos no ensino superior público, mas apenas 36% dos estudantes bolseiros. Logo, a população potencialmente mais afetada pela redução de vagas tem características de menor carência socioeconómica que o resto do país. A proposta de redução de vagas é portanto, também, fortemente inclusiva.

Se tivermos em conta que a proposta do MCTES, que prevê a redução de 5% de vagas nas IES públicas sedeadas nos distritos de Lisboa e Porto e o mesmo aumento nas IES sedeadas noutros distritos do país, apenas vem reduzir 1103 vagas em dois distritos do país e devolver 1430 aos restantes, podemos facilmente concluir que não se trata de introduzir uma medida artificial que obriga os candidatos a deslocarem-se para o interior do país, como tem sido afirmado, mas sim corrigir um caminho que tem apontado no sentido único da concentração em Lisboa e Porto.



quinta-feira, 5 de julho de 2018

515 - AEROPORTO DE BEJA, ESSE EQUÍVOCO ...


 Foto recolhida de página do Diário Rural.

Faziam-lhes o ninho como quem lhes fazia a cama mas elas não se deitavam. Orgulhosas e desdenhosas passavam ao largo, ou ao alto, deixando intactos os lençóis que lhes haviam estendido com tanto amor, paciência e carinho. Nunca neles se deitaram.

A instituição e sociedade que dá pelo nome de National Geographic já passou por duas ou três vezes este mês, no seu canal por cabo, uma história, reportagem verídica filmada no continente australiano, ou seja na Oceânia. Grosso modo mostra-nos como eram os céus dessa parte do planeta antes da segunda guerra mundial e como passaram a ser durante e depois dela. Mostra esses céus, não vistos por nós mas pelos aborígenes, pelos indígenas australianos, gente que nunca na vida vira uma carrada de coisas que nós damos por comezinhas, no caso coisas no céu, aviões nos céus.   

A dita reportagem, bem documentada, mostrou-nos ou demonstrou-nos como facilmente se geram os equívocos, em especial se alicerçados na ignorância, e no fundo mostra como todo o esforço dos nativos se resumia a fazer com que aquelas aves enormes poisassem na cama por eles preparada para o efeito, no ninho, uma vasta língua de floresta totalmente desbravada, excepcionalmente limpa de árvores e vegetação, uma torre de controlo erguida e construída com troncos das árvores derribadas, enfim, uma pista e um aeroporto que na sua visão, deles nativos, indígenas, aborígenes, pouco haveria de divergir daquele que hoje sabemos existir no Dubai, o moderno hub do médio oriente, nunca tendo eles compreendido porque não poisaram ali as tão cobiçadas quão admiradas e gigantescas avioas, as quais ostensivamente lhes sobrevoavam os céus e, a julgar pelo seu tamanho, imaginem só o ovos que poriam…

Assim estão os de Beja, olhando esperançadamente os céus na mira de conseguirem que alguma avioa mais afoita, mais curiosa ou mais distraída lhes pouse no chamariz, digo na cama, digo no seu moderno aeroporto. O aeroporto de Beja, esse enorme equívoco, não tenho dúvidas ter servido bem os alemães. O nosso céu, que ao contrário do deles não se encontrava saturado, permitiu-lhes treinar livremente pilotos de aeronaves super rápidas sem o mínimo de risco de colisões no ar. As mudanças geopolíticas ditaram o fim da base de Beja, a queda do muro de Berlin e o colapso da ex URSS impuseram um outro equívoco, o fim da história e com o fim da história viria o fim da base alemã de Beja.

O actual problema desse aeroporto nem terá sido o seu custo, 33 milhões, o aproveitamento das infra-estruturas já construídas foi lógico, o país tem desperdiçado de modo bem pior muito mais dinheiros, quando não são sorvidos pela voragem da corrupção, da irresponsabilidade e da incompetência. O mal de Beja é o mesmo mal que assola o resto do país e tem a idade desta disfuncional democracia, pois logo a seguir ao 25 de Abril deviam ter-se traçado os eixos prioritários que definiriam a sustentação estrutural do país, o seu esqueleto digamos, ou exo-esqueleto, mas tal não se fez, e nunca mais foi feito.

Não o foi no aspecto concernente a aeroportos e portos, nem nos aspectos rodoviário, ferroviário, ou marítimo, nem no sistema de ensino ainda aos trambolhões, tal qual o sistema de saúde e segurança social se encontram actualmente. Não tivesse o SNS sido erguido nessa altura e não o seria de certeza. Outros aspectos desta estrutura foram igualmente esquecidos, ou torpedeados, como aconteceu com a agricultura e as pescas. A economia e a indústria nunca mereceram qualquer atenção especial, e quanto à banca, seguros e energia pensou-se nelas sim mas apenas para apurar por quanto as alienar.

Tudo foi deixado nas mãos do destino, nas mãos do acaso, o que se fez muito ficou a dever-se ao improviso, o país não tem ainda hoje quaisquer desígnios, não tem rumo há quarenta anos.

Tiveram os bejenses uma oportunidade de oiro que desperdiçaram por vaidade, por orgulho, por ignorância, por desconhecimento, o negócio da sucata de aviões. Lembro-me que na altura pesquisei o negócio, comentei-o acompanhado de fotos numa das páginas do aeroporto de Beja na net, portanto o meu testemunho ainda por aí estará algures. De modo vago recordo-me que as pesquisas efectuadas me tinham levado a concluir que, só na califórnia o desmantelamento e a reciclagem de aeronaves atingia um volume de negócios equivalente ou superior em dez vezes o PIB do nosso país, portanto nada de desprezar, tivesse Beja agarrado essa oportunidade e hoje poderia ser a cidade e a região com o mais alto contributo para o PIB de entre todas as regiões de Portugal.

Vaidade, orgulho, falta de visão e de cosmopolitismo, teimosia e cegueira deitaram ao desprezo um negócio que poderia ter sido uma galinha dos ovos de oiro, porque quanto ao resto, nem Beja tem dimensão nem pontos de interesse capazes de sustentar um fluxo positivo de turistas, ou de viajantes, a quem faltam como disse as restantes infra-estruturas que lhes possibilitassem sair dali depressa, sem incómodos nem atrasos. Digo isto por não acreditar que quer o castelo de Beja quer a biblioteca José Saramago sejam suficientemente apelativos e capazes de segurar alguém mais que umas horinhas. Forçar os operadores ou a ANA a engolir o dito cujo será pior que meter a gaiatagem a beber de novo o celebérrimo óleo de fígado de bacalhau e imposições desse teor serão sempre decretos contra natura cuja aberração a primeira oportunidade demonstrará.

Sem o desenvolvimento, crescimento e enriquecimento do país e dos portugueses o Aeroporto de Beja nunca passará dum emplastro, um grande emplastro sem dúvida, mas um emplastro.

Foto recolhida de página do Diário Rural.


segunda-feira, 2 de julho de 2018

ENTROPIA, ESTUPIDEZ, RUÍNAS, RESILIÊNCIA

              

A QUESTÃO DA COOPERATIVA NOVO SOL CRL, UM PROJECTO BOICOTADO, TORPEDEADO, MINADO, BLOQUEADO…


1)
Na vida de todos nós haverá sempre algo ou alguma coisa que nos marque sobremaneira ou nos preencha, na minha foi um projecto de grande envergadura no qual estive envolvido com mais uma dúzia e meia de amigos, tantos quantos os que inicialmente deram origem a esse ambicioso projecto. Comemora-se por estes dias o 20º aniversário da nossa primeira reunião, teve lugar no monte do Sobral poucos dias ou escassas semanas após as primeiras ideias terem sido informalmente alinhavadas à mesa do café. A segunda em volta da mesa de um restaurante na Graça do Divor e uma terceira no monte do Bernardino. Dentro de meses comemorar-se-á a constituição jurídica desse projecto de todos nós que levou o nome de Novo Sol e cuja escritura seria realizada ainda nesse ano de 1999.



Grosso modo descrevê-lo-ei como um moderno e ambicioso projecto de lar para a terceira idade a instalar em Évora numa herdade com dezasseis hectares, nada pequena portanto, e capaz de acolher quatrocentos e quarenta idosos, possibilitando mais de trezentos empregos directos. O seu custo esteve orçamentado em vinte milhões de euros e o início das obras aprazado para os primeiros dias de 2010. Completamente licenciado o projecto não chegou porém a arrancar. Vejamos as razões, já que nele estive completa e responsavelmente envolvido e ainda hoje a mim muita gente se dirige pedindo explicações e satisfações, é a minha cara e a minha honra que estão em questão, sendo hora de fazer um balanço para memória futura e não sacudo, nunca sacudi responsabilidades. Quem não sente não é filho de boa gente, assim me sinto. As afirmações aqui proferidas responsabilizam-me a mim, são fruto do meu pensar, do meu cogito, não emanam, não reflectem nem envolvem a posição da instituição a que presidia e presido, para isso tem a instituição os seus corpos sociais.  

Devo desde já avisar-vos ser este um texto e um tema a que não sou estranho, não somente por ser eu a debitá-lo como devido ao meu empenhado envolvimento no projecto em questão. É um texto sentido, não o pretendo vingativo pois tal não faz parte do meu caracter, mas ficarei feliz se explicar a muita gente as sombras que sobre ele pairam e sobretudo o torpedo que contra ele foi disparado. Hoje acredito que o boicote tenha sido dirigido aos promotores do projecto mais que ao projecto em si. À frente da Novo Sol estava minha esposa, Maria Luísa Baião e sócia nº 1, e como sócio nº 2 eu, Humberto Baião, ambos com uma intervenção cívica em semanário e jornal da terra, intervenção cívica que os partidos não se cansam de promover à boca cheia mas que por todos os meios procuram calar se tal lhes não for a jeito. Nem Salazar teria feito melhor. Acresce que minha esposa detinha à época intervenção política marcante e actuante, mais um motivo para a torpedear. Convém ainda ter em conta que se desenvolvia a nível nacional, e desenvolve, uma luta aguerrida opondo uma velha, fossilizada e arcaica gerontocracia versus uma emergente aristocracia de novos-ricos e oportunistas desta peculiar democracia. Tudo terá contribuído em maior ou menor grau p’ra explicar o sucedido. 


2)
A “questão” Novo Sol, um projecto boicotado, minado, bloqueado ou torpedeado em 2009 leva dez anos, dez anos em que tudo me foi dito e de tudo ouvi, desde o diz que disse ao disse mas não disse. Tive contudo tempo e oportunidade para ouvir, escutar, pensar, deduzir, induzir, aprender e apreciar os personagens envolvidos e as diversas versões acerca desta triste e vergonhosa história. Vou tentar ser objectivo e isento, para além do que de mim escutarem poderão confirmar ou infirmar as minhas afirmações junto dos envolvidos, não há situação, nem ninguém que não esteja correctamente citado e identificado. A verdade acima de tudo, essa verdade que tantos tentaram esconder e ainda escondem, essa realidade torpedeada.

Iniciado em 1999, o projecto Novo Sol, um projecto com uma dimensão de futuro e talvez por isso excessiva para as mentes paroquiais da região onde pretendeu instalar-se, percorreu o Calvário, só habitual nestas situações e neste país, percorreu toda a Via - Sacra durante uns longos dez anos. Em finais de 2009 veria finalmente terminado o seu completo licenciamento e, solicitada à edilidade isenção do custo de licença de obras segundo o regulamento, foi a pretensão aceite com uma redução de 50% do valor desse custo.    



Portanto, e continuando na senda do rigor digamos ter-nos parecido, e bem, pois há provas, há exemplos tristes, que o projecto tenha sido desde o seu início combatido por tudo e todos, tanto por ele em si como já foi dito, ou pelos seus promotores. Seja porém feito jus ao tempo decorrido, dez anos, findos os quais se lançaram foguetes pois o enorme e ambicioso projecto, que haveria de mudar Évora e o Alentejo estava concluído, licenciado, pronto a entrar em obras.

Estava ? Estava mesmo ?

Não, não estava porque o projecto tinha sido torpedeado, boicotado, bloqueado, armadilhado, talvez não pelo projecto em si mas repito, como modo de atingir através dele os seus proponentes. Talvez não pelo projecto em si, mas só talvez. É triste chegarmos a esta realidade mas é a verdade. Voltaremos a esta verdade para a autenticar, porque durante o seu percurso, o seu Calvário, com quem o projecto mais esbarrou foi com personagens a quem precisamente faltava autenticidade e coerência não tendo coragem para dar o passo em frente no momento necessário ou cobarde e alegadamente escondendo a mão com que deitaram areia na engrenagem.

Nesta história não há inocentes, a não ser os 440 associados do projecto os quais com o boicote foram prejudicados em meio milhão de euros, o custo do projecto até essa data segundo a contabilidade acusa. Coisa pouca, coisa insignificante, peanuts se comparada com os interesses escondidos de quem meteu o pauzinho e escondeu a mão. De referir que embora a culpa tenha morrido solteira, ou seja por enquanto solteira, lá virá o dia em que tudo se esclarecerá, haverá naturalmente culpados no cartório.



Em primeiro lugar o senhor Presidente da edilidade, Dr. José Ernesto de Oliveira, que nunca se interessou especialmente por este grandioso projecto, suponho talvez por o espírito do projecto Novo Sol não se inserir ou enquadrar nos ideais e princípios de outros promotores ou projectos, como meramente a título de exemplo citarei a “Cerca Três” que tantos dissabores ou aborrecimentos lhe causou. Nunca o senhor presidente se dignou acompanhar de perto este projecto, o qual nunca lhe trouxe aborrecimentos e acerca do qual nada, ou seja nada para o favorecer lhe foi pedido. O projecto foi-se desenvolvendo de acordo com a burocracia própria do funcionalismo e do organismo público onde decorria. Para este projecto nunca foram solicitados “favores, cunhas” ou “jeitos” a ninguém.

Era um projecto simples, nada parecido com as confusas vias, rotundas e urbanizações ainda hoje questionáveis e incompreensíveis à vista em vários pontos da urbe. Pessoalmente penso que a cidade terá possivelmente perdido um bom médico, tendo acabado servida por um péssimo presidente de câmara, foi a sensação que me ficou após assistir à sua vergonhosa fuga às culpas neste caso ou a enfrentar quem lhe solicitava responsabilidades, mais à frente o explicitarei. Demonstrou-me ser um homem impreparado para o lugar, desaconselhado para a função e que a história esquecerá ou remeterá para insignificante nota de rodapé. 


3)
A esta distância e analisando os factos tenho que admitir para mim ter-se tratado de um caso de perfil ambicioso, perfil que, e tal como soa ou se diz no burgo se terá incompatibilizado com o PCP, tendo-se atirado para os braços do PS por uma questão de ambição pessoal. Figuras públicas gostem ou não estão sempre sujeitas, com razão e sem ela a escrutínios deste teor. Dizia-se portanto não lhe ter o PCP aberto o caminho a que se acharia com direito, a presidência da edilidade, cousa ou razão pela qual o PS, sempre hábil a aproveitar, a jogar com as pessoas a seu favor, um campeão do oportunismo, o acolheu, o promoveu, o candidatou, o vendeu e nós comprámos. Por três vezes o comprámos, gato por lebre, hoje sei-o, na altura não o adivinhava sequer.

Naturalmente muitas destas afirmações, correntes na cidade e do conhecimento de toda a gente, ou quase, serão conjecturas, especulações e até boatos, mas quando não se age com transparência, com clareza, as dúvidas inevitavelmente surgem. Penso que as três legislaturas do PS na câmara de Évora e às mãos do Dr. José Ernesto terão como corolário o afastamento do partido socialista do sonho de voltar a comandar a edilidade por trinta ou quarenta anos, a menos que aconteça um milagre. Gato escaldado de água fria tem medo … Um Presidente é em última análise e grau culpado por tudo quanto se passe na sua câmara, sabia-o, sabia o que se passava, simplesmente como homem passivo, medroso e receoso que era não actuou. José Ernesto não teve capacidade ou teve medo de se impor. Suposta e alegadamente parecia actuar somente quando em jogo interesses próximos.

O segundo grande culpado pode ser encontrado na pessoa do vereador do urbanismo o senhor Eng.º Melgão. Homem que hoje reporto de caracter dúctil e dúbio, perfil fraco, de todo desaconselhável para o lugar por demasiado indeciso e hesitante, e sobre quem penso que, não tivesse sido a sua naturalidade estar ligada a S. Sebastião da Giesteira, a terra dos crânios diz-se, e nunca teria surgido na vida pública, dado tratar-se de elemento mais empurrado pelos amigos que dado à luta pelo bem-estar da autarquia e dos eborenses. Tive oportunidades suficientes para me aperceber que o senhor Eng.º Melgão nem se sabia impor, nem afirmar, nem tão pouco sabia o que queria. A sua moleza, indecisão e cedência frente à Arqtª Alexandra Leandro, então chefe de serviço de obras, e numa fase em que o projecto já se encontrava aprovado pelo INH e merecedor do crédito bonificado do mesmo instituto público, prova quanto era incapaz, inábil e inapto para o lugar de vereador que ocupava, quando precisamente se deveria ter oposto a uma senhora abalada pela morte do marido, qual zombie encharcada em comprimidos e incapaz de decidir com lucidez, impondo o sim quando ela ditou o não, já que ambas as decisões eram legitimamente válidas. Sendo assim e na ausência de alguém suficientemente lúcido, responsável, competente e capaz de uma análise coerente, expedita, defensora dos interesses do promotor e da cidade o projecto foi travado injustamente numa fase em que poderia ter sido ganho metade do tempo necessário para o inaugurar, mas não houve coragem para dar um murro na mesa e colocar delicadamente a senhora no lugar.

A sua atitude e argumentação depois de transmitido à Novo Sol o bloqueio do projecto, o seu gaguejar, a sua incapacidade de explicar e ainda menos de justificar o erro, de o assumir, a própria incapacidade negocial acerca do modo de se ultrapassar o boicote e o diferendo com ele surgido, nunca me deixaram margem a dúvidas quanto às incapacidades de quaisquer natureza abonando negativamente o profissionalismo ou melhor, o perfil politico do Eng.º. Melgão. Todavia numa cidade de 60 mil habitantes foi o melhor que o PS conseguiu encontrar...

4)


Este tema do boicote ao projecto Novo Sol é um tema onde abundam desde o início episódios caricatos, desde o facto do projecto ter dado entrada nos serviços da edilidade em 2000 para somente voltar a ver a luz do dia nos fins de 2001, por pressão do então Presidente da CCDRA e vereador do PSD, Dr. Carmelo Aires, a quem na altura agradecemos, e que forçou a saída duma gaveta onde convenientemente ficara arquivado.

Meses, ou um ano ou dois depois foi a vez de, às mãos duma célebre arquitecta que mantinha havia trinta ou quarenta anos, desconheço se ainda mantém, uma avença com a CME de nome Margarida Sousa Lobo, e quem inexplicavelmente formulou sobre o projecto trinta ou quarenta dúvidas, trinta ou quarenta questões às quais ela mesma respondeu ! Mais inexplicavelmente ainda, respondeu a todas as questões e negativamente sem dizer água vem ou água vai. Este caricato assunto encontra-se arquivado entre a papelada do processo Novo Sol na CME, nº 15825 onde consta o parecer final que lhe foi dado, lixo, arquive-se.



Não poderia essa senhora arquitecta, Margarida Sousa Lobo ter chamado a si alguém da Novo Sol ? Ou enviado postal, sms, carta, mail, telefonema, ter pegado num telemóvel e contactado os promotores da obra, ou o arquitecto do projecto e indagar sobre essas trinta ou quarenta dúvidas ? É que todas tinham resposta cabal e capaz, explicação lógica e justificação legal e normalizada, todas elas ! 

Felizmente o então vereador do urbanismo, o senhor Arqt.º Miguel Lima, a quem devemos essencialmente o arranjo exterior das muralhas e das Portas do Raimundo, teve o bom senso de remeter essa senhora para o seu merecido lugar, o universo da irrelevância, tendo o projecto continuado como programado a sua Via - Sacra até bater numa nova parede, num novo absurdo, uma nova aberração, na Arqtª da CCDRA Margarida Cancela de Abreu que, mal teve o projecto em mãos tratou de o indeferir por completo, aliás atitude de todo fora das suas competências. (Outra Margarida…)
  


Valeu-nos a então Presidente da CCRDA, uma senhora com S grande, vinda de Alter do Chão, cabelos brancos e cujo nome não me recordo que, ao aperceber-se do abuso de competência da dita Margarida Cancela de Abreu a obrigou a nova apreciação/reunião/ parecer, a deferir tudo, em especial e unicamente a parte que lhe competiria, ambiente e águas residuais, o que acabou por fazer depois de, como disse, pressionada nesse sentido, no sentido da legalidade. Neste capítulo muito devo ao meu amigo Eng.º Cordovil, não fosse ele ter-me chamado a atenção para o sucedido e nem teria tido conhecimento do percalço.

Mais um obstáculo ultrapassado, projecto de novo na estrada da Via - Sacra, na via do Calvário. No entretanto a Novo Sol solicitou por carta cópias dos dois pareceres dados ao seu projecto junto da CCDRA, ao que essa entidade de modo rápido deu resposta positiva. Nos arquivos da CCDRA e da Novo Sol constam respectivamente originais e cópias do absurdo exposto e da sua feliz resolução. Ora acontece ser precisamente esta senhora Arqtª Margarida Cancela de Abreu uma das promotoras do movimento AMAlentejo, Comunidade Regional do Alentejo, como desejará ela que se confie na sua neutralidade ou isenção e inerentemente da associação que promove ?

Mas atribulações sempre houve muitas, numa outra vez e pela mão do Arqt.º Humberto Branco, que não sei se a meteu se a tirou… foi à última hora, ou minuto e com um alerta bem gritado aos seus ouvidos que o projecto foi de novo colocado correctamente no mapa da Zona Agrícola Exclusiva, de onde tinha injustamente sido retirado, e onde mãozinha subtil e escondida o tinha recolocado no sentido de o inviabilizar. Foi retirado da ZAE à tangente e antes do referido mapa ter sido oficialmente homologado. Mais uma, por enquanto como as restantes, mais uma tentativa felizmente falhada de colocação de areia na engrenagem.

5)


Incidentes de percurso diria, que projecto os não tem ? Não sei, o que sei ao certo ou certa é a bronca ter-se dado quando em finais de 2009 o Eng.º Melgão, natural de S. Sebastião da Giesteira, terra dos crânios e vereador do urbanismo do presidente José Ernesto, nos ter comunicado, palavras dele:

- Não sabemos ainda bem porquê mas houve um erro com o vosso projecto e não poderão entrar em obra. (um projecto já totalmente licenciado).

Eram vinte milhões de euros em obra ! Obra que no dia seguinte seria adjudicada após meses de negociações à empresa de Construções e Engenharia Guedol, de Lisboa, com obras em Évora, não sem que antes e em plena Assembleia Geral da Novo Sol (há testemunhos e actas) o incoerente professor, até ali tido por mim como homem honesto e de esquerda, José Manuel Varge, tivesse tosca e maliciosamente tentado manipular a AG contra a Guedol e a favor da CUOP de Évora… De pronto foi desmascarado e chamado à atenção, não eram modos de fazer as coisas, nunca por nós seriam feitas assim. Já tínhamos aliás dialogado e negociado longa e honestamente com a CUOP sem que se tivesse chegado a acordo. Tentámo-lo nós e tentou-o a CUOP, não se chegou a acordo e nenhuma das partes tentou aliciar a outra. Houve honra de ambos os lados, honra que o senhor José Manuel Varge estava despudoradamente colocando em causa, conspurcando e disposto a democraticamente pisar em favor da sua tendência. A própria CUOP acabou condenando essas intenções cujos fins pareciam justificar os toscos meios de que o senhor José Manuel Varge lançou mão ao invés da defesa e aclamação dos correctos e transparentes procedimentos que haviam sido adoptados. 


6)
Mas em frente que atrás vem gente … A páginas tantas câmara municipal optou por dar por não dados todos os licenciamentos que concedera ao longo daqueles dez anos em que percorrêramos a Via - Sacra o Calvário. O senhor presidente José Ernesto, que sempre ignorara ou descurara um projecto desta dimensão, gratuitamente desligou-se do problema, incapaz de se impor e exigir a legalidade, honestidade e limpidez, a senhora vereadora Cláudia Sousa Pereira tratou de, através de declaração sua ajudar todos os vereadores implicados a converter em nãos todos os sins dados durante os dez anos anteriores numa verdadeira fuga à responsabilidade, ao invés de a assumirem e exigirem clareza, há actas da reunião da CME onde tal se encontra plasmado, neste caso consultar a acta da reunião da Câmara Municipal de Évora nº 24 de 22.09.2010, página 14, ponto 3.1.23.-Processo nº 1.8552 (Cx17), e acessível pela internet.

Foi essa uma reunião em que por razões entendíveis e compreensíveis os vereadores Manuel Melgão e Eduardo Luciano se declararam impedidos de discutir e votar. O senhor vereador Melgão por não ter tido tomates para impor obstáculos à tremenda injustiça que se estava gizando, o vereador Luciano por ter sido cabeça de lista à CME, por não ser o vereador do urbanismo em exercício e natural e sabiamente na expectativa de vir um dia a ser de novo candidato e eventualmente presidente da edilidade não lhe caber meter-se ou comprar guerras que não lhe pertenciam. Como diria o povo seria comprar uma guerra desnecessária por cinco tostões. Mas a senhora vereadora Jesuína Pedreira fez questão, e está plasmado na acta, de que os votantes do assunto em causa, relembro, retirar os licenciamentos concedidos durante dez anos, fosse de novo ali abordado naquele momento de forma consciente. Não foi, votou-se contra a malvada Novo Sol que de modo oportunista acarreara licenciamentos durante dez anos à revelia de todos aqueles inocentes. O ponto principal dessa reunião é o alheamento por parte de todos do que estava em jogo e sendo votado, ninguém parece ter-se importado, e da extrema direita à extrema esquerda, nem os sempre atentos e activos defensores da Pró-Toiro, do lince da Malcata, ou os defensores do ouro da Boa-Fé, ninguém se incomodou um milímetro com o projecto Novo Sol ou com a sua dimensão e inerente dimensão da injustiça que no momento votavam, nem nesse momento nem depois, um caso único de insensibilidade quase total dos membros duma assembleia municipal. Eu chamo-lhe ignorância, irresponsabilidade e incompetência. Eu não queria que me sorrissem ou dessem palmadinhas nas costas, só queria justiça, competência, transparência.



Nunca nenhum dos vereadores do PS se interessou pela verdade, pelo assunto ou pelo promotor, e toda a gente desde o presidente da edilidade ao presidente da Assembleia Municipal, Dr. Capoulas Santos se recusaram a receber a Novo Sol, como se quer os promotores quer o projecto tivessem sido contaminados por lepra. Idem para o deputado por Évora Dr. Carlos Zorrinho, e idem para o PS em peso que demonstrou claramente não ser um partido mas um grupo de interesses, demonstrando-nos à saciedade e à sociedade que não lhe interessa o futuro de Évora para nada, somente os seus interesses contam. Uma vergonha autêntica que deveria ter feito corar o mais rosadinho de todos eles.

Em boa verdade ninguém se interessou, nem a Segurança Social, que com simpatia aprovara ou licenciara durante dez anos o projecto, um projecto que lhe dizia respeito por se tratar de um projecto social destinado à terceira idade, de um projecto que criaria 300 postos de trabalho directos, e aqui entra em campo também o IEFP, simpática entidade com quem tivemos um protocolo baseado no âmbito do ProdesCoop e cujo interesse principal ou único girou sempre à volta do contencioso, cujo prazo de pagamento amavelmente nos dilatou, mas que, tal como a Seg. Social não mexeu uma palha em abono ou defesa do projecto. Tal atitude não estava legalmente no âmbito institucional desses dois institutos, todo o edifício legislativo em Portugal está construído para criar todos os obstáculos, para tudo complicar e nada deixar fazer. Ah ! E libertando de responsabilidades tudo e todos.

7)


Naturalmente antes do PDM de 2008 o tal que o PS “acabou” ou elaborou pois foi o resultado dos cortes e emendas que fez ao PDM oriundo da CDU e que o PS herdara ao ganhar as eleições de 2001, antes de ter sido enviado para aprovação/homologação, e logo no primeiro dos trintas dias de consulta pública prévia a que a lei obriga, a Novo Sol esteve presente no gabinete da edilidade respectivo e situado nas instalações do PITE, sendo gentilmente recebida pela senhora Engª Olga Grilo, a qual, uma vez expostas atendeu as nossas apreensões, dado que entre os mapas e a realidade do processo 15825 Secção D, Herdade da Oliveirinha, Graça do Divor, Évora, a bota não batia com a perdigota. A dita senhora confirmou existirem mesmo discrepâncias, prometeu dar correcção ao erro confirmado, registou a situação e despedimo-nos amavelmente.

Uma semana depois recebeu a Novo Sol uma missiva da CME (em arquivo) agradecendo a participação/contributo da Novo Sol para que o PDM pudesse avançar sem erros nem problemas. No último dos trinta dias dessa consulta pública fui de novo eu quem se deslocou de novo a esses serviços a fim de confirmar com a senhora Engª Olga Grilo se o assunto estaria tratado, o que a dita senhora nos assegurou, que sim, que estaria tudo resolvido, corrigido, obrigado e ide em paz.

Afinal nada estava resolvido, ou fora-o mas voltara a ser minado, torpedeado, como veio a saber-se nos finais de 2009 nada tinha sido resolvido, corrigido, emendado ou acertado. Só por horas não foi assinado o contrato de adjudicação da obra à Guedol, sorte ? Acaso ? Intervenção divina ? Não abemos, o que ficámos sabendo foi ter sido iniciada uma guerra com a CME que, nesse item demonstrou não ter consideração por nada nem por ninguém.



Meio milhão de euros perderam os participantes do projecto Novo Sol, quatrocentas e quarenta pessoas perderam poupanças investidas e um futuro assegurado na velhice. Perderam as empresas de Évora vinte milhões em obras pois que mesmo sem alvará para tal dimensão a Novo Sol cuidara com a Guedol que as mesmas fossem subcontratadas, perdeu a cidade trezentos empregos directos, perdeu o turismo, perdeu a economia do concelho, perdeu o Alentejo e perdeu a cidade de Évora. Curiosamente também perdi eu, perdi a confiança no PS e perdi os amigos que nele tinha, como se a culpa fosse minha. Não há equipa como a do PS para apoiar o partido, fazem-no até com os olhos fechados, ou por outra razão bem mais perigosa, de olhos fechados.

8)
Bem tentou a Novo Sol que a CME realizasse um inquérito, mas para tal nunca houve demonstração de vontade por parte da edilidade socialista. O máximo conseguido foi uma auditoria levada a cabo pelos Serviços de Apoio Jurídico e de Notariado da CME, de 18.06.2010, com o nº 7178.2010 a qual embora reconheça tácitamente o que toda a gente sabia, a culpa do “desastre” sucedido caberia totalmente à CME, que simplesmente não acompanhara devidamente um projecto de tal envergadura e complexidade. Parte contudo na sua análise de uma premissa errada, a de que o projecto não se inseria no PDM de 1993, quando cabia à CME e sua equipa alertar o promotor para as adaptações do mesmo aos vínculos do PDM de 2008, o que a Novo Sol e o seu arquitecto sempre cumpriu !  Em momento algum a auditoria municipal questiona o verdadeiro problema, quem; quando e por quê o projecto foi “apesar de tudo” colocado fora do PDM 2008 onde sempre estivera e onde sempre fora desenvolvido ! Esta auditoria teria quando muito servido em tribunal para provar a inocência e a razão da Novo Sol, mas a justiça é demorada, a instituição não quis passar vinte anos em litígios nem fazer a fortuna de dois ou três advogados. A instituição com este rombo simplesmente não tinha fundo de maneio para manter um processo durante anos em tribunal, e não era seu desejo exigir uma vultuosa ou choruda indemnização à CME, o seu desejo era e é simplesmente construir o lar, dar corpo ao projecto, mas…

Mas em que departamento, quem ou o quê, quando, onde fora o projecto torpedeado ? Por enquanto só Deus sabe, por enquanto a culpa continua solteira, como é hábito em Portugal, inda que tenha passado pelas mãos de gente bem conhecida, algumas bem conhecidas demais. Quem ? Por que motivo ? Com que interesse torpedeou o projecto ? Às ordens de quem ? Ou foi um caso isolado de alguém mais papista que o próprio Papa ? Um dia se saberá a verdade total, será no dia em que se zangarem as comadres, como soa o povo dizer. O que já há algum tempo embora a medo começou a acontecer.



Em 2010 ou 2011 procurei e confrontei a senhora Engª Olga Grilo, quem por duas vezes me garantira ser ou estar tudo resolvido, corrigido. Embatucou, acho que corou como uma colegial quando me viu. É boa pessoa, assim me pareceu, mas ingénua, passaram-lhe a perna e não teve coragem de se assumir, preferiu alegar desconhecimento do sucedido. Como é possível após duas visitas de alerta que o projecto se tenha mantido dentro de uma tramóia que pariria o erro premeditado ?

9)
Foi com este espírito que tentei por outro lado levar este vergonhoso assunto ao conhecimento da população, e contactei telefonicamente o meu amigo José Faustino, da Rádio Diana, e pessoalmente o amigo Carlos Júlio da TSF o qual fazia uma perninha no semanário Registo. A ambos dei conta das ocorrências e perante ambos me disponibilizei a mostrar todas as provas do afirmado por mim, tal como aconselhá-los a comprovarem-nas junto dos visados ou envolvidos na questão. Pois estes dois paladinos da democracia da transparência e da liberdade de expressão simplesmente se alhearam do problema e viraram costas. Não foram contudo casos isolados estes, no Estado Novo havia censura, com esta democracia passámos à auto-censura, Salazar teria rejubilado. Ao “Pezinhos” vejo-o por aqui pela cidade, raramente mas vejo, ao Carlos Júlio deixei de ver e confesso a minha vergonha quando tomei conhecimento através das muitas queixas e lamentos que ele profusamente espalhou na net de que tinha sido despedido da TSF, vergonha porque rejubilei, e juro que me acudiu ao espírito o escrito do brasileiro Eduardo Alves da Costa que escreveu qualquer coisa parecida com isto:

“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Mas já não havia mais ninguém para quem eu pudesse reclamar.” 

Existe uma outra versão ou adaptação mui similar de Bertolt Brecht.

10)
Naturalmente não enveredámos pelo processo em tribunal, e entretanto o litigio com a CME esbatia-se, esta aceitara emendar o erro do PDM, erro de sua autoria, e aproximavam-se as eleições autárquicas de 2013, o PS cedia pois não desejaria este incendiário assunto nas bocas do mundo. No meio de todo o imbróglio em que o projecto se transformou encontramos contudo algumas curiosidades, preciosidades, peculiaridades, mais caricatas umas, menos outras, diríamos que alguns tesourinhos deprimentes no percurso do projecto e que ainda hoje me atormentam. Alguns destes casos já foram atrás relatados, outros são tão insignificantes que nem irei perder tempo com eles, outros ainda envolverão situações não cabal ou completamente esclarecidas e terminadas não havendo interesse em repescá-los. Também os há que só meditando acerca deles…

Por exemplo, onde foi o Dr. José Ernesto buscar o assessor e filósofo, de quem eu tinha a melhor impressão, que fora um dos meus bons professores na UE, o Dr. Monarca Pinheiro ? Como apareceu a ligação ? Não sei, e nunca soube nem saberei, sei apenas que toda a conduta de Dr. Monarca Pinheiro me pareceu ser a de pessoa para quem os fins justificavam os meios e sempre disponível para ultrapassar e pisar a democracia e a ética.

Eu para aqui lembrando os bastidores, lembrando os cenários, mirando os cordelinhos, desiludido, cada vez mais desiludido, e entretanto um Monarca pisando o risco, espezinhando a ética, um filósofo imaginem, um poeta, recordo-o uma vez de malão, de malinha na mão, recheada de dinheiro, de dinheiro de mão, e recordei as moscas, os moscões, os moscardos, sempre na sombra mas sempre pairando ou poisando sobre todos, vá lá, deixas um cheque e levas contado, igual valor, não perdes nada e ajudas o partido, quem não é por nós é contra nós, e ajudei, eu, o Francisco P e mais umas largas dezenas ou centenas de outros.

Estará arquivada a minha dádiva ao partido, a minha culpa, no banco, um cheque assinado com a minha transgressão, nem sei por quê mas assinei, sim lavei dinheiro, ajudei o partido a erguer-se enquanto o país se afundava, mas não, não chegou, apesar disso o partido tem dívidas, milhões, ali é tudo aos milhões, é a nossa grandeza, de pequenez chegaram cinquenta anos, agora é tudo à grande, à grande e à francesa, e quem sair que feche a porta, o último que apague a luz, e eu arrependido.

Arrependido e desiludido, e as moscas outras mas a merda a mesma, o cenário, os bastidores, os cordelinhos, os senhores doutores, os louvores, os amores, as consciências, a falta delas, a ética, a desética, que será feito desse Monarca que tão pouco tempo reinou ? Terá levado um rombo a sua ética ? Ou será que também ele concluiu, como a distinta Teresa Guilherme, que a ética nunca deu de comer a ninguém ? Será por isso que agora todos trazem a boca cheia dela ? Dela e de boas intenções mas o cálice de cicuta, emborcá-lo, isso não, isso foi coisa de Sócrates…O filósofo e não o 44…

Foi somente mais um que, quando precisei dele virou as costas. Desapareceu, até hoje. Mais um dos tais que muda de passeio ao lobrigar-me, como se me temesse, como o professor José Manuel Varge, ou será que lhes faço vir à memória o pior de si mesmos ? Tão amigo este Monarca Pinheiro era do falecido Dr. José Flamínio Rosa, da Fundação Alentejo Terra Mãe, e cujo prematuro desaparecimento nunca nos permitiu com clareza avaliar daquela amizade. Um caso no qual nunca entendi quem era assessor de quem, nem quem era a marioneta nem quem o manipulador, sempre foi o que me pareceu, um teatro de fantoches, mas nunca houve possibilidades de tal passar de mera impressão. Um dia me tirarei de cuidados e perguntarei à D. Maria do Carmo Herrera que conversa era aquela a que constantemente aludia, que pressões, que ameaças, em volta da Quinta do Camões. Que programa teriam aqueles dois para o futuro ? Certamente risonho, certamente radiante, certamente escrupuloso, certamente condicente com os estatutos da dita fundação. Nunca pisei nada nem ninguém mas quanto aos outros, quem sabe ? Não meto as mãos no lume por ninguém.

11)
Desde finais de 2013, ano em que o PDM de 2008 foi finalmente revisto e corrigido das imperfeições que o boicote nele provocara, a Instituição Novo Sol tem tentado recolocar de pé novamente o citado projecto. Para tal tem contado sobretudo com a simpatia e abertura do Dr. Eduardo Luciano, vereador do Urbanismo na edilidade. Devo aqui ressalvar que embora o projecto tivesse contado desde o sei início com a oposição do PCP na CME, desde que os vereadores Eduardo Luciano, Joaquim Soares e Jesuína Pedreira foram eleitos passou o dito projecto a contar também com o aval deles.



Como é por demais sabido o erro, a “bronca” no PDM/ 2008 estalou nos finais de 2009, o país rebentou também por essa altura às mãos de quem se sabe, o estabelecimento prisional de Évora acomodou um ilustre inocente, e muita gente que hoje passa a léguas do dito inocente fez fila para deixar o beija-mão, deixar o testemunho da sua solidariedade, mas creiam-me, solidariedade, coesão, decência, vergonha, honestidade, coerência, rectidão, são coisas que nunca verão em fila à porta duma prisão.


Para o torpedeamento que vos expus existem no mínimo meia dúzia de explicações, lógicas, plausíveis, possíveis, todas elas possuidoras de elevado grau de certeza e que expliquem a atitude, o boicote, e quem a ou o desenvolveu e por quê. Existe ainda muito por explicar e a explicar. Este texto vai longo, um próximo, aliás já alinhavado espera uma tripla revisão, tal qual este mereceu, de um gramático, de um retórico e de um causídico. Todo o cuidado é pouco quando se joga com gente de certo calibre. Mantenho portanto as questões em aberto, quem ganhou com este boicote e o quê ?  Um dia se saberá, mais cedo ou mais tarde, depende de quando se zangarem as comadres, cujas zangas começaram já a transbordar para os meus ouvidos, o primeiro foi o saudoso Benjamim, que já não se encontra entre nós não sendo justo invoca-lo. Mas há outros, há mais, muitos mais…


12)
Uma coisa deduzi desta experiência, não será por acaso que o país, e em especial o Alentejo se encontram na cauda da europa. Agradeça-se a esta gente... Enquanto um concelho, uma província ou o país se guiar por simpatias/antipatias, por amiguismos, partidarismos, oportunismos, interesses pessoais, egoísmos, clubite e anacronismos que tais não passaremos da cepa torta, no máximo talvez consigamos chegar a um ponto idêntico àquele de que Salazar partiu, sendo caso para perguntar que lógica é esta que estamos a seguir ? …

Termino invocando de memória as palavras do nobel John Forbes Nash Jr proferidas em 1994 na cerimónia de entrega do dito prémio, que no filme “Uma Mente Brilhante” tanto me impressionaram, mas que vêm a propósito, “o que é a lógica, o que é a razão” ?

Decididamente há quem não saiba usar nem uma nem outra…

Gente pequenina.

         
“Há gente que destrói tudo à sua volta e depois se espanta por só ver ruínas" José Alberto Gomes Machado, Prof. Univ. Évora, 20/08/2018